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Três peregrinos sobre duas rodas no Caminho de Santiago


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http://oglobo.globo.com/viagem/mat/2009/09/23/tres-peregrinos-sobre-duas-rodas-no-caminho-de-santiago-767735301.asp

 

[align=justify]SANTIAGO DE COMPOSTELA - Com mais de mil anos de história, o Caminho de Santiago mobiliza todos os anos uma grande quantidade de pessoas de todas as partes do mundo que peregrinam rumo à cidade espanhola de Santiago de Compostela, onde estão guardados - dentro de sua majestosa catedral - os restos mortais do apóstolo São Tiago Maior. Mas o que será que mantém viva esta tradição em pleno século XXI?

 

Para tentar encontrar as respostas para esta pergunta, eu e os atletas Jaime Vilaseca e Pedro Arraes embarcamos, em julho, numa expedição que rendeu o blog "Nos pedais de Santiago" . De bicicleta, percorremos 820 quilômetros, em 16 dias, pelas trilhas do Caminho de Santiago, e vivemos na pele as sensações de verdadeiros peregrinos. Algumas delas, com dicas para quem quiser repetir a experiência sem enfrentar problemas ao longo da jornada, nós contamos a seguir.

 

 

E aos que planejam a sua peregrinação, a Espanha se prepara para receber um número muito grande de fiéis em 2010, que será um Ano Santo Jacobeu - que é quando o Dia de Santiago Maior, 25 de julho, cai em um domingo, numa tradição religiosa que vem desde a Idade Média. Os governos locais irão preparar uma programação cultural intensa para os peregrinos.

 

Muitas pessoas planejam durante anos uma viagem pelo Caminho de Santiago no Ano Santo. Geralmente, como o fluxo de peregrinos é muito intenso, o exército espanhol chega a montar tendas de campanha para dar abrigo aos peregrinos que não conseguem vaga em albergues, hotéis e hospedarias paroquiais superlotados.

 

 

No inverno, neve pode desorientar os peregrinos

Considerado um dos roteiros mais místicos do mundo, o Caminho de Santiago foi declarado Patrimônio da Humanidade na Espanha e na França pela Unesco. E não é para menos. Das diversas rotas que levam a Santiago de Compostela, onde está enterrado o discípulo de Jesus que pregou na Península Ibérica antes de ser morto em Jerusalém, optamos pela mais popular e tradicional delas, conhecida como o Caminho Francês.

 

 

Nossa aventura teve início no dia 9 de julho, em Saint Jean Pied de Port, na França, de onde partimos para enfrentar a primeira e difícil etapa que atravessa um pedaço dos Pirineus, até Roncesvalles, já na Espanha. Após 820 quilômetros pedalados, em 16 dias, chegamos a Santiago de Compostela no dia 24 de julho, véspera do Dia de Santiago, quando as autoridades locais organizam uma grande festa para celebrar a data de seu maior símbolo religioso.

 

Além de riquezas culturais, espirituais, históricas, religiosas e artísticas do trajeto, a expedição revelou a face esportiva de uma rota que conta com uma grande infraestrutura hoteleira e gastronômica, para peregrinos e para turistas. Priorizamos albergues públicos ou paroquiais para estabelecer maior contato com outros peregrinos. Mas ficamos também em albergues privados, que fechavam após as 22h, já que precisávamos atualizar o blog à noite.

 

 

Fazer o Caminho de bicicleta ainda não é uma prática muito usada pelos brasileiros, que estão entre os estrangeiros que mais peregrinam por lá. A boa notícia é que não é preciso ser atleta para optar por esta alternativa. Basta se preparar fisicamente com antecedência para enfrentar longos percursos diariamente, nos mais variados terrenos.

 

As condições climáticas mais amenas para este desafio são encontradas nos meses de maio e setembro, mas quem estiver preparado consegue enfrentar o calor do verão europeu, de junho a agosto. Não é recomendável que se faça o Caminho no inverno, pois, além do frio, muitos trechos ficam encobertos pela neve, que esconde a sinalização e faz com que o peregrino corra o risco de se perder.

 

Ao longo de todo o ano, os que vão a pé pelo Caminho são maioria. Uma pequena parte opta pela bicicleta, do tipo mountain bike, e são raros os que ainda vão a cavalo nos dias de hoje. Os ciclistas geralmente escolhem seguir pelas estradas de asfalto (carreteras), por considerarem as trilhas muito difíceis e perigosas para as bicicletas. Mas nós optamos por fazer o Caminho todo pelas trilhas, as mesmas pelas quais seguem os andarilhos, pois elas oferecem as paisagens mais bonitas, e dão uma sensação de imersão maior no universo dos peregrinos. Para Jaime Vilaseca, integrante responsável por coordenar a logística da expedição, a experiência foi enriquecedora:

 

- O ciclista enfrenta desafios e se diverte ao mesmo tempo. Para quem gosta de esporte, de mountain bike, é um prato cheio.

 

A rotina do ciclista é bem agitada. Os que caminham andam uma média de 25 quilômetros por dia, mas os que vão de bike percorrem ao menos o dobro da distância no mesmo período, podendo passar em muito esta quilometragem, dependendo do planejamento, dos objetivos e do preparo de cada um. Mas não há como comparar. Cada meio tem desafios e prazeres distintos, que só podem ser relatados por quem os vivenciou.

 

Quem vai a pé costuma deixar os albergues bem cedo, antes das 6h. Já quem vai de bike sai um pouco mais tarde, entre 7h e 8h. Quem tiver mais tempo deve programar-se para fazer o Caminho Francês em até 20 dias, para aproveitar as pequenas cidades, muitas delas nascidas graças ao movimento dos peregrinos ainda na Idade Média.

 

Nosso planejamento foi elaborado antes do embarque, levando em consideração o tempo disponível, as altitudes que iríamos encontrar no itinerário e a estrutura das cidades. Separamos dois dias livres no roteiro, que serviram de coringa para possíveis imprevistos na viagem.

 

Pedro Arraes, que atuou como coordenador técnico da expedição, recomenda que o peregrino já leve a bicicleta do Brasil, em vez de deixar para comprar por lá, como alguns fazem.

 

- Estar habituado com a bicicleta é fundamental para quem vai passar dias e dias pedalando. O ideal é que a escolha seja feita com antecedência, para que a pessoa possa andar com a bike, identificar o que está incomodando e ter tempo de providenciar os ajustes necessários antes da viagem. É preciso ligar para a companhia aérea para reservar espaço no avião e se informar sobre eventuais taxas extras - alerta.

 

Credencial do Peregrino dá acesso a albergues

Como a prioridade é para quem segue a pé pelo Caminho, os albergues públicos (governamentais ou paroquiais) costumam aceitar ciclistas somente a partir das 17h, horário em que provavelmente todos os andarilhos já alcançaram seus destinos e não correm o risco de ficar sem lugar para dormir. Assim que se consegue uma cama, os próximos passos são invariavelmente lavar as roupas usadas no dia, tomar um banho e fazer uma refeição - geralmente um "menu do peregrino", que consiste em entrada, prato principal, pães, água, vinho e sobremesa.

 

A Credencial do Peregrino - um item essencial para provar a peregrinação e conseguir a Compostelana, um certificado de conclusão do trajeto, em Santiago de Compostela - dá ao viajante acesso aos albergues. Muitos deles são gratuitos ou cobram apenas um valor simbólico. Neles, não há luxo, e os dormitórios são compartilhados, com beliches para todos os lados. Quem estiver disposto a gastar um pouco mais tem a opção, na maioria dos povoados, de pernoitar em estabelecimentos particulares. Nas cidades maiores, há hotéis a partir de duas estrelas com preços acessíveis para passar uma noite ou outra.[/align]

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