Colaboradores Roberto Sarti Postado Junho 16, 2011 Colaboradores Compartilhar Postado Junho 16, 2011 Pico da Bandeira, dias 21,22 e 23 de abril de 2011. A nossa aventura começa um bom tempo antes dessa data. Fomos eu, minha esposa Lili e um colega, chamado Christian. Como nunca havia ido antes, foram tempos de pesquisa, leitura de relatos, estudo de roteiros, pensando no que levar, etc. Indo de carro, acabamos por ficar mais a vontade para carregar peso extra, que talvez nem seja usado lá. Programa-mos nossa saída de Guarapari-ES para o dia 21, as 7:00 h da manhã, pois queria ir devagar, passeando e curtindo a viagem, que já se fazia inesquecível só por imaginar o que nos esperava. Ver o sol nascer no ponto mais alto dentro do Brasil somente por fotos é algo que deixa qualquer um com água na boca, com vontade de presenciar pessoalmente. Isso nos motivava. Christian saiu de Vitória-ES de moto e combinamos de nos encontrar em Guaçui-ES, para então seguirmos juntos o restante da viagem. Como motos não podem subir no parque, ele deixaria a Fazer 250cc dele na portaria e subiria comigo até o camping Casa Queimada. Escolhi esse camping por ser o ponto mais longe que chega veículo. Preferi acampar próximo do carro, pra evitar carregar peso. Foi uma decisão acertada...rsrs.. Com tudo preparado saímos de Guarapari e seguimos viagem até Cachoeiro, depois Jerônimo Monteiro, Alegre e Guaçui, onde encontramos o Christian deitado no gramado da estátua do cristo. Passamos a mochila dele pro nosso carro e seguimos viagem após algumas fotos. O tempo estava instável, mas com previsão de sol no feriado. Continuamos a viagem, saindo de Guaçui e seguindo para Dores do Rio Preto e depois Pedra Menina, ultima parada antes do parque. Aproveitamos para almoçar no restaurante da Dona Sebastiana, ótima comida caseira, simpática senhora que cobra de acordo com a cara do freguês. Verdade, não há tabela de preços. Primeiro você come a vontade, depois ela te passa o preço. Pagamos R$ 13,00 por pessoa.. Preço razoável, já que se fosse num self-service normalmente sairia mais caro. Saímos do restaurante, ainda conversando com um morador da região, o qual nos indicou a estrada para seguir para a entrada do Parque. Seguimos por ela, cerca de 8 km de estrada de lama e barro, até que chegamos ao fim dela, a portaria do ES. Qual nossa surpresa quando o guarda-parque nos questionou porque não viemos pelo asfalto, numa estrada paralela a aquela que passamos. O abençoado que nos deu a informação da estrada em Pedra Menina não nos informou que se atravessássemos uma pequena ponte, sairíamos de Pedra Menina e iríamos para Paraíso, MG, onde a estrada é toda asfaltada e passa exatamente na portaria do ES. Sei lá, pensando nisso entendo que talvez tenha algum ciúme, ou rivalidade entre os moradores do ES e MG, já que dizem que o lado mineiro é mais desenvolvido do que o lado capixaba. Pelo menos a estrada é asfaltada por lá..... Chegando a portaria, os guardas bem educados e solícitos, preencheram um relatório onde anotaram o horário, placa do carro, dia de entrada e dia de saída. Eu havia sido orientado por eles, quando fiz a reserva pelo site, a pagar apenas uma diária, e se fosse ficar mais dias, pagaria na saída. Evitaria perder dinheiro se pagasse para ficar todos os dias e por algum imprevisto viesse embora antes. E assim fizemos. Passamos pela revista normal, pra ver se não havia bebida alcoólica no carro, nas bolsas, na verdade a revista foi bem por alto mesmo, nem precisou abrir as mochilas. Christian deixou a moto na parte de dentro da portaria e entrou no carro conosco, ante um guarda meio incrédulo de que conseguiríamos subir até o camping. Havia chovido, a estrada muito íngreme estava bem escorregadia. Uma van retornou porque não conseguiu. A maior parte é calçada com bloquetes, o que facilita e muito o trafego. Alguns pontos ainda de barro, estavam quase impossíveis de subir. Quase... assim que começamos a subida, logo no primeiro trecho de chão, o carro começou a patinar. Tivemos que descer Lili e Christian para conseguir avançar. Desci um pouco e no embalo e com sorte, consegui passar esse trecho. Foi difícil, realmente é bem íngreme e com lama ainda fica mais difícil. Andei uns 300 metros até um ponto em que dava para parar e esperei pelos dois, que vinham lá embaixo com a língua pra fora.... rsrs. Acabei sem querer parando perto dos ex ocupantes da van que havia retornado. Eles estavam com mochilas enormes, pois estavam preparados para fazer a travessia. Eram de SP. Fiquei com dó, pensando que ainda teriam 9 km de subida e chuva pela frente, até o camping. Seguimos subindo, sempre em primeira marcha, forçando bastante o carro. A estrada é tão íngreme que por momentos tivemos que parar para dar um refresco na embreagem, que já apresentava sinais de fadiga. Em outro trecho sem calçamento, foi o mesmo problema. Dessa vez, o Christian deitou em cima do capô do carro para fazer peso na dianteira e conseguirmos passar esse trecho, que fica numa laje de pedra. Com sufoco, passamos por esse que era o último ponto escorregadio. Nos trechos que eram de chão, havia muita pedra solta. Sinceramente, achei a estrada horrível nesses pontos. Íamos contando as placas com a km da estrada, até que chegamos ao final. Chovia fino, uma leve garoa, mas estávamos confiantes que o tempo melhoraria até o dia seguinte. Chegamos ao camping por volta de 2:00 h da tarde, montamos as barracas, e fomos preparar um chocolate quente para fugir da friagem que já se mostrava. É impressionante como o tempo muda de repente lá em cima. Chegamos com garoa, mas rapidamente o tempo limpou e o sol apareceu. Rapidamente também voltou a chover. Mas para nós tudo era festa, estávamos ali para subir o pico e nada ia tirar o nosso ânimo. Foi chegando mais gente, fomos nos entrosando com os que já estavam lá e logo fizemos amizade com 3 paulistas e 1 carioca. Havia também 2 casais de Campos - RJ. Lá pelas 6:30 começou a chegar o pessoal que havia descido da van, pelos quais passamos quando começamos a subir. Estavam preparados para a travessia e se mostraram animados, apesar do cansaço. A noite foi chegando, banho que é bom nada (eu já havia tomado antes de sair de casa.... Hehe) e eu só colocando as roupas de freio. Quando caiu a noite, estava com 4 blusas de frio e mais o gorro. Fomos preparar o jantar, havíamos levado sopão, almôndega e feijoada em lata. Usamos as espiriteiras a álcool que aprendi a fazer aqui mesmo no mochileiros, e que funcionaram muito bem. Quanto à alimentação estávamos tranqüilos, bem alimentados. Do jeito que estava o tempo não dava pra subir aquela madrugada. Conversamos e preferimos descansar naquela noite, deixando a subida para o outro dia. Lá pela meia noite, ouvimos uma conversaiada de gente do lado de fora, e percebemos que estavam de passagem, subindo para o pico, apesar do tempo adverso. Não estava chovendo, mas o tempo estava nublado. Voltamos a dormir. Como é gostoso dormir com o barulhinho da chuva caindo na barraca. Como minha barraca é meio vagaba, levei um plástico preto, desses que vende em casa de ração. Foi ideal para proteger a barraca da chuva, e de quebra ajudar a segurar um pouco da friagem. Como eu e Christian armamos a barraca de frente uma para a outra, a cobertura serviu como varanda, área de serviço e cozinha.. hehehe.... Dia 22, sexta, amanheceu com um sol muito bacana e a previsão de tempo bom estava se confirmando. Preparamos o café da manhã e saímos para fazer uma caminhada até a cachoeira da Farofa, cerca de 4,5 km morro abaixo. Descer cansa, mas a subida é pior. Chegando ao camping, suado pensei que era a hora do banho. Me enchi de coragem e parti para o ataque ao chuveiro. Foi pior do que eu pensava. A água que batia na cabeça, era semelhante a facas sendo enfiadas no meu crânio. Doía muito..... E o miserável do chuveiro com água fraca, fazia o sofrimento durar uma eternidade. O pior foi a minha falta de informação, que fez com que eu me ensaboasse todo, para então me lavar. Esse engano me custou caro. A água fria fez com que a gordura do sabonete se solidificasse, fazendo com que a o sabonete não saísse facilmente. Foram minutos torturantes debaixo do gelo que chamavam de água. Putz.... Enfim, após o sofrido banho, fomos almoçar e tirar um soninho para descansar. A tarde lá no camping é pra conversar fiado, fazer planos para a subida de madrugada. A noite chegando e continuava chegando gente. Não sei como é o camping em MG, mas pelo lado do ES é super tranqüilo. Sem barulho, bagunça e a gritaria que são relatadas pelo outro lado. A noite chegou e com ela o frio. Acompanhava-mos o termômetro que o Christian havia levado vendo a temperatura cair numa velocidade impressionante, quando ouvimos um som de violão. Christian não pensou duas vezes e na cara de pau foi lá e pediu o tal emprestado, enquanto o pessoal armava as barracas. Foi a senha pra juntar gente ao redor da mesa que estávamos e começar o show. O pessoal tava animado foram bons momentos ali. Fomos dormir lá pelas 10:00 h, nos programando de acordar a 1:30 h. Dia 23, sábado. Acordamos com um monte de gente passando pelo camping por volta de meia noite. Voltamos a dormir e levantamos já eram 2:00 h da madrugada. Juntamos um grupo de 5 pessoas, sendo eu e Lili, a Lívia e Rodrigo e Christian. Iniciamos a subida as 2:20 h, e nenhum de nós havia subido antes. Confiamos que seria fácil seguir a marcação no caminho e acompanhar outras pessoas que estavam subindo também. É uma subida muito puxada, forte. A noite estava linda, o céu estrelado e sem vento nenhum, o que tornava a subida menos desgastante. Lá íamos nós fazendo paradas esporádicas, afinal as moças que estavam conosco cansavam né.... hahsusushshus....são 4,5 km praticamente só subindo, com raros trechos em linha reta, e mais raros ainda trechos de descida. Quase no topo do Pico do Cristal, encontramos uma moça que havia torcido o pé e estava sendo carregada de volta. Se a subida foi dureza, imagine a volta dessa forma. Mais algumas paradas e finalmente fomos nos aproximando do Pico. O sol já se mostrava colorindo o horizonte e nós aceleramos o passo pra chegar ao topo antes que ele mostrasse a cara de verdade. A previsão para o nascer do sol era 6:00 h em ponto. Quando finalmente chegamos, eram 5:50 h. Aí foi o momento inigualável de contemplar um dos maiores espetáculos da natureza, o momento mágico do nascer do sol. É impressionante a quantidade de gente que estava lá em cima. Uns chegaram bem antes e passaram um frio medonho. Outros se atrasaram e perderam o nascer do sol, chegando somente quando já havia gente descendo até. Ao chegar, o termômetro marcava 6 graus. À medida que o calor da subida ia se dissipando, a sensação de frio aumentava. Talvez pela blusa suada, debaixo das outras blusas de frio. Outra dica que não dei muita atenção e vi que realmente tem a ver. Alguns relatos falavam sobre levar uma blusa seca para trocar assim que chegasse lá em cima, para evitar o congelamento da blusa que fica em contato com o corpo. Sei que por volta das 7:00 h começou a bater um frio terrível, e mesmo com o sol subindo eu estava sentindo mais frio do que durante a noite anterior. Momentos de tremedeira braba... hshsahshshsh..... Após muitas fotos, e apreciação da natureza resolvemos que era a hora de descer. Já não havia quase ninguém mais lá em cima, já eram quase 9:00 h da manhã. Iniciamos a descida com calma, mais aliviados e felizes por ter alcançado o nosso objetivo. A pior parte da descida é a pressão na ponta dos dedões. São literalmente massacrados na ponta da bota. Chegamos por volta das 11:00 h da manhã, cansados, mas extasiados pelo prazer da conquista. Sem descansar, arrumamos as coisas e combinamos de almoçar no mesmo restaurante que comemos na chegada, com a Dona Sebastiana. Paramos na portaria do parque, para fazer o acerto da diária a mais que ficamos, Christian pegou a moto e seguimos para o restaurante, agora pelo asfalto. Almoçamos que nos fartamos, comidinha caseira e bem temperada. Qual nossa surpresa, quando ela nos cobrou R$ 15,00 pela comida. Achava-mos que nos cobraria mais barato, pois já havíamos almoçado com ela antes. Enfim..... Após o rango e muito cansados, decidimos seguir para a casa de um colega, que fica em Pedra Azul, para descansar. Saímos de Pedra Menina, passamos por Dores, Guaçuí, Alegre e entramos no trevo de Castelo, subindo a serra e saindo em Venda Nova do Imigrante. Como o Christian estava de moto e seguia na frente, se perdeu na entrada de Castelo e passou direto. Acabamos por desencontramos. Quando ele se tocou, voltou mas não conseguimos mais nos encontrar. Os celulares, tanto meu quanto dele estavam descarregados e aí já era. Quando ele me ligou, já eram 8:00 da noite e ele já havia chegado em casa, em Cariacica-ES. Após uma deliciosa lasanha preparada pelo colega, apagamos e só acordamos 12 horas depois. Foi uma trip inesquecível e sem sombra de dúvida, recomendada a todos que sonham em ir ao Pico da Bandeira. Não desistam desse sonho, vale a pena... Mais fotos no meu orkut.... http://www.orkut.com.br/Main#Album?uid=1530388151345398978&aid=1303746242 Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros de Honra Frida_ssa Postado Junho 22, 2011 Membros de Honra Compartilhar Postado Junho 22, 2011 Fala Roberto!! maravilha de relato!!!! fiquei cansadona aqui só de ler!!! e tremendo de frio tb!!! rsrsrsrsr Muito bacana ! parabéns pela trip!!! as fotos ficaram muito massa!!! abraços! Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Colaboradores Roberto Sarti Postado Junho 22, 2011 Autor Colaboradores Compartilhar Postado Junho 22, 2011 Vlw..... Foi a minha primeira ida ao Pico e certamente voltarei lá. Se tudo der certo, talvez em setembro parto para lá de novo.... abração..... Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros ZACARIAS JACOB Postado Março 8, 2012 Membros Compartilhar Postado Março 8, 2012 OI ROBERTO SARTI,LÍ SEU RELATO,ASSISTÍ AO VÍDEO E VÍ AS FOTOS DESSA TREMENDA AVENTURA,A CADA RELATO QUE LEIO ME MOTIVA A ENTRAR DE CABEÇA NESSA CAMINHADA,PENSAREI SERIAMENTE EM TIRAR FERIAS E IR AO PICO DA BANDEIRA,ESTE É O MEU SONHO, PARABENS PELA AVENTURA.(ZACARIAS JACOB-DANBURY,CONNECTICUT-USA). Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Colaboradores Roberto Sarti Postado Março 8, 2012 Autor Colaboradores Compartilhar Postado Março 8, 2012 OI ROBERTO SARTI,LÍ SEU RELATO,ASSISTÍ AO VÍDEO E VÍ AS FOTOS DESSA TREMENDA AVENTURA,A CADA RELATO QUE LEIO ME MOTIVA A ENTRAR DE CABEÇA NESSA CAMINHADA,PENSAREI SERIAMENTE EM TIRAR FERIAS E IR AO PICO DA BANDEIRA,ESTE É O MEU SONHO, PARABENS PELA AVENTURA.(ZACARIAS JACOB-DANBURY,CONNECTICUT-USA). Zacarias, não vai se arrepender. É incrível!!! Estou me programando pra ir na semana santa novamente, dias 6 a 8/04/2012..... Forte abraço... Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros Bruno Vicente Postado Março 20, 2012 Membros Compartilhar Postado Março 20, 2012 Roberto, Parabéns pelo relato... Moro a +ou- uns 100km do Pico, já subi 4 vezes.... para quem não foi ainda vale muito a pena...to querendo ir agora no mes junho quando esta mais frio... Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Colaboradores Roberto Sarti Postado Maio 20, 2012 Autor Colaboradores Compartilhar Postado Maio 20, 2012 beleza irmão....devo ir no feriado de setembro....bora pessoal....vou pelo ES novamente.... Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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