Membros Ivo Silveira Postado Agosto 10, 2012 Membros Postado Agosto 10, 2012 Primeiros Socorros em Áreas Remotas - Wilderness First Aid - Parte 1 Introdução ao Socorro e Reanimação Cárdiorrespiratória (RCP) (Treinamento de Resgate - Pico das Cabras - Campinas SP, Davi, Fabinho (vítima) e Ivo) (Treinamento de Resgate - Pico das Cabras - Campinas SP, Davi) Em primeiro lugar deixem eu me apresentar (informações extra-avatar), sou acadêmico de medicina, técnico de enfermagem, resgatista, tripulante aeromédico, trabalhei no resgate de SP por 16 anos e sou instrutor de Resgate, Salvamento, Primeiros Socorros e atividades afins. Não tenho intuito de divulgar cursos ou de me autopromover. Bom, passado a declaração de não interesses ou interesses conflituosos, vamos falar de coisas interessantes para viajantes, dicas de primeiros socorros e discussão de kits (que pretendo manter atualizadas), mas antes uma advertência: Qualquer medicamento possui benefícios e efeitos colaterais, um medicamento "X" que pode ser bom para você, poderá matar seu colega caso ele seja alérgico às substâncias contidas. Qualquer técnica de Primeiros Socorros deve ser treinada (praticada) em um curso sob supervisão de um instrutor experiente (existem excelentes cursos gratuitos!) e o conhecimento dessas técnicas deve ser de todos que praticam atividades outdoor, porém, lembrando que a ciência médica não é exata e sofre mudanças, melhorias e adaptações constantes, uma verdade hoje, pode não ser a mesma verdade amanhã. Último lembrete: Primeiros Socorros em Ambientes Remotos exigem algumas técnicas modificadas em relação ao Ambiente urbano, não que seja melhor ou pior, apenas adaptado. Alertas feitos, mãos à obra: Pessoas que se aventuram ou trabalham em ambientes remotos, devem consideram que mais cedo ou mais tarde poderão se deparar com situações de emergência e quando isso acontecer deverão estar preparadas para agir. Exemplos de medidas simples que podem prevenir problemas médicos graves Viaje com companhia (Pico do Lopo - Extrema MG - Joanópolis - SP) - Informe a outras pessoas (familiares, amigos, colegas de trabalho) sobre as datas e informações de sua viagem (ida, volta alterações de calendário, intenção de mudar a rota, qual o caminho pretende seguir e outros); - Sempre que possível mantenha contato de pontos em pontos no estilo “check point”, ex. ligar para familiares e informar, estou hoje na cidade “X” conforme planejado, estou saindo amanhã para a cidade “Y”, está tudo OK; - Levar alimentos adequados e água (prepare-se para eventualidades, é sempre melhor errar por excesso do que por falta); - Leve roupa de reposição; - Consulte as informações climáticas (variação de temperatura na região, probabilidade de chuva para os dias que estiver na “rota”, umidade do ar); - Considere as variações de altitude (cuidado com o mal da altura – “Soroche”, hipoxemia); - Limite sua velocidade de ascensão, procure “aclimatar-se” (se necessário fique períodos no lugar para que o organismo comece a produzir mais células sanguíneas e possa adaptar-se a “diminuição” parcial de O2); - Cuidado ao cozinhar na trilha, nunca o faça dentro da barraca por dois motivos óbvios: pegar fogo na barraca e intoxicação por Monóxido de Carbono (CO); - Mantenha seus pés secos e aquecidos (leve troca de meias e não hesite em trocá-las); - Reuna o máximo possível de informações sobre a região que irá visitar, se possível leve mapas, bússola (saiba usar), GPS; - Kit de sobrevivência básico (faca, canivete, apito, espelho, cordeletes, anzóis, linha de pesca, fósforo, kit de purificação de água, etc); - Corta-vento, anorak, capa de bivaque; - Tenha um kit de primeiros socorros; - Faça um curso de primeiros socorros e esteja pronto para agir. Orientação com bússola e mapa - Pico do Gavião - Andradas MG (Ivo e Alexandre) A emergência aconteceu! E agora, como agir? Primeiramente é importante saber como acionar ajuda (socorro), conheça o número telefônico de emergência local, a radiofrequência (radioamador VHF UHF ), bases de emergência, hospitais, postos policiais, base de guarda-parque, etc. Pedindo Socorro No Brasil utilizamos os números telefônicos 192 – Ambulância (SAMU), 193 – Corpo de Bombeiros (Resgate/Incêndio/Salvamento), 190 – (Polícia Militar), 199 – Defesa Civil, 1532 – (Guarda Civil Municipal), a frequência aeronáutica de emergência para civis é VHF 121,5 MHz (pronunciando Mayday por 3x – do francês m’aider , Ajudai-me), a marítima VHF 156,8 MHz, o Canal 9 nos rádios amadores (PX) são reservados para emergência e ainda vale lembrar o sinal de socorro em código Morse S – O – S (Save our souls) 3 toques curtos --- 3 toques longos - - - 3 toques curtos --- Mais informações sobre códigos de socorro em: http://www.radiotelegrafistas.com PARE, PENSE, OBSERVE, PLANEJE. Você está em segurança para realizar o socorro? Possui os materiais de proteção adequados? É hora de usá-los... Possui material para o socorro? É possível improvisar com os “meios de fortuna”? Ao socorrista: é importante saber que várias doenças são infectocontagiosas (HIV, Hepatite B, C, Sífilis) e podem ser contraídas pelo contato com secreções da vítima (sangue), daí a importância de utilizarmos barreiras de proteção (luvas de procedimento para uso médico, óculos de proteção e máscaras que evitam contato boca a boca - pocket masks, mascarilhas, etc). Vale lembrar que é muito importante que o viajante esteja com sua vacinação em dia (Febre Amarela, Tétano e outras que o lugar de destino “pedir”). Então vamos lá, mãos à obra. Primeiros Socorros são ações imediatas que visam manter a pessoa com vida, reanimá-la de situações cardíacas graves e prevenir que ferimentos se agravem. Para que o socorro possa ser bem feito é importante saber qual a natureza da lesão, qual a localização e qual sua gravidade. É importante também estabelecer uma prioridade de atendimento, saber que tipo de lesão mata mais rápido que outra. Vamos pensar um pouquinho sobre isso? O que uma pessoa precisa para sobreviver? Oxigênio, sangue, coração batendo... Ótimo, é isso mesmo. Podemos concluir que se privarmos o organismo de um desses itens, provavelmente ele irá entrar em sofrimento até a morte. Lesões que matam mais rápido em sua ordem podem ser classificadas por uma sequência MNEMÔNICA (A-B-C-D-E do trauma), sendo: A – ABERTURA DAS VIAS AÉREAS (garantir a passagem do ar desde a boca-nariz até os pulmões) B – BOA VENTILAÇÃO – BOA RESPIRAÇÃO ( garantir que o tórax se movimente e se encha de ar e que esse ar esteja em quantidade adequada (altas altitudes pedem complementação de Oxigênio)) C – CORAÇÃO – Coração batendo, circulando SANGUE dentro dos vasos (sem hemorragias), destacando a importância de se controlar sangramentos e de se realizar massagem cardíaca quando necessário (parada cardíaca) D – Disfunção do sistema nervoso (DEBILIDADE) – avaliação do nível de consciência com perguntas simples (nível ALERTA, respondendo a DOR, respondendo a estímulos DOLOROSOS (esfregar os dedos no osso esterno, no meio do peito – provoca dor), ou nossa vítima NÃO RESPONDE). E – EXPOSIÇÃO – expor (procurar por lesões), tomando o cuidado imediato de prevenir HIPOTERMIA. Isso ai acima que fizemos se chama ANÁLISE INICIAL ou ANÁLISE PRIMÁRIA da nossa vítima e tem como intenção identificar situações que provoquem RISCOS IMEDIATOS À VIDA (RISCOS DE MORTE). Esse ABCDE é utilizado para vítimas de TRAUMATISMOS (quedas, atropelamentos, acidentes (carro, trem, avião, barco), agressões físicas (tiro, facada, paulada, etc), desacelerações súbitas, etc). Para os casos de AGRAVOS CLÍNICOS (dor no peito seguida de perda de consciência, parada respiratória, parada cardíaca) deveremos usar o C-A-B: Se nossa vítima não responde ao nosso chamado (tocando no ombro sempre), o seu peito não se movimenta, ela não tosse, não apresenta sinais de vida, devemos iniciar prontamente COMPRESSÕES no MEIO DO PEITO, FORTES e RÁPIDAS (num ritmo de 100 compressões por minuto) de forma que você aperte o coração e solte para ele se encher de sangue e funcionar como uma bomba cardíaca suplementar C – COMPRESSÃO – apertar no meio do peito, forte e rápido ( 30 X) A – ABRIR VIAS AÉREAS – posicionar gentilmente a cabeça da vítima para trás de modo que facilite a passagem de ar B – BOA VENTILAÇÃO - assoprar ar para os pulmões (usando barreiras de proteção) 2x (suficiente para o peito do paciente se elevar) Chamando a vítima - SINAIS DE VIDA COMPRESSÕES - FORTE E RÁPIDO NO CENTRO DO PEITO RESUMINDO 30 COMPRESSÕES e 2 VENTILAÇÕES DE SOCORRO (se possuir proteção) Se não possuir proteção para fazer o boca – máscara (boca a boca com proteção), FAÇA SOMENTE AS COMPRESSÕES SEM PARAR, 100x por minuto até o socorro chegar, vá revezando com outras pessoas. Camiseta RCP - RESCUECOMPANY IMPORTANTE – É fundamental a utilização de um Desfibrilador Externo Automático para analisar o ritmo cardíaco e definir a necessidade de CHOQUE (DESFIBRILAÇÃO) nos casos de PCR – Parada Cardiorrespiratória. Dispositivo pode ser encontrado (ao menos deveria ser) em Aeroportos, Shoppings, Ambulâncias, Supermercados, Campos de Futebol e locais de grande concentração de pessoas. Seu uso é simples, porém, requer treinamento. Desfibrilador Externo Automático - Aeroporto Internacional de Brasília DF Quais são as lesões mais comuns que enfrentamos nas atividades “ao ar livre”? Insolação – exposição ao sol, provocando aumento de calor corporal e queimaduras. Intermação – exposição a ambientes abafados, ou devido ao uso inadequado de vestimentas pesadas (grossas) em dias quentes. Hipotermia – perda de calor corporal devido a diferença de temperatura com o meio (frio, vento, chuva, imersão prolongada), levando a tremores, contrações musculares mais fortes, cansaço, diminuição da consciência, perda de sensibilidade nas extremidades, congelamento das extremidades, coma, morte. Mal da Altitude – com a “diminuição do oxigênio disponível” em grandes altitudes, o organismo tentará compensar aumentando a frequência do coração (palpitações, coração acelerado, batedeira), aumentando a respiração, coisas que irão provocar sensação de cansaço, fraqueza, vômito e se a hipóxia (grosseiramente explicada aqui como diminuição de oxigênio no corpo) persistir ou se agravar, poderemos ter convulsão, coma, morte. Queimaduras – Por exposição do Sol (lembrando que em altitudes, podemos ter altos índices de radiação UV e as queimaduras serão bem sérias), por exposição ao FRIO, por contato com o FOGO, enfim, as queimaduras são provocadas em situações onde existe diferença de temperatura (calor – frio). Acidentes com Animais – picadas de serpentes (cobras venenosas com capacidade de inocular esse veneno, “peçonhentas”), aranhas, escorpiões, abelhas, ferroada de arraia, mordedura de felinos, caninos e do homem, queimadura por bicho de fogo (taturana), queimadura por água-viva, caravelas (cnidários), mordeduras de tubarão (raro), carrapatos, mosquitos (carapanãs, borrachudos, etc). Entorses, luxações e Fraturas. Afogamentos Quedas – politraumatismos Os primeiros socorros qualificados podem estabelecer a diferença entre a vida e a morte. Primeiros Socorros em Ambientes Remotos podem demandar ações prolongadas, demora no socorro médico e demora na evacuação. Devemos aceitar que a natureza é “Harmoniosa, poderosa e impessoal” e por isso respeitá-la e aprender a reconhecer seus sinais é algo que nos mantém vivos. Fazer um Seguro de Viagem é algo obrigatório e não fica caro, faça sua cotação, faça seu seguro, seja prevenido. :'> Encerro aqui nossa primeira conversa sobre primeiros socorros, espero que gostem, enviem críticas, dúvidas, sugestões e em breve abordarei outro tema de interesse para todos nós. Abraços Citar
Membros Maruco Postado Maio 20, 2014 Membros Postado Maio 20, 2014 Bom Dia, onde posso comprar esta camisa, achei muito interessante e qual o valor? Citar
Membros Ivo Silveira Postado Maio 30, 2014 Autor Membros Postado Maio 30, 2014 Maruco, bom dia! Sobre a camiseta entre em contato com davi@rescuecompany.com.br Abraços Citar
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