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Patagônia - Argentina e Chile (Ushuaia, El Chaltén, El Calafate, Torres del Paine) - OUT/2016


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Mais uma viagem completada com sucesso e tô aqui pra compartilhar informações e ajudar mochileiros que pretendem conhecer a incrível região da Patagônia.

 

Paisagens surreais e que você nunca imaginou que iria ver fazem parte praticamente do caminho inteiro da trip. Quando você acha que já está satisfeito e realizado de estar num lugar absurdamente bonito, no dia seguinte aparece outro que supera o anterior. E assim vai.

 

Porém, (quase) tudo nessa vida tem um preço. E no caso da Patagônia ele é bem salgado. A menos que você cozinhe no hostel, prepare-se pra gastar pra comer. No caso de passeios não tem outra saída, você já tá lá e não sabe quando vai voltar tão cedo, então não tem como economizar nesse quesito. Os preços nas cidades que visitei são tabelados, então não precisa ficar perdendo tempo caçando agências. Todas apresentarão os mesmo preços.

 

No total gastei cerca de R$ 8.000 pra 19 dias, contando tudo: passagens aéreas, hostels, comida, passeios, cerveja, etc. Não sou muito de anotar cada gasto em uma planilha, portanto a medida que for lembrando vou postando os valores durante o relato.

 

O roteiro foi o seguinte:

 

10/10 - Guarulhos / Buenos Aires / Ushuaia (avião Aerolineas)

11/10 - Ushuaia (Glaciar Martial)

12/10 - Ushuaia (Parque Nacional Tierra del Fuego)

13/10 - Ushuaia (Laguna Esmeralda de manhã + Canal Beagle à tarde)

14/10 - Ushuaia / El Calafate (avião Aerolineas)

15/10 - El Calafate / El Chaltén (ônibus Caltur) (trekking Laguna Torre no mesmo dia)

16/10 - El Chaltén (Laguna de los Tres)

17/10 - El Chaltén (Loma del Pliegue Tumbado)

18/10 - El Chaltén (Rio Electrico)

19/10 - El Chaltén / El Calafate (ônibus Caltur)

20/10 - El Calafate (caiaque no Rio la Leona)

21/10 - El Calafate (mini trekking no Glaciar Perito Moreno)

22/10 - El Calafate (aluguel de bike e dia livre)

23/10 - El Calafate / Puerto Natales (ônibus Cootra)

24/10 - Puerto Natales / Torres del Paine (1º dia do circuito W)

25/10 - Torres del Paine (2º dia do circuito W)

26/10 - Torres del Paine (3º dia do circuito W)

27/10 - Torres del Paine (4º dia do circuito W) / Puerto Natales

28/10 - Puerto Natales / El Calafate (ônibus Cootra)

29/10 - El Calafate / Buenos Aires / Guarulhos (avião Aerolineas)

 

Vídeo com alguns momentos da trip:

 

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10/10 - Guarulhos / Buenos Aires / Ushuaia

 

O vôo da Aerolineas Argentinas decolou de Guarulhos às 05h45 e 08h15 pousamos em Buenos Aires (Aeroparque). O vôo pra Ushuaia só decolaria às 16h, então minha intenção era aproveitar as 8 horas de conexão pra dar uma passeada por Buenos Aires e, principalmente, trocar meus reais por pesos argentinos, afinal a cotação da capital é melhor que na Patagônia. Como eu só tinha reais precisava trocar pelo menos uma pequena quantia no aeroporto pra pegar um ônibus até o centro. O único lugar que faz câmbio no Aeroparque é um guichê do Banco de la Nacion Argentina. A cotação é terrível, mas o pior de tudo é a imensa fila que se forma, afinal são mais ou menos 200 brasileiros que acabaram de pousar e pelo menos uns 10% deles vão ter que trocar dinheiro ali também. Fiquei uns 40 minutos até chegar na minha vez. Então, a primeira dica é: NUNCA chegue na Argentina sem pelo menos uma pequena quantia em pesos pra conseguir sair do aeroporto.

 

Dinheiro trocado, comprei o ticket do Arbus ali mesmo no saguão do aeroporto por 40 pesos. Esse Arbus tem várias linhas (pro aeroporto Ezeiza, pro centro, pra Palermo, etc) e sai mais ou menos a cada 30 minutos. No site dá pra ver os roteiros e horários (http://arbus.com.ar). Peguei o ônibus pro centro e uns 30 minutos depois avistei o Obelisco e imaginei que fosse a hora de desembarcar. Andei um pouco nas redondezas e achei estranho a cidade tão vazia em plena segunda de manhã. Tinha anotado uns endereços de casas de câmbio com boas cotações na Calle Sarmiento. Olhando os mapas espalhados pelas ruas consegui chegar lá, mas todas casas de câmbio estavam fechadas. Achei mais estranho ainda. Andando mais um pouco sem rumo cheguei na Casa Rosada e ouvi um grupo falando em português. Fui até eles e perguntei se sabiam o motivo da cidade estar vazia e praticamente todo o comércio fechado. Sim, eles sabiam: era feriado ::putz:: . Ou seja, minhas poucas horas em Buenos Aires só iam valer mesmo de turismo.

 

Em seguida andei pela Calle Florida, parei pra almoçar no McDonald's e aproveitei pra usar o wi-fi pra descobrir como voltar pro aeroporto de ônibus coletivo. Um amigo meu que tinha ido a Buenos Aires semanas antes me emprestou o cartão Sube dele, que ainda tinha uns 10 pesos de crédito. Importante lembrar que os ônibus só aceitam esse cartão, não pode pagar com dinheiro (nem moedas). Fui até o ponto na Av. 9 de Julio e esperei o tal do ônibus 45, mas nada dele passar. Já tava quase desistindo e pegando um táxi, quando ele apareceu. E lotado. Fui em pé o caminho todo e 25 minutos depois estava novamente no Aeroparque. Fiz o check-in e às 16h decolei pra Ushuaia. 19h30 o avião pousou na cidade mais ao sul do mundo.

 

O aeroporto de Ushuaia é minúsculo. Logo na saída tem muitos táxis mas se você tiver disposto dá pra caminhar até o centro da cidade (o que não era o meu caso). Peguei um táxi e 15 minutos depois ele me deixou no Antarctica Hostel, custou 120 pesos a corrida. O hostel é bem localizado e o pessoal da recepção bastante simpático. Tem uma sala de convivência com sofás e fica rolando uma música ambiente. Também tem um mini bar, que vende água, refrigerante, cerveja, vinho. O único contra é que não tem banheiro dentro dos quartos. Depois de guardar as malas fui andar na Av. San Martin, a principal da cidade. Tava bastante frio, então voltei logo pro hostel. Fiquei tomando uma cerveja num dos sofás e logo em seguida fui dormir.

 

11/10 - Ushuaia (Glaciar Martial)

 

Tomei café da manhã no hostel (pão, manteiga, doce de leite, café, suco, cereal) e logo depois fui no supermercado La Anonima, na rua de cima. Comprei sanduíche pronto, água, refrigerante e uns chocolates. Tinha decidido ir ao Glaciar Martial por conta própria, então por isso comprei esse kit sobrevivência. Andei até o final da Av. San Martin e lá peguei um táxi que me deixou no início da caminhada até o Glaciar, 125 pesos a corrida. Uma bela subida e 40 minutos depois lá estava eu no topo do Glaciar. Fiquei lá um bom tempo tirando fotos e aproveitando o primeiro contato com a neve patagônica. A temperatura não estava tão baixa, mas o vento ajudava a passar uma sensação de frio. De lá de cima dá pra ver bem a cidade de Ushuaia bem pequenininha lá embaixo, inclusive o aeroporto, que já é pequeno por natureza.

 

Na volta também dá pra pegar táxi, eles ficam esperando na base do morro, mas resolvi ir andando até o centro de Ushuaia. A caminhada é longa, quase 2 horas. Aproveitei que tava na rua e fui até a agência do Brasileiros em Ushuaia. Depois de muita conversa e barganha com o mineiro Luizinho, fechei os passeios da Laguna Esmeralda e Canal Beagle com pinguinera pra 2 dias depois. O legal dessa agência é que, além de você conseguir negociar em bom português, eles aceitam reais. Eu tinha visto que a cotação em Ushuaia (no Hotel Antarctica) estava 1 real pra 4,20 pesos. Na agência, o Luizinho queria me vender os tours com cotação de 3,90 pesos. Depois de insistir ele acabou fazendo por 4,20 e todo mundo saiu feliz ::otemo:: .

 

Voltei pro hostel e comecei a conversar no quarto com o Nick, um cara da Bélgica muito gente boa. Ele tava naquelas famosas viagens sem fim de europeus que terminam a faculdade. Eu tava afim de ir no Dublin Pub, o bar mais conhecido (ou o único) de Ushuaia. Convidei o Nick e lá fomos nós. Ficamos bebendo e assistindo o jogo da Argentina pelas eliminatórias da copa do mundo na televisão. Na mesa ao lado tinha um casal de amigos brasileiros (Laís e Alisson) e aí ficamos todos conversando. Depois ainda chegou um cara com uma camisa do Palmeiras, o Ignácio, e aí chamei ele pra nossa mesa também. Por coincidência ele também estava hospedado no Antarctica Hostel.

 

Lá pra meia-noite voltamos pro hostel e ainda fiquei lá conversando e bebendo mais uma cerveja no bar do hostel com o Ignacio antes de dormir.

 

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12/10 - Ushuaia (Parque Nacional Tierra del Fuego)

 

Tinha decidido ir ao Parque Nacional Tierra del Fuego nesse dia e chamei o Nick pra ir junto. Na recepção do hostel mesmo eles chamam a van pro parque, custa 400 pesos ida e volta. O caminho até a recepção do parque dura uns 45 minutos. Lá é preciso descer e pagar a taxa de 130 pesos (preço pra brasileiros). Eles ainda dão alguns mapas e uma breve explicação sobre o parque. Mais 15 minutos de ônibus e chegamos no centro de visitantes, onde tem um restaurante, banheiro, loja de souvenirs. É lá que se iniciam as trilhas do parque.

 

Fizemos primeiro a Senda Hito XXIV, a trilha que termina na fronteira entre a Argentina e o Chile. É uma trilha relativamente fácil, 7 km ida e volta. Dá pra fazer em 3 horas. Voltamos para o centro de visitantes e queríamos fazer a Senda Bahia Lapataia, a trilha que termina na famosa placa do final da Ruta 3. O ônibus que nos levaria de volta a Ushuaia parte do centro de visitantes às 15h ou às 17h. Eram 14h50 e perguntamos se daria tempo de ir e voltar da Bahia Lapataia a tempo de pegar o ônibus das 17h. O motorista disse que não, então só nos restava voltar pra Ushuaia no ônibus das 15h. Não sei se eu o Nick fizemos uma cara de triste convincente ou se o motorista realmente foi legal conosco, mas acabou que ele disse: "podem ir até a Bahia Lapataia que 17h eu pego vocês lá". Então, lá fomos nós caminhar mais 3 km até o local onde tem a placa do fim da Ruta 3. Ficamos lá num frio e vento absurdos e 17h em ponto o ônibus passou pra pegar só nós dois.

 

Chegamos em Ushuaia lá pras 18h30 e fomos comer no Banana Burger. Voltamos pro hostel e conheci a Jéssica, uma brasileira que tinha acabado de chegar. Combinei com ela de ir mais tarde no Dublin Pub. O Nick (o belga) havia combinado de ir na casa alugada pela Lais e pelo Alisson (o casal de brasileiros que conhecemos no pub no dia anterior), então resolvi acompanha-lo. A intenção era ficar na casa dos brasileiros um pouco e depois ir pro Dublin. Acabou que o papo tava tão bom (as inúmeras cervejas e o vinho também) que ficamos lá até 3 da manhã. Voltamos pro hostel e eu só morri.

 

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13/10 - Ushuaia (Laguna Esmeralda + Canal Beagle)

 

A van pra Laguna Esmeralda passou logo cedo no hostel. Como a van era de pessoas que tinham fechado o passeio pela agência Brasileiros de Ushuaia, só tinham brasileiros. Depois de passar em mais alguns hotéis finalmente partimos pro local do início da trilha. Lá recebemos o lanche que já tava incluso no passeio (sanduíche, suco de caixinha, água, alfajor). A trilha começa num centro de treinamento de cachorros daqueles que puxam trenó no gelo, então tem milhares de cães e uma latição constante. A trilha é bem tranquila, tem 10 km ida e volta. A pior parte não é nem a caminhada, mas sim a lama. Por várias vezes enfiei a perna até a canela na lama, então é bom ir com uma bota daquelas de chuva. Em vários lugares de Ushuaia dá pra alugar.

 

Chegamos na Laguna depois de 1h30 de caminhada. O lugar é bem bonito e tava bastante frio, chegou até a nevar bem fraquinho. Ficamos lá uns 45 minutos e retornamos. O passeio custou 1300 pesos e, claro, você paga pela comodidade de a van te pegar no hostel, ter guias durante o caminho todo e ainda ganhar um lanchinho. Mas dá pra fazer de um jeito mais econômico. Por 300 pesos uma van te leva e busca até o início da trilha e aí você pode fazer por conta porque ela é bem demarcada, não tem como errar.

 

Cheguei em Ushuaia às 15h30, a van me deixou no hostel. Corri pro banheiro pra lavar a bota cheia de lama no chuveiro. Fiz uma sujeira danada mas consegui limpar. Depois corri pro porto porque o barco pro Canal Beagle ia sair 16h30. Deu tempo certinho. Eu tava com medo de não conseguir voltar a tempo da Laguna pra conseguir pegar o barco do Canal Beagle, mas o Luizinho (da Brasileiros em Ushuaia) garantiu que se não desse tempo ele me devolveria o dinheiro. O passeio custou 1500 pesos. O barco é daqueles bem turistão, com várias mesas e aquelas janelas enormes de vidro pra você ver o que se passa lá fora, e a guia falando o caminho todo pelo microfone. Também dá pra ficar na área externa, mas o vento é surreal. Sentei numa mesa com dois casais de colombianos e fomos conversando o caminho todo. O barco passa por algumas pequenas ilhas com leões (ou lobos) marinhos e comoranes (bicho parecido com pinguim), e também pelo Farol do Fim do Mundo. Dá pra ver bem de longe também Puerto Williams, que fica mais ao sul do mundo que Ushuaia. Segundo a guia, Puerto Williams não é uma cidade e sim uma base naval, por isso Ushuaia é considerada a cidade mais ao sul do mundo. Mas Puerto Williams tem hotéis, casas, enfim, pra mim é uma cidade. Bairrismos e discussões territoriais à parte, duas horas depois finalmente chegamos a ilha dos pinguins. Pela época do ano, era bem provável que não haveria muitos pinguins, mas felizmente tinha um monte. Uns 50 mais ou menos. O barco chega bem pertinho e dá pra ver bem os bichinhos.

 

Duas horas depois (e já à noite) estávamos de volta a Ushuaia. No caminho de volta tomei três garrafas de vinho com os colombianos e chegamos todos bem alegres, depois de conversar sobre futebol, novelas brasileiras, política. Cheguei no hostel e encontrei a Jéssica e a Mary, outra brasileira. Aproveitei pra me desculpar com a Jéssica por ter furado com ela na noite anterior. Fomos todos pra onde? Pro Dublin Pub. Ficamos lá até uma da manhã e voltamos pro hostel a pé num frio de -3 graus ::Cold:: .

 

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Cara, que relato top. Fotos mais fodas ainda. Roteiro praticamente igual ao que farei qnd for à Patagônia. Já salvei nos favoritos. Me tira uma dúvida, desses 8 mil, qnt foi de passagem?

 

Valeu Jonatan! :D

 

A passagem das Aerolineas Argentinas custou R$ 1.700, incluindo os trechos Guarulhos-Ushuaia / Ushuaia-El Calafate / El Calafate-Guarulhos.

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14/10 - Ushuaia / El Calafate

 

Por ter comprado dois tours na agência "Brasileiros em Ushuaia" eles me deram o transfer do hostel pro aeroporto. Conversando com outros mochileiros brasileiros ouvi dizer que isso é normal, então caso você não ganhe este presentinho reclame com eles :lol: . A van ia passar no hostel às 14h30 pois o vôo era 16h20, então ainda tinha a manhã toda livre no último dia de Ushuaia. Fiquei andando pela Av. San Martin, tirei umas fotos da cidade, tomei um dos milhares de chocolates quentes grátis que você ganha de pessoas distribuindo panfletos, passei mais uma vez no supermercado La Anonima pra comprar sanduíche e água, e voltei pro hostel pra ficar na internet e passar o tempo. Pontualmente às 14h30 a van passou e 20 minutos depois estava no aeroporto de Ushuaia, já com saudades de estar indo embora.

 

Depois de um vôo bem tranquilo, 3 horas depois cheguei em El Calafate. O aeroporto é distante 23 km do centro, então necessariamente você tem que pegar um transfer. O mais conhecido e mais barato é o da empresa Ves Patagonia. Assim que você sai da área de desembarque já dá pra ver o quiosque deles. Custa 160 pesos só ida ou 280 ida e volta. Acabei comprando só a ida mesmo. Você pega um ticket e leva até a área externa do aeroporto, onde sempre tem uma van deles esperando. Aí você fala o nome do seu hostel/hotel e o motorista já cria um roteiro na cabeça dele pensando no roteiro pra deixar 20 pessoas em 20 locais diferentes. Eu queria ir pra rodoviária pra já comprar passagem pra El Chaltén pro dia seguinte, então acabei sendo o último a ser deixado. Mas mesmo assim foi bem rápido, afinal El Calafate não é grande. Desci na rodoviária e comprei o ticket pra El Chaltén na Caltur, por 600 pesos. Tem uns 3 ou 4 guichês de empresas que fazem esse itinerário e praticamente todas tem ônibus às 08h, 13h e 18h. Pelo menos em outubro o movimento estava bastante tranquilo, então não tinha tanta necessidade de comprar antecipadamente. Dez minutos antes do ônibus partir dá pra comprar tranquilamente.

 

Peguei um mapa no balcão de informações da rodoviária e fui procurar o quarto que eu tinha alugado no AirBnb. Como só ia dormir um dia na cidade e sair bem cedo resolvi não ficar em hostel. Saindo da rodoviária você desce um escadão e logo está na avenida principal, a Libertador San Martin. Lá estão praticamente todos os restaurantes, agências e lojas de souvenirs da cidade. Mas falarei de El Calafate mais pra frente. Uns 20 minutos caminhando e cheguei na casa da Vicky. Quem me recebeu foi sua amiga Veronica, que mora com ela. A casa é pequena mas extremamente cômoda e confortável. O quarto dos hóspedes é privativo e tem uma cama de casal enorme. Fica bem perto do centro, então pra quem não quer ficar em hostel mas quer economizar com as diárias absurdas de hotéis, fica a dica: https://www.airbnb.com.br/rooms/14976481. Tomei banho, arrumei a mala e quando desci pra sala a Vicky já estava lá, tinha acabado de voltar do trabalho. Como era sexta-feira ela e a Veronica iam para um bar com uma amiga e me convidaram. Então lá fomos nós pro La Zorra (a primeira de muitas que eu iria nesse lugar), um bar com 10 tipos de chopp artesanal e comida bem gostosa. Lá encontramos a Sabrina, amiga da Vicky e da Veronica, e ficamos bebendo e conversando bastante. Cada chopp custa em média 80 pesos, já o hamburguer é 120 pesos e gigantesco. Voltamos pra casa da Vicky depois da meia-noite e dormi.

 

 

15/10 - El Calafate / El Chaltén (Laguna Torre)

 

Acordei 07h, me despedi da Vicky e fui andando até a rodoviária. No caminho comprei sanduíche numa padaria pra ir comendo na viagem. 08h o ônibus partiu de Calafate e 12h cheguei em El Chaltén. O ônibus da Caltur é bem confortável, a poltrona praticamente vira uma cama. Como tava bem vazio deu pra se esparramar no banco e dormir. A estrada é bem conservada e no caminho todo você vê lagos, montanhas, pastos sem fim. Uma paisagem bem bonita. Assim que o ônibus chega em El Chaltén, ele pára no centro de informações de visitantes e aí todos tem que descer pra ouvir uma breve explicação sobre a cidade, sobre as trilhas disponíveis, o que pode e não pode fazer, etc. Lá também tem mapas disponíveis. Logo depois o ônibus vai de fato pra rodoviária (que é 500 metros depois do centro de informações).

 

A cidade de El Chaltén é muito pequena, então você faz tudo andando e quase não há táxis. Aliás, quase não há carros de tipo nenhum. É um lugar extremamente tranquilo e calmo. Ao redor da cidade você vê a famosa montanha Fitz Roy e também o Cerro Torre. Fui andando até o Hostel Condor de los Andes, onde tinha feito reserva, e deixei as malas no quarto. É um hostel relativamente pequeno mas muito bom. Fiquei num quarto pra 4 pessoas com banheiro no quarto. Já passava do meio-dia mas eu tava animado pra conhecer alguma trilha já no primeiro dia, então a menina da recepção me sugeriu a trilha pra Laguna Torre. Passei numa das muitas padarias que ficam na Av. San Martin (olha o San Martin aí de novo) e comprei empanadas, sanduíche, água e refrigerante. O começo da trilha pra Laguna Torre é no meio da Av. San Martin, tem uma placa indicando e é fácil de encontrar.

 

A trilha tem 18 km ida e volta e fiz em 2h pra ir e mais 2h pra voltar. É um caminho relativamente tranquilo, com poucas subidas e descidas. Tinha até um grupo de crianças de uma escola fazendo. As paisagens durante todo o tempo são incríveis. Você passa por alguns rios e aí pode pegar água do próprio rio pra encher sua garrafinha, quase todos os rios e lagoas tem água potável. Cheguei na Laguna Torre 14h30 e fiquei lá uma hora curtindo o lugar. Tirei fotos, deitei numa pedra pra tomar sol (que tava forte, apesar do frio), comi o sanduíche e aí peguei o caminho de volta. 18h cheguei em El Chaltén.

 

Tomei banho e tava deitado na cama vendo as fotos da viagem até então, quando entrou no quarto o Lucas, um baiano que nasceu em Minas Gerais mas mora em Brasília :lol:. Um cara muito engraçado que se tornaria companheiro dos próximos dias da viagem. Conversamos um pouco e ele, como tinha acabado de chegar, queria sair pra comer. Eu tava bem cansado da trilha e quase pronto pra dormir, mas levantei e fui com ele. Fomos no Caeytano, um bar bem pequeno na Av. San Martin que serve pizzas, sanduíches e, claro, cerveja. Comi um sanduíche enorme, tomamos umas cervejas e ficamos conversado. Voltamos pro hostel e tinha chegado no quarto uma argentina, a Antonela. Conversei um pouco com ela e aí dormi.

 

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16/10 - El Chaltén (Laguna de los tres)

 

Acordei e fui tomar café no hostel. Era o café da manhã padrão: pão, manteiga, geléia, doce de leite, suco, café, leite). Voltei pro quarto e a Antonela tava com cara de poucos amigos. Falei um "buenos dias" e ela disse que não tinha dormido bem à noite. Ingenuamente perguntei porque e aí ela explicou: "porque você e o Lucas roncaram a noite toda". :lol:

 

O Lucas tava animado pra andar, então sugeri de fazermos a trilha Laguna de los Tres e ele concordou. Na recepção do hostel reservamos a van que levaria até a Hosteria Pilar, por 150 pesos. Dá pra fazer a trilha sem pegar essa van, afinal o início do trekking é no final da Av. San Martin. Mas fazendo desse jeito você vai e volta pelo mesmo lugar. Indo até a Hosteria Pilar você vai por um caminho e volta pelo outro, além de evitar uma subida imensa que você teria que pegar na ida se fosse pelo caminho da San Martin. Na recepção do hostel aguardando a van apareceu a Antonela dizendo que ia fazer a mesma trilha. Felizmente ela já estava de bom humor. 9h30 a van passou e 30 minutos depois nos deixou a poucos metros da Hosteria Pilar.

 

A trilha pra Laguna de los Tres é longa e pesada. São 20 km ida e volta, com bastante subida e descida. Na ida são 10 km e chegando no km 9, logo depois do acampamento Poincenot, tem uma placa com dizeres mais ou menos assim: "o próximo quilômetro é só subida, se você não tá em condições boas nem pense em passar daqui". Lá fomos nós encarar e comprovar que a placa não tava mentindo. Eu e o Lucas chegamos no final esgotados. Mas a vista da laguna congelada compensou qualquer cansaço. O lugar é indescritivelmente bonito. Um casal de brasileiros que já iria começar o caminho de volta sugeriu que descêssemos até a laguna congelada e que virássemos à esquerda, onde fica a Laguna Sucia. Acabamos não aceitando a sugestão devido ao cansaço, mas dizem que ela também é bem bonita. Pra mim só aquela visão da Laguna de los Tres com o Fitz Roy ao fundo já era mais do que suficiente.

 

Aí você pensa "se na ida foi só subida, na volta vai ser fácil porque é só descida". E aí você se engana totalmente, porque a descida é tão ou mais difícil que a subida. Tinha bastante gelo derretendo e a todo momento alguém escorrega e cai de bunda. Eu mesmo caí umas 3 vezes. Passando o quilômetro final (que na volta é o quilômetro inicial), o caminho fica mais plano e mais fácil.

 

Chegamos em El Chaltén de volta lá pras 18h. O Lucas foi pro hotel dele porque já tinha reservado e pago antecipadamente. Ele tinha se hospedado no Hostel Condor de los Andes só por uma noite porque antecipou a ida da cidade que ele tava pra El Chaltén. Combinamos de nos encontrar mais tarde pra ir no bar Caeytano novamente. Umas 20h lá fomos nós comer e beber. Não ficamos muito porque os dois estavam destruídos da trilha. Voltei pro hostel e na sala de estar conheci o Lúcio, um catarinense que era experiente em trilhas e praticamente todo ano vai pro Chile fazer um tour de bike. Ele ia fazer no dia seguinte a trilha Loma del Pliegue Tumbado. Como eu também queria fazer me auto-convidei pra ir junto. Mandei uma mensagem pro Lucas e ele também topou. Então o time tava fechado pro dia seguinte. Fui pro quarto dormir. A Antonela já tava dormindo e fiquei com peso na consciência de roncar e atrapalhar novamente a noite dela. Devido ao meu cansaço, esse peso durou mais ou menos 3 minutos.

 

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17/10 - El Chaltén (Loma del Pliegue Tumbado)

 

Acordei e encontrei o Lúcio na cozinha tomando café. Logo depois o Lucas chegou e aí partimos pra começar a trilha do dia, a Loma del Pliegue Tumbado. O começo dela é no centro de visitantes na entrada da cidade, então não precisa pegar nenhuma van, é só caminhar. Assim com a Laguna de los Tres, essa também é bem puxada e com bastante subida. Começamos 10h e 12h chegamos num gramado enorme de onde se tem uma vista bem bonita das montanhas e lagos. Tava bastante sol, então deitamos na grama pra descansar e comer parte do lanche que tínhamos levado. Depois continuamos a subida até a base da montanha. Tem vários caminhos que se pode fazer antes de efetivamente subir até o topo da montanha. Dá pra ver a Laguna Torre, a cidade de El Chaltén bem pequena lá embaixo, o enorme Lago Viedma com vários icebergs e muitas, muitas montanhas. Ficamos tirando fotos e descansando mais um pouco. Fizemos uma votação pra decidir se subiríamos até os 1492 metros do topo da montanha. Eu tava bastante esgotado e votei pelo "não", mas ficaria lá esperando caso o Lucas e o Lúcio decidissem ir. O Lucas também não se animou e aí acabou que ficamos mesmo com a visão da base da montanha, mas que já valeu muito.

 

Tinha bastante neve e ela tava fofa, algumas vezes indo até o joelho, então pra subir é bem cansativo. Na descida é bem mais fácil, dá pra ir até correndo. Num pedaço a neve tava bem lisa e vi um caminho que parecia rastros de algum tipo de esqui. Tentei pegar velocidade e me jogar pra descer escorregando, mas encalhei :lol: . Acho que só dá pra descer de esqui ou trenó. No caminho de volta, que basicamente é só descida, meu joelho começou a dar sinal de vida e doer bastante. O Lúcio me emprestou seus bastões de trekking e aí deu uma amenizada no sofrimento. Chegamos em El Chaltén por volta das 17h e estavam todos famintos. Pra onde fomos? Caeytano de novo. Ainda tava sol forte, então sentamos na mesa que fica no jardim em frente ao bar, todos só de camiseta. A medida que o sol vai se pondo o frio começa a ficar absurdo. Em 30 minutos passei de só camiseta pra três blusas e touca. Tomamos umas cervejas pra comemorar mais uma trilha (quase) completada e comemos uma pizza. Uma holandesa de uns 2 metros de altura na mesa ao lado puxou assunto e ficamos conversando todos. Ela tinha pedido uma pizza inteira, comeu 2 pedaços e ofereceu o restante porque não ia comer. Na primeira oferta recusamos, mas na segunda devoramos a pizza e uma cerveja de 1 litro quase inteira que ela também ia deixar :P .

 

Voltamos eu e o Lúcio pro hostel e o Lucas foi pro hotel dele. Tomei um banho e cama.

 

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18/10 - El Chaltén (Rio Electrico)

 

O Lúcio foi embora de madrugada, então estávamos mais uma vez só eu e o Lucas pra fazer mais alguma trilha no meu último dia de El Chaltén. Na recepção um rapaz sugeriu que fizéssemos a trilha do Rio Electrico. Não conhecia até então mas aceitamos a sugestão. Por 320 pesos a van nos levaria até o começo da trilha e depois buscaria mais tarde. O local é um pouco depois da Hosteria Pilar. Chegamos no início do trekking 10h30 e tava um sol bem forte. Depois de andar 2 horas chegamos num acampamento. Pelo mapa, pouco depois dali teria um mirador e o Lago Electrico. Sentamos num banco pra descansar e aí uma funcionária do acampamento perguntou se queríamos água e ajuda pra continuar a trilha. Achei a moça bastante simpática, ela até pegou um mapa gigante pra explicar por onde teríamos que ir, deu várias informações... Até que veio a surpresa: pra passar pelo acampamento vocês precisam pagar uma taxa de 500 pesos por pessoa ::dãã2::ãã2::'> . Questionamos, reclamamos, falamos que só iríamos até o mirador e voltávamos. Mas nada, ou pagava ou não passava. Eu fiquei um pouco nervoso, afinal cobrar uma taxa dessa somente pra passar pelo acampamento é um pouco abusivo. Eu não iria acampar nem usar as instalações do local, só ia de fato passar por ali. Sem chance de negociação, pegamos o caminho de volta.

 

Chegamos às 15h no local onde a van ia nos pegar 17h. Tínhamos 2 horas na beira da estrada pra fazer exatamente nada. Comi o sanduíche que tinha comprado na cidade, deitei nas pedras, cochilei, joguei umas pedras no rio. O Lucas fez a mochila de travesseiro e dormiu profundamente. Um carro que passava pela estrada até parou assustado porque achava que era um corpo abandonado :lol: . Expliquei que tava tudo bem e que ele só tava dormindo e aí o motorista foi embora, ainda meio desconfiado. 17h a van nos pegou e meia hora depois cheguei no hostel. Tomei banho, estiquei as pernas, tomei uma cerveja ali na sala mesmo e fui dormir.

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19/10 - El Chaltén / El Calafate

 

Acordei, tomei café no hostel e fiquei fazendo hora na internet até dar a hora de ira pra rodoviária. 13h partiu o ônibus pra Calafate e 17h cheguei na cidade pela segunda vez, mas agora pra ficar efetivamente. Aproveitei que tava na rodoviária e comprei passagem pra Puerto Natales pro dia 23/10. O preço foi 1100 ida e volta pela empresa Cootra. Da rodoviária fui andando até o hostel America del Sur. Sem dúvida o melhor da viagem. Fica no final da avenida principal, a San Martin, depois de subir uma ladeira. Mas ter que subir essa ladeira compensa. Devido a localização do hostel mais no alto, dá pra se ter uma vista legal de uma espécie de deck instalado na área externa. Os serviços também são bem bons, os quartos, o café da manhã, enfim, sem nenhuma reclamação. Guardei as coisas no quarto e fiquei na enorme sala com sofás e mesas tomando uma cerveja. Na recepção trabalha um paulista de Osasco, o Rubens, e aí fui lá ver com ele se tinha um tour legal pro dia seguinte, afinal até então não tinha reservado nada. O Rubens tava terminando de fechar um tour de caiaque no Rio La Leona pro dia seguinte pra outro brasileiro, o Zé Roberto. Me animei e mais tarde acabei fechando também, por 2100 pesos.

 

Depois fiquei conversando com o Zé e aí juntou mais alguns brasileiros na conversa, e depois mais alguns, e mais alguns... Acabou que no fim da noite tinham umas 10 pessoas na mesa. No hostel toda noite rola um churrasco, por 160 pesos você come churrasco e salada a vontade e ainda ganha uma taça de vinho e uma sobremesa. Como já tinha comido antes de chegar no hostel fiquei só bebendo Quilmes (3 latas por 100 pesos). Antes de dormir ainda reservei um kit-lanche pro caiaque do dia seguinte. Você reserva a noite na recepção e aí pega de manhã antes de ir pro seu tour. Vem um sanduíche gigantesco, uma fruta (maçã ou banana), um alfajor e uma água.

 

20/01 - El Calafate (caiaque no Rio La Leona)

 

A van que levaria pro caiaque iria passar 8h30, então acordei cedo, tomei café e aproveitei pra pegar o kit-lanche que tinha reservado no dia anterior. Tinha pedido lanche de frango e veio de carne, e tinha pedido maçã e veio banana. O rapaz da cozinha tava com cara de perdido e não sabia explicar porque tava trocado. Enfim, comida é comida e acabei deixando pra lá. A van chegou e lá fomos nós. Do America del Sur foram eu (Felipe) e mais dois brasileiros, o Zé e o Zé Felipe ::essa:: . Depois da confusão dos nomes, na van descobrimos que pela semelhança dos nomes os lanches estavam todos trocados. No caminho até o início do caiaque um dos guias vai explicando um pouco da história da cidade de El Calafate, a fauna, a flora e outras curiosidades. Uns 40 minutos de estrada e chegamos num restaurante abandonado na beira do rio. Lá são distribuídas as roupas impermeáveis, colete salva-vidas, botas, capacete, enfim, uma série de coisas pra caso o caiaque virar você estar seguro. Também dão uma bolsa impermeável pra você colocar seu tênis, meias, calça e qualquer outra coisa que você tenha levado e não queira que molhe.

 

Depois de uma breve aula sobre como remar, como virar pra direita e esquerda e como frear, finalmente a gente vai pra água. Em cada caiaque vão duas pessoas. Eu e o Zé Felipe fomos em um, o Zé Roberto e um chinês em outro, e um casal de gringos (acho que americanos) em outro. No começo, até sentir o equilíbrio do barco, dá um certo receio. Mas depois que você pega o jeito é bem fácil. Além dos três caiaques dos "turistas" também vão dois guias, um em cada caiaque. Um deles vai tirando fotos e gritando lá de trás "vira a direita... vira a esquerda... rema pra frente..." a medida que vai vendo algum caiaque se enfiando em enrascada e indo em direção às pedras. Mais ou menos uma hora remando e aí paramos numa praia de pedras, onde começa uma pequena trilha até o bosque petrificado La Leona. Como o local é deserto dá pra deixar as coisas lá numa boa e só levar mesmo o lanche e uma garrafa d'água. Durante a trilha passamos por árvores e ossos de dinossauro petrificados (isso dizem os guias). Depois subimos um caminho de pedras e paramos pra almoçar lá no alto, com vista pra todo o bosque, que parece um imenso deserto lunar. Na volta dá pra descer correndo uma montanha de areia e aí você chega lá embaixo com 2 quilos de areia dentro do tênis.

 

De volta ao caiaque, remamos mais uns 40 minutos e chegamos no fim do passeio. A van já estava esperando no final do caminho, uma pequena estradinha na beira da rodovia. Cada um ganha uma cerveja e aí ficamos bebendo aguardando os guias guardarem todo o equipamento e as roupas dentro da van. No caminho de volta um dos guias mostrou no notebook as fotos que ele tinha tirado da gente. Por 300 pesos ele enviava o link por e-mail pra quem quisesse, mas ninguém se animou.

 

Chegamos no hostel lá pras 18h e reservei na recepção o mini trekking do Perito Moreno pro dia seguinte, por 2100 pesos. Depois fomos eu e o Zé Roberto no bar La Zorra tomar uma cerveja. O Lucas (aquele de El Chaltén) mandou mensagem dizendo que estava em El Calafate e aí chamei ele pro La Zorra também. Ficamos bebendo lá os três e aí decidimos voltar pro hostel pra continuar bebendo lá com o restante dos brasileiros. Depois de umas e outras cervejas, lá pra meia-noite botei a mão no bolso e só tinha 5 pesos. Não sei se fui pro quarto pegar mais dinheiro ou se de fato fui dormir, mas no dia seguinte me disseram que eu simplesmente levantei da mesa e sumi.

 

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21/10 - El Calafate (mini trekking no Glaciar Perito Moreno)

 

Acordei às 7h meio de ressaca e pobre. Devido ao álcool esqueci de reservar o kit-lanche na noite anterior. Além disso só tinha 5 pesos no bolso e precisava ter dinheiro pelo menos pra entrada do Parque Nacional onde fica o Perito Moreno. E ainda precisava tomar café pra curar a ressaca. Tinha que resolver isso tudo em uma hora, afinal a van ia passar no hostel às 8h. Engoli um pão com qualquer coisa e fui correndo até a Av. San Martin procurar um caixa eletrônico pra sacar uns pesos. Na primeira agência que entrei não funcionou mas na segunda sim, no Banco Patagonia. Saquei o limite máximo de 2000 pesos, passei num mini-mercado pra comprar sanduíche, água e refrigerante, e voltei correndo pro hostel. Cheguei exatamente às 7h55, um minuto antes da van estacionar.

 

A van passa em alguns hostels e depois todo mundo é transferido pra um ônibus, que vai efetivamente pro Parque Nacional Los Glaciares. No caminho fui conversando com um senhor argentino que foi sentado ao meu lado. Ele conhecia praticamente o Brasil todo. Depois de uns 40 minutos o ônibus pára na entrada do parque e aí sobem funcionários pra cobrar a taxa, que é de 250 pesos pra brasileiros. Alguns minutos depois chegamos nas famosas passarelas de onde se pode ver o Glaciar Perito Moreno. A guia informa que temos aproximadamente 1h30 pra andar pelos diversos caminhos das passarelas e ir até o final onde o ônibus estaria esperando. No caminho fui conversando com um casal de mineiros, o Gabriel e a Renata, e uma amiga japonesa deles.

 

Depois das passarelas pegamos o ônibus de novo e logo depois um barco que leva até o início da caminhada do mini-trekking, em uma travessia de mais ou menos 20 minutos. Lá todo mundo é dividido em grupos que vão com guias que falam espanhol ou inglês. Eles também emprestam luvas de graça pra quem não tem. Depois de uma pequena caminhada e uma breve aula sobre glaciares, colocamos os crampones nos pés e começa a caminhada pelo Glaciar. O mini-trekking tem ao todo pouco mais de uma hora de caminhada, mas com pouca subida e descida. No geral é bem tranquila. O guia vai na frente e os grupos vão atrás em fila indiana. No final cada um ganha um bombom e whisky com gelo do glaciar. Depois de devolver os crampones e as luvas, pegamos o barco de volta e por fim, o ônibus de volta pra Calafate. No caminho até cochilei.

 

Cheguei no America del Sur mas não tinha wi-fi pra usar o Whatsapp e ver se algum dos brasileiros estava por lá. Lembrei que eu tinha a senha do bar La Zorra gravada no celular, então desci até a Av. San Martin e fiquei usando o wi-fi da calçada. Ainda no planejamento da viagem eu tinha criado um grupo com um pessoal aqui do fórum, mas que acabou não indo pra frente. Assim que liguei o wi-fi em frente o La Zorra tinha uma mensagem de uma das pessoas do grupo, a Amanda, dizendo que estava em El Calafate. Perguntei "onde?" e ela respondeu "num bar chamado La Zorra, com uns brasileiros" ::otemo:: .

 

Parei de roubar o wi-fi da calçada e efetivamente entrei no bar. Estava lá um monte de gente do America del Sur e tava formada mais uma festa. Depois de vários chopps, o Rodrigo lembrou que tinha uma garrafa de vinho e aí pedimos pro garçom abrir. Ele que só podíamos beber coisas compradas no bar, então o Rodrigo foi no posto de gasolina ao lado e conseguiu abrir com uma faca. Depois de metade da garrafa consumida o garçom apareceu de novo e não ficou muito feliz vendo a gente tomando o vinho. Achei desnecessária a bronca, afinal todo mundo tava consumindo (e bastante) no bar. Lá pra meia-noite a caravana de brasileiros voltou pro hostel e aí só dormi.

 

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22/10 - El Calafate

 

Acordei e me despedi de alguns dos brasileiros que estavam indo embora. Os que ficaram não tinham planos pro dia, então combinamos de alugar bicicletas e andar pela cidade. Fomos eu, o Zé Roberto, o Rodrigo e a Amanda. Antes ainda passamos no hostel em que o Lucas estava hospedado mas ele tinha saído pra lavar roupas. Alugamos numa loja da avenida pelo preço de 230 pesos por 4 horas. Andamos um bom tempo da Av. San Martin até a margem do Lago Argentino. Depois voltamos até o início de uma trilha na Laguna Nimez. Como precisava pagar pra entrar na trilha, ninguém se animou e paramos em um restaurante pra comer e beber. O Lucas apareceu no bar e ficamos todos conversando e bebendo. Voltamos pra devolver as bicicletas às 15h30 mas a loja só abria às 16h. A maioria dos comércios fecha das 13h às 16h (ou das 14h às 16h).

 

Depois de esperar a loja abrir, pensamos em passar no La Zorra pra tomar um chopp, só pra manter a tradição. Como o bar só abre às 17h, fomos no centro de informações turísticas na Av. San Martin, onde tem uns totens eletrônicos com milhares de informações sobre a Patagônia e um telão com vídeos incríveis dos glaciares. Depois ficamos enrolando na avenida até dar cinco da tarde. Das 17h às 18h é happy hour no La Zorra, ou seja, todos os chopps custam 50 pesos. Ficamos lá um pouco e depois fomos comer cordeiro em um dos muitos restaurantes da avenida principal. Acho que foi a primeira refeição decente em dias. De lá voltamos pro hostel, fiquei um pouco no celular dando sinal de vida e depois cama.

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23/10 - El Calafate / Puerto Natales

 

Fui andando até a rodoviária e peguei o ônibus para Puerto Natales às 08h30. Depois de 4 horas de viagem o ônibus faz uma rápida parada em Rio Turbio, uma cidade nada bonita pelo que vi da janela. Rio Turbio fica na fronteira entre a Argentina e Chile, então logo depois dessa parada o ônibus anda mais uns 10 minutos e aí temos que descer para fazer as burocracias na imigração argentina. Todos descem e tem que apresentar passaporte (ou RG) para o oficial de imigração. Ele só carimba o passaporte e pronto, nada de perguntas. De volta ao ônibus, andamos mais 10 minutos e novamente todos descem para encarar agora a imigração chilena. Essa parte é um pouco mais demorada porque além de apresentar os documentos para os oficiais também é necessário passar todas as mochilas em uma máquina de raio X. Burocracias vencidas, todos entram no ônibus novamente e em mais 15 minutos chegamos na rodoviária de Puerto Natales.

 

Peguei um mapa na rodoviária e vi que dava pra ir andando até o Wild Hostel, onde eu tinha feito reserva. A cidade é bem pequena, então dá pra fazer tudo andando. Eu só iria dormir lá uma noite porque no dia seguinte bem cedo já iria começar o circuito W de Torres del Paine. No caminho pro hostel notei que a cidade estava bem vazia, poucos carros e pessoas nas ruas, praticamente todos os comércios fechados, quase uma cidade deserta. Imaginei que fosse porque era domingo. Cheguei no hostel e durante o check-in perguntei pra moça da recepção se a cidade era sempre assim deserta. Daí entendi o porquê: era dia de eleição. A parte ruim é que não havia nenhum lugar pra trocar dinheiro na cidade toda, então tive que fazer um saque no banco Santander em frente ao hostel, afinal não tinha nada de pesos chilenos. Mas a pior parte mesmo de ser dia de eleição é que não podiam vender cerveja por causa da lei seca :cry: .

 

Depois de guardar as mochilas e tomar um banho, voltei pra rodoviária pra comprar as passagens pra Torres del Paine pro dia seguinte. Todas as empresas tem os mesmos horários (07h30 ou 14h30) e o mesmo preço (15000 pesos ida e volta). Acabei comprando na Buses Gomez. Em todas as empresas é a mesma coisa: você compra com a data da ida marcada e pode voltar de Torres del Paine o dia que quiser, só apresentar o ticket de volta pro motorista na volta.

 

Na volta pro hostel parei pra comer hamburguer no único restaurante aberto da Av. Manuel Bulnes. Na verdade tinha outro aberto e com uma placa bem convidativa na porta: almoço caseiro por 3000 pesos. Mas logo que entrei um senhor bem mal-humorado disse que só tinha sopa porque o cozinheiro tinha faltado. Chegando no hostel a menina da recepção me disse que o Lucas (o de Chaltén e de Calafate) tinha ido lá me procurar. Mandei uma mensagem e ele tava em um hostel ali perto. Fomos dar uma volta na avenida principal, na margem do mar. Ali tem uma estátua do Milodón, um bicho estranho que é o mascote da cidade. Comentei do fato de todos os comércios estarem fechados e o Lucas disse que tinha visto uma pizzaria aberta. Fomos lá e realmente tava aberta e cheia, afinal devia ser um dos poucos lugares funcionando na cidade. Mandamos uma pizza gigante e aí voltei pro hostel. O Lucas queria ir no dia seguinte pra Torres del Paine também, mas com as agências todas fechadas não dava pra reservar nada. Me despedi dele e fui dormir.

 

24/10 - Puerto Natales / Torres del Paine (1º dia do circuito W: Paine Grande - Mirador Grey)

 

Acordei bem cedo e ainda não tinha café da manhã no hostel. Fui andando pra rodoviária e cheguei lá 07h. Comprei bolacha, uns saquinhos de amendoim com castanhas, suco de caixinha e esse foi meu café da manhã. O ônibus saiu pontualmente às 07h30 e 09h chegamos na portaria principal do parque (Laguna Amarga). Lá se paga a taxa de 21000 pesos e todos tem que assistir um curto vídeo sobre regras do parque, em que a todo momento se enfatiza que não se pode fazer fogo no parque e nem sair dos caminhos demarcados das trilhas. Depois do vídeo fui pegar um mapa numa mesa e um senhor bem mal-humorado me perguntou com quem eu estava. Eu disse que estava sozinho e ele bem grosso: "não pode fazer trilha sozinho, tem que estar com alguém. E não pode pegar mapa sozinho, tem que ser um mapa pra duas pessoas". Respondi: "sem problemas, vou encontrar alguém". Antes que ele respondesse de novo peguei logo um mapa da mesa e saí dali antes de ouvir a resposta. Achei desnecessário o sermão, afinal paguei a salgada taxa de 21000 pesos pra entrar no parque. O mínimo que tenho direito é receber um mapa. E durante todos os dias da trilha vi muitas pessoas caminhando sozinhas, então não fazia muito sentido o que ele tava falando.

 

Depois das "boas vindas", voltei pro ônibus e uma hora depois chegamos em Pudeto, de onde parte o catamarã pra Paine Grande, o primeiro acampamento do trekking. Ainda faltava meia hora pro catamarã partir, então deu pra comer um sanduíche num pequeno restaurante que tem ali. Durante a espera do catamarã conheci um grupo de três goianos que iam fazer um trajeto meio maluco do circuito W. Eles estavam com um chileno, o Alejandro, que tinha morado três anos no Brasil e falava bem português. Esse chileno ia montar a barraca em Paine Grande e fazer a primeira perna do W (ida e volta ao Mirador Grey). Eu pretendia fazer o mesmo, então combinei de ir com ele. Pegamos o catamarã lotado às 11h (19000 pesos). Trinta minutos depois chegamos em Paine Grande. Eu tinha reservado ainda no Brasil todos os campings (com barraca, saco de dormir e isolante) e também as refeições (café da manhã, almoço e janta). O camping Paine Grande é administrado pela Vertice Patagonia. Os outros dois seguintes eram da empresa Fantastico Sur. Pelo site das duas empresas dá pra ver os preços atualizados e fazer as reservas.

 

Apresentei na recepção do camping o papel da minha reserva e aí o rapaz me deu o isolante, o saco de dormir e os vouchers das refeições. Ele me acompanhou até a área das barracas e lá já tinham várias montadas. O rapaz me sugeriu uma delas e como eram todas iguais eu disse que tava tudo bem e podia ser aquela mesmo. Assim é fácil acampar ::otemo:: . Guardei minha mochila lá dentro e esperei o Alejandro montar a barraca dele pra começar a caminhada. O trecho de ida e volta Paine Grande-Mirador Grey tem 22 km no total e pode ser feito em 6 horas. Começamos de Paine Grande às 12h30 e chegamos no Mirador por volta das 15h30. O trajeto é de dificuldade intermediária, tem bastante trecho de descida na ida (e subida na volta). Em algumas partes o famoso patagônico dava as caras, sendo difícil (pra não dizer impossível) abrir o mapa e conferir o caminho. Fiquei lá uma hora apreciando a vista incrível e cheguei de volta a Paine Grande às 19h30, bem na hora do jantar.

 

O jantar pago é servido num refeitório, onde ficam também os quartos de quem reserva o refúgio. Pra quem vai cozinhar tem outro refeitório bem próximo dali. O cardápio normal é um só pra todo mundo, mas quando você faz o check-in o rapaz pergunta se você tem intolerância ou alergia a algum alimento. Como eu não tenho não sei dizer sobre o cardápio alternativo. Nesse dia tinha pedaços gigantescos de frango com purê, salada, suco e um doce não-identificado de sobremesa. A comida é razoável, mas com a fome que você chega depois de andar 22 km ela parece deliciosa. Depois do jantar voltei pra barraca pra descansar. Cochilei e acordei umas 23h com vontade de ir ao banheiro. Como já tava tudo apagado pensei que não seria ruim fazer ali no mato mesmo. Andei um pouco pra me afastar da área das barracas e poupar meus vizinhos e aí fiz (o número 1, claro). Na volta pra barraca pisei em falso em um buraco e cortei o dedinho do pé. Pensei que não tinha sido nada de mais, mas quando voltei pra barraca e liguei a lanterna vi que tava sangrando bastante. Não tinha levado band-aid, então limpei com lenço umedecido, improvisei um curativo com papel higiênico e depois disso dormi.

 

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25/10 - Torres del Paine (2º dia do circuito W: Paine Grande - Valle del Francés - Los Cuernos)

 

Acordei 6h com um vento absurdo que praticamente tava levando a barraca embora comigo dentro. O papel higiênico tava grudado no machucado do pé, então foi aquela sensação gostosa pra arrancar ::vapapu:: . Tomei o café da manhã, peguei o lunch-box pra comer no almoço e ia começar a caminhada até o camping Italiano. Antes lembrei de perguntar na recepção do camping se eles tinham band-aid. O rapaz fez uma cara de assustado, como se eu tivesse perguntado uma coisa absurda. Talvez "band-aid" em espanhol seja algum palavrão, sei lá. Depois disse que não tinha. Do lado da recepção tinha uma sala com uma placa escrito "primeiros socorros". Perguntei se lá não tinha nenhum band-aid ou gaze ou coisa do tipo e ele continuou afirmando que não. Fiquei pensando "se a sala de primeiros socorros não tem nem um curativo, o que vai ter então?". Achei que foi mais má vontade do cara do que qualquer outra coisa, mas resolvi não discutir e ir embora.

 

Comecei a caminhar às 08h e o machucado no pé tava incomodando bastante no começo, afinal era bem o dedinho que ia raspando na bota. O joelho também. Acho que durante o trekking as duas dores foram se neutralizando e chegou uma hora que eu já não sentia mais nada. Pouco antes das 10h cheguei no camping Italiano e parei pra descansar e comer uma barrinha de cereal e um chocolate do lunch-box. Ali tinha que decidir se ia pro Valle del Francés ou se continuava caminhando até o camping Los Cuernos, onde eu iria dormir essa noite. Meu pé tava doendo, assim como o joelho. Mas pensei "quando eu vou voltar pra esse lugar de novo?". E lá fui pro Valle del Francés. A caminhada é dura, bastante subida e descida, mas a vista que se tem do Mirador Britanico vale todo o esforço.

 

Peguei o caminho de volta e cheguei no camping Italiano novamente às 16h. De lá até o Los Cuernos as dores sumiram e fiz em pouco mais de 1 hora o trajeto. Cheguei no camping Los Cuernos derrotado, tomei um banho e tirei um cochilo na barraca antes do jantar. As horas das refeições são bem confusas nesse camping. Tem umas mesas reservadas pra determinados grupos, então não pode sentar em qualquer uma. Só fui entender o esquema no café da manhã do dia seguinte. O cardápio era carne com purê, salada e um doce de limão de sobremesa. Mas podia ser sopa de pedra que eu comeria com o maior prazer. Antes das 21h eu já tava dormindo, com o vento querendo levar a barraca a noite toda.

 

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26/10 - Torres del Paine (3º dia do circuito W: Los Cuernos - Chileno - Torres del Paine)

 

Tomei o café da manhã e antes das 8h já estava na trilha pro camping Chileno. Cheguei lá 12h. Guardei a maior parte das coisas na barraca e fui encarar a subida até o mirador das Torres del Paine. Do camping Chileno até lá são 4 km. Os 3 primeiros são bem tranquilos, mas o último é só subida. Só subida mesmo! Com direito a pedras enormes que você tem que "escalar" durante a subida. Mas, assim como todas as outras dificuldades do circuito W, mais uma vez vale a pena todo o esforço. Quando você chega no topo e vê de fato as Torres del Paine e aquela lagoa azul embaixo você esquece tudo o que passou pra chegar ali. É algo mágico, enriquecedor. Não tem muita explicação, é estar ali pra sentir. Deitei numa pedra e acho que cheguei até a cochilar. Depois comi um sanduíche, tirei muitas fotos e comecei o processo de descida.

 

Cheguei no camping Chileno às 17h. Descansei um pouco dentro da barraca e fui tentar tomar banho, mas ouvindo os gritos de "Jesus" e "Oh my god" imaginei que a água não tivesse lá muito quente e desisti. Depois fiquei tomando cerveja e fazendo hora no refeitório até dar a hora do jantar. Sentei na mesa com um casal de franceses muito simpático e ficamos conversando. Na janta tinha salmão com purê. Começou a ventar bastante e chover, então logo depois do jantar voltei pra barraca pra escapar da chuva. De novo estava esgotado e dormi cedo. E de novo o vento patagônico queria levar minha barraca a noite toda.

 

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27/10 - Torres del Paine (4º dia do circuito W: Chileno - Hotel Las Torres - Laguna Amarga) / Puerto Natales

 

Durante o café da manhã ouvi dizer que à noite fez um vento de 90 km/h. Fiquei feliz por minha barraca ter aguentado. Às 08h comecei a última parte do circuito W, a ida do camping Chileno até o Hotel Las Torres. Durante o caminho o vento estava cada vez mais forte, chegando até a me derrubar algumas vezes. O assustador é que o vento estava me empurrando justamente pro lado do precipício. Em um momento tava realmente impossível caminhar, então sentei no chão e fiquei 10 minutos sendo castigado pelo vento e metralhado pelas pedrinhas que ele carregava. A cada vez que tentava levantar o vento me jogava de volta pro chão ::hein: . Praticamente me arrastando no chão consegui andar alguns metros e fugir daquele pedaço mortal da trilha. O sol tava bem forte nesse dia.

 

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No caminho até o Las Torres encontrei um chileno, o Matias, que iria pra Laguna Amarga também. Fui conversando com ele o caminho até lá. Chegamos na Laguna Amarga 12h30 mas o ônibus pra Puerto Natales só passava 14h30. Sentamos em uns banquinhos cobertos pra fugir do sol e esperar. Minha água tinha acabado e a do Matias também, e os dois estavam com sede. Tinha uma caixa d'água ali perto jorrando água pra todo lado por causa do vento. Tentei capturar um pouco de água dali mas o que aconteceu foi que a água foi pra todos os lados menos na garrafa. Uma senhora que provavelmente trabalha como cozinheira do pessoal da administração do parque viu minha tentativa frustrada e me chamou peguntando se eu queria água. Ela gentilmente encheu nossas garrafinhas e ainda nos deu um bolinho (de bacalhau, acho). Ela só pediu pra comer logo ou esconder porque se o pessoal da administração visse poderiam brigar com ela.

 

O ônibus da Buses Gomez chegou 14h30, junto com outros 4 ou 5 ônibus de outras empresas, afinal todos fazem os mesmos horários. 16h30 chegamos em Puerto Natales e fui de novo para o Wild Hostel. Gostei bastante desse hostel, os quartos são bons, o banheiro tava sempre limpo e tinha comida e cerveja a preços justos (hamburguer grande + cerveja Austral por 7000 pesos). A única parte ruim é que não tem cozinha, mas pra mim que tenho dificuldade até pra fritar ovo isso não era um problema. Tomei banho e fiquei nas mesas da sala lendo as 1576 mensagens do Whatsapp que chegaram enquanto eu estava em Torres del Paine sem internet. Entrou um rapaz no hostel e vi que ele usava uma mochila que eu conhecia, porque tinha várias bandeiras do Chile bordadas. Era o Lúcio, que conheci lá em El Chaltén. Chamei ele e ficamos conversando e tomando vinho até sermos gentilmente expulsos da sala do hostel porque já era tarde e os funcionários iam dormir.

 

28/10 - Puerto Natales / El Calafate

 

Nesse dia consegui tomar o café da manhã no hostel. E que café da manhã, o melhor da viagem. Assim que você senta na mesa a moça da recepção esquenta o pão em um forno pra você. Além disso tinha café, leite, iogurte, manteiga, geléia, doce de leite, cereais, aveia. Enfim, bastante coisa. Depois de encher a pança fui pra rodoviária pegar o ônibus pra El Calafate. Saí 08h30 de Puerto Natales e depois de passar por toda a burocracia da fronteira de novo cheguei em El Calafate 14h. Pela terceira vez estava na cidade e já estava me sentindo um cidadão calafatense :lol: . Dessa vez fiquei no Bla Hostel. Guardei a mochila no quarto e fui pra rua comer. Depois passei na loja da Aerolineas Argentinas na Av. San Martin pra tentar trocar meu vôo de volta pra São Paulo. Explico: quando eu comprei as passagens, na volta de Calafate pra Guarulhos eu teria uma escala de 1h30 em Buenos Aires. Durante a viagem recebi um e-mail dizendo que o vôo havia mudado e com isso a escala seria de apenas 20 minutos. Ou seja, não daria tempo. Achei que ia ser trabalhoso, que iam cobrar alguma taxa ou algo do tipo, mas expliquei o problema pro atendente da Aerolineas e em 5 minutos ele trocou meu vôo de Buenos Aires pra Guarulhos pra um horário mais tarde. E sem cobrar.

 

Aproveitei que tava na Av. San Martin e comprei caixas de alfajor e cervejas pra dar de presente. Voltei pro hostel e fiquei na salinha tomando cerveja, mexendo no celular e lamentando que aquele era o último dia da viagem. Reservei na recepção o transfer pro aeroporto pro dia seguinte, por 180 pesos. Fui pro quarto e vi que tinham dois amigos conversando em português. Puxei assunto e fui com eles comer uma pizza lá na avenida. Ficamos batendo papo um bom tempo por lá. Voltamos pro hostel, tomei banho e apaguei.

 

29/10 - El Calafate / Buenos Aires / Guarulhos

 

Tomei café da manhã no hostel e também era muito bom. A van pro aeroporto passou 09h30 e 20 minutos depois estava lá. Na fila pro check-in encontrei a Cris e a Isa, que eu tinha conhecido na minha segunda passagem por Calafate. Ficamos conversando até dar a hora dos nossos vôos pra Buenos Aires. Elas iam de Latam e eu de Aerolineas 15 minutos depois. No Aeroparque, em Buenos Aires, nos encontramos de novo no aeroporto e almoçamos juntos lá mesmo. Meu vôo pra Guarulhos sairia ali do Aeroparque mesmo e o delas pro Rio de Janeiro ia sair do Ezeiza. Nos despedimos e fiquei no aeroporto mesmo enrolando até o horário do vôo.

 

Ainda tinha um pouco de pesos argentinos e chilenos e fui tentar trocar no guichê do Banco de la Nacion Argentina. Como no primeiro dia, enfrentei uma longa fila. Quando chegou minha vez disse que queria trocar os pesos argentinos e chilenos por reais. O atendente disse que só podia trocar chilenos por argentinos e não por reais. Eu disse "ok, então troca chilenos por argentinos e depois argentinos por reais". Ele fez uma cara de dúvida e disse que não podia. Argumentei que dava na mesma e ele continuou dizendo que não podia. Tudo bem, não ia discutir no último dia de viagem. Ia voltar pra casa com os chilenos e depois tentaria trocar em São Paulo mesmo. Enquanto ele imprimia mil coisas, tirava xerox do meu passaporte e da minha passagem, fazia eu assinar uns papéis, ele teve um insight e me perguntou "quer trocar os pesos chilenos por reais?" ::dãã2::ãã2::'> Quase que respondi "cara, desde o começo tô querendo fazer isso, qual seu problema?", mas só respondi que sim, antes que ele mudasse de ideia de novo.

 

Peguei o avião às 19h30 e antes das 23h cheguei em Guarulhos. Feliz e extremamente realizado por ter feito essa viagem, pelas coisas terem dado extremamente certo e sobretudo por ter conhecido tanta gente bacana quanto conheci.

 

Agora é planejar a próxima!

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