Colaboradores luizh91 Postado Segunda às 23:27 Colaboradores Postado Segunda às 23:27 (editado) Oi pessoal! Venho contribuir com mais um relato. Desta vez, passei o feriado de Corpus Christi entre as montanhas da Serra da Mantiqueira em MG e RJ. Teve trekking, escalaminhada, acampamento na montanha, cachoeira e cume, além das maravilhas gastronômicas da região. É uma boa pedida para quem deseja fugir da rotina sem gastar muito. 19/06/2025 - SUBIDA E ACAMPANDO NO PICO DA CASA DE PEDRA (PASSA QUATRO - MG/2.200 M) A aventura começou em Caçapava, no Vale do Paraíba. Saí de Santos no dia anterior e dormi na casa de duas amigas, formando um grupo de 3 pessoas para essa trip. Como iríamos acampar, já havíamos ido ao supermercado e comprado mantimentos para passar a noite na montanha, além de preparar as nossas cargueiras para tal. Saímos por volta das 8hrs da manhã de Caçapava rumo à Passa Quatro, cidade de Minas Gerais que seria nosso primeiro ponto de parada. Após cerca de duas horas de viagem, chegamos a Passa Quatro, que estava a todo vapor para as comemorações de Corpus Christi. A cidade é muito charmosa e aconchegante, carregando todo aquele jeito especial que as cidades da Mantiqueira possuem. Aproveitamos para tomar café da manhã no restaurante Aconchego, já começando os trabalhos da maravilhosa gastronomia mineira com aquele pão de queijo que só eles sabem fazer. Após o café, fomos a uma loja de lembrancinhas ao lado do restaurante e compramos alguns souvenirs de Passa Quatro. É uma das partes que mais gosto nas viagens rs Saindo de Passa Quatro, pegamos a MG-158 e seguimos rumo ao Hostel Inti Raymi (@casa_de_pedra_inti_raymi). Saindo da rodovia principal, deve-se pegar uma estrada de terra (em médias condições) e seguir por cerca de 10 km até chegar ao hostel, que fica na zona rural do município a cerca de 1.700 metros de altitude. Previamente, já havíamos entrado em contato com o local para reservar o camping na montanha, que ficou R$ 70,00 por pessoa (preço justo). Chegando ao hostel, estacionamos o carro e fomos recepcionados pelo Charles e a Gabriela, que são os donos do Inti Raymi. A partir dali, é possível fazer dois trekkings a fim de alcançar duas montanhas da região: Campo do Muro ou Casa de Pedra. Já tinhamos combinado que faríamos o pico da Casa de Pedra. Os anfitriões nos deram as orientações necessárias referente a a trilha/acampamento e nos indicaram o local para começar o percurso, que possui cerca de 2 km de extensão. Começamos a trilha por volta do meio-dia e ela se inicia em meio a Mata Atlântica, em um trajeto somente de subida. Neste início, o terreno é bem arenoso e coberto por serrapilheira, fazendo-se necessário o uso dos bastões de caminhada e de um bom calçado para evitar escorregões. A trilha é bem demarcada, não tem como se perder. E vamos subindo, subindo, subindo. Após cerca de uma hora, saímos da área de mata e adentramos nos campos de altitude, com uma trilha mais exposta. Ali é o cume da Casa de Pedra! E sobe! Neste momento, a subida é quase toda em rocha, com trechos bem íngremes de escalaminhada. Nada técnico, porém cansativo. O visual ao longo da trilha é incrível, com vista total para a imponência da Mantiqueira. Lembrando que estamos carregando as cargueiras, ou seja, subida com mais de 10 kg nas costas rs Após duas horas de subida, chegamos ao cume do Pico da Casa de Pedra, a 2.200 metros de altitude! O local é incrível! É um cume relativamente amplo, com espaço para 6 barracas. Além de nós, outro grupo acampou no local na ocasião. Fizemos um rápido reconhecimento do local e encontramos um espaço legal para montar nossas barracas, em uma área um pouco mais rebaixada do cume para tentar fugir um pouco do vento (que já estava aumentando). Vista do cume do Pico da Casa de Pedra! Barracas montadas, fizemos um café para aquecer, pois já estava esfriando. Fomos assinar o livro do cume e aguardar o pôr-do-sol. Felizmente, pegamos um dia com tempo excelente e bem aberto, o que permitiu uma vista espetacular do pôr-do-sol nas alturas! Hora de parar e refletir o quanto somos pequenos perante à soberania da natureza. E lá ficamos, contemplando aquele entardecer até o último minuto de luz. Café Gourmet! Na escuridão total, colocamos nossas lanternas de cabeça e começamos a preparar nosso jantar. Como de praxe, fizemos aquele macarrão raiz com molho rs. Minhas amigas levaram o fogareiro e a panela, e já tinhamos levado o molho pré-pronto, então foi só cozinhar o macarrão e misturar mesmo. Estava uma delícia! Após o jantar, nos encostamos em uma rocha e ficamos admirando o céu hiper estrelado. Mágico! Cansado, fomos nos deitar por volta das 21 horas. Coloquei meu isolante, me ajeitei no saco de dormir e deitei. Estava bem frio, então me agasalhei como se estivesse na Patagônia (e foi ótimo, pois não passei frio). O vento já batia na barraca e eu bem que tentei dormir, mas o máximo que consegui foram cochilos ao longo da noite. 20/06/2025 - DESMONTAR ACAMPAMENTO, DESCIDA E RUMO A ITAMONTE - MG Dormi pouco. Ventou muito durante a noite e, embora eu estivesse bem aquecido apesar do frio, o vento batendo na barraca não me deixou dormir. Levantamos às 6 horas para ver o nascer do sol. Saí da barraca com a mesma roupa que tinha dormido, só coloquei a bota e bora ver o amanhecer. As primeiras luzes já apareciam no horizonte e, mesmo com muito frio, valeu a pena acordar cedo para ver o espetáculo que é o nascer do sol nas montanhas. Assistimos o nascer do sol e preparamos nosso café da manhã. Nada como um copo de café bem quentinho para aquecer! Nessa viagem, levamos aquele sachês de café drip coffee e foi ótimo, pois era só aquecer a água e despejar no sachê que em 3 minutos o café já estava coado e pronto. Facilidades que a modernidade trouxe rs Amanhecer no Pico da Casa de Pedra! Desmontamos o acampamento, arrumamos as cargueiras e iniciamos a descida por volta das 9hrs, mas por um caminho diferente da subida. Seguimos pela crista da montanha e começamos a descer pelos paredões rochosos. O caminho foi diferente da subida, mas é tão bem demarcado quanto, ou seja, não tem erro. Após um tempo descendo pela rocha, logo adentramos na mata novamente e em pouco mais de 1:30h estavámos no hostel Inti Raymi. A Gabriela fez um café pra nós e serviu uma torta de maçã que estava perfeitaaaaaaaaaaa! Recomendo o hostel e a trilha que fizemos de olhos fechados, foi bem legal! Nos despedimos e seguimos viagem rumo a Itamonte, nossa próxima parada! Como já estava perto da hora do almoço, paramos em um restaurante na beira da MG-158 para almoçar. A churrascaria se chamava Araucária (Rei da Costela no Bafo) e a comida é simplesmente maravilhosa! Era self-service com várias opções e, em especial, a costela estava divina. Foi o melhor almoço da viagem! Se forem para esta região, não deixem de passar na Churrascaria Araucária. Seguindo, paramos na Queijaria Almeida Guimarães em Itanhandu para comprar alguns queijos para levar para casa. Preços muito bons, vendem também doces e geleias. Compras feitas, finalmente seguimos para a próxima parada: o hostel Yellow House em Itamonte, bem próximo ao Parque Nacional do Itatiaia! Chegamos ao hostel por volta das 15:00hrs e fomos recebidos pela Dalva, dona do local. Trilheira raiz, ela já chegou nos acolhendo com muito carinho e contando suas histórias de trilha pela América Latina. Adoramos! O hostel é simples, porém aconchegante e atende bem aos montanhistas e turistas que pretendem explorar o Parque Nacional do Itatiaia. Pagamos R$ 240,00 por pessoa para duas noites. Preço justo e o hostel estava bem lotado devido ao feriado. Nos acomodamos e, como o dia seguinte seria bem longo em caminhada, tiramos o restante da tarde/noite para descansar e nos prepararmos. Fizemos nossa própria janta no hostel e fomos dormir por volta das 21:30hrs. Desta vez consegui dormir a noite toda rs 21/06/2025 - PARQUE NACIONAL DE ITATIAIA - RJ (CIRCUITO DOS CINCO LAGOS + CACHOEIRA DE AIURUOCA + OVOS DE GALINHA + CUME DA PEDRA DO SINO - 2670 METROS) - 16,5 KM O dia começou cedo! Acordamos às 5hrs e começamos a nos arrumar para seguir rumo ao Parque Nacional do Itatiaia. Preparamos nossos lanches e saímos do hostel às 6hrs, pois haviamos combinado de encontrar com o guia às 7hrs no PNI para iniciar a trilha o mais cedo possível. Nosso guia, aliás, foi o Sérgio. Excelente pessoa e conhecedor do Itatiaia, foi ótimo durante todo o percurso e contou várias curiosidades sobre o parque, além de tirar nossas dúvidas. Ele cobrou R$ 500,00 para guiar nós três (valor que achei justo). Antes de entrar na estrada que leva ao parque, paramos no Bar do Miguelzinho, point dos montanhistas e de todo mundo que vai subir em direção ao parque. Fica localizado na Garganta do Registro, à 1.800 metros de altitude. No bar, comi o melhor pão de queijo da viagem (água na boca só de pensar!). Depois de café tomado, seguimos finalmente em direção à entrada do PNI. A estrada que leva até lá não é das melhores, mas qualquer carro consegue fazer, até os mais baixos. Para entrar no parque, deve-se comprar o ingresso previamente pelo site (R$ 44,00). Após apresentar os ingressos, estacionamos o carro, fomos ao banheiro e iniciamos a trilha. Antes da viagem, decidimos fazer a ascensão à Pedra do Sino, que é a trilha de 1 dia mais longa do PNI. Quando conversamos com o Sérgio, ele disse que poderíamos começar a trilha pelo Circuito dos Cinco Lagos, passar pela Cachoeira do Aiuruoca e seguir para a Pedra do Sino. Desta forma, fizemos 3 trilhas em 1 circuito, uma vez que não começamos a trilha da Pedra do Sino pela via tradicional que é a partir do Abrigo Rebouças. Ou seja, foi um dia completo bem aproveitado no parque. Saindo do Posto do Marcão, começamos o Circuito dos Cinco Lagos. Esse trajeto inicial é bem tranquilo, com pouca elevação e em pouco tempo já avistamos toda a imensidão do Planalto de Itatiaia. Seguimos em meio dos campos de altitude, sempre com pausas para recuperar o fôlego e bater algumas fotos. Após uma hora de caminhada, chegamos em uma área de lajeados em que a trilha começa a fazer um ziguezague em rochas. Nessa parte é essencial ter uma boa bota com aderência, para evitar escorregões ou quedas. O percurso é todo marcado por totens para seguirmos o caminho correto em meio às rochas. É uma das partes mais legais e incríveis de todo o caminho! Nesta parte, conseguimos avistar as Agulhas Negras e a Pedra do Altar. Início da trilha O lajeado. Uma bota boa faz toda a diferença! Após o fim do lajeado, há uma bifurcação com duas opções: uma rumo ao Abrigo Rebouças e outra para o Vale do Aiuruoca. Seguimos pela segunda, pois ainda tínhamos um longo caminho pela frente. Começamos a descer pelo Vale do rio Aiuruoca em uma paisagem repleta de brejos em meio aos campos de altitude. O caminho alterna entre trechos de terra batida e outros com pedras, lembrando às vezes a trilha da Laguna de Los 3 em El Chaltén (inclusive, saudades!). Após a descida do vale, passamos pelas nascentes do rio Aiuruoca e encontramos outra bifurcação, dessa vez com uma opção para a cachoeira do rio e outra para a Pedra do Sino. Seguimos para a cachoeira, visto que era bem próxima. Menos de 10 minutos depois, chegamos à cachoeira do Aiuruoca. Não é uma queda grande/volumosa, mas é bem bonita e com fácil acesso. Ali, ficamos cerca de meia hora para dar tempo de fazer um lanche e descansar um pouco as pernas (mal sabia que ainda não era nem metade do caminho...). Voltamos ao nosso caminho e continuamos rumo à Pedra do Sino de Itatiaia, nosso destino final. Importante citar que é uma trilha pouco frequentada (justamente por ser longa) e, por isso, encontramos pouquíssimas pessoas ao longo dela. Em alguns momentos era somente nós e os sons que a montanha proporciona. Continuamos caminhando por cerca de uma hora pelo Vale do Aiuruoca até chegarmos aos pés dos Ovos de Galinha, uma curiosa formação rochosa do PNI que tem esse nome por assemelhar aos ovos. Ao chegar nos Ovos de Galinha, sabemos que estamos bem próximos da base da Pedra do Sino e ali começa o trecho mais íngreme da trilha. Essa parte é toda exposta e em rocha, com trechos de escalaminhada. Não é técnico, mas assim como a Casa de Pedra, é bem cansativo. Seguimos naquele ritmo de sobe e para, sobe e para. Importante mencionar que há pontos para reabastecer a garrafinha de água no Vale do Aiuruoca, então água não é um problema. Continuamos subindo, e o cume estava cada vez mais perto. Em alguns momentos, abandonamos os bastões e o Sérgio foi nos ajudando a subir em alguns trechos mais complicados. Depois de uma hora subindo, lá estavámos nós, no cume da Pedra do Sino de Itatiaia, nono ponto mais alto do Brasil com 2.670 metros de altitude! Sensação indescritível! Ovos de Galinha Subida para a Pedra do Sino Cume da Pedra do Sino! Terreno no cume da Pedra do Sino. Super curioso! O cume da Pedra do Sino possui uma visão de 360º do Parque Nacional do Itatiaia. De um lado, é possível avistar toda a imponência das Agulhas Negras, Pedra do Altar e Asa de Hermes. De outro, o vale pré-histórico e do Aiuruoca. Lindoooooo demais! O cume possui algumas formações bem curiosas, com o terreno que se assemelha às crateras da Lua. É muuuuuuuito interessante. Após bater algumas fotos sob muito frio e vento, assinamos o livro do cume e comemos nosso lanche em uma rocha abrigada. Ventava demaaaaaaaais, e um vento gelado que só! Por volta das 13 hrs, começamos a descida da Pedra do Sino, pois ainda tinhamos um longo caminho de retorno pela frente. A descida no trecho de rocha exposta é pior do que a subida, pois para se desequilibrar é fácil. Voltamos pelo mesmo caminho da ida até aquela primeira bifurcação, em que dessa vez seguimos rumo ao Abrigo Rebouças. Descida! Agulhas Negras! Prateleiras! A montanha mais linda do Brasil! Neste trecho, nos deparamos com a grandiosidade do Pico das Agulhas Negras bem a nossa frente. Ele nos acompanha por boa parte do percurso, até termos a visão ao longo das Prateleiras, outra paisagem icônica do PNI. É incrível como as Agulhas Negras são fotogênicas. Pra mim, é a montanha mais linda do Brasil. Passamos também pela entrada da trilha da Pedra do Altar (vai ficar pra próxima), até chegar ao Abrigo Rebouças. Era o fim do nosso circuito, depois de 16,5 km andados! Foi tudo perfeito! Nos despedimos do Sérgio e seguimos rumo à saída do parque. Paramos novamente no Miguelzinho, mas dessa vez para comer o tradicional lanche de linguiça com queijo que, com o cansaço que estávamos, pareceu ser o melhor lanche do mundo! Aproveitamos as lojinhas em frente para comprar mais alguns doces e lembrancinhas para levar para casa. A viagem estava chegando ao fim, mas tudo o que planejamos deu certo! Voltamos para o hostel, exaustos. Tomamos banho, deitamos e capotamos. O dia seguinte (22/06) foi todo destinado ao retorno para Caçapava/Santos. A Serra da Mantiqueira nunca cansa de me surpreender. Toda vez que vou pra lá descubro um cantinho novo e incrível. É um dos meus lugares favoritos do Brasil! Vale muito a pena escapar para lá de vez em quando. Editado Segunda às 23:28 por luizh91 2 Citar
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