Membros de Honra MariaEmilia Postado Setembro 22, 2009 Membros de Honra Postado Setembro 22, 2009 O Globo / Blog de Ricardo Noblat http://oglobo.globo.com/pais/noblat/ Enviado por Gisele Teixeira - 22.9.2009| 13h28m [align=justify]Com a chegada da primavera, uma das melhores formas de conhecer Buenos Aires é a pé. O fato de a cidade ser plana ajuda muito e pode-se caminhar por horas, parando num café aqui, noutro ali, sem se cansar. Além disso, é preciso gastar as calorias ingeridas em deliciosas media lunas de manteiga, bifes de chorizo e inevitáveis vinhos. Tenho dois excelentes guias para quando saio sozinha pela cidade. O primeiro é “Buenos Aires – 16 recorridos a pie” (Ed. Debols!llo), de Gabriela Kogan, que tem um formato ótimo para levar na bolsa. O outro se chama “Buenos Aires tiene historia: Once itinerarios guiados por la ciudad”, editado pelos Eternautas (http://www.eternaustas.com), um grupo de historiadores da Universidade de Buenos Aires que oferece caminhadas culturais pela capital argentina. Foi por sugestão deles, aliás, que na semana passada fui fazer uma visita guiada pelo Hotel Plaza, que completa 100 anos em 2009. Foi o primeiro hotel de luxo da América Latina, numa época em que o país florescia e que era bem comum a expressão “rico como um argentino”. Vejam bem: era início do século XX e Buenos Aires tinha 90 salas de cinema e 23 jornais, começava-se a construir o metrô e também um arranha-céu, o Kavanagh. O Plaza era o símbolo da belle époque portenha, tinha inclusive elevadores e um sistema de ventilação que utilizava barras de gelo. Foi também onde começaram a tocar as primeiras orquestras de tango ao vivo. Assim, pode-se dizer que o Plaza tem tanta história como o Ritz, de Paris, para fazer uma comparação que os argentinos adoram. De frente para a histórica Plaza San Martin, o hotel foi construído em tempo recorde de dois anos para ficar pronto antes dos festejos do centenário da Revolução de Maio, em 1910, que lotaria a cidade de visitantes. Era um empreendimento considerado arriscado, porque até então todos os hotéis se alinhavam ao largo da Avenida de Maio, ou no centro, perto dos bancos e dos teatros. Mas deu tudo certo. Menos para seu idealizador. O empresário Ernesto Tornquist, um dos mais poderosos membros da elite portenha, morreu um mês antes da inauguração do empreendimento. Hoje, o hotel pertence à quarta geração da família que, desde 1995, entregou a administração do hotel à cadeia internacional Marriott. O recorrido começa no restaurante Plaza Grill, único ambiente que mantém a decoração original de 1909, o que inclui mosaicos holandeses Delft nas paredes, sofisticados abanicos trazidos do Paquistão e uma enorme lareira Tudor. O lugar, onde as mulheres praticamente não entravam, foi decorado para lembrar uma cozinha de campo, um ambiente informal e, assim, facilitar as conversas sobre negócios e política. O chefe garante que o restaurante funciona até hoje com a mesma “liturgia” do início do século passado. Foi com meus pezinhos cerca da mesa onde um dia Pavarotti cantou à capela para os garçons que fiquei sabendo de algumas fofocas. Isadora Duncan teve de deixar os brincos de esmeralda na recepção como garantia porque não tinha dinheiro para pagar a conta; Louis Armstrong tocou trompete na janela para agradecer uma serenata e Charles De Gaulle, com seus mais de 1,90m, dormiu numa cama feita sob medida (a mesma que depois foi usada por Rock Hudson). Histórias não faltam. O Plaza é o hotel onde ficam hospedados todos os convidados do governo argentino. Pela suíte diplomática (a 470) passaram quatro presidentes norte-americanos e cinco franceses, além de reis e até o imperador Hiroito, do Japão. Pelas outras, artistas como Joan Crawford, Ginger Rogers, Catherine Deneuve, Lisa Minelli, Maria Callas, Pirandello, Edit Piaf, Luciano Pavarotti e Sophia Loren. O hotel não é hoje o mais sofisticado de Buenos Aires, mas ainda tem seu charme e fica numa região belíssima, cujas construções sintetizam a época mais aristocrática do país. Minha dica para um dia de primavera, então, é trocar o Caminito pelo bairro do Retiro, fazer uma caminhada e terminar com uma taça de champanhe, por supuesto. Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo (giseleteixeira.wordpress.com), com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha.[/align]
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