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Eurotrip 2009 - Andaluzia (ESP), Cote D'Azur (FRA), Milano, Grécia, Turquia & Inglaterra

Madrid, Córdoba, Granada, Málaga, Ibiza, Nice, Cannes, Monte Carlo, Milano, Mykonos, Ios, Santorini, Atenas, Istambul, Londres

 

Olá, farei o relato em capítulos (ainda não escrevi tudo rsrs), pretendo colocar um novo por dia :)

Difícil falar sobre valores, pois faz quase 9 meses que fui, mas o que tiver anotado aqui, postarei.

meu e-mail douglas_1br@yahoo.com.br

meu twitter rsrs twitter.com/dougdigital

 

Dia 19 de agosto de 2009, meio-dia, lá estava eu indo em direção ao aeroporto de Guarulhos para minha primeira viagem a Europa. Fui com uma pessoa que já conhecia o velho mundo (minha namorada na época, não tem porque apagá-la de meus registros históricos), portanto fizemos um roteiro diferente daquele basicão que as pessoas fazem na primeira viagem a Europa.

 

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O vôo da Iberia saiu no horário, e minha ansiedade fez-me dormir somente pouco mais de 2 horas durante todo o vôo. Pelo menos os filmes eram legais, sobre férias em Barcelona e coisa assim, o que me entreteve. Chegando em Madrid no dia 20, quinta-feira, logo de manhã, a passagem pela imigração foi fácil e rápida – e o agente ainda disse “obrigado”, em português.

 

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Andei pouco por Madrid, pois iria ir de trem até Córdoba e, portanto, minha andança neste dia por Madrid se limitou a pegar o metrô do aeroporto de Barajas até a estação Atocha-Renfe de trem. Madrid tem um monte de linhas de metrô que se cruzam, mudam de direção, são circulares, quadradas, octagonais... portanto, nem tente planejar seu deslocamento antes senão você vai ficar doido. Pegue o folhetinho nas estações e vá fazendo seu trajeto passo-a-passo na hora.

 

 

Córdoba

Andaluzia, Espanha

 

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Córdoba é uma cidade encantadora (e quente, muito quente – em dados momentos, fingia me interessar pelas bugigangas em euros das lojas de souvenirs para poder ficar no ar-condicionado ou, simplesmente, na sombra). Herança do Império Mouro na Europa, conta com séculos de história que deixou legados como a Mesquita, a mais impressionante que vi na Andaluzia, e o Palacio de los Reys Cristianos – complexo de palácios e jardins que era mouro e foi tomado pelos Cristãos, adaptando-se aos “novos reis” – os cristianos. A mesquita, tal qual a Hagia Sofia em Istanbul, se transformou em Igreja após a conquista cristã. E, antes da ocupação moura, era cerimonial romano. Ou seja, quatro culturas amaranhadas (romana, moura, cristã e espanhola).

 

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Herança árabe se vê também pelas ruazinhas da cidade velha, estreitas e com belos labirintos. Naquelo mesmo dia, de madrugada, me perdi por estas ruelas ao tentar voltar para o hostel após ser rejeitado por uma espanholinha por dizer que era brasileiro. Aliás, vamos aos fatos: ao sair para conhecer a noite cordobense, fui a Plaza Mayor, palco notívago andaluzo após anoitecer. De cara já conheci uma espanholinha, de lá de Córdoba mesmo, que estava com amigos e amigas franceses e argentinas. Fui logo pensando (com propriedade) que naquela noite iria conhecer o beijo das espanholas, já cantando na minha mente “conheci uma espanhola / Natural da catalunha [tá, era andaluzia] / Queria que eu tocasse castanhola / Que pegasse touro a unha”.

 

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Até a Plaza Mayor eu tinha marcado meus passos com pedacinhos de pães, mas, quando o bar fechou, a espanholinha me convidou a ir até uma baladinha a beira do rio Guadalquivir. Inebriado pela cheiro do amor, fui. Tínhamos conversado somente em inglês, e sem eu fornecer minha procedência. Na balada (na verdade um bar-balada igual os que conhecia da Argentina), free para os moradores da cidade (no qual me incluí, óbvio), eis que a espanholinha me pergunta de onde sou – e logo emenda, antes da resposta, “é italiano, não é não?”. Meu terrível sincericídio fez-me responder a verdade: “sou brasileiro, mas toda minha família – incluindo meu pai – é italiana”. A cara de decepção da espanholinha foi evidente e, alguns minutos depois, cortou meu coração inventando uma desculpa de que estava tarde e tinha que ir dormir. Para voltar, meu, andei aquela cidade inteira!

 

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Mas Córdoba não é só a cidade velha, histórica. Um pouco pra lá do rio Guadalquivir (suas margens, aliás, são extremamente charmosas) há a Córdoba atual. Cidade vibrante, bonita e colorida, cheio de fontes e passeios públicos. Numa delas, aliás, você pode entrar. Voltei a ser criança (também, depois do fora da espanholinha, é melhor brincar com as criancinhas mesmo – sem conotação pedófila, hein).

 

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Hostel: fiquei no Senses & Colours Anil, 33euros o quarto privativo duplo. Tinha até banheira no banheiro (na qual tomei um graande banho de espuma). Bem localizado, no labirinto do centro histórico - você VAI se perder tentando encontrá-lo em algum momento, mas vale a pena.

 

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até agora gostei do seu relato, fico na expectativa do relato de Mykonos,Atenas e Istambul que são meus futuros destinos !

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Recordar é viver. Ao caçar as fotos para o relato, não consegui não postar mais estas de Córdoba, mas coloquei no Flickr para não estourar o fórum rsrs

Só clicar: http://www.flickr.com/photos/50161701@N08/sets/72157623920114135/show/with/4600681744/

 

 

 

Granada

Andaluzia, Espanha

 

Fotos de Granada no Flickr:

 

De Córdoba rumei a Granada, antiga capital do Império Mouro e que conta com a Alhambra, complexo palacial real árabe encravado em suas colinas; e o bairro árabe, com casinhas brancas cheias de labirintos e vielas. Para o Alhambra, é praticamente obrigatório comprar os ingressos antes, pela internet, pois eles se esgotam antes do horário na bilheteria. Dividido em dois períodos – matutino e vespertino – você ficará um período todo para somente conhecê-lo, pois o complexo é enorme, grandioso (não são sinônimos, veja) e muito bonito. Se perder pelas ruelas do bairro árabe leva mais um belo tempo e, como se não bastasse, Granada, igual suas irmãs andaluzas, conta com um centro contemporâneo com catedral, passeios públicos, praças com fontes e organização tipicamente européia. O must-see da cidade? Difícil escolher um, talvez apreciar a paisagem de cima da Alhambra. Uma linda cidade encravada por dois morros, casinhas brancas e vegetação.

 

Hostel: não teve, as mochilas ficaram no locker da estação de autobus (cerca de 3 euros, espaço enorme - quem diz é um cara com 1,85m, ou seja, com uma mochila bem grandinha)

 

 

 

Málaga

Andaluzia, Espanha

 

Fotos de Málaga no Flickr:

 

Málaga, terra natal de Pablo Picaso, é uma cidade grande. Tem mais de um milhão de habitantes, segundo o taxista. Não costumo andar de táxi em minhas viagens, acho primordial interagir com a população local, “conhecer” a cidade ao invés de somente passar por ela – e de táxi você só passa. Mas time is money (no caso, uns 50 euros que era o valor da passagem de trem já comprada) e fui obrigado a pegar um deles quando ia embora da cidade.

 

Cheguei a Málaga de noite e logo descobri no hostel que era época da Feria de España da cidade. As ferias são festivais que acontecem em toda a Espanha durante o verão e consistem basicamente em um espaço de eventos com tendas de música, comida e parque de diversões. Ou seja, a Espanha como ela é, com farras e festas.

 

Obviamente, elas acontecem longe do centro da cidade. Mas não se preocupe. Ônibus com preços idênticos aos coletivos normais saiam de 5 em 5 minutos em direção a Feria de Málaga, retornando com a mesma pontualidade, com linhas que cobriam toda a cidade e arredores, tudo organizadamente, afinal, é Europa.

 

A Feria de Málaga é, principalmente, um festival de luzes. Tudo muito iluminado e bem freqüentado. Famílias, jovens, crianças. Todos juntos se divertindo. Fui numa montanha-russa que vinha com um aviso na frente: “clique aqui para tomar um banho”. Meu lado brasileiro aflorou (lembram da espanholinha de Córdoba?) e apertei o botão, mesmo tendo meninas com chapinhas e maquiagens do meu lado (inclusive a que me acompanhava). Você, então, passa numa espécie de lava-jato que jorrava água. Muito legal. Tendas com todas as espécies de música (eletrônica, reggae, funk londrino (LONDRINO, não aquela baboseira carioca, hein), latina, flamenco) e ótimas barracas de comidas espanholas completavam a festa, gratuita.

 

A cidade de Málaga também é uma atração, embora já seja grande demais para os meus padrões. Há um centrinho histórico lindo, com prédios e labirintos que adoro (aliás já falei muito de labirintos e ruelas, não?), o museu de Picasso, uma catedral imponente e o Castelo de Gilbrafaro (construção romana que acabei não tendo tempo de conhecer – mas é bom, pois sempre te dá a desculpa para voltar. “Puxa, preciso voltar a Málaga, não subi no Gilbrafaro”).

 

Pensa que a Feria se restringia a noite? Não, na pracinha a beira-mar vi apresentações gratuitas e excelentes de flamenco, com suas mulheres de vermelho tocando castanhola. Magnífico. O público, educadíssimo, abaixava a cabeça quando passava na sua frente. A platéia contava com bancos e sombra (imprescindível na Espanha andaluza no verão).

 

Hostel: fiquei no Downtown Hostel, localizado, obviamente, no centro (D'Oh!), em quarto coletivo 8 pessoas, 20euros por cabeça. SEM AR (um crime no verão espanhol), bem básico, porém limpinho e aconchegante (seria melhor se eu não tivesse acordado completamente ensopado, mas tudo bem).

 

Próximo episódio: Ibiza e Cote D'Azur ;)

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até agora gostei do seu relato, fico na expectativa do relato de Mykonos,Atenas e Istambul que são meus futuros destinos !

Cara, vc vai qndo? Qualquer coisa te passo meus rabiscos antes, mesmo sem edição, upload de fotos e tal, pra vc aproveitar Grécia e Turquia (Istambul comecei a escrever mas não tive tempo de terminar ainda)

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(continuando.. as fotos postarei depois, no Flickr, e passo o link!)

 

Ibiza

Ilhas Baleares, Espanha

 

Hora da balada (como se não tivesse sido agitado até agora). Depois de um trem perdido, táxi e avião (não falaremos sobre isso hahahah) cheguei em Ibiza, a ilha-festa mais famosa do mundo, palco da música eletrônica, das baladas intermináveis, dos lançamentos de tendências e de praias lindas com o mar mediterrâneo azulado e transparente.

 

Ibiza é uma ilha enorme que mais parece uma cidade a beira-mar. Há estradas, pontes, viadutos – tudo que você encontra em qualquer cidade. Ônibus (24h) te levam para qualquer lugar da ilha e o DiscoBus vai parando na porta das baladas existentes. Há o bairro de Eivissa, o principal, e San Antonio ao norte. Nos cantos, as praias mais tranquilas e belas, ainda sem especulação imobiliária nem prédios de veraneios dos europeus endinheirados.

 

Fui numa foam party em Ibiza (festa da espuma, na Es Paradis), uma balada no qual a pista principal, nível abaixo do resto da casa, enchia-se de água e virava uma piscina em determinado momento da noite. Fui também numa foam party do verão brasileiro, mas, acredite, a versão tupiniquim não chega nem aos pés de sua inspiração eivissiana.

 

Coisas que só acontecem em Ibiza (e em qualquer lugar de veraneio): as meninas da foam party estavam loucas. Lembro-me de uma que, antes da pista encher, mostrava uma pequenina calcinha branca aos homens que por ela passavam. Outras arriscavam-se no pole dance. Outras (e outros, infelizmente) tiravam a roupa (ficavam de trajes íntimos, ok, ninguém pelado) e colocavam de novo, enfim, uma algazarra só. Minha acompanhante beijou uma menina loira da África do Sul, legal ver :). A música era o típico house europeu, meio meloso, com muito vocal feminino. As 6 da manhã as luzes se acendem e o povo vai embora – para algum after, creio eu.

 

Não achei, porém, as praias magníficas. São bonitas, mas nada a mais do que as lindas praias nordestinas do Brasil – quer dizer, em Ibiza não há lixo na praia, na água... O topless é permitido na Europa, verás muitos peitinhos.

 

 

Nice

Cote D'Azur, França

 

A charmosa Nice, “capital” da Riviera Francesa, tem tudo o que se espera de uma cidade gaulesa. Prédios antigos, trem atravessando a cidade, bondes elétricos, mini-viadutos em ruelas bem aprazíveis, pequenos comércios com mesinhas de café na calçada e frutas na entrada. Além disso, tem uma beira-mar linda, com um azul-turquesa maravilhoso do Mediterrâneo, cheio de luzes de neon a noite, apesar da praia ser de pedra.

 

Há uma outra Nice, também, pobre e preta, recheada de imigrantes, mas que fica afastada da zona turística e que você só tem contato quando vai comprar passagens de trens ou esperar o ônibus na avenida da Gare du SNCF.

 

A melhor parte da cidade nem é a beira-mar, reduto dos europeus chiques no verão, mas a cidade velha. Com seus predinhos velhos, parecendo cortiços, e ruazinhas em forma de labirinto (já disse isso, não?). Subi-la lhe levará a um maravilhoso mirante, onde poderá apreciar a vista de Nice e entrar no cemitério judaico do lado, com tumbas de 1700 e pouco. Depois, dá pra voltar de bonde para a cidade.

 

 

Cannes

Cote D'Azur, França

 

A poucos minutos de trem de Nice está Cannes, reduto de veraneio dos milionários e day-trip para os meros mortais que fazem base em Nice para explorar a região. Vi uma loira linda passar de BMW conversível na orla da praia, depois voltou, passou de novo, enfim, estava desfilando seu carrinho para todos verem. Eu entraria no carro do lado da loirinha fácil.

 

Também em Cannes constatei que a Coca Light de lá tem o mesmo gosto da infelizmente finada Coca Diet, e a Coca Zero tem o gosto da Coca Light brasileira. E tem uma porcaria de nome Coca Cherry. E já chega porque são muitas Cocas. Mas, já que a loira da BMW não iria querer nada comigo mesmo, aproveitei para matar a saudade da Coca Diet, quer dizer, Coca Light.. ah tá, vocês entenderam.

 

Vi em Cannes um estacionamento de Ferrari. Na verdade, não era exclusivo para os cavalinhos rampantes. Mas havia várias estacionadas. Duas saíram e, adivinhe quem apareceu? Outras duas Ferrari! Isso que é chique! Enquanto isso, a loira do BMW continuava passando pela beira-mar.

 

A água é fria, mas a orla é bem-desenhada e diferente do que estamos acostumados no Brasil ou em outros destinos de verão ao redor do mundo. Gostei muito. Mas lá é proibido cachorros e bolas na praia.

 

A Gare de Cannes é linda, com seu prédio desenhado com personagens e cenas memoráveis do cinema. Na cidade propriamente dita, há um castelo nas colinas, com direito a bandeirinha da França e tudo.

 

Próximos capítulos: Mônaco, Milano, ilhas gregas...

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Monte Carlo

Mônaco

 

Prepare-se para a aventura, pois fazer um day-trip em Monte Carlo é querer fazer um trek. Não há lockers em qualquer lugar da cidade, portanto, meu amigo mochileiro, você está ferrado. Procuramos guardar as mochilas em alguma loja, mas nenhuma aceitou por medo delas serem bombas que explodirão a cabeça do Rei Albert II. Como estava acompanhado, mandei-a falar com um desses comerciantes (vai que ele se interessava), porém não obtivemos sucesso.

 

O jeito, então, foi perambular pela cidade com as mochilas nas costas. É bonita, chique, glamourosa, como aparece no GP monegasco de F1. Os trajetos das ruas são invertidos aos que estamos habituados a acompanhar pela corrida – será que é para que as pessoas não achem que estão dirigindo uma Ferrari no GP e andem a mais de 300km/h?

 

Na parte baixa da cidade, com os iates estacionados e um povo deveras metido (por se achar melhor que os franceses? Por conviver com trilionários de todo o mundo e pé-rapados que fingem ser ricos?), temos o circuito de F1, com linhas de ônibus que passam por ele (sentido contrário). Não há muitas atrações nesta parte, a não ser ver com os próprios olhos onde Michael Schumacher e Ayrton Senna duelavam, além, claro, do Casino (onde vi outra Ferrari!)

 

Subindo uma colina gigantesca temos o Palácio Monárquico e a residência oficial. O palácio não é tão exuberante como seus pares espalhados por toda a Europa, mas a subida compensa pela vista e pelo que temos logo após o Palácio: uma vila medieval recriada e mantida fiel ao passado.

 

 

Milano

Itália

 

Saí de Mônaco num trem no final da tarde para Milano. Trem italiano antigo, com coches, uma paisagem linda, o barulhinho do trem e o pôr-do-sol nos pequenas cidadezinhas franceses foram um dos pontos altos da viagem. Das 17h às 23h fiquei completamente atônito na viagem de trem, ainda relembrando meu pai, que saiu de Ostiglia, cidade da província de Mantova, a Barcelona, de trem, onde pegou o navio para o Brasil. Agora, fazia o mesmo trajeto que ele, provavelmente tendo as mesmas sensações (ele tinha 17 anos na época) , mas no sentido inverso.

 

Do trem vi cidadezinhas francesas e italianas na divisa, com somente duas ruas, casas de pedras e tijolos e uma placa de “stop” no caminho; pequenas estações de trem de cidades minúsculas, com os parentes dizendo adeus a quem subia no trem; paisagem desértica e assustadora numa Gênova escura e sem ninguém por perto; estações fantasmas; trens sendo lavados em outros trilhos do lado; e, finalmente, a Stazione Centrale de Milano. Arrisquei um pouco de italiano muito capenga (depois da viagem matriculei-me num curso da língua de Dante) e logo estava nas ruas noturnas de Milano.

 

Durante a noite, velhos bondes passavam pelas ruas milanesas e seus prédios decadentes. Uma charme indescritível.

Na manhã seguinte, iria sair cedo para voar para Mykonos, mas não antes de dar pelo menos uma volta ao redor do hotel e da Estação. Falei mais um pouco de italiano misturado com inglês, procurei um supermercado, vi que o metrô de lá não é lotado como o de São Paulo às 8 da manhã, andei num dos bondes (precisava fazer isso, mesmo o hotel sendo a 5 minutos da estação) e rumei a um dos aeroportos de Milano para ir para a Grécia.

 

 

Mykonos

Grécia

 

Mykonos, a ilha-balada mais famosa da Europa, ao lado de Ibiza, tem um centro tipicamente grego, com casas brancas de telhados azuis e ruas planejadas de forma confusa. Isso porque Mykonos era uma cidade-estado rica que vivia sendo vítima de saques de piratas. Para proteger seus tesouros, seus habitantes planejaram a vila na ilha de uma forma confusa para que somente eles conhecessem como andar por lá, dando tempo para que a população se aprontasse para combater eventuais piratas que chegassem ao porto.

 

E, realmente, é assim. Se você não conhece o lugar, perde-se facilmente. Se você é local, anda pelos labirintos com uma desenvoltura invejável. Experimentei os dois: num dia, voltando da balada Space, me perdi completamente e, após passar umas 4 vezes pela mesma praça, pedi ajuda para um grupo de italianos. Eles pensaram que eu também era italiano (descendência européia é outra coisa), porém não sabiam onde ficava minha pousada. Neste mesmo dia, porém mais cedo, um promoter que distribuía flyers no terminal de ônibus me levou até a porta desta balada para conhecer o local. Rápido chegamos, ele falou que ia ficar por lá um pouco. Disse logo que não, pelo menos me levasse de volta ao terminal, pois não tinha a mínima idéia de como chegar até lá.

 

Mykonos é a ilha grega mais bem-conservada e que mais se assemelhou a imagem que eu tinha em mente de uma ilha grega. Andar pelo seu centro é maravilhoso, porém deveras lotado de turistas, pela época do ano.

 

Do terminal de ônibus, com seus motoristas com caras de louco (tinha um tiozinho gordo cabeludo que parecia aqueles serial killers maníacos de filmes americanos), chega-se as praias badaladas, tais como a chique Psarou (a mais bela paisagem que vi nas praias européias), mar límpido transparente do Mar Adriático (e frio!) e pousadas e bares luxuosos; e a super-badalada Paradise e Super Paradise (é a mesma praia, só muda de nome), onde há um bar que no fim de tarde conta com grande agito numa espécie de esquenta.

 

A noite, fui no Escandinávia Bar, no centro, uma baladinha cheia de europeus que toca de tudo, de rock e música eletrônica a pop e flashback. Conta com uma linda varandinha. Mais uma vez, me confundiram com um italiano. Estava na varanda, tomando um ar, quando começou a tocar aquela música italiana “Sara Perche te amo”. Lembrando de minha infância, voltei correndo para dentro para acompanhá-la. Mexi os lábios e encheu de italianos ao meu redor, no estilo “e aí, é italiano também? Bora cá gente”. Além disso, uma menina italiana ficou me olhando e dando a entender que era só eu chegar para levar. Mas tava acompanhado, então nada disso.

 

Além do Escandinávia e do bar da Paradise Beach, fui na Space, mas é melhor não falar o que aconteceu lá. Ah, dane-se, cheguei a dançar em cima de um queijo sem camisa, por pedido de uma grega que me admirava. É, what happens in Mykonos (also) stays in Mykonos.

 

No quarto ao lado da pousada havia 6 espanholas, 3 de Madrid e 3 de Barcelona, que se conheceram não lembro como e foram pra Grécia juntas. Fizemos um 'esquenta' juntos, no quarto bagunçado delas, onde as meninas misturaram tudo quanto é tipo de bebida alcoólica. Elas estavam eufóricas porque iriam encontrar uns italianos que conheceram na praia durante o dia. Fiquei com a impressão de que os italianos são os garanhões da Europa.

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Opa, tem sim. Tava colocando no flickr, mas o cabeção aqui fez upload das fotos em tamanho original e gastou todo o limite de Mb disponível pro mês rs

Amanhça aproveito a super-conexão no trabalho e posto algumas fotos + o resto do relato, desculpem a demora, mas to na correria planejando a Eurotrip de 2010 heheh

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Ios

Ilhas Cíclades, Grécia

 

 

O ferry grego atravessa grandes ondas no Mar Adriático. Da cabine, via água entrar no convés do ferry. Quando chega no destino, o funcionário vai lá na frente e diz em voz baixa em qual ilha chegou. Portanto, se você estiver dormindo, pode passar do seu ponto (o que quase aconteceu comigo).

 

Ios (Eos) é uma pequena ilha grega que, no verão, recebe hordas de turistas jovens a fim de praia (após as 15h, pois antes todos estão dormindo) e diversão (os bares são de entrada gratuita e o primeiro drink é free).

 

Cheguei em Ios de manhã, onde nota-se claramente o clima de ressaca do lugar. Até os cachorros e gatos parecem estar com dor-de-cabeça. As praias são lindas, como todas as gregas, ainda que com água um tanto quanto fria. Fiquei no albergue-pousada Francesgo's, complexo de quartos (tem até jacuzzi) em cima de uma colina da ilha onde tem-se uma linda visão, principalmente a noite, onde pode-se ver as luzes de Santorini, a meia-hora dali.

 

O centro da cidade, atípico das outras ilhas, vai subindo uma colina. Não há tantos turistas como em Mykonos (já que os turistas de Ios estão buscando praia e balada), o que traz ao centro uma originalidade linda. No final da tarde, cansado de praia, subi as colinas de Ios explorando as casinhas brancas e os gregos que por lá andavam (e falavam, muito legal hehehe) e fui ver o pôr-do-sol do lado de um moinho original (que funcionava, tinha dono e um cachorro cuidando) observando o Astro-Rei se pôr detrás da cidade. Um momento de paz interior e pensamentos solitários que lembrarei para sempre. Vejam onde cheguei! Além, claro, de se deixar levar pela fantasia e imaginar os tempos de Platão e Sócrates, com o guarda da academia (eu) observando a chegada da embarcação do Ulisses de A Odisséia de cima da colina, enquanto conversava com a deusa Athena e Zeus, seu pai, rogando a Posidon que mantesse o mar calmo como naquele dia de verão. E isso porque nem tinha visto a Acrópole ateniense ainda.

 

A noite, fui explorar os bares com duas italianas que tinha conhecido de dia na praia (elas que me acharam perambulando por lá). Depois, troquei por uma australiana, fui num bar de heavy metal sinistro (tive medo lá!) com mais de 10 cupons de drink-free e fiquei deliciando-me ao ver as européias, lindas, bêbadas de tanto drink-free. Pena que elas eram muito jovens, tipo um spring-break (tá, não taanto).

 

 

 

Santorini

Ilhas Cíclades, Grécia

 

 

Um dos lugares que se faz mais propaganda em todo o mundo. Santorini, a ilha que foi engolida por um vulcão, a ilha que tem um vulcão no meio. A ilha do pôr-do-sol.

 

O simpático atendente do hostel St George me buscou no porto (free transfer) e, logo que chegou em Thira, a 'cidade' propriamente dita, no centro da ilha, logo me explicou tudo sobre ela. Essa parte da cidade não tem o mesmo charme das outras ilhas. Muitos carros, muitos prédios não-brancos-com-telhados-não-azuis. Fui rapidamente para a praia, com areia preta resquício de uma das erupções vulcânicas (aquilo queima com o Sol do verão!). Não é a das mais bonitas, mas era somente para descansar para o que viria a seguir: o incrível pôr-do-sol da vila de Oia.

 

Se você já viu alguma foto das ilhas gregas, provavelmente ela era de Oia. Uma vilazinha na ponta da ilha de Santorini, com casinhas brancas e telhados azuais subindo numa íngreme colina com um portozinho embaixo. Qualquer palavra que escreverei aqui não chega aos pés do que é ver o pôr-do-sol em Oia. Tirei umas 200 fotos, na vã esperança de que alguma transmitisse a emoção do momento, mas não adianta tentar. Aquele pôr-do-sol é inacreditável.

 

O sol vai subindo lentamente nas águas oceânicas gregas. Primeiramente, ele desce até ficar uma imensa bola amarela-laranjada. Ao tocar o mar, começa a colorir o céu de um vermelho intenso de encher os olhos. O relógio parece congelar, nada mais tem importância enquanto o sol vai se escondendo e as cores do céu e do mar variam de amarelo a bordô com traços azuis e verdes, a bandeira grega a tremular das casinhas brancas. Após o sol ir, as cores continuam dançando por algum tempo até o breu tomar conta e você notar a presença de uma linda lua incandescente e centenas de estrelas, com um navio navegando calmamente pelas águas e pequenas luzinhas em cima do morro. Isso, não há preço que pague.

 

 

Ainda falta: Atenas, Istambul, Londres, Madrid. E as fotos, claro. Com calma eu chego lá :D

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Atenas

Grécia

 

Meu primeiro dia em Atenas já começou com outra paisagem de tirar o fôlego. Se na noite anterior estava uivando para o Sol em Santorini, após os trâmites burocráticos necessários para chegar a capital grega fui ao Licabettus Hill na minha primeira noite em Atenas. Você pega um rápido funicular (não se preocupe, ele fica aberto até umas 3 da manhã) e começa a andar em zigue-zague pela montanha até alcançar a vista de toda a enorme cidade de Atenas.

 

Logo reconheci a Acrópole, pela primeira vez a contemplava. No alto de um morro, o Parthenon iluminado mostrava a todos os viajantes que não se tratava apenas de mais uma metrópole. Tratava-se de Atenas. O berço da civilização ocidental, tanto cantada e falada por mitos e histórias mil. Uma lua cheia ajudava a compôr o belíssimo cenário. De lá de cima, perdido em meus pensamentos, redimia a vida de qualquer sofrimento que tivesse me causado.

 

A noite conheci também minhas colegas de quarto, duas australianas lindas e simpáticas (uma morena e uma loira) que estavam passeando por Atenas antes de ir, em setembro, a Paris para estudar durante todo o semestre. Parecidas com os brasileiros, elas conversavam com a família por notebook e, numa noite, ao acordar de madrugada, vi que a morena estava dormindo só de calcinha preta (grande, típica dos povos não-brasileiros, porém de rendinha e meia transparente). Não acreditei no que vi e taquei a luz do celular na cama da menina, para me certificar que não estava sonhando. Ao fazer isso, a aussie abriu um pouquinho as pernas. Uau! No dia seguinte, entre um papo e outro ela me disse, espontaneamente, que estava sentindo muito calor e que até agora não conseguiu dormir nenhuma noite – ficava somente deitada. Hmm.

 

O dia seguinte foi o dia da Grécia Antiga. Você compra o cartão (12euros) em qualquer bilheteria das atrações gregas e têm acesso a todos os sítios arqueológicos da cidade. A primeira parada foi no complexo da Acrópole – Atena Antiga. Cheguei cedo, umas 8h30, logo após a abertura dos portões, e a atração logo encheu. Na nossa frente tinha um grupo de excursão, portanto esperei a “manada” passar e então pude aproveitar a Acrópole sem multidão de cabeças na frente. Fabuloso lá em cima, apesar das ruínas estarem em restauração e você ver guidastes por entre as colunas sobrepostas – o que quebra um pouco o clima de se imaginar numa reunião dos deuses (ou num episódio dos cavaleiros do zodíaco).

 

Do lado está Agora Antiga. Cidade-estado vizinha de Atenas antiga (a região da Acrópole) que servia como área de treinamento militar, discursos políticos e região de comércio (por sua concentração de pessoas derivou-se a atual doença psíquica agorafobia). Adorei as ruínas de Agora, ainda mais que a Acrópole, pois tem menos turistas e é mais espalhada, com templos e monumentos em ruínas (onde você vê a ação do tempo, não tudo arrumadinho como na Acrópole) e um museu muito bom. O Templo de Zeus e o Arco de Constantino também estão lá perto. O Templo, aliás, impressiona por ter algumas colunas derrubadas, onde você vê como elas foram 'empilhadas' pelos gregos. Neste dia também o antigo estádio olímpico, Syntagma square e o Parlamento (palco das recentes manifestações da crise do Euro), o parque com tartaruguinhas e o antigo cemitério de Atenas, cujos túmulos foram saqueados na época do declínio da cidade-estado para servir de proteção nas cercanias da cidade.

 

Aliás, falando sobre o declínio de Atenas, há uma colina na cidade com um templo em seu meio, rodeado de mata. Algo especial? Não, apenas o monumento de Philopappus – burguês contemporâneo do declínio da cidade-estado que comprou a autorização do governo ateniense para construir um monumento em sua homenagem (é, corrupção em qualquer lugar, né não?).

 

No dia seguinte, conheci o novíssimo museu da Acrópole, enorme e com muitas antiguidades. Um espetáculo bem acessível, creio que 2 euros a entrada, e que em seu subsolo encontraram casas atenienses da época da glória da cidade-estado (o espaço estava sendo restaurado e uma placa dizia que as casas seriam abertas ao público!). Há também a Academia, protegida por Atenas e com Platão em sua entrada, além do mercado de pulgas e do distrito de compras (nada especial comparado com o resto do mundo livre).

 

A comida grega tem em suas fileiras o Souvaki – espécie de Kebab com seu pão pita com carne e especiarias gregas que é maravilhoso e custa coisa de 1,50euros. Nesta viagem comi Souvaki até não aguentar mais tanta carne gordurosa e pão.

 

Com uma passagem rapidinha pela noite ateniense (num bar no centro), parti com o excelente serviço de transporte público de Atenas rumo ao aeroporto e minha experiência ainda mais ao leste: Turquia.

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