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Passeando a pé por Copenhague


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O tempo estava voando e a viagem chegando ao fim. Parti de trem de Berlim, fiz uma conexão rápida em Hamburgo e segui para a capital dinamarquesa. Durante o trajeto, o trem se dividiu e entrou no ferry para percorrer parte do percurso – coisas que não vemos pelo nosso país, infelizmente.

 

A uma semana de voltar pra casa, a emoção de conhecer novos lugares já se confundia e dava lugar à emoção de estar chegando ao fim da minha missão – que significava concluir o mochilão por 28 países e voltar pra casa para reencontrar a minha família.

 

Chegando em Copenhague, desembarquei do trem e comecei a peregrinação à procura do albergue. As informações que tinha anotado não batiam e custei a encontrá-lo. Ao fazer o check-in no Dan Hostel Downtown, fui informado que eles não haviam recebido a minha reserva do site onde eu a havia feito. Problemas à vista? Não, muito pelo contrário! Acabaram por me encaixar em um quarto privativo pelo preço do dormitório compartilhado que eu havia solicitado. Mesmo que tenha sido apenas para a primeira noite, foi ótimo!

 

Saí pra rua, saquei Dkk 200 (equivalentes a uns € 27) e fui comprar algumas coisinhas para comer em uma loja de conveniência 7 Eleven. E foi lá que me dei conta de como são caras as coisas na Escandinávia. Paguei Dkk 65 por uma coca, um sanduíche simples e dois snickers. Como já era tarde, resolvi voltar para o albergue para comer e descansar.

 

Na manhã seguinte, tomei café (lá se foram mais Dkk 65), desocupei meu quarto privativo e fui cumprir meu roteiro com uma mapa que peguei na recepção. A primeira parada foi no Tivoli, um famoso parque de diversões que teve suas atividades iniciadas no ano 1843, o que lhe assegura ser um dos mais antigos do mundo. Em um dos lados do parque, basta atravessar a rua para encontrar Ny Carlsberg Glyptotek, um museu de esculturas que tem como destaque obras de Rodin, Degas e pinturas de Cèzanne, Gauguin e Vincent Van Gogh. O museu nasceu a partir do acervo do dono da cervejaria dinamarquesa Carlsberg, chamado Carl Jacobsen.

 

Virando a esquina, fica a Rådhuspladsen (Praça da Prefeitura), onde estava ocorrendo um campeonato de futebol – dava dó da bola! A Rådhus (Prefeitura) é um prédio inconfundível, construído com tijolos avermelhados e que possui, no alto de sua torre, o Jean Olsen’s World Clock – um relógio que precisou de “apenas” 27 anos para ser acertado.

 

Próximo dali, na ilha Slotsholmen, fica o Christiansborg Palace, sede dos três poderes – aliás é dito que este é o único prédio do mundo que abriga, simultaneamente, os poderes executivo, legislativo e judiciário.

 

Continuei caminhando e cheguei na Strøget que começa na Prefeitura e termina no porto Nyhavn (falarei sobre ele mais pra frente) – e dizem ser o maior calçadão do mundo. Falando em recordes, é nessa rua de pedestres que fica o Guinness World Records Museum, baseado no famoso livro dos recordes.

 

Na extremidade da Strøget, como disse antes, fica o Nyhavn (Novo Porto), um dos cartões postais da cidade, repleto de casinhas típicas e coloridas que, transformadas em bons restaurantes, atraem muita gente.

 

No passado, quem já habitou essas charmosas casinhas coloridas (mais precisamente, as de número 18, 20 e 67) foi Hans Christian Andersen, célebre escritos dinamarquês. Você pode até não conhecê-lo pelo nome mas, com certeza, conhece O Patinho Feio, O Soldadinho de Chumbo e A Pequena Sereia.

 

Ali perto fica a residência da família real, o Amalienborg Slot, um complexo de quatro palácios ao redor de uma grande praça central, que abriga a estátua equestre de Frederik V (rei da Dinamarca e da Noruega no século 18). Me programei para chegar lá pouco antes das 12h para poder assistir à troca da guarda. Ao leste do complexo e de frente para o canal fica o Amaliehaven, o jardim do palácio.

 

Do lado oposto, seguindo a rua Frederiksgade, está localizada a Frederiks Kirke – também conhecida como Marmorkirken (Igreja de Mármore) –, com seu domo de 31 metros de diâmetro. A poucos metros, fica a igreja ortodoxa russa Alexander Nevsky que chama a atenção para o brilho de suas três cúpulas douradas.

 

Como eu estava procurando a famosa estátua da Pequena Sereia, continuei caminhando pela rua Amaliegade no sentido norte. Pelo caminho, encontrei o Churchillparken onde está localizada a igreja anglicana Sankt Albans Kirke, pequena, mas muito interessante. Construída em estilo neogótico, possui apenas uma torre estreita e pontiaguda.

 

Saindo da igreja, no mesmo parque, deparei-me com a Gefionspringvandet (Fonte Gefion), cuja história é muito interessante e remete à origem da Zelândia (ilha dinamarquesa onde fica Copenhague). Conta-se, segundo a lenda, que o rei sueco Gylfi prometeu a Gefion (ou Gefjun, uma deusa da mitologia nórdica) que lhe daria todas as terras que ela fosse capaz de lavrar em uma noite e um dia. Os quatro bois da fonte seriam os filhos da própria Gefion, e ela os teria transformado em animais para que pudesse realizar o trabalho. As terras lavradas teriam se desprendido do continente, formando, inclusive, o lago Vänern, na Suécia – onde Gefion teria desaparecido.

 

Finalmente, eu dava meus últimos passos na direção da famosa, e pequena, sereia. Sendo um dos símbolos do país, Den Lille Havfrue (A Pequena Sereia) pode decepcionar muitos desavisados, pois ela é, de fato, muito pequena. A criação de Andersen, entretanto, é orgulho dos dinamarqueses que comemoram até mesmo o seu aniversário, no dia 23 de agosto.

 

Ali do lado, cercado por um lago, fica o Kastellet (Cidadela), uma preservada fortaleza pentagonal, protegida por bastiões, que abriga atividades militares mas pode, em partes, ser visitada. Em outros tempos, a estrutura foi responsável pela proteção da cidade contra ingleses na Batalha de Copenhague (1807) e alemães durante o episódio conhecido como a Invasão Alemã (1940) – sem sucesso no último caso.

 

No caminho de volta, conheci a luterana Sankt Pauls Kirke (Igreja de São Paulo) antes de chegar ao Kongens Have (Jardim do Rei), um dos locais mais agradáveis da capital para passear sem se preocupar com o tempo ou para fazer um piquenique. Cercado pelos jardins, o Rosenborg Slot já foi residência da família real e hoje, aberto para visitações, exibe com destaque as Joias da Coroa Dinamarquesa.

 

Pertinho da Universidade de Copenhague, está localizada a catedral da cidade, a Vor Frue Kirke (Igreja de Nossa Senhora). Projetada em estilo neoclássico pelo arquiteto Christian Frederik Hansen, teve suas obras concluídas em 1829. Seu interior leve e de cores claras guarda esculturas dos 12 apóstolos.

 

O inevitável em Copenhague é ficar muito tempo longe da Strøget – o calçadão. Como magnetismo, ela parece atrair a todos, principalmente os mais dispostos a comprar e comer. Este último era o meu caso, eu estava com fome e o problema era encontrar um local barato. Sim, é verdade que na Escandinávia tudo é mais caro, então resolvi me entregar, sem culpa, ao velho e bom fast-food. Depois do lanche voltei ao albergue para descansar um pouco e refazer o check-in para o dormitório compartilhado.

 

A próxima atração da lista era a polêmica Christiania. Foi uma longa caminhada até chegar no reduto hippie. Em 1971, a área foi utilizada como um acampamento e foi evoluindo até chegar no que é hoje: uma comunidade autossustentável, desprovida de hierarquia, que dita suas próprias regras (que podem ser contadas nos dedos) e que não dá muita bola para o que se passa do lado de fora. O uso e comércio de drogas consideradas leves (maconha e derivações) é comum na Pusher Street (também chamada de Green Light District). O histórico da “Cidade Livre” com as autoridades é turbulento, proibições e intervenções já foram feitas mas, ao que parece, Christiania já conquistou seu lugar. Não é o local mais agradável de se ver (é sujo e feio), mas deve ser visto.

 

Encarei mais uma longa caminhada até a estação de trem para me certificar sobre os horários de trem para Oslo (Noruega) e tomei uma Carlsberg em frente ao albergue para encerrar o dia. Na manhã seguinte, levantei cedo para partir. O céu azul, sem nuvens, era a promessa de um bom dia.

 

Este é o 49º post da série Mochilão na Europa I (28 países)

http://www.viajanteinveterado.com.br/category/grandes-viagens/mochilao-na-europa-i-28-paises/

 

Leia o post anterior: Berlim: a cidade de todos os adjetivos

http://www.viajanteinveterado.com.br/berlim-a-cidade-de-todos-os-adjetivos/

 

Leia o próximo post: Oslo (em breve!)

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  • 1 mês depois...
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A próxima atração da lista era a polêmica Christiania. Foi uma longa caminhada até chegar no reduto hippie. O histórico da “Cidade Livre” com as autoridades é turbulento, proibições e intervenções já foram feitas mas, ao que parece, Christiania já conquistou seu lugar. Não é o local mais agradável de se ver (é sujo e feio), mas deve ser visto.

Que longa caminhada em?! Também fiz tudo a pé quando estive por lá em Copenhague.

Passei por lá em 2015. Topei subir todos os degraus da Vor Frelsers Kirke/Catedral de Nossa Senhora . E como ventava :P .

No seu roteiro só senti falta de um lugar, a Taarnet/Tower que é sede de um mirante e restaurante. O mirante é gratuito :D . Não tinha filas, mas pelo que pesquisei costuma ter e dão preferência para as pessoas que estão indo ao restaurante.

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A próxima atração da lista era a polêmica Christiania. Foi uma longa caminhada até chegar no reduto hippie. O histórico da “Cidade Livre” com as autoridades é turbulento, proibições e intervenções já foram feitas mas, ao que parece, Christiania já conquistou seu lugar. Não é o local mais agradável de se ver (é sujo e feio), mas deve ser visto.

Que longa caminhada em?! Também fiz tudo a pé quando estive por lá em Copenhague.

Passei por lá em 2015. Topei subir todos os degraus da Vor Frelsers Kirke/Catedral de Nossa Senhora . E como ventava :P .

No seu roteiro só senti falta de um lugar, a Taarnet/Tower que é sede de um mirante e restaurante. O mirante é gratuito :D . Não tinha filas, mas pelo que pesquisei costuma ter e dão preferência para as pessoas que estão indo ao restaurante.

 

Olá Drica! Sim, eu adoro caminhar pelas cidades que visito. Obrigado pela sua dica, já estive em Copenhague pela segunda vez mas, ainda assim, não visitei Tårnet. Se houver uma terceira oportunidade, não passará em branco!! :) Boas viagens ;)

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