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Textos ecológicos


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UM ALUNO DIFERENTE

A professora levou seus alunos até os jardins do colégio para lhes falar sobre a natureza mostrando-lhes a natureza viva.

Aproximou-se de um flamboyant, coalhado de flores, e perguntou aos alunos que árvore era aquela.

Alguns, disseram que era uma árvore, apenas. Outros, que aquela árvore era um flamboyant, pois em sua casa havia um semelhante.

Uma menina falou que os flamboyants só servem para fazer sujeira na calçada, quando derrubam as flores, pois isso é o que sua mãe diz sempre.

Um garoto disse que seu pai havia cortado um, recentemente, pois suas raízes racharam o muro de seu quintal.

Mas Pedro, menino de alma sensível, começou dizendo que via ali muito mais que uma árvore.

Disse que via as flores, muito belas por sinal, mas que também podia sentir seu suave perfume.

Chamou atenção para as abelhas que pousavam de flor em flor, e também dos pássaros que buscavam refúgio em seus galhos aconchegantes.

Lembrou que todos estavam sob a sombra generosa que as folhas propiciavam, e apontou para alguns insetos que passeavam, ligeiros, pelo tronco gentil.

Falou, ainda, das muitas vidas que encontram guarida naquele flamboyant desprendido, como liquens, musgos, pequenas bromélias e outras tantas formas de vida que se podia perceber.

“Eis o que percebo, professora”, falou Pedro, com a espontaneidade de um pequeno-grande poeta.

A educadora, ainda embevecida com a aula que acabara de receber, falou amavelmente: “você tem razão, Pedro. Definir este pequeno universo simplesmente como uma árvore, é matar toda a sua grandeza e majestade.”

Existem pessoas que não percebem os flamboyants floridos em praças, bosques e ruas. Elas são muito ocupadas para perder tempo com coisas sem importância.

Tem pessoas que definem flores e folhas apenas como sujeira indesejável.

Outras preferem cortar árvores de dezenas de anos, para que não rachem seus muros e calçadas de cimento.

Existem também aquelas para as quais os flamboyants representam alguns cifrões. Cortados, poderiam oferecer madeira para lenha ou se transformar em belos móveis.

E há aquelas pessoas, como o pequeno Pedro, que vêem muito mais que uma simples árvore. Vêem o autógrafo do Criador, na majestosa obra da natureza.

E você, a que grupo de pessoas pertence?

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CAMPING

4 de janeiro. Querido diário: amanhã vamos procurar um lugar para acampar. Não agüentamos mais essa cidade.

7 de janeiro. Querido diário: achamos um lugar maravilhoso para camping. É tão bonito que papai combinou com uns amigos para voltarmos.

11 de janeiro. Querido diário: foi fantástico. Havia mais de dez casais com crianças, apaixonados pela natureza. Limpamos um pouco o local, derrubamos algumas árvores e agora há mais espaço para todos.

22 de janeiro. Querido diário: o camping está cada vez melhor. Os vendedores ambulantes descobriram nosso acampamento e agora se pode comprar de tudo lá. O número de famílias aumentou muito e já tem gente que nunca vi mais gorda. Já tem churrasqueiras e sanitários.

3 de fevereiro. Querido diário: conheci um amigo, Paulo. O pai dele é dono de uma farmácia e isso foi sorte porque sempre se precisa de quem entenda de saúde no mato. Ah, fizeram umas ruas pelo meio da floresta. Falam em instalar água e luz no camping. É mais conforto.

27 de fevereiro. Querido diário: instalaram água e luz. Em boa hora, porque o camping está tão grande que precisava mesmo. Os ambulantes decidiram que é melhor ficar fixo lá e montaram umas tendas que não fecham a semana inteira, de tanta gente que vai lá. Paulo disse que o pai dele vai botar um ambulatório lá.

8 de março. Querido diário: hoje eu resolvi conhecer o camping todo. Sabe, eu e o Paulo levamos mais de hora para percorrer o lugar. Acho que vem gente de toda parte para aproveitar o clima e a paisagem. Assistimos a uma discussão por causa do espaço que virou briga. Felizmente o camping tem polícia permanente e tudo se acalmou logo. Parece que vai haver um posto policial na área. Na zona nova do camping já tem um pessoal que em vez de barracas fez cabanas lá e estão passando temporadas inteiras sem sair da região.

2 de abril. Querido diário: tive uma surpresa, hoje, Tem telefone no camping. É só uma cabine da companhia telefônica, mas é possível que em seguida se instale uma central. Outra novidade: o pai do Paulo levou a farmácia dele pra lá. Fica na avenida principal e como tem muitas lojinhas e casas comerciais eles se reuniram e estão pedindo calçamento no camping. Depois da janta fomos à primeira sessão do cineminha do camping.

11 de julho. Querido diário: o banco do papai tomou uma decisão das boas: abriu uma filial lá e deu a gerência pro velho. Mudamos logo para uma casa alugada por uma grana sem fim (aqui tem especulação imobiliária também), meio longe mas confortável. O pessoal da associação de bairros elegeu papai como presidente. A reunião da posse não foi boa: todo mundo se queixou que não deu pra ouvir o discurso de papai por causa do barulho da construção do edifício do centro comercial (nove andares) ao lado. Ontem vimos uma barraca de lona. Incrível.

29 de julho. Querido diário: papai ficou irritado com o camping. Houve um engarrafamento na nossa quadra e ele não pôde ir pescar. Talvez compre uma casa fora do centro. Fico longe do Paulo, mas há a linha de ônibus. Quem reclama são os caras dos arrabaldes: pra eles é difícil ter que vir até aqui onde tem padarias, lavanderias, oficinas, hospital, etc. Começaram, aliás, a construção do aeroporto. E a central telefônica ficou uma beleza.

15 de setembro. Querido diário: li no jornal do camping que em breve teremos uma estação de tevê. Chega de ouvir só aquelas rádios com comerciais. Iniciaram uma campanha de plantar árvores e cuidar mais da água. Isso é bom pro camping. Conscientizar o povo, né? A polícia tem muito trabalho é com os marginais. Fora isso, nós acreditamos no progresso do camping, como diz papai.

26 de outubro. Querido diário: Paulo trabalha numa firma metalúrgica. É a maior chaminé do camping. O trânsito está maluco. A vida aqui está cara. Fiz quinze anos. A poluição das indústrias incomoda. Vêm aí as eleições para prefeito do camping. Estão removendo vilas pobres inteiras para longe. Aconteceu um suicídio. Falta luz. O time do camping não entrou no nacional. Assaltaram outra vez o supermercado.

6 de dezembro. Querido diário: amanhã, vamos procurar um lugar para acampar. Não agüentamos mais essa cidade.

(José Guaraci Fraga)

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O CANTOR PRISIONEIRO

 

(Assis Brasil)

 

Uma velhinha ganhou de presente de seu filho um lindo sabiá preso em uma gaiola. Quando a velhinha falava com ele, recebia, como resposta, seus olhinhos tristes. Ela ficava pensando em uma maneira de aliviar o sofrimento do bichinho.

 

No dia seguinte, bem cedo - o sol saindo por trás de uns pés de ipê, cheios de flores amarelas -, a velhinha se aproximou da gaiola com um leve sorriso nos lábios.

 

Seus olhos estavam brilhando mais do que de costume, como se tivesse encontrado a resposta para alguma coisa.

 

Como sempre fazia pela manhã, puxou a parte de baixo da gaiola, a "gaveta", para fazer a limpeza, e abriu a portinhola para apanhar a cuia d'água.

 

Foi neste instante que o sabiá notou que ela deixara a porta da gaiola mais escancarada do que era de hábito, quando ficava sempre com uma das mãos tapando a entrada.

 

Então ele sentiu que poderia passar por ali, e não perdeu tempo, saiu como um raio por entre a mão da velhinha e a grade da porta entreaberta.

 

Executou um vôo reto e firme, embora tenha chegado a bater um pouco com o peito na parte dura das grades da gaiola. Mas não se ferira, não interrompera o seu vôo.

 

Somente quando pousou no pé de jamelão, em frente à casa, foi que se considerou livre - todo o céu azul da linda manhã se abria agora ante seus olhos e a brisa que eriçava suas penas era mais suave e reconfortante.

 

Nunca se sentiu tão bem na vida.

 

Ele olhou para o alpendre da casa e viu a velhinha. Ela estava calma, sorrindo em sua direção. E se sorria era porque estava alegre e chegou a fazer um aceno com a mão para o passarinho, como se estivesse lhe desejando uma boa viagem de volta ao seu ninho, ao seu mundo livre de prisões.

 

Então o sabiá entoou o seu belo e harmonioso canto, como se agradecesse à velhinha pelo seu "descuido" ao lhe abrir a porta da gaiola.

 

E naquele instante os dois, a mulher e o passarinho, se juntaram num só sentimento: a alegria de saber que a vida é liberdade e amor. Pássaros, pessoas, bichos, todos poderiam viver juntos, sem a necessidade de perseguição ou de prisões.

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VERMELHO

 

(Mila Ramos)

 

Não é pôr-do-sol,

nem de bandeiras,

nem de raros rubis.

Este vermelho

é de rasgada veia

no profundo do mar:

É sangue de baleia!

De baleia roliça,

primeira bailarina

do balé aquático

- baliza flutuante -

acrobata menina,

saltimbanco.

Volteia e dança

pelos palcos dos mares,

estrela obesa e nua,

em contorções exóticas,

provocantes,

sensuais.

Ingênua criatura!

Nem suspeita

que o olho que a espreita

nada tem de paixão.

É insano humano baleeiro.

E este vermelho que surge,

e deixa o mar tingido,

nada tem de flechada de cupido:

É arpão, bailarina!

... da penúltima cauda, o abano.

... do penúltimo espetáculo dos mares,

vermelho de sangue e de vergonha,

um homem, sem nome, fecha o pano.

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CAÇADORES BENÉFICOS

 

(Júlia L. de Almeida & Afonso L. de Almeida)

 

Protegendo o ninho, a árvore protege o homem.

 

- Por quê?

 

Porque os passarinhos são os melhores e mais ativos defensores das nossas lavouras e da nossa saúde. Sem o auxílio dos pássaros - esses caçadores vorazes e agilíssimos - o Mundo acabaria por ser devastado por legiões de lagartas, moscas, aranhas, gafanhotos e mosquitos.

 

Quantas doenças mortais ou repugnantes as ferroadas de alguns desses insetos transmitiriam à gente do campo, se a fome e a atividade dos pássaros não a preservassem do mal, aniquilando-lhes o inimigo?

 

Quantas plantações seriam destruídas, quantos rios contaminados, quantas florestas abatidas pelo caruncho e o cupim, se as avezinhas, saneados da terra, não se alimentassem de insetos?

 

Quem ama a vida e os homens deve, pois, amar os pássaros e protegê-los, para que eles possam continuar a proteger-nos.

 

Deixai tranqüilos os ninhos!

 

Não mateis os passarinhos!

 

Sabei que as aves são as protetoras

 

Dos homens, das florestas, das lavouras!

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A DESTRUIÇÃO DO PINHEIRO

 

(Guido Wilmar Sassi)

 

Dois homens manejavam a serra, em movimentos rítmicos e monótonos. A lâmina de aço já calara mais da metade e, em cada vaivém, mais e mais se aprofundava na carne do pinheiro. Os dentes cortantes continuavam no seu rilhar sem tréguas e a serra entranhava-se pouco a pouco. De repente, os homens gritaram, pondo-se em guarda. O pinheiro oscilou um pouco e começou a tombar, devagarinho a princípio; depois com uma força e um determinismo que nada poderia evitar, como uma avalanche que se despenha. Os gemidos da madeira estalando cortaram o ar e o gigante chocou-se afinal contra o solo, num fragor imenso, num barulho de tempestade.

 

Para não ver nem ouvir mais nada, João Onofre fechou os olhos, tapou os ouvidos, e abalou para dentro da casa. Por alguns instantes, um silêncio sepulcral caiu sobre tudo e, logo a seguir, os machados entraram em ação. João Onofre voltou a olhar. Os homens se atiraram ao tronco inerte, deceparam os seus galhos e desfizeram-no em toras. Depois avançaram-lhe na casca, arrancando-a aos pedaços, até que o deixaram desnudo, pelado, a epiderme branca alvejando ao sol. Veio um carroção tirado por duas juntas de bois. Com gritos e ordens os homens colocaram as toras dentro dele e puseram-se a caminho.

 

João Onofre saiu de casa. A cena parecia o campo abandonado de uma batalha; havia mesmo um ar de morte em torno. O arbusto e as árvores menores haviam sido esmagados pela queda do monstro; galhos a verter seiva, esparsos aqui e ali, lembravam braços e pernas arrancados a um corpo ainda há pouco cheio de vida; ramos juncavam o chão e cavacos estavam espalhados por todos os lados. No lugar em que a velha árvore se erguia altiva, havia agora apenas um toco sem vida, que inutilmente se agarrava ainda com suas raízes enterradas no coração da terra. Na ferida feita pela serra, a contrastar com o verde-escuro da casca, branquejava o cerne, na sua alvura de osso, a sobressair de um membro amputado e sangrento.

 

Cabisbaixo e triste, o velho pôs-se a seguir a carroça que se dirigia em seu rodar lento, pelas estradas mal traçadas, em demanda ao local em que se achava a serraria, o monstro insaciável, onde o seu pinheiro seria mutilado ainda, a sofrer a tortura de vários dentes de aço em sua carne, onde seria transformado em tábuas e pranchões - tábuas e pranchões que se traduziriam em dinheiro nos bolsos dos donos da terra.

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NATUREZA

 

Eu não entendo à natureza!

E não sei se muitas pessoas a entendem.

Acho que não!

O que ocorre é que a maioria das pessoas não

presta atenção,

ou estão muito ocupadas ou não tem os pés no chão.

Vivem tão distraídas pensando em ganhar o pão,

não observam os estragos que acontecem em cada estação.

Às vezes vemos injustiças que merecem reparação.

Defendo aqui uma mangueira...

árvore frondosa e bela,

que sem muito sacrifício eu a enxergo da minha janela.

Este ano eu tive tempo,

por isso pude acompanhar,

desde o início da florada,

até agora,

sobre o que eu passo a relatar.

Eu fico aqui pensando...

quanto trabalho deve dar,

para uma árvore de aquele tamanho poder se amparar?...

A raiz mestra de uma árvore é como o arrimo do lar,

ela se fixa no solo,

para água e sais retirar.

Que esforço não será feito para que estas substâncias

possam circular.

Além de outros afazeres ela precisa se agarrar

para manter o equilíbrio do todo,

da árvore que conseguiu criar.

Tem que engrossar o seu tronco para os galhos comportar,

A esses lhes dar forças para as folhas que vão criar.

E ainda a fotossíntese que é de importância vital.

É a formação de substância orgânica nas células providas de clorofila, por influência da luz

Sendo o único movimento que a sua vida conduz.

Sem esquecer a última parte que é a espécie perpetuar,

é quando aparecem os frutos que muitas sementes vão dar.

Vem então as rudes mudanças que a natureza produz,

pobrezinha da mangueira que tanto precisa de luz.

Estava verdinha de contente,

com tantos frutos pequenos pendurados,

parecia mostrar os dentes,

vendo seus esforços compensados

raciocinando como gente.

Mas eis que a natureza malvada...

sem prévio aviso a luz retirou,

provocando uma grande mudança no tempo,

que só sabe quem presenciou.

Uma grande tempestade acompanhada de trovoada,

chuva forte e grande ventania,

dobrando os galhos da mangueira, só vendo que agonia...

A cada rajada que vinha, a mangueira parecia chorar...

agarrando-se nas manguinhas por aqueles talinhos finos que não tiveram tempo de engrossar.

Ela lutou até enquanto pode para as manguinhas defender,

parecia uma mãe acuada,

com seus filhos abraçados,

sem ter para onde correr.

A própria mangueira sabia que as manguinhas

iam morrer.

E de rajada em rajada,

até passar a tempestade,

a pobre mangueira coitada,

viu seus esforços serem em vão,

quando olhou ao seu redor todas as manguinhas

espalhadas pelo chão...

Num último e heróico esforço seus grandes galhos se dobraram em um imenso arrastão...

As gotas que caíram não eram de chuva não,

eram lágrimas que rolavam de quem se despede dos irmãos.

A pobre árvore, coitada, em silêncio só chorava,

numa atitude passiva para uma nova estação se preparava...

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CLASSIFICADOS POÉTICOS

 

Procura-se algum lugar no planeta

 

onde a vida seja sempre uma festa

 

onde o homem não mate

 

nem bicho nem homem

 

e deixe em paz

 

as árvores da floresta.

 

Procura-se algum lugar no planeta

 

onde a vida seja sempre uma dança

 

e mesmo as pessoas mais graves

 

tenham no rosto um olhar de criança.

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CIMENTO ARMADO

 

(Paulo Bonfim)

 

Batem estacas no terreno morto,

 

No terreno morto surge vida nova.

 

As goiabeiras do velho parque

 

E os roseirais abandonados,

 

Serão cortados

 

E derrubados.

 

Um prédio novo de dez andares,

 

Frio e cinzento,

 

Terá seu corpo de cimento armado

 

Enraizado no velho parque

 

De goiabeiras

 

De roseirais.

 

Batem estacas no terreno morto:

 

Século vinte...

 

Vida de aço...

 

Cimento-armado!

 

Batem as estacas

 

Um prédio novo, de dez andares,

 

Terraços livres,

 

Pássaros presos,

 

Rosas suspensas,

 

Flores da Vida,

 

Rosas de dor.

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LENDA DA CIDADE

 

(Célio albuquerque)

 

A floresta tinha árvores.

 

As árvores tinham ninhos.

 

Os ninhos tinham ovos.

 

Os ovos tinham aves.

 

As aves tinham o canto,

 

no canto toda beleza.

 

Hoje não tem floresta,

 

poucas são as árvores,

 

poucos são os ninhos,

 

poucas são as aves,

 

e é triste seu cantar.

 

... E a ave da cidade,

 

por falta de árvores,

 

fez seu ninho no telhado

 

ao lado da antena de tv...

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