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Pedra do Baú, São Bento do Sapucaí - SP. Inconsequência, inexperiência e memorias inesquecíveis.


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Fala galera do fórum!! Estou fazendo esse post pra dar um relato do que talvez tenha sido meu primeiro e único mochilão até hoje.

 

Bom, o relato começa com uma ideia inesperada de um amigo, que já tinha ido a alguns anos pra cidade cm a ex namorada. Estávamos todos livres não exitamos em aceitar o convite, fomos os 4: Eu, Fernando, Alex e Gustavo, rumo São Bento do Sapucaí com a mochila nas costas e uma boa dose de coragem.

 

E a história em si, começa com todo mundo (exceto meu avô) me dizendo o tempo todo "Silas, olha esse tempo chuvosso, é perigoso ir pra la com esse tempo! Você ta louco?!", e eu dando sempre a mesma resposta "Tempo ruim é chuva de faca".

 

(Vale lembrar que depois de um tempo o Fernando aperfeiçoou essa fala a transformando nessa: Tempo ruim é chuva de canivete, e aberto, porque se tiver fechado nois poe no borso")

 

Pegamos o ônibus em Pouso Alegre - MG, nossa cidade, e a aventura já começou a partir daí, pois, quando o Alex foi com a namorada, o ônibus entrava na rodoviária dentro da cidade, e não foi isso que aconteceu dessa vez, o ônibus simplesmente passou direto pela cidade, e o que a gente fez? Correu logo pro motorista e disse que era la que iriamos ficar? Não! (como fomos idiotas) Ficamos discutindo entre nós

 

-Mas sera que essa é a cidade mesmo?

-Acho que é sim! Eu lembro!

-Po, vai la falar com o motorista então, precisamos parar!

-não eu não vou la não, vai você, fala com ele la.

-Ah, qual é cara, você que conhece a cidade vai la

-É, você que conhece, vai logo cara.

 

E nisso o ônibus ia indo, até que o Alex tomou coragem de levantar da cadeira e ir falar com o motorista, e oque o motorista fez? Ele parou pra que descêssemos? Sim! Aquela hora? Não! No próximo ponto, no meio da rodovia... E lá estávamos nós, no meio da rodovia, cada um com uma mochila de mais ou menos 10kg nas costas, rumo a São Bento do Sapucaí. A gente andou um bucado na rodovia, encontramos no meio do caminho até um grupo de romeiros, até que enfim chegamos a cidade.

 

Chegando na cidade a primeira coisa que decidimos fazer foi comprar as passagens de volta, para garantir. Rodamos a cidadezinha e achamos a rodoviária, compramos algumas coisas no supermercado,e fomos rumo a trilha. Vocês devem imaginar que a essa altura já tínhamos andado uns bons kilometros, e também devem ter imaginado que ficamos mais empolgados ainda depois que achamos a rua que levava e pedra e nela um placa escrito "Pedra do Baú, (alguns muitos)km", e pior que isso nem nos desanimou mesmo, fomos caminhando, caminhando, caminhando, caminhando... Até chegarmos numa bifurcação que, segundo o Alex, que já tinha errado na previsão do ônibus, nos levava a uma cachoeira e um atalho, então entramos na estrada de terra e seguimos, até que finalmente encontramos uma cachoeira. Paramos la um tempo, descansamos, entramos um pouco na água e decidimos seguir viagem, porque ainda tinha muito chão pela frente. Então alguém teve a brilhante ideia de perguntar pro dono da cachoeira se tinha como cortar caminho por ela, e ele disse que tinha como, e ele disse que tinha. Bom, la vamos nós pegar um atalho pela cachoeira. Subimos ela inteira até chegarmos numa pontezinha, atravessamos a ponte e achamos uma trilha, e la vamos nós. La vamos nós até metade (ou bem menos), é claro, a mata estava ficando extremamente fechada, e ninguém tava afim de tomar uma picada de cobra, então decidimos voltar e seguir pela estrada mesmo. E la vamos nós de novo... Subindo pela estra eu ampliei a minha concepção de grau de inclinação que uma subida pode ter, porque broders, tinha umas pirambeiras sinistras, mas suave, vamos la, vamos subindo, uma hora a gente chega. Eis que todos exaustos, porém ninguém desanimado, terminamos a estrada de terra, e ao fim dela encontramos ela, a nossa não tao velha conhecida, rua de asfalto! Isso, a trilha não era pra facilitar a chegada a pedra, era só pra cortar um pedaço do caminho de asfalto, e la vamos nos, outra vez... Subimos, subimos e subimos... Essa parte com certeza foi a mais exausta, andávamos 200 metros e parávamos pra descansar, mas ninguém tava nem um pouco afim de jogar a toalha, as conversas eram só risadas, só empolgação pra chegar na Pedra. Depois de subirmos mais um bom bucado chegamos ao restaurante, que da acesso a uma trilhas que leva a pedra.

 

AH, e quanto o clima, é claro, contradizendo a gorada de todo mundo que pesou na nossa antes da viagem, fui de Pouso Alegre a São Bento falando "Relaxa, o sol vai estar esperando a gente la em cima" e ele apareceu raindo com clamor nesse momento em que chegamos no restaurante.

 

 

Comemos um farto almoço, demos uma descansada, e bora subir mais um pouco, cambada! Começamos a subir a trilha, e foi la que eu definitivamente mudei a minha concepção de o quão inclinada pode ser uma subida, andamos pra cacete, e chegamos a ela, a grandiosa, a gloriosa, a gigante PEDRA DO BAU!!!! Ou melhor, ao pé dela, ou melhor ainda, ao courinho do pé dela, porque puta que o pariu que bagui gigaaante mano!!!!!!! A escada não era la aquelas escadas seguras e tudo mais, na verdade ela só era firme, era a unica coisa que dava coragem de tocar nela, porque de resto, era curta e totalmente insegura, o que gerou a seguinte conversa:

 

-E ai? vamos subir mesmo?

-Claro que vamos, chegamos até aqui pra olhar a pedra de vazar? vamos subir!!!

-Olha eu também não sei se a gente deveria subir não, a gente nem sabe o que tem la em cima!

-Aí, você tem certeza que tem lugar pra acampar la em cima?

-Não, mas se não tiver a gente desce depois, não da nada!

-Porra cara, a gente já ta quebrado, vamos subir la ver que não tem lugar e voltar como se tivéssemos acordado agora?

-Ah, então fica ai em baixo, eu to subindo.

 

A ultima fala foi do Fernando, o único que estava encorajado a subir. E o que estava carregando a barraca. E não, eu não queria dormir no meio daquele mato sozinho. E ainda mais sem barraca. Bora perde o cagaço e subir essa parada.

 

Com certeza eu não consigo por em palavras o misto de medo, coragem, superação, adrenalina, e etc tal do que eu senti subindo aquela pedra, mas eu consigo dizer que o medo era o maior de todos, ainda mais depois que o gusta deixou cair uma garrafa d'água da mochila, que emitiu uma onda sonora que foi recebida pelo meu cérebro como "PUTAQUEOPARILALGUEMCAIULAEMBAIXO", isso aconteceu com uma maça também, a qual eu tive a infelicidade de ver chocando contra a pedra e se esbugalhando... Depois de uma longa "escalada" entre escadas, abismos, e cabos de aço, chegamos no topo na pedra, onde ficavam os últimos e mais difíceis metros de escada por dar um inclinada pra trás. Também não sei explicar bem o cagaço de sentir a gravidade de puxando por um lado do seu corpo (as costas) que você não quer. Estávamos la em cima.

 

Ah, vale lembrar que na nossa frente subiu um cara, que pulava os "degraus" como se a gravidade não valesse pra ele. Ele tava com TRÊS facas espalhadas pelo corpo, e quando chegou la em cima ele contou que ia descer a MEIA NOITE pra buscar umas paradas la embaixo. Rapeize, existe gente loca nesse mundo, viu...

 

A pedra e muito alta, MUIIIITO ALTAA, tão alta que la não chove! (juro) Pelo menos enquanto estávamos lá, a "chuva" era uma neblina extremamente humilda (vulga nuvem de chuva, pra quem esta la em baixo) que passava e molhava tudo la em cima. Por conta disso não pudemos ter vistas (que merecíamos) a hora que chegamos, então fomos dar uma volta pela pedra (que era enorme (como a gente foi cabaço o suficiente pra pensar la não tinha como armar uma barraca? tinha até o chão de uma jazida CASA la em cima (vou contar a historia que me foi contada ai pra frente))), conhecer e achar um lugar pra armamos nossa barraca. Os lugares bons pra ser armar uma barraca la já estavam ocupados, e armamos a nossa em baixo de uma pedra (que se não me falha a memoria era o ponto mais anto em que você poderia estar quanto estivesse la em cima), o chão era de pedra, e meio inclinado, o que virou uma historia que farão vocês rirem da minha cara.

 

Caiu a noite, e nem eu e nem ninguém queríamos esperar o dia clarear pra conhecer o outro lado da pedra, então "pega essa lanterna mano, vamo da um role aqui em cima", e caminhamos até o ponto em que os gritos da galera que tava do outro lado da pedra estava ficando """"altos demais""". Eles estavam orando la em cima. Numa mistura de respeito e cagaço de ser alguém chamando o capiroto (claro que não era) voltamos pra nossa barraca. Fizemos uma fogueira, comemos, zuamos e "bora pra dentro da barraca, ta ficando frio aqui fora". La dentro ficamos tomando rum e falando merda, rachando o bico do nosso cagaço, das coisas que aconteceram, e coisa e tal... Eis que começou a fazer MUITO FRIO, com certeza foi a mais baixa temperatura que vivenciei na minha vida, eu coloquei até sacola no pé pra esquentar, estava de touca, varias blusas, varias calças, e ainda estava com frio.

 

Fomos dormir, e lembra do chão de pedra, meio inclinado, que eu falei que rendeira uma historia engraçadas pra vocês (e desesperadora pra mim)? Aí vai ela:

 

Por conta do forro liso da barraca, e da pedra ser inclinada, eu tive que deitar pra dormir numa posição que eu não escorregasse, e essa posição era com o meu braço em baixo pra me segura. O peso do meu corpo, meu braço, e uma chão de pedra. Agora pensem vocês, quando dormem em cima do braço em um colchão, que é muito mais macio que uma pedra (obvio), já acordam desesperados pensando "Caralho, dessa vez eu não escapo, vou ter que amputar essa porra!" Imagina o meu desespero, que já estava no cagaço desde de que cheguei la em cima pensando em como seria a descida, quando acordei com o meu braço dormente, e simplesmente NÃO CONSEGUIA MOVER MEUS DEDOS! Isso foi a definição mais solida que tive na minha vida de desespero, olha pro meu braço branco igual uma vela, sem conseguir mexer meus dedos, sentindo um frio dos infernos (?), em cima de uma montanha, a não sei quantos kilometros de distancia do hospital onde estava o medico que poderia reverter a situação. Eu não quis nem saber, acordei os broder na burduada falando "PUTAQUILPAREO! MEU BRAÇO NÃO TA MEXENDO, ACORDA PORRA!! ME ARRUMA UM ESQUEIRO!!! PRECISO ESQUENTAR MEU BRAÇO!! VAI LOGO!!!!!!!".

Eu devo ter ficado uns 15 minutos atritando meu braço contra tudo, e passado a chama do esqueiro no braço (sem sentir nada) pra poder esquenta-lo. Que sensação foi aquela de alivio quando ele passou de anestesiado para formigando-pacarai, até eu conseguir assistir a emocionante cena dos meus dedos correspondendo aos meus impulsos nervosos de movimento! Ufa! Agora posso dormir, escorregando é claro!

 

O dia estava clareando, e foi incriável a velocidade da mudança de temperatura de acordo com a velocidade em que o som nascia! Em 15 minutos saímos da Antártida e fomos direto pro deserto do Egito! Saímos logo da barraca pra ver sol. Putz, que cena cara... Linda de se ver... Corri pro topo da pedra da qual ficamos acampados em baixo e aí sim eu vi uma cena linda de verdade: De um lado o Sol, iluminando uma linda manhã, do outro lado, a lua, as estrelas, e as luzes da cidade. Foi sensacional, ter ao alcance dos meus olhos o dia e a noite, no mesmo momento! Que animal!

 

Ótimo, o dia amanheceu, bora tomar um café da manha! Ou melhor, um lanche da manha! UM LANCHE DA MANHA SÓ O LANCHE MESMO PORQUE A GENTE LEVOU COMIDA PRA FICAR 1 ANO LA E ÁGUA PRA FICAR 5 MINUTOS! COMO A GENTE FOI BURRO!!!

 

Sorte que, uns camadas que conhecemos la em cima, que já eram velhos de guerra, os caras eram muito gente fina, e muito experientes também, levaram até umas parada pra fazer panquecas, café e tudo mais! Esses caras, legais pra caramba, ficaram com dó da nossa cabacisse e nos descolaram uma garrafa d'água, que segundo eles, eram a quantia de emergência que provavelmente eles só iram precisar pra emergência de achar um monte de moleque burro esperando pra morrer desidratados em cima de uma pedra (nós, hehe).

 

Aí sim, na luz do diz, fomos dar um role na pedra. Só posso dizer que é sensacional, fomos nas duas pontas! A vista de la de cima é simplesmente incrível! Não preciso falar muito, é mais fácil vocês irem até la e vivem isso.

 

Depois de um longo debate sobre descer pelo outro lado mais fácil e menos perigoso, que não conhecíamos ainda, decidimos descer, pelo lado mais perigoso, que já conhecíamos, é claro. Muito pelo contrario do que eu imaginava a descida foi muito tranquila, e em geral bem mais fácil do que a subida.

 

Descemos a trilha e andamos até a cachoeira na qual paramos na subida. Dessa vez demos um merecido mergulho, um mergulho mesmo, e saímos cheio de sangue-sugas da água. Na hora me veio a cena daquele filme que sempre passava na sessão da tarde, em que uma mulecada entra num lago e sai cheio de sangue sugas, e um rapaizinho toma uma mordida logo no pi**. Mas não rolou panico, eram bem pequenos e valeu muito o mergulho. a cachoeira é linda, ainda mais depois de uma jornada daquelas, uma água bem fria era o que eu tava dando a vida pra ter.

Eu queria voltar a pé pra completar a missão no modo hard, mas eles não, hahaha! Chamamos um táxi, era um fusca, 5 caras, 4 mochilas gigantes. Coração de mão né, mas foi divertido. Chegamos no centro da cidade, demos uma volta por la, o Fernando e o Alex ainda pegaram umas mina! HAHAHAHA! Depois de dois dias inteiros andando, sem tomar banho e sem escovar os dentes, eles provaram na pratica a teoria de o que realmente vale no xaveco é o papo HAHAHAHAHA!

 

Voltamos pra casa, e por incrível que pareça, eu n~]ao estava exausto. Nem um pouco. Juro! Acho que a explicação que me convence e que estar em contato com a natureza de uma forma intensa, revigora outras energias do nosso corpo que falam bem mais alto do a nossa energia física. Eu voltei dessa trip uma nova pessoa, o contato com a natureza, a superação de limites, e tudo mais... Foi simplesmente sobrenatural, uma sensação muito boa mesmo. Foi isso que confrontou e venceu muitos conceitos (que pra mim, hoje, são errados) da minha mente. Mais uma vez digo que isso não cabe em palavras, ou não nas minhas, mas cabem na experiencia, sem duvida. VIVAM!

 

Muita paz, sabedoria, e liberdade pra nós!!

 

OBS: Gravei um video da viagem (quando eu tomar coragem de editar e upar eu posto aqui), e em breve vou colocar as fotos...

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Siloks...

 

Mano, que relato engraçado!!!

"Rachei o bico" com a história do braço kkkkk (pena q quase foi tragico). Parabéns.

Eu tbm estive lá a pouco tempo, e como sempre faço, deixei um relato aqui no "MOCHILEIROS."

 

*caso interesse ler, tá aqui o link: viewtopic.php?p=996548#p996548

 

Abraço man. Bons ventos.

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