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  1. Foram três dias para a subida, três dias no topo do Roraima e dois dias para retornar. O Monte Roraima é o palco da famosa aventura denominada 'O Mundo Perdido' (1912) de Sir Arthur Conan Doyle, o mesmo autor de Sherlock Holmes. Expedição realizada em janeiro de 2015. Na imagem, o Monte Kukenan à esquerda e o Monte Roraima à direita Saída de Boa Vista e preparativos para a subida Saímos de Boa Vista por volta das 8h. Boa Vista é a capital do estado de Roraima e a dista cerca de 215 km da fronteira com a Venezuela. Passando pela fronteira, percorremos mais 15 km até a primeira cidade no país vizinho, Santa Elena do Uiarén. Chegamos por volta das 10h e já fomos ter o primeiro contato com o dono da agência "Mystic tours", o senhor Roberto Marrero, morador de Santa Elena. Como ele acertamos o horário da ‘charla’ ou briefing sobre os procedimentos, cuidados e recomendações aos que irão subir o Monte. Após este breve encontro, aproveitamos para trocar reais por bolívares na cidade. A cotação do dia estava em 50 bolívares para cada real (ano de 2015). O valor que pagamos por pessoa foi de R$ 650,00 para oito dias (sete pernoites), incluindo alimentação e a montagem das barracas. Precisamos levar somente nossos objetos pessoais, como saco de dormir, isolante térmico e roupas. Para entrar em Santa Elena não foi preciso nada além de nossos documentos pessoais mas, para seguirmos adiante em nossa viagem, precisaríamos do ‘Permiso’. Retornamos então de Santa Elena para a fronteira e chegamos à Aduana. Fomos antes até a PF brasileira para obter o carimbo do nosso passaporte. Todo o processo durou cerca de duas horas. Na Aduana a Venezuela exigia, além dos documentos pessoais, a carteira de vacinação para a Febre Amarela. Após a obtenção do permiso, procuramos um hotel na cidade e encontramos o ‘Garibaldi’, no centro. Pagamos 1500 bolívares. A internet do hotel era muito ruim e ficamos sem conexão durante toda a estadia. No dia seguinte nos encontramos com o dono da agência para a ‘charla’ sobre a expedição, que durou pouco mais de uma hora. Na primeira parte, trouxe uma série de informações sobre como encarar os dias de caminhada, os locais onde iriamos pernoitar e os cuidados que deveríamos tomar. Na segunda parte da charla, falou sobre aspectos geológicos do Monte Roraima e concluiu falando sobre alguns aspectos esotéricos da região. É importante ressaltar que a agência que contratamos era voltada para o turismo esotérico e o agente nos fez algumas recomendações. Por exemplo, ao chegar à montanha ou entrada de alguma cueva (caverna), os índios Pemon – que consideram o Roraima um monte Sagrado –, recomendam que os chegantes sempre peçam permissão aos espíritos que guardam o lugar, dizendo que vêm em paz e que se comprometem a manter a harmonia do lugar. Disse também que, como em outros locais místicos, são também comuns avistamentos de OVNIS na região do Roraima. Há segundo diversos testemunhos independentes de naves saindo de cachoeiras, do interior do monte, etc. Concluiu dizendo que o Monte Roraima está ligado energeticamente com os principais pontos esotéricos do mundo, como Stonehenge, Nasca, Ilhas de Pascoa, Machu Pichu, Monte Fuji, Yukatan e, no Brasil, um ponto em Minas Gerais, na região de São Tomé das Letras. Disse por fim que em todos estes locais há centros energéticos subterrâneos. Primeiro dia Paraitepui ao acampamento do Rio Tek Chegamos na agência por volta das 9h, hora combinada para sairmos. Foi solicitado que não colocássemos nossos passaportes nas mochilas, pois poderiam ser requisitados nos dois postos de controle militar (os postos são denominados Alcabalas) que existem no trajeto. Dois veículos nos aguardavam. São preparados para estradas de difícil acesso, com espaço interno adaptado para abrigar nove pessoas além do motorista. Após a acomodação das bagagens nestes veículos, iniciamos a viagem de Santa Elena até o ponto conhecido como Paraitepui. Uma parte da estrada é asfaltada mas, em determinada altura, o veículo entra por uma estrada de terra que leva a este local, que marcou o início de nossa caminhada. O deslocamento dura cerca de 1 hora e 40 min. Na chegada a Paraitepui, o Sr. José (o nosso guia durante toda a viagem) foi cuidar dos detalhes de nossa liberação. O local é uma comunidade indígena com poucas habitações. Ficamos num abrigo simples, conferindo o equipamento para subida. A seguir, alongamos o corpo e tiramos algumas fotografias. A saída demorou um pouco pois o Sr. José aguardava a chegada dos chamados porteadores, que são moradores locais contratados para compor as diferentes expedições. Os porteadores fazem realmente um trabalho duro: carregam as barracas, a comida e demais utensílios necessários em cada parada. Um deles fica encarregado de levar o que eles chamam ‘chocolate’, ou seja, os dejetos gerados pelos membros da expedição durante a viagem! É proibido deixar estes dejetos no topo do Roraima. Após algum tempo, Sr. José chegou com os porteadores e com a permissão para a nossa viagem. Eles começaram a organizar nosso almoço: dois sanduíches imensos com queijo, presunto, cebola e pepino, acompanhados de suco. Após nos fartarmos, aguardamos mais alguns instantes e fomos orientados a colocar nossa mochila nas costas. Vale dizer que cada membro deve carregar seu próprio isolante térmico, seu sleeping bag, suas roupas e alimentos pessoais. Os organizadores sempre sugerem levar alguma comida extra de sua preferência. Momentos antes do início da caminhada (Imagem: Grupo 'Caminhando por aí', nossos companheiros de expedição) Finalmente iniciamos a caminhada! Como todos estavam animados, iniciamos muito bem, vencendo facilmente as subidas e descidas iniciais. Cerca de uma hora depois, nos deparamos com uma subida íngreme, chamada pelos locais de ‘La Prueba’. Dizem que é neste primeiro desafio que o chefe da expedição fica sabendo qual é o condicionamento físico dos membros da expedição. Quem é sedentário, por exemplo, sente bastante esta primeira subida! Neste primeiro dia de caminhada, a pessoa que não está acostumada com trilhas longas logo começa a sentir o peso da mochila nos ombros. Somando-se a isso o sol a pino e o terreno progressivamente pedregoso, temos um cenário singular que nos impõe uma dura prova de resistência. Este cenário prolongou-se por mais ou menos umas três horas e meia, quando a expedição alcançou o primeiro acampamento, na beira do Rio Tek. Os porteadores, acostumados a percorrer estas longas distâncias com muito peso, chagaram antes ao acampamento de modo que, ao chegarmos, quase todas as barracas já estavam montadas. Do acampamento do Rio Tek é possível vislumbrar o Monte Roraima e, mais próximo, o imponente Tepui Kukenan. Pessoas de vários países procuram o Roraima. Muitos Franceses, Russos, Espanhóis, Austríacos, Suecos, Venezuelanos, Japoneses, Americanos e, é claro, muitos brasileiros. Aspecto do acampamento do Rio Tek Monte Kukenan, fotografado no acampamento às margens do Rio Tek Todos que chegam ao acampamento procuram logo o Rio Tek para tomar banho (que no fim do dia é muito fria) e pegar água para beber e reservar. É importante dizer que toda a água utilizada durante a caminhada é retirada de rios, regatos e cascatas, etc. À noite, nos foi servido macarrão com carne moída, queijo e suco. Durante a noite, um céu espetacular pôde ser visto. O firmamento crivado de estrelas deixou a todos encantados. No meio da madrugada, ao levantar por um momento, pude presenciar uma das cenas que mais me emocionaram em toda a viagem: de um lado, entre o Roraima e o Kukenan, a estrela polar! No meio do céu, a lua minguante e, ao sul, o Cruzeiro ainda visível nas primeiras latitudes do hemisfério Norte. Segundo dia Acampamento do Rio Tek (1050m) ao Acampamento base (1500m). O Sr. José nos alertou ainda em Santa Elena que preferia iniciar a caminhada bem cedo. Por volta das 5h já era possível ouvir os passos dos porteadores. Eles acenderam o fogareiro e iniciaram a preparar nosso 'desayuno', que consistiu de um pão frito recheado com queijo, café e té (chá) quentes, servidos gentilmente por duas moças que também eram porteadoras da nossa expedição. Logo após o café iniciamos a caminhada do segundo dia. Trata-se de uma dura subida. Meia hora após o início da caminhada, chegamos ao Rio Kukenan, que cruzamos com relativa facilidade. Durante o período das chuvas na região, a travessia deste rio é um pouco mais desafiadora, exigindo inclusive o auxílio de cordas. Rio Kukenan, com os montes Kukenan e Roraima ao fundo A partir daí, por volta das 8h, o sol deu o ar da graça... Cruzamos grandes campos de pteridófitas e o terreno pedregoso começou a ficar mais e mais constante. A subida requer algumas paradas para retomar o fôlego e beber um pouco d’água. A quantidade de cascalho solto na subida cada vez mais íngreme é um perigo para quem não tem botinas adequadas. O grupo ficou um pouco mais separado, pois muitos já não podiam esconder mais o cansaço. A alegria inicial deu lugar à determinação de vencer este segundo dia. Joelhos e ombros são um pouco mais exigidos. Soubemos de um senhor de Boa Vista (de outra equipe) que desistiu no meio do caminho, sendo acompanhado por um porteador que o levou de volta à Sta. Elena. Parei muitas vezes para retomar o fôlego! Os ombros, castigados no dia anterior, pareciam já estar acostumados ao sofrimento imposto pelo peso da mochila. A expedição como um todo sentiu mais este segundo dia e mesmo antes de chegarmos ao final, paramos próximo a um regato para reabastecer a nossa água e também para almoçarmos. A comida foi preparada num conjunto de rochas a céu aberto por volta das 13h30 e consistiu de sanduíches e suco. É importante dizer que o tipo de alimento que nos era servido variava de acordo com a hora do dia: nas horas mais quentes serviam lanches frios e, nas horas mais frias, comida quente. Após recobrarmos as forças, retomamos a caminhada e, por volta das 15h30, chegamos ao acampamento que fica na base do Monte Roraima. Um imenso paredão nos deu a dimensão de nossa insignificância... Realmente espetacular vislumbrar o Roraima e o Kukenam, lado a lado. Imagem feita a partir do acampamento base Como no dia anterior, os porteadores rapidamente montaram nossas barracas e fomos tomar banho num córrego na base do monte. A água congelante desencorajava o mergulho mas, como a sujeira incomodava, respiramos fundo e fomos. O pouco tempo dos pés sob a água os deixava dormentes. Ao sair, a brisa fria aumentava aquela sensação, amenizada somente após vestirmos nossas roupas. No jantar, comemos arroz com polo (frango), legumes e bebemos um chá quente. Durante a madrugada fez um frio muito intenso. O segundo acampamento fica no meio da vegetação da base do Roraima. Pudemos ver muitas amoras que eram vorazmente disputadas por aves locais. Entre elas, a mais abundante é sem dúvida o tico-tico, visto sempre no solo buscando restos de comida. Sabias e andorinhas também puderam ser vistos em abundância. Terceiro dia Acampamento base (1500m) ao topo do Monte Roraima (2680m) Aos primeiros raios de sol, acordamos e tomamos o café da manhã. Sabíamos de antemão que o terceiro dia seria bem puxado, pois é nele que começou a subida propriamente dita pela rampa de acesso ao Monte Roraima. Logo no início, uma subida quase vertical nos deu a dimensão do desafio que nos aguardava. É uma subida perigosa para quem não tem familiaridade com ambiente natural. Mesmo para quem é acostumado, todo cuidado é pouco. Cada novo passo precisou ser bem calculado e, devido à chuva do dia anterior, o risco de escorregão aumentara. Algumas palavras passaram a constituir-se verdadeiros mantrans para os membros da expedição, ditas a nós pelo Sr. José repetida e pausadamente: ‘listo’, ‘paso a passo, sin carrera, sin apuro’. Diferente do dia anterior, não perdi o fôlego com facilidade pois os passos eram mais curtos e cuidadosos. Em compensação, mãos e joelhos foram mais exigidos. O caminho torna-se facilitado à medida em que você percebe alguns macetes: sempre há um tronco, uma raiz ou algo próximo que auxilia o impulso e a segurança para o próximo passo. Diferentemente da trilha do dia anterior, toda percorrida em ambiente savânico (aberto), esta trilha íngreme está entre a vegetação da base do Roraima, de modo que o sol não castigou tanto. Pelo contrário, à medida que a subida ocorria, ficamos cada vez mais sujeitos ao clima próprio do Monte. Uma cerração constante, ventos e um clima mais ameno marcaram esse trecho. Os ombros, já acostumados ao peso da mochila, já estava como que anestesiados ou antes, suplantados pelas dores nos joelhos e nos pés. No meio da caminhada, umas duas horas e meia após a saída, nos deparamos com uma descida, seguida por nova subida. Ao final desta subida, vislumbramos o famoso ‘Paso de las Lagrimas’. Neste local, nós passamos literalmente por baixo da queda d'água. Minha esposa pensou que começara a chover... Subimos pelas rochas em forma de escada toda molhada. Somado ao cansaço, a força da água e o terreno escorregadio e perigoso minam a confiança de muitos viajantes. Alguns atribuem o termo ‘Paso de Lagrimas’ não somente a queda, mas também às lágrimas que escorrem pelo rosto daqueles que consideram ter chegado ao seu limite físico e psicológico. Passado o desafio do ‘Paso’, continuamos a difícil subida, com algumas paradas para pegar água para descanso. Foi nessa parte da subida que encontramos por vez primeira o famoso anuro endêmico do monte Roraima (Anomaloglossus roraima), por estre as rochas. Anuro endêmico dos Tepuis do Sul da Venezuela (Anomaloglossus roraima) Algum tempo depois, chegamos finalmente ao topo do Roraima! Neste local o clima já era radicalmente diferente daquele da manhã e um sol agradável ajudou a secarmos nossas roupas. Fizemos nosso almoço ali mesmo entre as rochas. Enquanto comíamos, pudemos vislumbrar, logo na chegada, as estranhas formas esculpidas nas rochas pela água por milhões de anos, imagens estas retratadas em tantas imagens que viramos somente nas páginas da internet. Aspecto das rochas na chegada ao topo do Roraima Após o breve almoço – pão torrado com presunto e mussarela –, continuamos nossa caminhada, agora no topo, até nosso acampamento, o ‘hotel’. No Roraima, Hotel consiste em abrigos sob grandes formações rochosas. São abrigos que nos protegem parcialmente das chuvas intensas, sol e vento. As barracas são montadas onde é possível. Se um determinado grupo chega aos hotéis e não há ‘vaga’ para as barracas, é obrigado a ficar sob do ‘humor climático do Roraima’, que muda a todo momento. Há um hotel principal, mas ficamos num outro local chamado hotel sucre, com menor capacidade. Li certa vez num site uma afirmação que comprovei ser verdadeira: ‘durante a viagem ao Monte Roraima, vivenciamos diariamente as quatro estações!’. Quando chegamos ao nosso hotel, encontramos nossas barracas já montadas pelos porteadores. Após nos instalarmos adequadamente, descansamos por uns quarenta minutos e tomamos uma sopa caliente. Um dos porteadores veio nos dizer que iríamos realizar já naquela tarde nossa primeira incursão ao Roraima. Fizemos uma caminhada de 40 minutos e visitamos um dos vales de cristais existentes no monte. Confesso que esperava um pouco mais desse vale, que na prática não passa de uma única subida cheia de pequenos cristais. Eles também ficam espalhados pelas proximidades, sobre um solo argiloso de coloração levemente rosácea. A seguir, conhecemos também o local denominado ‘Jacuzzi’, uma espécie de piscina natural onde tomamos nosso banho. O fim de tarde, a garoa e o vento constante tornaram a entrada desconfortável, sensação somente suplantada pela necessidade de manter o corpo limpo! O caminho até estas localidades nos deu já uma boa noção da paisagem surreal existente no platô do Monte Roraima. O formato peculiar das rochas é um convite à imaginação humana. Viamos diferentes formas animais, construções que assemelhavam-se a catedrais, etc. Jaccuzi, no topo do Monte Roraima Formação natural encontrada no topo do Monte Roraima Foi nesta tarde que pudemos conhecer também o ponto mais alto do monte, denominado Maverick, com 2.860 m. Tem esse nome por ter a aparência do veículo de mesmo nome. Retornamos rapidamente para nosso acampamento. O fato de não estarmos mais carregando nossas mochilas tornou a caminhada mais rápida e menos desgastante. Na chegada ao acampamento, fizemos nosso jantar, que foi Macarrão (Pasta) com polo. Alguns beberam chá e outros chocolate quente. A chegada da noite convidava-nos invariavelmente ao recolhimento, seja pelo cansaço gerado pelo intenso dia de caminhada, seja pela necessidade de estarmos preparados para o esforço do dia seguinte. Neste dia soubemos que seria difícil visitar o lado brasileiro do monte. O hotel 'Quati' estava lotado. Assim, o sr. José achou por bem nos levar a alguns outros locais no lado Venezuelano do Roraima. Quarto dia O dia seria de uma longa caminhada pois, como não iriamos mudar o acampamento (o lado brasileiro estava, como dissemos, lotado), deveríamos nos deslocar até os pontos planejados para visitação e depois retornar. Por essa razão, percorremos 18 km nesse dia. Logo pela manhã tomamos nosso costumeiro café da manhã. Vimos o Sr. José chegar apressado dizendo em voz alta, num tom de comando: ‘Listo?’. Minutos depois, começamos a caminhada até o chamado ponto fronteiriço tríplice entre Brasil, Venezuela e Guiana. O dia amanhecera chuvoso. Uma intensa névoa encobria todo o vale e um vento forte com umidade desencorajava a incursão. O experiente guia continuou a marcha e o seguimos por entre as rochas. O caminho era sempre irregular. É preciso pular muitas rochas e escalar algumas delas. É preciso também andar por caminhos específicos (entre pequenas rochas estrategicamente colocadas pelos indígenas) para tentar manter os pés secos (uma tarefa que se mostra sempre inútil ao fim do dia). Mesmo botas aparentemente impermeáveis de alguns membros da expedição não foram capazes de conter a água. Visitamos catedrais de pedra e outras rochas que, como já dissemos, lembram formas humanas e animais. Andamos por toda a manhã e, ao final, avistamos ao longe o pequeno obelisco que marca a tríplice fronteira. Nosso almoço foi um lanche frio com pão, repolho, maionese e atum, além deu um copo de suco. Foi nesse dia que conhecemos os pontos denominados 'catedral' e 'elefante', além de um outro vale com muitos cristais. Estávamos já bem cansados e a escalada foi difícil, sempre por entre ou sobre as rochas. Finalmente chegamos ao topo da colina e ao obelisco. Por graça da natureza, o tempo abriu e fomos brindados com um sol maravilhoso durante o tempo em que permanecemos no obelisco. Um sentimento de alegria envolveu-nos a todos, apesar do cansaço! Um imenso arco-íris pôde ser visto cruzando todo o vale. Entretanto, como já dissemos, o clima próprio do monte é muito instável, de modo que logo na sequência o tempo piorou novamente. Obelisco da tríplice fronteira (Brasil, Guiana e Venezuela) no topo do Monte Roraima Continuamos a caminhada rapidamente pois o Sr. José não queria que andássemos durante a noite por entre as rochas. Andamos por entre vales e elevações, sempre com um tremendo esforço físico. Ao perguntarmos aos porteadores quanto tempo restava, sempre nos diziam a mesma hora (não queriam nos desestimular). Após algum tempo, chegamos ao local denominado ‘El Foso’. Trata-se de uma imensa abertura em cujo fundo há um belíssimo lago. Uma cascata formada pelas águas que descem das elevações rochosas próximas completa o cenário. A beleza do lugar nos fez esquecer do cansaço e ficamos durante um tempo tomando fotos e conversando. O tempo uma vez mais colaborou justamente quando chegamos. Após a visita ‘El Foso’, começamos nosso retorno. A volta foi penosa! O tempo ficou fechado durante praticamente todo o dia e, ao cair da tarde, o frio aumentou drasticamente. Aspecto do local denominado 'El foso', no topo do Roraima Chegamos ao Hotel Sucre por volta das 19h (12 horas caminhando nesse dia), já com o uso de lanternas para nos guiar por entre as rochas. Quando cheguei, minha primeira reação foi deitar na barraca e ali permaneci por mais ou menos uma hora. O jantar foi composto de arroz, lentilha e carne moída. Como bebida quente, chocolate, chá ou café. Comida quente era quase tudo que precisávamos... Sim, quase tudo pois estávamos sujos e banho naquele frio noturno numa água congelante era impensável. A saída foi encontrar algumas poças próximas e tentar limpar o corpo da melhor forma possível. Outro grande problema de um ambiente umido é que suas roupas simplesmente não secam! A botina então, pode esquecer. Um dos membros da expedição sugeriu o seguinte paliativo: calçar uma meia seca e limpa, um saco plástico e, por cima disso tudo, a meia suja e úmida. Colocar a botina dessa forma torna-se menos desconfortável aos pés, que se mantém relativamente secos. Quinto dia Neste dia saímos um pouco mais tarde (depois das 8h), seja porque os pontos de visita eram mais próximos, seja pelo extremo cansaço. O tempo amanheceu mais uma vez bem fechado. Nosso café foram bolinhos recheados com ramon (presunto) e omelete. Fomos mais uma vez até o Maverick, ou seja, o topo do monte. Nesse dia conhecemos muitas formações estranhas, que foram nomeadas pelos locais de acordo com suas semelhanças com animais ou com formas humanas. Fomos a outro vale dos cristais, bem maior que o primeiro, onde podíamos pisar sobre os cristais que estavam espalhados por todo o caminho. Conhecemos o vale da esperança e o lago do mesmo nome. Na sequência, fomos até um dos pontos mais famosos do monte, denominado ‘La Ventana’, onde é possível ver todo o vale e as encostas do monte com suas várias cachoeiras. Para nossa infelicidade o tempo não melhorou a não pudemos ver nada, dada a espessa bruma que cobria todo o ambiente. Ao mesmo tempo, tal bruma dava ao lugar um aspecto misterioso e enigmático e surreal. No retorno ao acampamento, vimos uma cena inusitada: no meio de todas aquelas vimos a súbita chegada de um helicóptero. Ao longe, olhando para o local onde o helicóptero iria pousar, vimos um grupo de turistas estrangeiros, que embarcaram rapidamente e deixaram o monte na sequência. Ao mesmo tempo, alguns turistas japoneses desceram naquele lugar inóspito para conhecer o topo do monte. Notamos que, ao verem o helicóptero indo embora, ficaram sem reação, como se tivessem sido 'teletransportados' subitamente para um local alienígena. É uma opção mais cômoda e também muito mais onerosa. Continuamos nossa caminhada até o acampamento, passando pela jacuzzi e chegando no acampamento por volta das 15h. Ainda estava chovendo e fomos recebidos com sopa, pão, chá, chocolate e café. Cristais encontrados no topo do Monte Roraima Sexto dia Último dia no topo do Monte Roraima. Logo que o dia raiou, por volta de 5h40, o Sr. José veio nos acordar. Estava muito animado, perguntando quem gostaria de fazer uma última tentativa de conhecer a vista de ‘La ventana’. Poucos se candidataram, pois o cansaço era grande, estava muito frio e muitos já estavam um pouco desanimados. Optei por fazer a tentativa! O vento estava forte e o dia bem mais claro. Quando chegamos, pudemos contemplar a beleza da vista que ‘la ventana proporciona’, o que nos deixou muito emocionados. O mirante é realmente espetacular. Retornamos por volta das 7h30, e encontramos os demais membros da expedição tomando café da manhã, composto de Arepa e café quente. Saímos todos e fomos conhecer um local chamado ‘La Cueva’. Após pedir a costumeira permissão, pudemos explorar o interior do local. A seguir, no caminho de retorno, o dia estava bem mais agradável e o senhor José aproveitou para nos contar algumas histórias que ele conhecia sobre o monte Roraima. A seguir, retornamos ao hotel pois precisávamos estar descansados para o dia seguinte, quando iriamos iniciar a descida do monte. O ambiente no topo do monte é realmente inóspito. A última noite foi úmida e muito fria. Comemos uma sopa com pão e fomos dormir. La Ventana. Monte Roraima Sétimo dia Topo do Monte Roraima (2680 m) ao acampamento do Rio Tek (1050 m). Começamos o dia com um café reforçado de mingau com aveia e flocos e um pouco de chá. Dia de forte caminhada. Começamos a descer o monte logo pela manhã (6h). Foi certamente o dia mais difícil, exigindo muito de nossos joelhos. O planejamento era descer o monte, passar pelo acampamento base e chegar no acampamento do Rio Tek no fim do dia. Muitos visitantes que estão acostumados a trilhas montanhosas costumam descer pela trilha em alta velocidade, numa destreza admirável. Aspecto do paredão do Monte Roraima (descida) Descemos durante a manhã por toda a parte florestada da encosta do Roraima, com poucas paradas, almoçando no acampamento base. O almoço foi novamente pão de forma, repolho, atum e maionese. Ficamos cerca de meia hora nesse acampamento e continuamos a descida. No período da tarde, agora sob forte sol, caminhamos pela savana em direção ao rio Kukenan. Ao chegarmos ao rio, o calor e o cansaço eram tamanhos que instintivamente nos livrávamos das mochilas para nos refrescarmos no rio. Ficar com os ombros livres foi um verdadeiro alívio. Após essa breve pausa, nos encaminhamos para o acampamento do Rio Tek, onde tivemos nosso último pernoite. Tanto eu quanto minha esposa deixamos nossos calçados (praticamente imprestáveis) nesse local. Por sorte, tínhamos deixado um outro par quando de nossa ida. Fizemos isso para deixar nossa carga mais leve e ficamos muito felizes em saber que ainda estavam lá quando chegamos. Jantamos macarrão com carne e um pouco de suco e fomos dormir. Oitavo dia Acampamento do Rio Tek ao Paraitepui Na manhã do último dia, acordamos bem cedo. Tomamos o nosso café, já bem animados por estarmos no fim da caminhada. Os membros da expedição haviam combinado de deixar um ‘regalo’ aos porteadores que foram sempre tão atenciosos e prestativos conosco. Nos despedimos dos imponentes kukenan e Roraima e começamos a caminhada até o Paratepui. Ao chegarmos, encontramos uma pequena venda aberta e bebemos refrigerante gelado. O carro estava nos aguardando e, após todos os membros da expedição chegarem, fomos de Paraitepui até uma Vila no meio do caminho até Santa Elena. Nesta vila, que é uma comunidade indígena, tivemos uma farta refeição, com uma grande porção de polo assado, arroz, salada, maionese de repolho e refrigerante. Após essa bela refeição, fomos até uma rua onde compramos artesanato local. Pouco depois, voltamos à Santa Elena, onde a expedição foi finalizada.
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