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Travessia Ferradura - Taveira-GO


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  • Membros de Honra

Continuando com a exploração das serras do norte goiano, aproveitamos o final de semana da Páscoa para conhecer a Serra da Bulcaina, descrita na carta do IBGE como Serra do Cafundó, próxima ao Povoado de Taveira.

Marcamos de nos encontrar em Taveira na sexta-feira às 14:00 horas. Pra variar, cheguei uma hora atrasado. Depois de nos cumprimentarmos, rumamos em direção à serra. Fomos em seis pessoas, Fábio, Andrea, Laerte, Teófilo, Peter e mim.

Ao chegarmos à base da serra, conhecemos o Sr. Bonifácio e sua família, a Sra. Valéria e seus filhos Marcos e Poliana. Todos foram muito simpáticos e disseram que poderíamos ficar à vontade para caminharmos pela região. Estacionamos os carros no quintal da propriedade e fomos observar a linda Serra da Bulcaina e tentar identificar o caminho a ser percorrido. A Andrea e o Laerte decidiram que faríamos a travessia no formato ferradura, subindo pelo maciço ao sul, percorrendo sua crista até o cume da Bulcaina e de lá seguir até o maciço _a oeste e descer por sua crista. Todos nós concordamos, mas eu e Peter ficamos um pouco ressabiados com a inclinação de um trecho final da crista até o alto, pois lá debaicho parecia que teria que ser feito com auxílio de cordas. Nós dois resolvemos que se não nos sentíssemos seguros, retornaríamos e alcançaríamos o cume por outra rota, onde reencontraríamos nossos companheiros. Para não incomodar nossos anfitriões e ficar mais próximos à serra, resolvemos acampar depois do rio, num local onde a pastagem estava mais baixa. Após montar as barracas fomos tirar umas fotos da serra, que estava linda com os raios de sol e, tomar um bom banho de rio. Ao voltar, percebi que minha mochila estava tomada por formigas cortadeiras e vi que tinha armado a barraca há uns 30cm do formigueiro. Com a ajuda do Peter mudei a barraca de lugar. Jantamos, colocamos a conversa em dia e fomos dormir. Acordei de madrugada duas vezes, primeiro com o barulho da chuva, que caiu por boa parte da noite, depois com o barulho de uma vaca que passou bem ao lado da barraca.

Pela manhã despertamos com as vacas cruzando nosso acampamento em direção ao curral. A chuva tinha passado, mas a névoa tomava conta do vale, encobrindo a Bulcaina completamente. Começamos a subida e percebemos que a inclinação era bem maior do que aparentava lá de baixo e a névoa era nossa fiel escudeira. Devido a isso, estávamos "apelidando" a Bulcaina de "Serra do Mar Goiana", "Serra Fina Goiana", até que o Laerte surgiu com o apelido de "Machu Pichu Goiano". Por causa do forte calor e da umidade, eu transpirava demais, o que me fez beber água além do planejado. Pra nossa sorte, ou melhor, pra minha sorte e pra do Peter, as previsões não se concretizaram e alcançamos o alto da serra sem a necessidade de técnicas de escalada, em 2:40 horas. Houve apenas um pequeno trecho de escalaminhada, mas nada demais. A névoa estava espessa, a visibilidade não passava de uns 10 metros.

Estávamos seguindo pela crista quando a chuva despencou. Após alguns minutos, o Fábio sugeriu que nos abrigássemos com a lona que o Teo carregava. Como eu também estava com uma lona e tinha uns 15 metros de cordeletes, armamos um abrigo improvisado, o que nos permitiu além de nos proteger da chuva, coletar alguns litros de água. Além de beber bastante, ainda pude encher minhas duas garrafas de dois litros cada. Depois de cerca de uma hora, a chuva passou e levou a névoa consigo, presenteamo-nos com uma fenomenal vista da região. Continuamos nosso trekking pela crista da Bulcaina, que em alguns lugares não passava de 2 metros de largura, até alcançar o cume, a 1220m de altitude, exatamente às 16:00 horas. Depois de um abraço de cume, fomos procurar local pra acampar. A névoa voltou a aparecer, o que nos impediu de ver um belo entardecer. Montamos as barracas e fomos bater papo e cozinhar. O tempo abriu, a noite estava linda, repleta de estrelas. Lá do alto conseguimos avistar as luzes de Taveira, Niquelândia, Uruaçu e da mineradora Anglo American. Após uma boa conversa fomos dormir. Acordei algumas vezes com o barulho do vento, que soprava forte. Às 5:40h, ouvi algumas vozes e resolvi levantar. O Peter também levantou e comprovamos o visual maravilhoso, de um lado da serra o sol raiava explendoroso, do outro, um manto de nuvens cobria todo o vale, simplesmente fantástico.

Curtimos bastante aquele momento. Depois a Andrea preencheu o livro de cume e todos nós assinamos. Fizemos um totem onde guardamos o livro. Ali no cume o Fábio brincou dizendo estávamos fundando o Clube Expedicionário do Norte Goiano, formado por mim, goiano do norte, e pelos meus amigos do "Quadradinho de Goiás", também chamado de Distrito Federal.

Fomos arrumar as coisas pra partir, e eu como sempre fui o último. A descida começou tranquila e a uns 500m do cume encontramos um ponto de água. No local onde deixaríamos a crista principal para descer por uma crista secundária, havia um declive abrupto, acentuado e com pedras soltas. Logo no início, pisei numa pedra solta, que rolou e acertou o tornozelo do Peter. Por sorte, resultou apena em uns arranhões. Mais abaixo, o Peter apoiou o bastão em uma grande pedra que desceu com muita velocidade, passando ao lado da Andrea e indo em direção ao Laerte, que se esquivou com muita agilidade saltando para trás. Infelizmente ele caiu e machucou o joelho e apoiou seu peso no braço engessado.

Passado o susto, o resto do trajeto foi tranquilo. Encontramos uma trilha, a qual acreditando ser de gado, acabamos seguindo. A trilha seguia pela encosta, deixando a crista. Em determinado momento, a encosta começou a ficar mais íngreme e escorregadia. O Fábio, a Andrea e o Laerte resolveram subir para a crista, como o Peter, o Teo e eu estávamos bem mais abaixo, continuamos seguindo a precária trilha, que após algum tempo nos levou a uma grota profunda e repleta de taquari. Tínhamos a opção de voltar e alcançar a crista, que era a mais sensata; tentar atravessar a grota, o que achei uma tremenda idiotice; ou ainda descer até o fundo do vale e acompanhar o rio até próximo à casa do Sr. Bonifácio, algo que não tínhamos certeza se daria certo, afinal o barranco do rio poderia ser muito alto pra gente descer. Acabei tentando a terceira opção e o Peter e o Teo acabaram me seguindo por puro companheirismo, pois acho que não estavam afim de arriscar entrar numa rota que era uma incógnita.

Para atravessar o taquari, tive que andar de cócoras e algumas vezes de gatão. Assim que passei pelo taquari, a encosta se tornou íngreme e lamacenta, o que transformou-se em uns 60m de esqui-bunda dentro de uma mata de galeria. Ou seria lama-bunda?

No fundo do vale o rio corria cristalino, arranquei a roupa e saltei no póço pra ver se a coceira provocada pelo taquari diminuia. Gritei pra eles desceram também. O Teo desceu me excomungando. Na outra margem do rio havia uma mangueira que levava água até a casa do Sr. Bonifácio. Seguimos essa mangueira ora pela margem, ora por dentro do rio e assim, de maneira bem tranquila, alcançamos a casa no mesmo instante que o outro grupo também chegava. Brincamos com o Fábio, dizendo que dessa vez o caminho divertido foi o nosso. Conhecemos o outro filho do Sr. Bonifácio, o Paulo e sua esposa, a Vanessa e a linda filhinha deles, Maísa. Comemos um delicioso "mané pelado" oferecido pela Poliana. E assim nos despedimos já combinando uma próxima pernada, meus amigos em direção à Brasília e eu, de volta à minha Uruaçu.

Editado por Visitante
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  • Membros de Honra

Pessoal:

 

Grande trekking, bonito lugar e excelente companhia!

 

Pessoal muito safo, bom de caminhada. Laerte me impressionou por estar fazendo o trekking com o braço engessado (acidente de futebol, êta esporte radical...) e ter se safado de uma pedra pesada rolando a grande velocidade (além do braço, ia voltar com uma perna quebrada se fosse atingido, no mínimo). Fabio e Andre, planejadores da expedição, são muito gente fina e bons de trekking, na técnica e na postura. Renato sempre uma companhia divertida e amigão, voltou super preparado da Patagônia. Teo, novato com 1 ano de trekking, mostrou um preparo físico excelente de cima dos seus 55 anos. Ainda cedeu um litro para mim e para o Renato no cume, após subir e percorrer a crista com 6 litros.

 

Renato esqueceu de dizer que ao seguirmos a trilha e acabarmos na encosta íngreme do rio (lama-ski-bunda) pensávamos estar seguindo uma trilha tranquila de gado. Na verdade estavamos seguindo uma trilha de antas, segundo o pessoal da fazenda. Três antas: eu, renato e Teo... ::hãã2::

 

Espero logo poder fazer outro trekking com esta galera.

 

Abraços, Peter

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