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Salve amigos do fórum, este é meu primeiro relato no Mochileiros.

 

Minha viagem ocorreu entre 01 e 23/09/2012, com o seguinte roteiro: Lima >> Trujillo >> Chachapoyas >> Huaraz. Focarei, assim como o Márcio/SP nas cidades com menos informações, sobretudo Trujillo e Chachapoyas, que são menos visitadas por nós brasileiros, e que até por isso mesmo foi um tanto difícil encontrar informações sobre.

Desde já me coloco à disposição para perguntas sobre esses locais.

 

Trujillo

 

Cheguei em Trujillo após uma viagem de 09h vindo de Lima, pela Cruz del Sur (saída de Lima às 22h)

Peguei um táxi (s/ 5) até o Hostal Colonial (s/ 60 a diária em quarto privado), onde fechei também os tours de Huaca de la Luna, pela manhã, e Chan Chan, pela tarde. (cada tour saiu por s/ 20, totalizando s/ 40 ::dãã2::ãã2::'> )

 

A Huaca de la Luna foi um grande templo da cultura Mochica (100 d.C - 800 d.C) utilizado para cerimoniais religiosos, sacrifícios humanos e oferenda de sangue aos deuses. Foi construído em tijolos de adobe e sua estrutura é bastante interessante, especialmente a grande parede e o Mural de los mitos. É um sítio bastante conservado e que ainda possui uma imensa área de escavações. Pra quem gosta de arqueologia e história é um prato cheio. Visita quase que obrigatória.

Já Chan Chan, a maior cidade de barro do mundo, data da civilização Chimu (900 d.C - 1.400 d.C). As paredes da cidade contém uma riqueza de detalhes impressionante. Ela fica localizada ao lado do Oceano (dá pra escutar o barulho das ondas lá dentro) mas as paredes bloqueiam a maior parte dos ventos.

Depois de Chan Chan, ainda demos um pulo na bela praia de Huanchaco, onde vemos os "caballitos de totora", as famosas milenares embarcações feitas de totora que hoje são usadas por pescadores artesanais.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120928174133.jpg 500 375 Mural de los Mitos][/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120928174243.jpg 500 375 Chan Chan][/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120928174259.jpg 500 375 Caballito de totora e pescador artesanal][/picturethis]

 

 

No outro dia, visitei o Museo Cassinelli. Que me perdoem os outros, mas na minha opinião é o melhor museu de todo o Peru.

Seguindo a Calle Orbegoso você passa pela Av. Mansiche e chega numa rotatória onde tem um posto de gasolina da Repsol. Atrás dele, numa placa meio que caindo aos pedaços, está lá, escondido, essa verdadeira pérola da arqueologia. Chegando lá, a grade da porta estava trancada e tinha um cara pintando a parede por fora. Perguntei a ele se tinha alguém atendendo. Ele prontamente respondeu que sim: limpou as mãos num pano, abriu a grade e me forneceu o ticket de entrada (s/ 7). Desci uma pequena escada e entrei no museu de fato: uma sala apertada com pouco mais de 1.400 peças de cerâmica de muitas civilizações pré-incas (Chavín, Mochica, Chimú, Salinera, Huari, Virú...). Logo o "pintor" desce e começa a explicar, quase que uma a uma, as peças expostas. Faz indagações, levanta hipóteses, demonstra as convicções nas peças. Ele pega um pututo (instrumento musical de concha dos Mochica) e o toca em minha frente.

Mesmo quem não gosta de arqueologia, vale uma visita pela surpresa e pela qualidade das explicações. (em tempo: o dono do museu, José Cassinelli, sofreu 3 derrames e, embora vivo - e adquirindo peças junto a saqueadores - não possui mais saúde para fazer andar um museu de fato, que já possuía espaço e projeto definidos)

 

20120928175706.jpg

 

À tarde segui para Chachapoyas (16h30 pela Movil Tours, s/ 60 no semi-cama, 14 longas horas de viagem). De noite o ônibus deu uma parada em Chiclayo, quando estava rolando o jogo Peru x Venezuela pelas Eliminatórias. Terminal da Movil Tours LOTADO. O Peru venceu o jogo, mas quando eles fizeram os gols, meu ônibus já estava na estrada.

 

 

 

Chachapoyas

 

A chegada em Chachapoyas foi às 06h40. Fui direto ao Hostal Plaza, que fica de frente à Plaza de Armas. O terminal da Movil Tours lá é perto, umas 5 ou 6 quadras, dá pra sair andando (ou pegar um táxi a s/ 2). Depois de me instalar, passei na agência Turismo Explorer, que segundo ouvi de algumas pessoas, é a agência que opera há mais tempo na região. Fechei todos os tours por lá.

Logo estava no tour à Zona Arqueológica Monumental de Kuelap, segundo eles o maior sítio arqueológico original preservado de todo o Peru. Kuelap foi o centro administrativo-religioso da cultura Chachapoya, que ocupou a região entre os séculos VIII e XV. Foram subjugados pelos incas e, posteriormente, pelos espanhóis. Os Chachapoyas se rebelaram com a escravidão imposta pelos espanhóis e se rebelaram - a rebelião foi a justificativa dos hispânicos para atear fogo na cidade do "povo das nuvens". As casas tinham um formato circular, com paredes de pedra.

 

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120928181654.jpg 500 375 Kuelap]A Choza de Kuelap, reconstrução fiel das casas da época[/picturethis]

 

No dia seguinte fui ao tour da Caverna de Quiocta e dos Sarcófagos de Karajía. Antes de irmos à Caverna, paramos no povoado de Lamud para alugar galochas de borracha, pois dentro da caverna tem muita água. Na caverna (500 m de profundidade/extensão) observa-se muitas formações de estalactites e estalagmites, além de ossadas humanas (segundo o guia, a caverna era usada para rituais espirituais pelos Chachapoyas).

De lá seguimos ao povoado de Cruz Pata, onde começa um caminho de 15 minutos até o mirador para os Sarcófagos de Karajía, grandes estátuas de 2,20m de altura que foram colocadas na encosta de uma grade montanha, e que dentro deles eram colocados os corpos de pessoas importantes da cultura.

 

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120928182635.jpg 375 500 ]Estalactites e estalagmites na Caverna de Quiocta[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120928182734.jpg 500 375 Karajía]Sarcófagos de Karajía[/picturethis]

 

 

No outro dia, fechei o tour à Catarata de Gocta. Gocta é a terceira maior queda d'água do mundo, com 771m de altura. O tour nos deixa no povoado de Cocachimba, onde fechamos o guia e pagamos a entrada - dá pra alugar cavalos também, que sobem até uns 400 m antes da queda d'água. A trilha é bem demarcada, então o guia não é tão necessário, mas como o povoado é bem simples, particularmente acho legal contribuir. A trilha é percorrida entre 2h30 a 3h e, pra um sedentário como eu, foi um pouco puxada ::bad:: (especialmente a volta, que tem uma subida bem forte). Mas visualizar Gocta é algo que não tem preço. Fantástica.

 

20120928183728.jpg

 

 

No último dia em Chachapoyas, não fechei tour (infelizmente vacilei pra ir ao tour de Revash). Acabei pegando um táxi coletivo até Huancas, um povoado a 10 km da cidade. Por uma vacilada minha, em vez de descer na praça do povoado, acabei indo parar dentro de um presídio! ::lol4:: O táxi tava entupido de artigos de mercearia, que eram todos para esse presídio em Huancas. O mesmo taxista me deixou na praça (após entalar o táxi novamente com lenha, e carregar 9 pessoas dentro - coisas do Peru ::otemo:: ). Lá segui a pé ao Cañon del Sonche, um cânion com pouco menos de 1 km de altura. Uma vista bonita, num local que venta MUITO.

 

20120928184412.jpg

 

 

De Chachapoyas, à noite segui novamente para Trujillo, e em seguida para Huaraz.

 

 

Custos em Chachapoyas:

Tour Kuelap: s/ 30

Entrada Kuelap: s/ 15

Tour Karajía: s/ 50 (foi um tour "semi-privado", pra 3 pessoas)

Aluguel de galochas: s/ 2

Entrada Quiocta: s/ 5

Entrada Karajía: s/ 5

Tour Gocta: s/ 30

Entrada Gocta: s/ 5 (a efeito de informação, o aluguel de cavalo para a trilha custava s/ 25 cada trecho)

Táxi coletivo para Huancas: s/ 3 (e mais s/ 3 para voltar a Chachapoyas)

Entrada mirador Cañon: s/ 1

Diárias do Hostal Plaza: s/ 25 cada dia

 

 

Observações sobre Chachapoyas:

- O Hostal Plaza e a Turismo Explorer operam meio que em parceria. Hospedando-se no Plaza e fazendo os tours na agência se consegue descontos em ambos;

- Pra quem gosta de compras, há uma loja de souvenirs na Jirón Ortiz Arrieta, próximo à Plaza de Armas, com lembranças de preços excelentes;

- Chachapoyas é uma cidade extremamente pacata, super tranquila. Andei à noite sozinho pelas ruas escuras muitas vezes e nada aconteceu. Além disso, o povo de lá é muito amistoso, simpático e conversador;

- Existem boas licorerias na Jirón Ayacucho. Mas nos fins de semana, é comum ver alguns saindo do bar pra "botar pra fora" :lol: ;

- Tem um restaurante excelente na Calle Hermosura, subindo a Jirón Amazonas (uma rua fechada para trânsito de carros) chamado La Real Cecina. Cecina é uma espécie de carne de sol da região e o único lugar que gostei de comer isso foi nesse restaurante. Quem me levou lá foi a guia do tour de Kuelap;

- Brasileiro é figura raríssima na região. Tem muito gringo e, principalmente, limenhos fazendo turismo;

- Existe um aeroporto que ainda não opera. Segundo um taxista, estão em fase de licitação das linhas regulares de voo, então é provável que daqui a algum tempo o "sofrimento" do tempo de viagem possa diminuir, incentivando mais o turismo na região;

- Por fim, quem se interessar, existem dois trekkings principais na região: Huaylla Belen (4d/3n) e Laguna de los Condores (acho que é 3d/2n). Meu sedentarismo não me permite fazer esse tipo de viagem, o que é uma pena.

 

 

Observação sobre Trujillo:

Em Lima, em Huaraz, em Chachapoyas e mesmo em Trujillo ouvi muitos conselhos de tomar cuidado ao andar nas ruas de Trujillo. Em Chachapoyas, conheci um carinha que foi assaltado lá. Em Trujillo, uma senhora me contou que um viajante, algumas semanas atrás, foi tomar um táxi qualquer de noite e acabou sendo assaltado. Então, fica o conselho de ficar de olho e evitar andar muito tarde sozinho (a) nas ruas de Trujillo. A partir das 21h30, quase tudo fica deserto (exceto a Jirón Pizarro, onde ficam muitos cassinos e restaurantes).

 

 

Bom, não sei se ficou lá muito bom o relato, mas espero muito que ele incentive mais as pessoas a visitarem essas cidades, especialmente Chachapoyas, que ganhou meu gosto.

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Parabéns pelo tópico !!

 

Se todos que utilizam as informações daqui voltassem para contar suas experiências com certeza a corrente seria muito mais forte.

E como eu também constatei, o norte do Perú merece uma viagem só pra lá, 1 semana em Chachapoyas não dá pra aproveitar todo o seu potencial, é uma região que merece ser mais divulgada.

Ratificando meus parabéns pelo tópico, gostei muito

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