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Trilha da Olaria... a pé!


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OURO FINO: A TRILHA DA OLARIA

Ouro Fino Paulista é um bairro rural de Ribeirão Pires q faz divisa com Rio Gde da Serra e Suzano. Conhecido pela gde qtdade de chácaras e sítios e por ser cortado pela Rodovia Indio Tibiriçá (SP-31), Ouro Fino tb possui pequenos serrotes cobertos por mata secundaria, q por sua vez supriram de madeira as antigas olarias da região. E algumas destas antigas veredas de conecção entre os morrotes continuam sendo utilizadas tanto por locais como pela galera de “duas rodas”. A mais conhecida delas é a “Trilha da Olaria”, vereda curta, porem de desnível elevado (quase 150m), q acompanha a Adutora do Rio Claro mediante cristas de morros do entorno. Somados os trechos de estrada de terra necessários temos um breve programa de 10km percorridos em bem menos de 3hrs de pernada, ideal pruma manhã de domingo. E com tempo de sobra pra não perder o almoço em casa.

 

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Domingão reservado ao Dia dos Pais não significa necessariamente dia sem sentir o cheiro de mato. Basta buscar o programa apropriado. Foi isso ao menos o q me propus neste ultimo domingo, revirando as entranhas do meu PC atrás de algum bate-volta q preenchesse os sgtes requisitos: algo q ainda estivesse pendente e q tivesse curta duração. Voilá, me aparece essa tal “Trilha da Olaria” encabeçando a lista, dica q alguém me soprara no ouvido a mto tempo e q arquivara esperando a ocasião apropriada pra conferir! Mas o q tb pesou na decisão foi o fato de já ter andarilhado recentemente por Ribeirão Pires (na Pda do Elefante, pra ser mais exato), e portanto já tinha vaga idéia da logística de chegar ao bairro de Ouro Fino atraves de transporte público.

Pois bem, foi assim q levantei beeem cedo e acabei desembarcando na pacata Ribeirão Pires às 7:20, por sua vez abraçada por um espesso e frio nevoeiro. O tempo se mantivera quente, limpo e claro durante td semana mas parece q São Pedro resolvera não abrir mão de sua labuta no sétimo dia, agregando à paisagem ainda uma fina garoa. Me dirigi ao Term. de Onibus, bem ao lado da Est. Ferroviaria, e lá me informei das linhas q me serviam. Resumindo, são três as linhas q passam pelo pto de partida da pernada: Ouro Fino, Ouro Fino Km 4 e Baruel. Tomei a primeira pois era a q estava de saída qdo cheguei, otimizando assim o tempo de forma a estar de volta na hora do almoço. Afinal naquele dia ainda tinha q prestigiar meu velho.

 

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O busão cruzou a pequena cidade e num piscar de olhos rodávamos já no asfalto da Rod. Indio Tibiriçá, isto é, SP-31. Como já deixara o motorista de sobreaviso do local de desembarque, me limitei a observar a paisagem emoldurada pela janela. Ou pelo menos aquela q as densas brumas permitiam ver. Mas a viagem no coletivo foi mais rápida q o previsto, pois as 7:45 saltava no km 54 da rodovia, mais precisamente defronte um posto de gasolina, laconicamente chamado de “Ouro Fino”, ao lado de uma passarela.

Ouro Fino recém despertava naquela manhâ enevoada já q não havia vivalma nas ruas. Isto é, nas ruas q cruzam ou nascem a partir do asfalto. Antigo distrito de Iupeba (conforme ainda consta na carta), o bairro recebeu seu nome atual em 1967 juntamente com a emancipação de sua vizinha Rio Gde da Serra. É bem munida de comercio (àquela hora fechados) e as vias mais importantes são chamadas de “estradas”, a maioria desprovida de asfalto.

Pois bem, do posto de gasolina simplesmente avancei pelo acostamento da rodovia e em menos de 500m uma placa agradecia a minha visita e alentava pronto retorno, sinal q estava já na divisa com Suzano. Ao invés de seguir reto, tomo a enorme via a direita, a SP-43, q acompanha os aqueodutos e atende pelo nome de “Estrada da Adutora”. Daqui basta tocar pra frente e sempre se manter na principal, não tem erro. A bucólica estrada serpenteia sinuosamente as pequenas colinas no caminho, entrecortada por pequenas chácaras e sítios, gde parte reservada pra locação. Não vi ninguém trafegando a pé pela estrada, não pelo menos a hora q eu estava, e o paradoxo de ser uma região fabril era escancarado pelo naipe dos poços veículos q passaram por mim: carros de serviço, caminhões de leite, um ônibus (q infelizmente não vi o letreiro) e automóveis luxuosos dividiam o espaço esburacado e empoeirado da via.

 

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Como meu sentido era sempre sudeste pela estrada, q por sua vez acompanhava a adutora, no final do primeiro km percorrido na via, as 8:15, foi possível ir por uma trilha bem marcada q seguia na rota dos dutos enterrados, à semelhança da “Trilha dos Tubos”. E la fui cortando a morraria emparedado por paredões de capim, eventualmente passando por cima dos aqueodutos de concreto nos trechos mais elevados, e de onde sempre pdia se ouvir correndo algum riachinho na mata, bem abaixo da gente. A trilha se alternava em terra batida, erodida ou encharcada em virtude da umidade noturna. A neblina por sua vez a td hora ameaça limpar mas volta com opacidade redobrada, apenas conferindo um aspecto cada vez mais misterioso e mistico aquele pacato ambiente rural.

Mas passada a terceira tubulação de concreto a picada me devolve à estrada principal e por ela continuo no mesmo compasso anterior, sem gde dificuldade. Mas apos um retão interminável e quase 3,5km percorridos até então, onde somos acompanhados pelos dutos agora à nossa direita, a estrada vira p/ esquerda ao sopé de um morro. Aqui abandonamos a estrada e tomamos uma trilha bem batida q sobe o morro, acompanhando os tubos q tb avançam morro acima.

E tome piramba acima atraves de uma vereda de terra bem erodida, onde são visíveis vestígios de rastros moto a td hora. A subida seria apenas “mais uma” não fosse a terra fofa e solta nalguns trechos, e não raramente dava um passo e retrocedia dois. Mas uma vez no alto do pequeno morro a picada prossegue rasgando um capinzal em nível durante um bom tempo, sempre sentido sudeste. Claro q aqui os dutos estão enterrados, perfurando o morro.

 

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Após um tempo pelo capim a picada embica à nossa direita (sul), subindo uma íngreme e extensa piramba onde ganhamos altura considerável. Uma vez no alto a subida prossegue, porem agora de forma menos acentuada e sim bem mais suave, novamente sentido sudeste. Imperceptivel até. Mas isso não impede q meu óculos embace e o suor escorra farto pela pta do nariz, mesmo naquela temperatura ate relativamente fria. Capim, samambaias e focos de reflorestamento é a mata a minha volta, cujo balançar ao sabor do vento é a única trilha sonora q envolve a despretensiosa pernada.

Enfim, após uma subida interminável eis q as 9:20 desemboco numa enorme clareira no q me pareceu o alto da serra, pois já não havia mais o q subir. Infelizmente as brumas ainda não permitem visibilidade além dos 20m, mas pelo q me pareceu dali a vista deve ser bem interessante. Dali então a vereda mergulha num chaparral de samambaias e inicia a suave descida atraves do q me pareceu ser um reflorestamento de eucaliptos de estatura mediana. No caminho, alguns focos de mata desmatada denunciam a origem do nome da trilha, q antigamente era uma sucessão de acessos às antigas olarias q aqui predominavam aos montes e hj estão desativadas. Em tese.

 

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Sempre pelo alto, um tempo começamos a bordejar o morro pela esquerda e a ouvir o som de agua correndo no fundo do vale ao lado. Em tempo, é bom carregar agua aqui pq agua no alto não tem. Além do cantil e de um anorake, minha mochila de ataque tava quase vazia pois a maça q levara aquela altura já repousava devidamente no meu bucho.

E assim damos continuidade à descida de serra, alternando trechos acentuados com outros mais suaves, ora pela encosta ora por cristas descendentes. Mas chega uma hora em q a picada estreita se alarga e nalguns trechos se transforma em verdadeiros atoleiros, dos quais logicamente desvio. As 9:30 passo por uma porteira á minha direita mas a picada toma rumo pela esquerda em seu ultimo trecho pirambeiro pra desembocar no aberto bem mais abaixo, já quase no final da crista. Daqui se tem uma bela vista do vale á nossa esquerda, mas as brumas realmene estavam afim de me privar de td e qq vislumbre serrano naquela manhã.

Enfim, as 10hrs e após topar novamente com a adutora emergindo das entranhas da morraria, a picada me larga outra vez na “Estrada da Adutora”, já no seu Km 62, q aqui parece ter o nome tanto de “Estrada da Servidão” como “Estrada de Ouro Fino”. Essa é mais outra característica daqui: existem sempre dois nomes oficiais mas o popular é o q predomina. Dali pro asfalto foi num piscar de olhos, mais precisamente a desolada “Estrada do Pavoeiro”. Antes, porém, uma visita numa simpatica cachoeirinha bem do lado da via.

 

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Ali, sem movimento algum, me informei de como sair dali com um tiozinho meio cowboy q passava montado a cavalo. Me disse q dali não tinha saída nem pra Ouro Fino ou Ribeirão Pires pois dali começavam as chácaras mais “chiques”, e portanto fechadas. Resumindo, teria de retornar pelo mesmo caminho, isto é, a “Estrada da Adutora” (ou “Servidão” e “Ouro Fino”). Paciencia. Q seja então, né? Portanto fica a sugestão de já ter resgate engatilhado, ir de carro ou melhor, fazer esse trajeto td de moto ou bike, embora acredite q nalguns trechos a magrela deva ser carregada no ombro.

Respirei fundo e retomei o caminho já meio q duvidando se estaria em casa no horário do almoço, pois teria pela frente quase 10km de chão numa estrada onde não vi circular ninguém. Não pelo menos àquela altura. Como tava bem leve na mochila, cogitei até a possibilidade de ir correndo pra avançar mais rápido, mas não deu menos de 10min de caminhada q um bendito motoqueiro caiu do céu e não pensei duas vezes em esticar o polegar, quase q em tom de súplica. Uffaaa! E lá embarquei na garupa trepidante, numa viajem de puro sacolejo q salvou meu dia e da necessidade de inventar uma desculpa pelo atraso. O cara me disse q aquela região recebe publico gde em época de temporada e fica vazia nas demais, q era o caso. As poucas pessoas q moram ali utilizam Ouro Fino apenas como “bairro dormitório”.

O cara me deixou em Ouro Fino as 11hrs, num dos charmosos ptos de ônibus dali, e na sequencia comecei a via-sacra da volta á Sampa. O cidade já pulsava com mto mais vida q no inicio do dia, mesmo com uma fina garoa ainda fustigando o rosto naquele domingo acizentado e lúgubre. Antes de embarcar no trem garanti num mercado uma lata de breja apenas pra molhar a goela pelo resto da viagem. Um pequeno aperitivo pra atiçar ainda mais a larica. Afinal, a fome de mato havia sido satisfeita mas não a principal, aquela sob forma do farto almoço q me aguardava na cia do meu velho. E sem atraso algum, diga-se de passagem.

 

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É bem verdade q a “Trilha da Olaria” é um programa fácil, sem gdes desafios ou maiores atrativos realizado em meio a uma região basicamente rural e nada selvagem, como é de costume. Mas td andarilho q se preze sabe mto bem q qdo a vontade por mato fala mais alto e o tempo disponível é escasso, aí decerto qq programa diverte prum domingão não passar em branco. Inclusive pernadas nos cafundós dos arrededores do subdistrito de Ribeirão Pires.

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