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Travessia da Joatinga - Carnaval 2011


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Segue mais um relato da travessia da Juatinga. Sei que já existem vários, mas, é sempre bom ter informações atualizadas. Fiz a travessia desde a Praia do Engenho no Saco do Mamanguá até o Condominio de Laranjeiras.

 

04 e 05/03/2011

 

São Paulo – Paraty – Praia do Engenho

Sexta-feira de carnaval: o dia amanhece chuvoso e eu acordo com algumas complicações intestinais, ou seja, tudo conspirando para que eu desistisse da travessia. Mas, fui teimoso, aproveitei pra descansar o máximo que pude, já que não trabalhei na sexta-feira e lá pelo fim da tarde, enquanto metade dos paulistanos tentavam fugir da metrópole por suas principais rodovias, ocasionando 210 km de congestionamento, comecei a arrumar minha mala. Descansei mais um pouco e lá pelas 2:00 da manhã saímos de São Bernardo do Campo, eu e a Paula, minha namorada.

Chegamos em Paraty lá pelas 6:30 da manhã e a chuva que caiu durante toda a madrugada insistia em continuar. Tomamos café no Empório Paraty, único lugar aberto a essa hora e gastamos míseros R$ 8,50. Parei o carro na rua e fomos para a rodoviária pegar o ônibus para Paraty-Mirim. Achei melhor ir de ônibus pra lá por dois motivos: 1º que a estrada de terra pra lá é péssima e 2º que na volta teria que pegar 2 ônibus, um de Laranjeiras até Paraty e outro de lá para Paraty-Mirim.

O ônibus saiu umas 8:10h e lá pelas 9:00h chegamos em Paraty-Mirim. Logo fui abordado por um barqueiro que se ofereceu pra nos levar à Praia do Engenho por R$ 60,00. Achei meio caro, mas, como estávamos só em dois e queria começar logo a travessia, resolvi não fazer uma longa pesquisa de preço, ofereci R$ 50,00, ele aceitou e nós fechamos. O trajeto de barco até o Engenho durou cerca de 20 minutos.

 

Praia do Engenho – Pouso da Cajaíba

Eu já havia realizado a travessia da Juatinga uma outra vez, mas naquela ocasião, partindo de Pouso. Seria a 1ª vez que iria encarar a trilha desde a Praia do Engenho. Já minha namorada realizaria a 1ª travessia da sua vida.

Eu tinha a informação que a trilha começava numa escada. Como o píer da Praia do Engenho dá de frente para uma escada, imaginei que fosse a própria, mas, logo nos primeiros metros ela já bifurcou e já surgiu a 1ª dúvida. Desci até a praia onde um solitário caiçara observava o Saco do Mamanguá sob uma grande árvore que o protegia da chuva que insistia em cair. O caiçara me apontou a escada certa bem na direção da árvore e descobri que a outra escada de um lado trazia para a própria praia, onde eu me encontrava e do outro ia para a praia vizinha, ainda no Mamanguá.

Tomamos a escada certa lá pelas 10:00h com a informação que era só seguir em frente. Poucos minutos e a escada acaba, dando numa casa. Ali o morador me informou que a trilha era pela grama à esquerda da escada. Tomamos a mesma, que logo virou uma trilha de verdade e logo surgiu o 1º obstáculo: tínhamos que subir por uma rocha, onde passava uma corredeirinha e esta era muito escorregadia. Tava bem difícil de me equilibrar com a mochila sob o chão íngreme e escorregadio. Procurei por uma trilha pelos lados esquerdo e direito e não encontrei, então, tomei a decisão de arrastar a mochila pelo chão por aquele trecho. A Paula insistiu que deveria haver uma trilha lateral e na inexistência da mesma, ela mesma abriu uma na mão. Num certo momento ela ficou toda enroscada entre cipós tal qual um inseto numa teia de aranha, quase tive de ir lá cortar os cipós, mas, ela conseguiu se livrar sozinha e seguimos a trilha que segue à esquerda.

Aqui a subida fica bem íngreme e conforme subimos, temos uma bela visão do Saco do Mamanguá à nossas costas, que infelizmente não estava tão belo por conta da chuva. Como já disse, não conhecia esse trecho da travessia e estava meio apreensivo, sobretudo após descobrir que a chuva destruíra as anotações que eu levava sobre a trilha, mas, não teve muito erro, foi só seguir sempre pela trilha principal. É verdade que em alguns pontos ela quase some, já que é muito pouco usada e a chuva intensa dos últimos dias deve ter feito o mato crescer bastante, mas, um pouco de bom senso é o bastante para perceber por onde ela continua. Em outro ponto encontramos uma árvore bem grande atravessada na trilha, mas também foi só passar por cima dela e seguir viagem. Já quase perto do fim da trilha ela termina em um “T”, aqui tomamos à direita e com mais uns dez minutos de caminhada colocamos os pés na Praia Grande da Cajaíba. Não tenho certeza, mas, provavelmente a trilha à esquerda deve levar à Praia da Deserta. Levamos 3 horas do Engenho à Praia Grande, porém, fomos num ritmo bastante tranqüilo e parando bastante pra descansar. A chuva também atrapalhou bastante.

Uma dica que eu deixo para que for fazer este percurso é usar calça e camisa de mangas compridas. Eu estava, por acaso, de calça e isso me poupou de vários cortes nas pernas. Já meus braços estavam desprotegidos e foram freqüentes meus encontros com um tipo de capim cortante (não sei o nome correto). Ao final da trilha parecia que eu havia lutado com uma jaguatirica de tantos arranhões que tinham em meus braços. Todos os outros trechos da travessia são tranqüilos e podem ser feitos de bermuda e mangas curtas.

 

O tempo continuava feio, mas, mesmo assim aproveitamos para tomar um banho na Praia Grande. Fizemos um lanche, descansamos um pouco e retornamos à caminhada. Daí até o Pouso não tem muito erro, as trilhas se iniciam sempre no canto das praias e são fáceis de se encontrar. Passamos pelas praias de Itaoca (praia deserta), Calhaus (pequena e com vila de moradores) e Itanema (com poucas casas e alguns barcos) para finalmente chegarmos no Pouso da Cajaíba. Levamos mais 2:50h, sempre num ritmo bem tranqüilo.

Eu sabia que um amigo meu estaria em Pouso nesta data hospedado em uma casa e a idéia de um banho quente após tantas horas na chuva me parecia bem interessante, porém, não sabia onde era esta casa. Decidi então procura-lo no lugar mais provável para encontra-lo, sobretudo num dia chuvoso, no bar. Dito e feito, lá estava ele. Tomamos umas cervejas e em seguida fomos para a casa, onde pudemos tomar um banho quente pra recuperar as energias. Mais a noite voltamos para a praia para jantarmos um PF de lula (R$ 15,00) e retornamos à casa onde pudemos acomodar nossos sacos de dormir na cozinha e dormir confortavelmente até o dia seguinte.

 

06/03/2011

Pouso da Cajaíba – Martim de Sá

Acordamos sem pressa lá pelas 8:00h. Minha intenção era curtir um pouco o Pouso da Cajaíba e partir para Martim na parte da tarde, já que este é o dia mais tranqüilo da travessia. Porém, o tempo continuava feio e chuvoso, ou seja, a praia não estava muito convidativa. Fomos então até a Padaria Pão de Pizza, na praia, para tomarmos o nosso desjejum e voltamos para a casa, onde ficamos enrolando por algumas horas. Lá pelas 11:30h decidimos seguir viagem.

A trilha para Martim de Sá se inicia atrás da última vendinha no lado esquerdo (costas para a praia) da praia. Logo no início a trilha se divide em três: à esquerda parece levar a um belo mirante, que eu não cheguei a ir. No meio, não é bem trilha e sim escadarias que levam às casas de moradores. E à direita a trilha certa, que sobe bem íngreme. Levamos cerca de duas horas para chegar a Martim, 1 hora subindo e 1 hora descendo, sempre num ritmo bastante tranqüilo. No topo do morro, procurando com atenção há uma trilha não muito aberta, que sai à esquerda. Segundo informações esta leva à Praia da Sumaca. Não pude constatar esta informação, mas, na minha próxima visita à região pretendo incluir este destino.

Chegando a Martim de Sá o Sol resolveu dar um leve ar da sua graça, o que nos deixou animados, mas, logo partiu e o tempo continuou meio fechado. Pelo menos não choveu mais durante toda a tarde e após montarmos nossa barraca no inflacionado camping do Seu Maneco (R$ 20,00/ pessoa) e comermos um lanche no “restaurante” do mesmo, pudemos aproveitar um pouco as fortes ondas da Praia de Martim de Sá.

À noite, após um banho gelado, jantamos um PF de peixe no dito “restaurante”. Este sim com um custo/benefício bastante interessante: R$ 12,00 o PF, que eu e minha namorada dividimos e ficamos extremamente satisfeitos. Lá pelas 21:00h já estávamos em sono profundo.

 

07/03/2011

Martim de Sá – Ponta Negra

 

Acordamos por volta de 6:00h, a chuva que se precipitou durante toda a noite, havia agora cessado. Antes do desjejum, demos uma rápida passeada pelas areias de Martim de Sá e nos despedimos desta praia maravilhosa. Voltamos à barraca, tomamos nosso café da manhã, arrumamos a coisas e lá pelas 8:00h iniciamos a trilha.

Esta trilha se inicia no próprio camping e não no canto da praia como a maioria. Ao cruzar um dos vários riachos no início desta trilha, aconteceu uma das coisas mais legais da viagem (embora minha namorada não concorde muito), nos deparamos com uma tarântula enorme bem no meio da trilha. Tive que cutucar ela com um galho pra nos dar passagem, obviamente só depois de registrar esse encontro com uma fotografia. Depois descobri que as tarântulas não são perigosas para a espécie humana.

Bem, antes de iniciar a trilha havia perguntado pro filho do Seu Maneco sobre bifurcações na trilha e ele como bom caiçara me deu informações bem precisas: “é só seguir sempre reto, vai ter bifurcação pra esquerda, pra direita, você vai sempre reto”. Na hora achei aquela dica meio inútil, mas, até que funcionou. Em todas as bifurcações segui sempre pela principal, nunca pela trilha secundária. Na outra vez que fiz essa travessia, tomei sempre à esquerda nessas bifurcações e também acabou dando certo, só que naquela ocasião eu cheguei a uma pequena vila, onde deve ser a Enseada das Anchovas. Desta vez não passamos por esta vila, o que eu acredito que deva ter nos poupado alguns minutos. Após atravessar um riacho com pedras (acho que o 5º desta trilha), surgiu uma bifurcação que me deixou um pouco na dúvida. Parei, pensei e de repente vi entalhado numa árvore P.N. para a esquerda, o que ratificou o meu palpite de seguir pela esquerda, mais próximo ao mar. Com cerca de duas horas desde o início da trilha chegamos em Cairuçu das Pedras, como tínhamos bastante tempo, descemos até esta praia para dar um mergulho, fazer nosso almoço (miojo com atum), descansar um pouco e abastecer nossas garrafas com água de uma bica na própria praia.

Partimos de Cairuçu lá pelas 13:00h, para iniciar o trecho tido como mais difícil da travessia (pra mim o mais difícil foi da P. do Engenho até a P. Grande). Um morador nos alertou que seguindo a trilha haveria uma casa a direita e logo em seguida uma bifurcação, onde deveríamos tomar a direita, pois a esquerda segue para o costão. Seguimos a dica e logo adentramos na mata. A partir daí não tem erro, a trilha é única. Após duas horas subindo chegamos numa enorme pedra, que é conhecida como gruta ou toca da raposa, pois há espaço para acampar em baixo dela. Li alguns relatos de pessoas que fizeram isso, pois já era muito tarde quando alcançaram este ponto e preferiram não seguir viagem.

Mais alguns minutos e alcançamos o topo do morro. Começamos a descer e eu fiz uma burrada. Chegamos a uma pedra bem grande e havia uma árvore caída ao lado dela escondendo a trilha que deveríamos pegar (a esquerda da pedra). Como havia uma trilha visível à direita da pedra continuamos por ela. Alguns minutos se passaram e estranhamente a trilha começou a subir novamente, achei estranho, não me lembrava que haveria mais alguma subida depois deste ponto, mas, seguimos e logo ela voltou a descer nos alegrando. Passávamos por alguns lugares que eu tinha a sensação de já ter visto e comecei a ficar meio apreensivo, pra ajudar a chuva que tinha dado uma trégua voltou a cair sobre nossas cabeças. Foi quando dei de cara com a Gruta novamente e constatei que havíamos perdido meia hora andando em círculo. Retornamos no sentido correto, prestando muita atenção a possíveis bifurcações, foi quando eu percebi a trilha à esquerda da pedra, meio escondida pela árvore caída já citada anteriormente. Pegamos a trilha certa e descemos por 1:45h até chegarmos exaustos na bela Praia da Ponta Negra e matarmos nossa sede de cerveja (R$ 4,00 a lata de Skol). Demos um mergulho nas calmas e límpidas águas desta enseada e fomos armar acampamento num camping bem muvucado, próximo à praia e atrás do restaurante. Apesar de cheio, o pessoal era tranqüilo e não tenho reclamações. Jantamos no dito restaurante, que é da mesma proprietária do camping (R$ 15,00 o PF de peixe, muito bom). À noite o céu estava bastante estrelado, o que nos deixou animados para o dia seguinte. Novamente lá pelas 21:00h já estávamos na cama para nos recuperar deste exaustivo dia.

 

08/03/2011

Ponta Negra – Laranjeiras

 

Acordamos lá pelas 6:00h, e pra variar, o tempo estava chuvoso novamente. Ficamos desanimados, pois, não havíamos pegado nenhum dia realmente bonito. Tomamos nosso café, levantamos acampamento e saímos às 7:40h. Perguntamos aos locais por onde pegar a trilha, que também não é pela praia, e sim pelos quintais dos moradores.

Alguns minutos de caminhada e logo chegamos a Galetas, praia formada somente por pedras, sem faixa de areia. Li em algum lugar, que esta é uma praia ainda em formação. Atravessamos as pedras e no canto esquerdo há agora uma ponte para cruzar o rio, que antes tinha de ser cruzado pelas pedras. Ao final da ponte, segue a trilha e com 1:10h de caminhada desde a Ponta Negra atingimos a deserta praia de Antiguinhos (minha preferida). Finalmente fomos premiados pelo Sol, quando eu já não tinha mais esperanças de aproveitá-lo nesta viagem ele veio, e desta vez, se firmou. Ficamos então umas três horas curtindo o Sol e a praia de Antiguinhos, deu até pra pegar uma “corzinha”. No início a praia era só nossa. Depois de algum tempo começaram a aparecer algumas pessoas que faziam a trilha desde a praia do Sono até lá.

Partimos por volta de meio dia, cruzamos a praia de Antigos, onde os turistas nos viam com as mochilas cargueiras e perguntavam de onde nós vínhamos. Após 30 min. de caminhada desde Antigos tivemos o belo visual da Praia do Sono no topo da trilha. No Sono paramos num quiosque para tomar uma cerveja e almoçar uma porção de lula a dorê (R$20,00), Não estava muito boa, não sei o nome do quiosque, mas, foi o 1º que encontramos, não recomendo.

Depois de comer deitamos na praia e o nome da mesma finalmente fez sentido para nós, caímos literalmente no sono. Ao acordar demos o último mergulho da viagem e nos arrumamos para a última trilha. Saímos às 16:00h, esta trilha estava bastante movimentada, pois muita gente acampa na Praia do Sono, a galera levando um monte de coisa na mão, violão nas costas, descalços, devem ter levado umas 5 horas pra fazer este trajeto, que nós levamos pouco mais de uma hora (e não fomos rápidos).

Ao chegar na Vila Oratório o ônibus parecia estar nos esperando, entramos logo no coletivo e imediatamente ele partiu.

Às 18:15h chegamos em Paraty, trocamos de roupa no carro, demos uma volta pela cidade e partimos rumo a SP umas 20:00h. Não pegamos trânsito intenso e lá pela meia noite e meia estávamos de volta à metalúrgica São Bernardo do Campo.

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Demorou, mas seguem algumas fotos da travessia:

 

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Chegando na Praia do Engenho

 

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Finalmente a Praia Grande da Cajaíba

 

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A Deserta Praia de Itaoca

 

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Praia de Calhaus

 

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Praia de Itanema

 

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Pouso da Cajaíba

 

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Praia de Martin de Sá

 

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Um dos Riachos a serem cruzados na Trilha para Ponta Negra

 

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A parte mais legal da viagem

 

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A Pequena, porém, charmosa: Cairuçu das Pedras

 

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Ponta Negra até que enfim!!!

 

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Ponte para atravessar a Praia de Galetas

 

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Praia de Antiguinhos

 

20111026002052.JPG

Praia do Sono

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