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Pessoal,

 

fiz agora em janeiro a trilha inca sozinha. Foi incrível! Gostaria de compartilhar com vocês e encorajar novos aventureiros heeh

 

O relato com fotos pode ser visto aqui :)http://raquelcamargo.com/blog/2014/02/relato-de-viagem-trilha-inca-indo-a-pe-para-machu-picchu

 

 

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Aí um dia a sedentária que vos fala decidiu fazer a tal da trilha inca. “Ah, vai ser desafiador, lindo e tralala, vamo lá uhul”.

 

Dias depois de decidir, fazer uma pesquisa de preços e depositar o valor de entrada da agência, eu já estava desesperada, com medo de morrer na praia trilha e tal, e logo arranjei jeito de fazer academia. Na avaliação já abri o jogo dizendo que precisava ganhar condicionamento físico em 45 dias, que era o tempo que me restava antes de partir pro mochilão.

 

Além do clássico desespero de uma gordinha, bateu também aquele leve cagaço quando pensei no período. Janeiro é o pior mës para dar rolezinho nos Andes. É chuva, pedra rolando, alagamento, gente presa no meio de tudo por causa dos dilúvios, já teve desmoronamento. Pans! Resolvi ignorar e confirmar a minha reserva para o dia 21 de janeiro.

 

Se você está afim de fazer esse rolê (eu recomendo muito!), é fundamental pensar a data certa. Será legal para o seu organismo se você tiver uns dias em Cusco para se aclimatar, afinal, mais de 3 mil metros de altura assim de cara pode causar algum mal estar.

 

Chega de lero-lero, aqui vão as informações mais práticas e tal.

 

- Quem pode fazer a Trilha Inca?

 

Qualquer um. é sério. Eu (mocinha, gordinha, criada no apartamento pela avó) fiz e fui muito feliz! Tudo é questão de você saber os seus limites. Não é maratona lá, você não está apostando corrida com ninguém. Durante toda a trilha você faz a caminhada no seu ritmo. Não há motivos para se desesperar.

 

Eu fui com um grupo de mais ou menos 15 pessoas. Tinha vez que eu super ficava pra trás, tinha pedaço que eu ia mais na frente… É legal ir no ritmo que te permita apreciar a paisagem, respirar bem e sentir segurança.

 

- Quanto custa a Trilha Inca?

 

Comecei a fazer as pesquisas com várias agencias (dica dos Mochileiros, de conhecidos e tal) e acabei fechando com a Inti Tours, que na verdade fica em Lima e é representada em Cusco pela Cusco Explorer.

 

A brincadeira não fica barata, cá entre nós. Fiz tudo por 380 dólares. Você precisa fazer a reserva com bastante antecedência, uns 3 meses em média! a concorrência é alta!). Na véspera da trilha, dia em que você vai bater um papo com o guia e tirar dúvidas, se paga o resto. Nesse valor está TUDO, alimentação (várias – cafe da manhã, almoço, lanchinho de quando chega no acampamento e janta, tudo uma delícia), acampamentos, entrada para Machu Picchu e trem de volta para Cusco.

 

Se você colocar na ponta da caneta vai sentir o peso. Se for para Machu Picchu sem ser pela trilha, não vai ficar tão caro quanto a trilha, obviamente, mas os 4 dias que você não vai pagar hospedagem, alimentação e tal quase alcança um preço justo, proporcional ao valor da aventura! Vale cada centavo.

 

Eu curti essa agência. A alimentação era ótima, se preocuparam comigo (que não posso com lactose) fazendo pratos específicos e com uma argentina vegetariana. Os guias eram muito pacientes, amigos e explicavam tudo. Os porters (que são os grandes heróis da trilha – são homens que moram nas montanhas e trabalham levando 30 kgs nas costas cada um. Eles saem depois da gente e chegam nos acampamentos bem antes e montam as barracas, fazem comida, etc!) são uns fofos e muito profissionais. A experiência foi positiva.

 

Depois que eu fiz o pagamento do depósito da agência comecei a receber um tanto de recomendação terrorista por email deles. Faça um seguro de vida, se não tiver fôlego não vai dar conta, blablabla. Ajudou a me deixar insegura, mas aí aprendi a ignorar!

 

- O que levar na mochila para a trilha?

 

Eu estava decida a levar uma mochila pequena, de 20 litros, mas aí vi que não dava. Você vai ter que levar consigo durante os 4 dias e 3 noites o saco de dormir, uma esteira para separá-lo do chão e suas coisas pessoais. No fim das contas consegui fazer tudo caber em uma mochila de 30 litros.

 

Sobre o saco de dormir, por favor, não chegue lá com um material comprado no Brasil. Desencana! Você vai precisar de um saco resistente à temperaturas negativas, então para não passar perrengue alugue um por lá. Usei um de pena de ganso que era mais quente que esse verão abafado de Belo Horizonte. Perto da praça das Armas você acha mil lojas que alugam mochila, roupas especiais, calçados e esses equipamentos.

 

Sobre as roupas, recomendo que alugue ou compre por lá também. é até barato, comparado com os preços daqui. Leve um casaco resistente á chuva , corta vento… Aquele agasalho de pluma que você ganhou da sua tia vai ficar fora da mochila!

 

 

Listo aqui o que levei comigo:

 

- Prevenções: protetor solar, repelente, álcool em gel para as mãos, pastilhas de cloro para água (que não usei), soroche pills (para o mal estar da altitude)

 

- Bastão: também aluguei. Preferi aqueles que se adaptam a sua altura (muita gente prefere uns de madeira, tipo cabo de vassoura). Eu gosto muito da opçao, poque quando eu não queria usar eu guardava na mochila. Custo 12 soles para todos os dias.

 

- Roupas: uma calça de trekking (que vira bermuda, sabe? Comprei por 50 soles là), uma calça segunda pele, uma calça resistente À chuva (30 soles lá). Uma blusa leve para cada dia, uma blusa de manga comprida segunda pele e um agasalho (que você pode alugar também!) resistente à chuva e corta vento. Calcinhas e meia (recomendo meias específicas para trekking!)

 

- Calçado: o melhor investimento que fiz foi uma bota Vento que comprei. Vi algumas pessoas sofrendo de dores nos pés, bolhas e tal. Eu nem lembrava que tinha pés, de tanto conforto. Uma bota dessas garante que você passe por chuva, calor, molhe e seque o calçado sem que os pés sofram com tudo isso. Recomendo isso tudo com meias apropriadas que vão absorver o suor e não deixar você sentir frio nos pés. Leve também um chinelo. E só.

 

- Higiene pessoal: a boa vida que levei no Salar de Uyuni me transformou em uma pessoa que sempre acreditava na hipótese de ter um banho no fim do dia, mas aí a trilha inca me mostrou uma nova realidade: NÃO ROLAVA. No segundo dia (o mais punk de todos) eu tentei ser valente e tomar banho na ducha fria que tinha lá no acampamento, mas não rolava, os graus (Quase negativos) me impediram. Então é o seguinte: toalhinha umedecida! Leve um pacote na mochila. Não esqueça também, pelamor de Pacha Mama, o papel higiênico. Já não é fácil usar os banheiros de lá, então, sem chance de você achar papel. Daí o resto do básico (escova de dente, creme dental, etc)

 

- Toalha (daquelas de acampamento, que secam rápido), capa de chuva, uma boa lanterna

 

- Lanchinhos (barra de cereal, biscoitinho, bala, folha de coca…). Câmera e bateria extra (não há eletricidade!) No final das contas eu tirei poucas “MachuPictures” -duh!- porque choviscava muito. Algo pra você escutar música durante a trilha pode cair bem.

 

- Plástico que proteja seus documentos, câmera e tal. Leve as roupas em sacolinhas também para não molhar tudo (você vai suar, é sério).

- Como é o nível da trilha?

O mais tenso da trilha é, de fato, o segundo dia. A gente sobe mais de mil metros. Ora tem escada, ora é um morro mesmo.. Eu achei meio difícil, depois de umas duas horas de caminhada comecei a me sentir mal por causa da altitude e parava todo o tempo achando que ia chamar o juca. O meu estômago ficou meio bugado.

 

Uma das guias que estava na trilha fez uma coisa muito boa que me ajudou. Tirou da bolsinha uma garrafinha de Água Florida, colocou na mão e mandou um respirar fundo sentindo a essência. Incríveis essas magias shamanicas. Na hora comecei a ficar melhor =)

 

De resto, a trilha oscila. Sobe, desce, sobe, desce, sobe, desce. Acho que alguns joelhos vão sofrer as consequências por muito tempo ainda. Eu, grazadeus, não senti nada (Claro, no segundo dia tomei 2 relaxantes musculares antes de dormir).

- Acampamentos

 

São confortáveis e lindos. É incrível você ir dormir deitado diretamente naquele chão andino. Eu, tilelê que sou, ficava ligadona na energia de cada ponto. Rolavam uns sonhos muito malucos nas noites dormidas lá, coisa de doido.

 

Quando a gente chega no acampamento, já está tudo pronto, as vezes até com o rango na mesa. Os porters são muito competentes e ágeis. Isso é algo importante para ver na hora de decidir a sua agência (algumas trabalham com burros para levar esse equipamento, e é você quem tem que montar sua barraca depois de caminhar dezenas de kms no dia).

 

A agência que eu contratei nos obriga a dividir a barraca. Como eu estava sozinha dei uma gelada nessa hora. As única pessoas que estavam fazendo o rolê sozinhos eram homens e eu não tava muito disposta a dividir a pequena barraca com um deles. Daí um suposto casal de venezuelanos (que na verdade eram só amigos, viva ozamigos fofos e compreensivos!) topou me ajudar: o Ronald dividiu barraca com um argentino e a Maria Alejandra comigo. Eles foram o maior presente que encontrei na trilha <3

 

- Sensações

 

- Além dessas experiências de ter sonhos surreais e muito vívidos, era interessante sentir uma paz absoluta durante a caminhada. Uma coisa inédita, muito pura.

 

- O mal estar da subida era uma confusão entre “socorro, vou morrer de dor de barriga” e “vou jucar”. No fim das contas, nada acontecia, fato que aumentava a sensação desesperadora. Mas passou rapidinho. O lance é respirar fundo (viva os exercícios de respiração das aulas de meditação).

 

- Na maior parte do tempo eu ficava nas nuvens (não no sentido figurado). Era muito legal a sensação de estar dentro da nuvem, no topo de uma montanha. Fixar o olhar em algum ponto, como uma árvore, era divertido, já que as moléculas de água se moviam e davam um efeito de movimento engraçado na paisagem.

 

- Frio, calor, frio, calor. Ai que vento. Nossa, que calor!!!

 

- O ar não entra no pulmão nas alturas. É bizarro.

 

- Sentir muito sono e ir dormir às 9 da noite, acordar super disposta às 4 da manhã. Isso era rotineiro.

 

- 4 dias e 3 noites sem eletricidade. Que dia eu ia pensar que isso aconteceria na vida? Francamente, nâo senti falta NENHUMA. Nem lembrava!

 

- Ah.. a Pacha Mama. Que coisa incrível que é aquela vegetação! Selva, floresta, montanha, cachoeira, rio Urubamba violentamente fazendo aquele chiado o tempo todo. Teias de aranhas lindas, perfeitas, matemáticas!

 

- Os incas eram os caras. Não vou discorrer sobre o assunto, mas é algo de outro planeta tanta nerdice assim!

 

- Chegar em MachuPicchu, sinceramente, não tem o mesmo impacto. Primeiro porquê a gente estava MORTO, pois no último dia saímos às 4 da matina, e segundo porquê a vivência da trilha é tão grandiosa, que o destino se torna algo menos relevante. Tem alguma frase desses pensadores famosos que fala sobre isso, que se você chegar ao destino e se surpreender é porquê não fez o caminho direito. É bem isso a verdade.

 

- Tava todo mundo superando um desafio ali. Tinha um casal de americanos muito fofo. Nos momentos de subidas tensas, eles criaram um ritmo para aguentar o tranco sem cansar muito. Pisavam com o direito, o esquerdo, e respiravam fundo. Depois o mesmo, no degrau de cima. E assim os dois criaram uma marcha para superar os momentos mais difíceis da trilha, e juntos seguiam o ritmo, um ao lado do outro. Achei bonito o apoio que um dava pro outro.

 

- Eu fiquei realmente comovida com os porters. Eles são muito humildes, grandiosos, fortes! Alguns nem falavam castellano, apenas quechua. Eles carregavam bojões de gás, barracas, bancos, tudo nas costas e pisavam certeiramente em cada pedra daquele caminho milenar. Eles sempre passavam concentrados. Enquanto nós, meros mortais, pensávamos muito antes de dar um passo, escolhendo a melhor pedra pra pisar, eles simplesmente caminhavam, e passavam. Calçavam os pés judiados com sandálias de couro gastas, tênis que imitava All-star ou até mesmo chinelos. Não tinha ninguem com mimimi de bota de trekking.

 

- Lhamas e alpacas são seres evoluídos <3

 

- Eu já conhecia Machu Picchu, mas tinha feito um rolê sem guia. Com guia é muito mais interessante, fato!

 

- Na saída do último acampamento o guia nos orienta a fazer uma vaquinha com gorjeta para os porters. Na hora de entregar, o pessoal me escolheu (aquele papo de livre e espontânea pressão) para fazer um discurso em nome do grupo. Soltei meu portunhol e manifestei toda admiração que eles conquistaram do grupo.

 

 

 

- Ah.. o grupo! Eu ganhei uma família ali. Tinha muita gente da argentina, que estava sempre a falar sobre os peculiares palavrões de cada lugar e a situação econômica complicada do país. O Mingo, um coreano muito simpático, também era muito carismático. Claro, teve os venezuelanos que eu troxe no coração também.

 

A história é essa. Eu espero ter ajudado alguém a enfrentar essa aventura, esse desafio pessoal. É purificante, revigorante e lindo!

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Muito bom já sentir a energia da trilha antes mesmo de ir. Obrigado por compartilhar.

 

Planejo fazer a trilha em agosto, até então a agência mais barato que tinha encontrado foi a Qorianka, 400 dólares. Peguei o contato da Inti Tours que você colocou nos comentários do relato com fotos e vou conversar com eles =)

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E se alguém passar mal, de verdade, na trilha? Tem algum tipo de resgate ou socorro?? rsrsr.

É porque eu ja pensei em fazer, mas eu tenho mto medo de passar mal, subindo qualquer morro ao nível do mar eu fico sem ar...acho q eu não aguentaria tanta altitude. Até me encorajei um pouco agora , já que vc comentou que era sedentária, eu tb sou.

Adorei o relato... Obrigada!

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deve ter sido uma experiência maravilhosa mesmo ::hahaha::

o segundo dia foi o único sem banho de verdade né? nos outros dias vcs tomaram banho no chuveiro mesmo? só tinha água gelada?

não sei se eu daria conta de ficar um dia sem tomar banho, não consigo dormir empapada de suor ::hein:

bjos!

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Me deu coragem para fazer! Vou para o Peru dia 30 de Agosto começando em Cusco (Vale Sagrado+ City Tour + Machu Picchu ) - Arequipa ( Trilha cañón del Colca) e Nazca (Conhecer a famosa linhas de Nasca) e volto para Cusco. 16 dias no total.

Agora estou tentado a fazer a trilha Inca hahaha ::otemo::

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deve ter sido uma experiência maravilhosa mesmo ::hahaha::

o segundo dia foi o único sem banho de verdade né? nos outros dias vcs tomaram banho no chuveiro mesmo? só tinha água gelada?

não sei se eu daria conta de ficar um dia sem tomar banho, não consigo dormir empapada de suor ::hein:

bjos!

 

no fim das contas, não tomei banho direito.

no segundo dia eu desejei profundamente um banho, mas nao tinha agua quente. não rolou. rs

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Me deu coragem para fazer! Vou para o Peru dia 30 de Agosto começando em Cusco (Vale Sagrado+ City Tour + Machu Picchu ) - Arequipa ( Trilha cañón del Colca) e Nazca (Conhecer a famosa linhas de Nasca) e volto para Cusco. 16 dias no total.

Agora estou tentado a fazer a trilha Inca hahaha ::otemo::

 

se tiver um tempinho sugiro deixar mais dias em cusco. lá é muito gostos e vc tem outros passeios pra fazer, como MAras Moray :)

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