Saúde do viajante: prevenção ainda é o melhor remédio

Quem, empolgado com uma viagem irá se preocupar com eventuais doenças? O título acima é um clichê e o assunto parece chato, mas pequenos cuidados necessários farão com que a mochilada não vire “dor de cabeça”, literalmente.

Além de se prevenir da doença, você não correrá o risco de ter que voltar pra casa antes de atravessar a fronteira. Muitos países exigem documentação relacionada à saúde do viajante – declaração de um médico e comprovante de vacinação são alguns exemplos.
O clima, a altitude, a comida local, a mudança nos padrões sanitários e até o fuso horário podem causar certo desconforto ou “menor saúde” para quem viaja e aqui você irá conferir algumas dicas para evitar tais problemas.

saude viajante

 

Principais doenças e dicas de prevenção:
Diarreia, cólera e febre tifóide
– Água e alimentos contaminados podem causar diarreia, a qual pode ser acompanhada de vômitos, febre e dor abdominal.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as bactérias causadoras da contaminação também podem causar doenças como a cólera e a febre tifóide.
Torne hábito:
– O aumento do consumo de água e outros líquidos (sucos, sopas, chá, soro caseiro) para evitar a desidratação;
– Na impossibilidade de consumir água mineral (engarrafada e de boa procedência), trate você mesmo sua água. Há no mercado, líquidos para a potalização, como o Hidrosteril ou pastilhas efervescentes como a Hidrosan Plus;
– Lavar frequentemente as mãos com água e sabão após cada evacuação;
– Lavar as mãos antes de ingerir ou preparar qualquer refeição. Nas farmácias existem géis anti-sépticos (o conhecido “álcool gel”) que podem ajudar em alguns momentos.

Febre amarela – Ocorre na África e América do Sul. Os sintomas são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina).
Mosquitos infectados provocam a doença. A vacina contra a febre amarela é gratuita e deve ser tomada 10 dias antes da viagem para locais de risco. A vacina é válida por 10 anos. Não se esqueça de, se viajar ao exterior, pedir o comprovante internacional da imunização, cuja apresentação é obrigatória em vários países.

Malária – também é transmitida por picada de mosquitos infectados (além de transfusão de sangue e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas). Os sintomas são: febre alta, calafrios, suor excessivo e dor de cabeça, intermitentes.

Use repelentes, telas em janelas e portas e mosquiteiros em camas e redes de dormir.

Ainda não reconhecido pelo Ministério da Saúde o propólis “não só evita (repelente) como também cura a parasitemia em algumas horas”, afirma o biólogo Gilvan Barbosa Gama.
Gama que é de Florianópolis (SC) se mostrou contente de ver seu trabalho já dar resultados na África.

Durante quatro anos o pesquisador, que já morou na Amazônia, administrou o própolis para os garimpeiros em locais totalmente desprovidos de assistência médica. Gama percebeu que o própolis faz a pessoa eliminar pelo suor uma substância que afasta os mosquitos e ainda cura aqueles que já desenvolveram a doença.

Ele destaca ainda, que as pessoas devem prestar atenção ao produto, pois não é qualquer própolis que pode curar as enfermidades. “É preciso que ele esteja na concentração correta, 1kg de própolis para 900ml de álcool de cereais. Os própolis comprados em farmácias são muito diluídos”, garante.

A Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo (Sucen) já testou a pesquisa de Gama “in vitro” e obteve resultado positivo no combate ao Plasmodium falciparum, espécie que causa a forma mais grave da malária. Além do Brasil, seus estudos já são conhecidos pelo Ministério da Saúde de Cuba e em Angola, na África, onde alguns missionários que utilizam o própolis nos casos de malária, obtiveram resultado positivo.

Dengue – febre, dores no corpo, principalmente nas articulações e dor de cabeça, bem como manchas vermelhas pelo corpo são alguns dos sintomas provocados pelo Aedes aegypti, o famoso mosquito transmissor da dengue.
O diagnóstico precoce é importante. Repousar e ingerir bastante líquido são recomendados. Não utilize Aspirina ou AAS (salicilatos) já que seu uso pode favorecer hemorragias.

Além dos cuidados citados quando falamos da Malária, utilize repelentes contra insetos à base de DEET nas áreas expostas do corpo ou mesmo nas roupas.

Tétano – doença causada pela toxina de uma bactéria encontrada no ambiente (solo, esterco, superfície de objetos etc). Caso venha a se ferir lave o local do ferimento com água e sabão e retire os corpos estranhos (lasquinhas de madeira, terra, prego etc). Não é possível combater tal bactéria e por isso é importante, não só para viajantes, estar adequadamente vacinado contra a doença.

Gripe Aviária – Segundo a Anvisa, a gripe aviária é uma doença que atinge aves e também pessoas. “O contágio acontece pelo contato direto com aves doentes ou com superfícies contaminadas por suas fezes, secreção nasal, ou saliva”, explica o órgão.

Em 2005 houve um surto da doença em aves na Ásia e em alguns países da Europa. Se você viajará para áreas afetadas:

– Evite contato com aves vivas ou abatidas em granjas e mercados públicos;

– Evite ingerir alimentos de origem animal de procedência duvidosa, principalmente aves e ovos, crus ou mal cozidos.

A Anvisa alerta ainda que, “se até 10 dias após seu retorno de alguma dessas áreas você apresentar temperatura maior que 38ºC e tosse ou dor de garganta ou dificuldade respiratória (dispnéia), procure imediatamente um serviço de saúde. É importante comunicar ao profissional de saúde seu roteiro de viagem.”

Influenza A (H1N1), a “Gripe Suína” – O surto de H1N1 matou mais de 100 pessoas no México em 2009. Ele é o resultado de segmentos genéticos do vírus humano da gripe, do vírus da gripe aviária e do vírus da grupe suína que infectaram porcos simultaneamente. De acordo com o médico Drauzio Varella, em seu site(http://www.drauziovarella.com.br), “ela se dá pelo contato direto com os animais ou com objetos contaminados e de pessoa para pessoa, por via aérea ou por meio de partículas de saliva e de secreções das vias respiratórias.”
Ainda de acordo com o médico, os sintomas são semelhantes aos causados por uma gripe comum. No entanto, requer cuidados especiais a pessoa que apresentar febre alta, acima de 38º, 39º, de início repentino, dor muscular, de cabeça, de garganta e nas articulações, irritação nos olhos, tosse, coriza, cansaço e falta de apetite. Em alguns casos, também podem ocorrer vômitos e diarréia.
Há a vacina para a Influenza A e recomenda-se:
– Lavar frequentemente as mãos com bastante água e sabão ou desinfetá-las com produtos à base de álcool;
–  Jogar fora os lenços descartáveis usados para cobrir a boca e o nariz, ao tossir ou espirrar;
–  Evitar aglomerações e o contato com pessoas doentes;
–  Não levar as mãos aos olhos, boca ou nariz depois de ter tocado em objetos de uso coletivo;
–  Não compartilhar copos, talheres ou objetos de uso pessoal;
– Suspender, na medida do possível, as viagens para os lugares onde haja casos da doença;
–  Procurar assistência médica se surgirem sintomas que possam ser confundidos com os da infecção pelo vírus da influenza tipo A.

“Kit farmácia”
É indispensável que o viajante leve consigo, medicamentos prescritos pelo seu médico (caso tenha necessidade, por exemplo, de uso contínuo – se este for seu caso, peça um atestado para seu médico, de repente, escrito em inglês e ou espanhol), paliativos com os quais está acostumado a tratar afecções mais comuns e itens de primeiros socorros.

É sabido que muitos lugares não têm atendimento médico imediato (seja por distância ou outros fatores), além disso, consultas e exames são dispendiosos, sobretudo para um estrangeiro (você) no exterior. Portanto, prevenir continua sendo o melhor remédio até quando se fala em bolso!

Medicina do viajante
Quem está na cidade de São Paulo pode contar com o Núcleo de Medicina do Viajante do Hospital Emílio Ribas que oferece orientações para viajantes no que diz respeito à prevenção de doenças adquiridas durante e em decorrência de viagens, além de prestar assistência àqueles que retornam doentes.
As vacinas, quando necessárias, são dadas no próprio Hospital.
O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 12:30h às 16h e deve ser agendado através do (11) 3896-1366/1400/1200. E-mail: medviajante@emilioribas.sp.gov.br
O hospital Emílio Ribas fica na Avenida Dr. Arnaldo, 165 – São Paulo – SP.

Já no Hospital das Clínicas (HC) há o Ambulatório do Viajante, onde são fornecidas vacinas.  O HC fica na Rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155 – Prédio dos Ambulatórios – 4o andar – sala 8. O agendamento de orientação pré-viagem deve ser feita pessoalmente ou pelo  telefone (11) 3069-6392, das 8:30h às 10:30h.

No Rio de Janeiro poderá contatar o Cives (Centro de Informações em Saúde para Viajantes) do Hospital Universitário da UFRJ que fica na Cidade Universitária, Ilha do Fundão – Rio de Janeiro – RJ. Telefone (21) 2562-6213. E-mail: agenda@cives.ufrj.br

Confira também as dicas de o que fazer antes de viajar, da médica e viajante Samantha Vasques e de outros viajantes em:  http://www.mochileiros.com/saude-o-que-fazer-antes-de-viajar-t54935.html
Como agir em uma parada cardiorespiratória, dica da enfermeira e viajante Letícia Quaresma e de outros viajantes em:  http://www.mochileiros.com/como-agir-em-uma-parada-cardiorespiratoria-t51413.html

“Farmácia básica”, Vacinação, Soroche (mal de altitude), intoxicação alimentar, como lidar com animais peçonhentos, ataque de abelhas, como agir em acidentes, “Jet lag”,  entre outras ricas informações e dicas você encontra em: https://www.mochileiros.com/forum/214-sa%C3%BAde-do-viajante/

Saiba +:

http://portal.anvisa.gov.br/dicas-de-saude-para-viagem  (em português. Entre outras informações há uma lista dos Centros de Orientação dos Viajantes nos Estados).

Nota: O autor e o Mochila Brasil não têm qualquer ligação com os links citados, bem como com o conteúdo, produtos e ou serviços apresentados/oferecidos pelos mesmos.

Foto do autor

Claudia Severo de Almeida

Jornalista, há 20 anos escreve sobre Turismo Backpacker/Mochileiro e viagens independentes. Participou do corpo de júri especializado do Prêmio 'O Melhor de Viagem e Turismo' (categoria Hospedagem - Hostel). Cocriadora do site Mochileiros.com.

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