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São Thomé das Letras de carona [saindo de SP] [cardápio vegano]


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Bom, este é meu primeiro relato aqui no Fórum então talvez eu dê alguma vacilada no formato e tal, mas vamos tentar.

 

Primeiro queria dizer que já sou acostumada a pegar carona em trajetos menores, como para praias e cachoeiras, mas nunca havia pego carona em rodovia, o que me motivou a fazer esta viagem foram alguns pontos:

1) Eu queria muito viajar e já não aguentava mais pagar passagem;

2) Eu não queria me formar na faculdade sem ter conhecido São Thomé (roteiro muito adorado entre estudantes de humanas)

 

Comecei a pesquisa na internet meio de bobeira, até que cheguei neste relato: http://www.mochileiros.com/sao-thome-das-letras-pegando-carona-indo-e-voltado-de-sao-paulo-t90499.html

Pronto, a decisão estava tomada. Tive uns 2 dias pra me organizar porquê eu tava a fim de ir logo. Já já eu paro com a história toda e começo a falar da viagem em si, mas só preciso avisar mais uma coisa: eu viajei com uma amiga que é vegana, então a viagem teve que se organizar bastante em torno disso, o que influenciou nossa escolha pelo camping e nossos gastos. Mas ao longo do relato vocẽs vão entendendo.

Outra coisa é que éramos duas mulheres viajando de carona, então eu vou fazer vários apontamentos que envolvem as questões de gênero na hora de pegar carona.

 

RELATO

:::::::::::::::::::::

 

[iDA]

 

Saímos de São Paulo em uma terça-feira (14/jan/2014) e marcamos de nos encontrar às 07:50 no metrô Butantã. (Sim, é melhor ir mais cedo, mas eu estava realmente com mta preguiça de acordar mais cedo).

Como cheguei um pouco antes que minha amiga aproveitei para passar no mercado e comprar: 1 pct de macarrão de Sêmola (que é vegan) e dois miojos da Turma da Mônica sabor tomate (tbm vegan), assim se chegássemos muito tarde em São Thomé teríamos ao menos algo pra jantar. Também não sabíamos se teria macarrão de sêmola para vender por lá, então era melhor prevenir.

Passei também em uma banca e comprei um mapa rodoviário da região Sudeste (R$ 10,00).

Às 08h já estávamos dentro do metrô Butantã. Destino: Metrô Parada Inglesa (fui seguindo o relato que citei acima).

Chegamos umas 08:30 no Terminal e o ônibus para Mairiporã tinha acabado de sair (!). Como ele passava ali só de hora em hora, nos indicaram para pegar na Praça Santana.

Lá fomos nós pegar um outro ônibus direção Metrô Santana e pedimos para descer na Praça.

O ponto onde passa ônibus para Mairiporã é bem em frente à Praça, é só perguntar que todo mundo sabe dizer qual o ponto.

Às 09:20 já passou o ônibus para Mairiporã. (É um bus intermunicipal que custa R$ 4,45 [se não me engano nos centavos])

10:05 já estávamos no Pedágio de Mairiporã. O ponto que o garoto havia citado no relato dele estava sendo usado pela Polícia para parar uns caminhões, então seguimos para depois da passarela. Ali tinha um trecho de acostamento e seria um bom local para ficar.

[PROBLEMA]: Como estávamos depois da passarela todo mundo que passava lá em cima sabia que nós éramos duas garotas na beira da rodovia o que, confesso, deu um pouco de medo, pois em 2 minutos que estávamos paradas um cara lá no alto da passarela começou a falar groselha e desceu a passarela. A gente não conseguiu pensar muito o que fazer e só ficou acompanhando de canto de olho a movimentação do cara que desceu a passarela e veio em nossa direção na rodovia. No fim das contas ele ficou chamando, chamando até alguma de nós olhar e perguntou o horário. Eu disse as horas e ele deu um sorrisinho e vazou. Isso foram uns 10 minutos de tensão.

[DICA]: Sempre vá com um relógio de pulso, assim você não precisa pegar o celular e mostrar vulnerabilidade. Isso já me salvou ums 2 ou 3 vezes. e uma vez que tive que pegar o celular, pq tava sem o relógio de pulso eu rodei em um assalto ¬¬

 

[RELATO] 5 minutos a mais que ficamos na Rodovia fernão Dias com nossa plaquinhas escrito "TRÊS CORAÇÕES" um carro parou lá na frente do acostamento e começou a dar ré. Era um carro que iria até São Sebastião da Bela Vista, o que nos deixaria há uns 100Km de Três Corações.

[DICA]: Se vc vai pegar carona com mais uma pessoa é importante que vocês estejam em muita sintonia para que ninguém entre em situações de risco que não esteja preparad*. Antes de chegarem na rodovia combinem um código para saber se aquela carona está ok para ambas as pessoas. Combinem também um código para conseguirem avisar qualquer sensação ruim e/ou desconforto que estejam sentindo ao longo da carona. Você e sua dupla serão uma pessoa só enquanto estiverem neste trajeto junt*s, é importante que se cuidem mutuamente. Como nós estávamos em duas tinhamos combinado que não iriamos pegar nenhuma carona que tivesse 2 ou mais homens no carro. Acesse este link antes de fazer sua viagem de carona: http://pt.protopia.at/wiki/Pegando_Carona

 

[RELATO]: Nossa carona neste caso era só um homem no carro e nos deixaria um bom caminho a frente. Pronto, lá estávamos nós dentro do carro em direção a São Sebastião da Bela Vista. Nós ficamos só 15 minutos a espera da nossa primeira carona, o que é um tempo absurdamente pequeno para quem está tentando pegar carona, então tivemos muita sorte. Nosso motorista contou que estava voltando para são Sebastião a trabalho e deu carona para não viajar sozinho. Conversamos sem parar a viagem toda, mas lembrem-se: Cortem imediatamente qualquer assunto que caminhe para assuntos que envolvam sexo ou a sua vida privada. O cara até tentou entrar em um destes assuntos, mas nós fechamos a cara imediatamente e ele ficou todo sem graça pedindo mil desculpas.

[DICA]: Você até pode (e deve) levar instrumentos de auto-defesa como faca e/ou spray de pimenta. mas lembre-se: só leve-os se você estiver emocionalmente preparada para usá-los. Será muito pior se vocẽ não tiver firmeza e por acaso a sua faca parar na mão do seu agressor. É uma arma a mais que ele poderia não ter acesso e você acabou fornecendo. Eu viajo sempre com uma cartucheira com faca, spray de pimenta e meu melhor amigo: um espelho que abre e me possibilita acompanhar o que está acontecendo ao redor enquanto finjo passar batom ou qualquer coisa assim.

[RELATO] Às 12:05 ficamos em um Posto de Gasolina um pouco antes da entrada de São Sebastião. Lá paramos para comer algo, pq obviamente esquecemos de levar água e comida na mochila (não esqueça estas coisas quando for pegar carona!). Lá o preço da comida por kilo estava R$30,90 o que me fez gastar: R$8,60 do almoço + R$ 3,50 do suco). Comemos tranquilamente e na hora que fomos pagar eu acabei conversando com a moça do caixa e perguntei se muita gente pedia carona por ali e tals. Era mais por curiosidade e pra bater um papo mesmo.

Minha amiga parou para fumar e eu fiquei sentada ao lado da minha mochila e aproveitei para colocar a nossa placa apoiada na mochila, mas de forma visível.

foi o tempo de um cigarro para conseguirmos a nossa próxima carona : ) A moça do caixa veio correndo em nossa direção pra avisar que ela tinha descolado uma carona pra gente. Viu só? Ser simpátic* com as pessoas só nos traz boas surpresas ; )

Às 13 horas já estávamos dentro do carro de um moço muito simpático que estava indo para Formiga e poderia nos deixar na entrada de Três Corações.

[DICA]: Às vezes é bem cansativo ir na frente com o motorista conversando a viagem inteira, vocẽ sempre acaba demandando um forte energia sua em continuar a conversa, mas sem preder a atenção a pontos que possam se apresentar ameaça. Como eu tinha ido na frente com a primeira carona e tive aquele pequeno transtorno em ter que cortar o assunto do motorista engraçadinho, minha amiga foi na frente desta vez. e eu pude ir atrás um pouco mais quietinha.

[RELATO]: No fim das contas o 2º motorista era realmente super tranquilo e acabou levando a gente até a Rodoviária de Três Corações : ) Chegamos na Rodoviária (que é minúscula) às 14:10. Fomos até o guichê que vendia passagem para São Thomé da Letras e voilá! O próximo ônibus sairia às 14:20. Muita, muita sorte!

Compramos a passagem e às 15:45 chegamos em São Thomé : )

 

Pronto, a viagem de ida tinha sido sucesso completo!

 

Continuo no próximo post o relato sobre São Thomé em si, nossa hospedagem e alimentação, e no 3º post o relato da viagem de volta.

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Seguindo:

 

[RELATO] Chegamos às 15:45 na mini rodoviária de São Thomé bem felizes e contentes com o sol lindo que fazia pela janela. Assim que descemos do ônibus já tinha um cara na nossa cola perguntando se já tínhamos hospedagem. Respondemos tranquilamente que sim e enquanto pegávamos nossas mochilas no bagageiro me senti um floco de açúcar no meio de um formigueiro (!!!) umas 4 pessoas cercaram a gente falando sem parar oferecendo hospedagem e meio que começaram a brigar entre si pra ver quem havia chegado primeiro pra falar com a gente. Juro que ali foi o único momento da viagem que me deu um nervoso extremo, me senti em plena 25 de março na véspera do Natal, e eu tenho um sério problema com pessoas falando tudo ao mesmo tempo e me cercando. Ok, crises a parte conseguimos dar uma resposta grossa e firar o bloqueio.

[DICA VALIOSÍSSIMA!]: NUNCA, nunquinha, estabeleça contato com as pessoas da Rodoviária de São Thomé, você vai se arrepender de fazer a mais inocente pergunta de "Quanto vocês cobram?", pronto, esta já é a deixa que eles queriam para sacar que vocẽ é uma possível presa.

[RELATO] Assim que consegui furar o bloqueio dos caçadores de hóspedes, fui em direção a um mapa que estava colado na parede. Conversei com a moça do guichê e perguntei pelo CAT (Centro de Apoio ao Turista), pq eu sou uma fã de mapas e sempre visito primeiro o CAT da cidade antes de fazer qualquer outra coisa. Ali aproveitei para já perguntar os horários de ônibus saindo de São Thomé para Três Corações e me certifiquei que eram os mesmo horários para o final de semana, pois nós voltaríamos no sábado. Neste momento um cara chegou pra falar com a gente e eu quase xinguei ele achando que era de novo o cara oferecendo pousada. No fim era só um garoto muito simpático que tinha os horários do ônibus anotados em um papel e ns deu, pq ele já tinha decorado e não ia precisar mais.

Pronto, ali eu percebi que precisava respirar e me recuperar do trauma hehe

 

Saimos da rodoviária e seguimos subindo sentido centro. (Saindo da rodoviária é só subir a rua e virar a terceira a direita e ir até o fim para chegar no CAT).

Chegando no CAT conversamos com a moça que muito gentilmente nos disse quais os campings que tinham na cidade e nos deu um mapa. Bom, ao abrir o mapa já percebi que iríamos ter que nos guiar no escuro.

[DICA]: Leve um mapa impresso da cidade de São Thomé e das Cachoeiras, nem que seja uma impressão do GoogleMaps, pq os mapas por lá não respeitam escalas e são completamente aleatórios. Parecem mais um croqui.

 

Saimos do CAT em busca dos campings e logo avistamos a Praça da cidade com alguns hippies. Na hora a gente já sacou "não há melhor guia do que hippies de uma cidade". São sempre el*s que manjam os esquemas mais baratos, as cachoeiras mais daoras e menos lotadas, etc etc. Fomos lá trocar uma ideia e comentamos que estávamos procurando um lugar barato e que tivesse cozinha, pq precisaríamos cozinhar todos os dias. De fato el*s indicaram um lugar bem barato: a Hospedaria da Dona Maria que corava R$10,00 por pessoa.

Lá fomos nós atrás da Dona Maria que assim que perguntamos o valor disse queera R$25,00 por pessoa. Isso sempre acontece, é normal a galera jogar o preço lá no alto pra depois ir negociando. Contamos a história d*s hippies e tal e lá fomos nós olhar o quarto com o valor de R$10,00 por pessoa.

Bom, o quarto tinha uma beliche e não tinha janela. Minha rinite já começou a se manifestar. Daí descobrimos que não rolava usar a cozinha, então acabamos mesmo desistindo de ficar lá.

 

Isso já era umas 16:50 quando começou a chover e a gente ainda estava com as malas nas costas. Saímos rapidão lá da Dona Maria e paramos em um boteco na esquina para esperar a chuva passar. Lá trocamos uma ideia com os caras que eram da cidade e perguntamos sobre as cachoeiras e tal. Também perguntamos sobre os campings que ficavam mais na Zona Rural e eles falaram que ficava tudo há uns 6 a 8 Km da cidade, o que de fato era muito considerando que estávamos a pé. Uns 15 minutos depois saimos em direção ao camping mais próximo. Eu já estava morrendo de fome e começo a ficar mau humorada se não como, então minha amiga e eu fizemos um acordo: O primeiro lugar que cobrasse R$15,00 por pessoa e tivesse cozinha a gente ia ficar sem pensar duas vezes.

Lá fomos nós atrás do camping Rezende (que fica bem, bem próximo à Igreja amarela da Praça). resumindo a história: Chamamos e negociamos o preço. Pronto, R$15,00 com cozinha.

[DICA] Nunca pague todos os dias que você vai ficar de uma vez só, a não ser que você consiga um bom desconto. Porquê muitos lugares não devolvem o dinheiro caso você decida no meio da viagem seguir para outra cidadezinha próxima ou decida voltar antes. Então pagamos R$30,00 cada, referente a 2 dias de camping, pq talvez a gente seguisse para Carrancas, pq nossos planos estavam bem abertos.

[RELATO] Perfeito: éramos a única barraca no camping e durante todos os dias a cozinha foi só nossa. Perfeito para quem estava atrás de tranquilidade e fugindo de galera.

PS: Esqueci de dizer que durante todo este período a cada rua que andávamos alguma das pessoas que nos abordaram na rodoviária viravam pra gente e perguntavam se já tinhamos conseguido um lugar. ::ahhhh::

 

Pronto, colocamos água pra ferver e fazer nosso miojo, montamos a barraca e tiramos um ótimo cochilo (ok, preciso revelar que a gente não acordou tão cedo pq estávamos em um ritmo intenso de festa no final de semana hehe então o sono acumulado era muito!).

Lá pelas 20h fomos dar uma volta pela cidade. Os mercados já estavam fechados, mas achamos um lugar muito incrível que acabou virando nosso lugar preferido na cidade <3 Uma lojinha de produtos direto do sítio. É uma lojinha na rua do "Point do Açaí" que vendia tomate a R$ 1,00 o kilo! Sim, tomates, lindos, direto da roça por UM real. Eu tava feita ; )

Compramos uns tantos tomates, cebola, arroz e maçã. Tudo deu R$ 5,25.

Seguimos para o bar do Edgar (Tá, eu posso estar errando a ordem dos fatores, mas foi algo assim) e tomamos uma Itaipava por R$6,00.

Voltamos pro camping, fizemos um macarrão (1/2 pct de parafuso) e molho de tomate (com tomates de verdade) e direto pra cama. (Cama que era um colchonete de solteiro e logo manifestou-se levemente insuficiente pq passei todos os dias passando Cataflam em pomada no meu quadril ¬¬, pq como era de solteiro não havia muito a possibilidade de dormir de bruços ou de costas, tinha que ser obrigatoriamente de lado)

 

15/janeiro - quarta-feira - 2º dia de viagem

 

Dormimos bem e levantamos lá pelas 09h quase.

Fomos até o supermercado tendo comido só 1 maçã de café da manhã. Erro. erro, erro, erro. Nunca ir no supermercado com fome tendo que montar um quebra-cabeça de como fazer um cardápio vegan para 4 dias usando o menos possível de ingredientes. No fim das contas decidimos que nossa alimentação ia girar em torno basicamente de 3 eixos: arroz, farinha de trigo e legumes. (Da outra vez que fomos para a chapada o nosso alimento central era lentilha, fizemos lentilha normal, almondegas de lentilha, hamburguer de lentilha, risoto de lenntilha etc etc etc hehe). Bom, compramos algumas coisas que não lembro agora, mas deu uns R$ 20,00 pra cada uma. Acho que foi algo como: óleo, trigo, geléia, margarina, milho, ervilha, pão integral, pepino, cenoura, abacate, suco Del Valle (1,5 l), etc...

 

Voltamos, fizemos almoço (Arroz, guacamole e abobrinha com cenoura) e às 11:30 já estávamos saindo em direção ao asfalto que levava até a Cachoeira Vale das Borboletas (uns 3 km da cidade). No asfalto já conseguimos carona e umas 12:15 já estávamos na entrada da cachoeira. Estava meio lotado apesar de ser no meio da semana. Uma coisa que percebemos é que como as cachoeiras são gratuitas muita gente da região vai pra lá, principalmente a galera em período escolar que está de férias. Seguimos o curso da água para baixo e andando um pouco encontramos uma égua e seu potrinho tomando banho do córrego! Foi muito lindo! a égua era grandona e conseguia se deitar/apoiar o suficiente para molhar o corpo todo! Ali foi o único momento que desejamos ter uma câmera (a gente sempre leva a câmera na viagem, mas deixa na mochila, mas depois eu explico porque). Tentamos nos aproximar demais e a égua nos viu e não gostou nem um pouco. Saimos beeeem de fininho hehe

 

Voltamos para a entrada da cachoeira onde tinha uma vendinha e perguntamos pela Cachoeira da Garganta que, segundo o mapa poderia ser muito longe ou muito perto. As pessoas por lá não tem muita noção de distância e uma pessoa ppode te dizer que é logo ali há uns 2 KM e outra vai te dizer que fica há quase 10 KM, então é bem difícil se nortear (sultear). Resumindo: seguimos uns 30 min no curso do rio e chegamos até um lugar que a gente achou que fosse a cachoeira e depois descobrimos que não era, mas ooook. Estávamos com receio do sol se por e a gente ficar na estrada, então voltamos. No caminho do curso da cachoeira pedimos informação para um casal que no fim das contas nos deu carona até São Thomé.

Nos demos super bem com o casal e eles avisaram que iriam no dia seguinte para Sobradinho e poderíamos ir junto. Ótimo, pq sobradinho é um dos rolês mais distantes para ir de carona. Combinamos de nos encontrar às 09:30 no dia seguinte, bem ali na praça.

 

Demos uma passada no Point do Açaí e eu peguei um crepe (R$ 4,00) e minha amiga um açaí e fomos em direção à Pirâmide/Pedra da Bruxa/Mirante/Cruzeiro que é tudo bem ao lado um do outro (diferente do que aponta o mapa). Olha, se posso fazer uma análise sobre são Thomé das Letras é que o rolê vale MUITO mais pelo visual do que pelas cachoeiras. São Thomé é uma cidade muito alta e o visual é realmente incrível.

Vimos o Por do Sol na Pirâmide.

[OBS]: O camping que ficamos era bem pertinho da Pirâmide, então saiba: estes locais são bem próximos da cidade e logo atrás da praça. Você chega a pé em 5 minutos ou menos.

 

Ficamos até umas 20:40 até o sol se por completamente e ficamos curtindo a lua cheia que estava maravilhosa! Recomendo muito irem para São Thomé em época de lua cheia, é lindo! Voltamos para o camping e fizemos jnata: Macarrão (1/2 pct) com molho branco, milho e ervilha. (Sim, é possível fazer molho branco só com água, trigo e temperos.)

 

Fomos dormir cedo porquê queríamos ver o nascer do sol no dia seguinte.

 

 

16/janeiro - quinta-feira - 3º dia de viagem

 

06:00 já estávamos de pé a caminho da Pirâmide (que na real é uma casa) para ver o nascer do sol.

[DICA]: Lembre-se: São Thomé é mto alto! Logo: faz um belo friozinho, mesmo no verão. Assim que o sol se põe bate um vento gelado já. eu levei só um casaquinho de fio bem leve e senti que poderia ter levado ou uma blusa comprida pra colocar em baixo, ou pelo menos um moletom. Sempre que faço viagem mais longa levo meu forro polar, pq ele garante caso esfrie e vira meu travesseiro quando não estou usando. Mas eu subestimo viagens de menos de 10 dias e sempre me estrepo. Nunca organizo com antecedência e faço a mochila na véspera correndo...

 

Voltamos pro camping às 08h e dormimos de dono até umas 09:15. Café da manhã: Pão com margarina e suco. (Segredo: não conta pra ninguém, mas antes de irmos ver o por do sol, a gente atacou o que sobrou do macarrão da janta ;D )

 

Durante o dia, como estávamos de carro com aquela super carona conseguimos fazer os seguintes roteiros:

Sobradinho - cachoeira e gruta (trajeto da gruta dura uns 15 minutinhos só); depois fomos para Cachoeira Eubiose, Cachoeira do Flávia, Cachoeira Véu de Noiva e cachoeira Paraíso.

[DICA VEGANA]: Toda pessoa vegana já sabe, mas não custa avisar: Muito provavelmente não haverão opções alimentares para você nas lanchonetes de cachoeira, principalmente em Minas Gerais onde tudo baseia-se em queijo e leite. Leve supriments na mochila. No nosso caso a gente aproveitou a noite anterior para fazer bolinhos de arroz (arroz cozido, trigo, água, alho e frite no óleo), levamos também dois lanches naturais com pão, margarina, rúcula, tomate, cenoura e pepino. Levamos também banana e água. PS: a minha amiga é bem viciada em ketchup, então levamos ketchup tbm pra comer com os bolinhos de arroz, o que - confesso - foi a felicidade gastronômica do dia. Todos os dias levamos também bolacha Waffer de chocolate da Bauducco que tbm é vegan. Negresco tbm é, mas não tinha lá na cidade pra vender.

 

Voltamos da cachoeira lá pelas 18h quase, quando já estava bem nublado.

 

Passamos no mercado, compramos mais cebola e limão. No camping fizemos um lanche rápido com pão e guacamole, e fomos dar uma volta pela cidade.

[OBS]: o chuveiro do camping era realmente uma delícia, a geladeira era super potente e o fogão (apesar de bem retrô) estava com as 4 bocas funcionando perfeitamente.

 

De jantar fizemos: arroz com cenoura, milho e ervilha; o que sobrou da guacamole; o que sobrou dos bolinhos de arroz e batata palha.

 

Aqui fomos de novo no bar do Edgar ; )

 

17/janeiro - sexta-feira - 4º dia de viagem

 

Havíamos planejado para este dia pegar o ônibus das 07:30 para sobradinho e fazer a Gruta do labirinto e Gruta da bruxa que dizem ter um trajeto de quase 2 hora dentro da gruta. Assim gastaríamos uns R$ 7,00 do ônibus e R$ 10,00 pelo guia lá na Gruta (pq não aconselham fazer ser guia e eu acho que não bancaria 100% o risco), mas como a entrada nas cachoeiras não era cobrado este era um valor que a gente conseguiria pagar (Lembrando que eu já fui 2 vezes pra chapada dos Veadeiros e lá todas as cahoeiras são cobradas entre R$ 10 a R$ 25 por pessoa).

Bom, choveu demais durante a noite e o dia amanheceu bem nublado e frio. Abortamos o plano e voltamos a dormir. Chegamos até a cogitar ir embora na sexta mesmo, mas o camping já estava pago e a gente topou ficar nem que fosse pra ficar pela cidade mesmo...

Levantamos sem pressa e fizemos panquecas de café da manhã : ) (trigo, água, pitada de sal, pitada de açúcar e óleo na massa), comemos com geléia e margarina e tbm tinhamos comprado laranja, então rolou suco de manhã ; )

 

Demos uma arrumada na bagunça que estava na barraca e fizemos mais dois miojos de tomate de almoço. O sol voltou a aparecer e decidimos tentar seguir para mais alguma cachoeira.

 

Seguimos andando pela estrada de terra e logo conseguimos carona na caçamba de um carro. O casal estava indo para um camping na metade do caminho, mas decidiram levar a gente até a primeira cachoeira.

Às 13:40 já estávamos dentro da Cachoeira do Flávio, que é uma cachoeira bem pequenininha, ótima para quem vai com crianças, pq a galerinha de uns 9/10 anos consegue chegar tranquilo atér a queda da cachoeira.

Como nós duas gostamos de cachoeiras com poços fundos demos só uma entrada rápida nesta cachoeira e já voltamos para a estrada.

Logo conseguimos outra carona até a Cachoeira Véu da Noiva (que é coladinha na cachoeira Paraíso).

 

Ficamos por lá a tarde toda e na hora de ir embora já encontramos um pessoal de uma banda que ia tocar na cidade e estava tomando cerveja na lanchonete da cachoeira. Pegamos carona na volta com eles.

 

Fomos direto para a Pedra da Bruxa tentar ver o por do sol e/ou o nascer da lua, mas estava realmente mto nublado, daí ficamos só curtindo a vista por um tempãão...

 

Voltamos e jantamos: purê de batata, com molho de tomate (de novo os tomates de verdade), batata palha e salada de pepino e mais suco de laranja (meu vício)

 

Esta noite precisávamos deixar tudo organizado, por quê pegaríamos o ônibus das 05:45 para Três Corações (e o sol só estava nascendo às 06h/06:10).

 

Tudo pronto, e enquanto jantávamos voltou a chover. Era hora de pensar um plano B, pq realmente não estávamos dispostas a enfrentar chuva para pegar carona, nem para desmontar a barraca. essa era uma viagem sussa e não uma viagem de aventura, então queríamos fazer tudo bem tranquilas...

Decidimos que iríamos acordar às 04h e se estivesse só garoando a gente ia levantar e seguir com o plano mesmo. Se estivesse desabando o mundo de chuva a gente ia dormir até umas 07:30h (quando geralmente o dia abria mais) e pegaria o ônibus seguinte pra Três Corações e ia acabar voltando de bus até SP. E se por acaso e milagre de Jah às 04h a gente visse que a chuva parou, poderíamos dormir até as 04:20 e desmontar a barraca tranquilamente.

 

continua...

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18/janeiro - sábado - 5º dia de viagem

 

Bom, às 04h não estava mais chovendo. Acordamos às 04:20. Desmontamos a barraca em 10/15min. Tomamos café da manhã: Suco, pão com o molho de tomate que tinha sobrado. Preparamos um super kit alimentar pra levar na viagem, pois não sabíamos se teríamos a mesma sorte que tivemos na vinda.

Às 05:15 já estávamos na porta do camping em direção à rodoviária. A passagem de volta custa R$10,05. A gente já sabia que a rodoviária de 3 corações era longe da rodovia e que teríamos que pegar um bus circular, mas quando vimos que o ônibus que saia de São Thomé iriia até Varginha conversamos com o cobrador e pedimos para ele nos deixar na Fernão Dias. Mais R$2,40 e tcharam!

 

Às 07:15 já estávamos na Fernão Dias do lado certo (sentido SP). Vimos um posto do SOS rodovia e fomos até lá. Enconstamos as mochilas, aproveitamos para tomar água, ir ao banheiro por quê a espera seria longa... enquanto minha amiga pegava um café, eu troquei uns 3 min de ideia com o moço que trabalhava lá e ele disse que a gente podia ficar ali no acostamento bem em frente ao SOS pq se chovesse a gente se abrigava ali e tals. De repente o motorista de um caminhão que estava encostado passa por nós dois e :idea: em dois segundos lá estava eu perguntando até onde ele ia. O cara meio ressabiado respondeu que ia até o Rio Grande do Sul. Pronto! Perguntei se ele daria carona até São Paulo, ele perguntou quem mais estava junto eu disse que era uma amiga e ok. Ele deu uma organizada no caminhão e eu fui chamá-la.

Entramos pela porta do motorista, coisa que é bem comum pq a porta do passageiro é travada justamente para os caminhoneiros não darem carona quando estão a trabalho e tal.

 

O cara era gaúcho, muito gente fina. Demorou pra criar confiança na gente, mas até o fim da viagem já estávamos trocando a maior ideia. Ele estava com um celular novo e apanhando para achar umas fotos e uns contatos, fui arrumando o celular pra ele... Ele contou que tinha dado só 2 caronas em 20 anos de caminhoneiro, uma para duas moças com um bebê que o carro tinha quebrado e uma carona para um outro caminhoneiro que tinha que deixar o caminhão no posto por um motivo que eu não lembro qual. Nós eramos as terceiras que ele dava carona na vida.

[OBS]: Viagem de caminhão demora bem mais que de carro, esteja preparad*.

Nós paramos umas 2 vezes para abastecer e/ou para comer/tomar café. Em uma das paradas ele até aproveitou e cortou o cabelo. Bom, estávamos em um carona que nos deixaria direto em São Paulo e não tivemos que esperar nada na rodovia, então estava tranquilo.

[OBS]: Na ida pegamos carona com dois caras que eram naturais de Minas Gerais e eu consegui puxar papo e fazer rolar uma empatia pq minha família paterna é de Minas. Pronto. Foi só falar que meu pai era de Boa Esperança que o papo rolou bem. Na volta, com este caminhoneiro gaúcho foi quase a mesma coisa, pq minha família é de SC e meu avô toma chimarrão e faz churrasco. Pronto hehe o papo já estava engatado e a empatia estava ganha.

 

O nosso gentil caminhoneiro gaúcho tinha dormido só duas horas naquela noite pq queria chegar logo em casa (ele era de Dois Irmãos/RS) pra ficar com a esposa que, não por acaso, nomeava o elegante caminhão: Ramona. Toda a cabine era forrada com tecido vermelho e preto, com o nome da esposa escrito enorme no fundo da cabine acima da cama dele. Ele disse que foi bom ter dado a carona pq fomos conversando e assim ele não sentia tanto sono na pista...

 

[OBS] Me arrependi de não ter pego o contato dele, pq ele faz duas vezes por mês o trajeto do RS até a Bahia! Mas na hora de ir embora foi meio correria, acabou nem rolando =/

 

Bom, para não pegar o miolo de São Paulo o cara desvia ali por Jarinu e acabou passando por Embu das Artes. Como a gente mora na Zona Oeste de São Paulo foi ótimo. Paramos bem perto da passarela, atravessamos, pegamos um ônibus intermunicipal "Pinheiros", descemos na Francisco Morato perto da Av. Vital Brasil e já estávamos quase em casa.

 

Às 14 horas eu já estava na minha casa almoçando feliz e contente :)

 

Poderia escrever páginas e péginas sobre as conversas que tivemos nestas caronas, mas acho que esta é uma experiência que cada pessoa deve passar.

Viajar de carona, seja perto ou longe, é sempre uma experiência incrível. Você conhece outros mundos só por estar dentro daquele carro/caminhão com pessoas muito diferentes do mundo que você vive. Enfim, vá. É o único conselho que você conseguirá tirar deste relato. Todo o resto são dicas, mas nada supera a vivência.

 

No bar do Edgar tinha uma placa com a famosa citação de Amyr Klink que deixo aqui para aquel*s que nunca leram e para aquel*s que já leram se relembrem:

 

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

 

 

NOTAS:

1) Durante o texto optei por usar um * todas as vezes em que havia marcação de gênero nas palavras. O debate acerca da gramática que não reproduza lugares de opressão é bem recente, contudo cada vez mais coletivos políticos e pessoas têm optado por variações na marcação de gênero das palavras, evitando assim o uso do “masculino” como universal. As alternativas mais comuns são o uso de @ (ex: amig@s], o uso do x [ex: elxs foram] e o uso de variações como o * [ex: aquel*s alun*s].

Sim, sabemos que há dificuldades no momento da pronúncia, mas acredito que ao causar um incômodo visual conseguiremos avançar na busca por soluções que não reiterem o masculino como universal e dominante.

 

2) Não temos fotos para ilustrar este relato, pois basta buscar no google imagens. Não costumo levar câmera em viagens pq acredito que ao ter a câmera ao lado restringimos nosso olhar ao alcance da lente, quando podemos ver 360º sem limite algum! As melhores fotos são aquelas que ninguém nunca conseguirá arrancar de nós.

Para além disso sou sim uma apaixonada por fotografia, mas acredito que ela deve focar-se em uma outra narrativa, um outro olhar e não o clássico "foto de turista". Estas eu consigo aos montes no google, mas ninguém nunca me daria por uma lente a sensação de ver o nascer do Sol em São Thomé, por exemplo.

Fora isso tem uma questão prática que quando faço uma viagem mais estilo natureza gosto de poder entrar em cada buraco, fazer cada trilha e cada pedaço onde eu preciso carregar o menos de peso possível. Por isso geralmente ando eu e minha cartucheira em trajetos assim e só.

 

Ahhh chega de escrever!

Segunda-feira (amanhã) estou indo para Porto Alegre e preciso me organizar aqui.

Boa viagem a tod*s!

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