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Relato de viagem à Índia, Nepal, Sudeste e Sul da Ásia - Janeiro de 2013


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Esse curto post será apenas para comentar a chegada ao Nepal no dia 56 e a procura para o trekking no dia seguinte em Kathmandu, antes de viajar para Pokhara no dia 58. Após Pokhara, volto a Kathmandu e falarei sobre a cidade em si, inclusive sobre a visita a Durban Square, feita na tarde do dia 57.

 

As primeiras impressões do Nepal não foram boas, já no aeroporto. Para o viajante, não há nenhum tipo de informação que o auxilie a providenciar seu visto. Não recebemos nenhum papel de preenchimento na aeronave da Spicejet e no desembarque precisamos ir caçando informações do que deve ser feito. Ao final do corredor de desembarque do aeroporto pequeno e antigo, abre-se um grande salão onde ao final existe alguns formulários para serem preenchidos. Nenhuma pessoa para lhe auxiliar e nenhuma caneta. Bom ter sempre uma por perto. Fui junto na onda do povo e preenchi os dois formulários que estavam no local. Duas filas imensas se formaram e após alguns minutos que já fazíamos parte delas, um francês nos informou que devíamos pagar a taxa primeiro (US$25 para 15 dias, exatamente o tempo que ficaria no país). Surpresa que, depois de pagar a taxa, o funcionário nos mostrou um guichê ao lado, praticamente livre, onde recebi o visto adesivado no meu passaporte. Resumindo, as filas lá atrás para quem já tinha o visto continuavam morosas, mas para quem acabou de fazer o processo até que foi rápido.

 

Rápida não foi a espera das bagagens. Uma confusão. Trocaram a esteira por duas vezes e como havia muitos vôos chegando ao mesmo tempo para apenas 4 esteiras, demorei mais de meia hora depois do fazer o visto para conseguir pegar a bagagem. Pior para o motorista do hotel que estava me esperando, mas acredito que ele já entendia esses atrasos, pelo bom humor que estava. O Hotel Silver Home foi um bom achado. Um excelente custo-benefício com wi-fi, bom quarto com banheiro e uma boa localização no Thamel, embora a pequena viela que dá acesso ao hotel não seja um local muito bonito. Quando voltar de Pokhara, continuarei no mesmo hotel e vamos ver se a opinião persiste posteriormente. O problema durante a hospedagem no Nepal não é dos hotéis em si, como percebi depois, mas sim a constante falta de energia elétrica do país. Não me aprofundei ainda no assunto, mas com as poucas pessoas que conversei, não há suficiente produção de energia no país desde os acontecimentos políticos de alguns anos atrás quando a monarquia foi derrubada e os maoístas começaram a participar do governo. Sem comentários… Enfim, é normal o país ficar sem energia elétrica várias horas por dia, e apenas os hotéis de luxo tem geradores para um suprimento contínuo. Porém, até agora, no período noturno ela tem se mostrado presente.

 

O cômico disso é que na entrada do saguão do aeroporto, existe uma placa mostrando que o Nepal, após o Brasil, é o segundo país do mundo em possibilidades de geração de energia por recursos renováveis. Mas o que adianta isso se os governos são incompetentes? O que adianta o nosso país ter esse título e o governo afugentar todo tipo de investimento em geração querendo controlar o mercado e colocando-nos novamente em uma crise energética? Estados… sempre incompetentes em gerir a economia e retirando da população muito mais do que oferece de volta.

 

De qualquer forma, adianto que as impressões da cidade no dia seguinte foram bem positivas e serão relatadas após os dias de trekking em Pokhara. Na procura do pacote, fui checar as possibilidades que eu possuía. Eu tentei primeiro no hotel, depois procurei duas pessoas que conheci no couchsurfing e que possuíam contatos de agências. Na terceira consegui um preço que achei imbatível e que me foi confirmado por outros colegas pela net, antes que eu fechasse com a empresa no final da tarde. Fechei um trekking curto de 3 dias com 4 noites inclusas, três refeições por dia, guia exclusivo, permits e passagem de ônibus e turismo ida e volta Kathmandu-Pokhara por US$145.00. Os preços que eu pagaria se fizesse esse pacote por conta própria em hotel, refeições e transporte seria de US$96.00. Achei justo US$49.00 por três dias de guia exclusivo. E pelo conforto de resolver tudo rapidamente. Além disso, a empresa “World Trail Finder Adventure” está classificada como cinco estrelas no Tripadvisor, com excelentes recomendações. Existia uma outra alternativa de ir à Pokhara e contratar algo por lá, talvez até um guia independente. Com certeza eu tomaria essa iniciativa se não conseguisse um preço razoável em Kathmandu.

 

A decisão da duração do passeio ocorreu em virtude de aproveitar melhor os 15 dias no Nepal. As paisagens em si, apesar de belíssimas, vão deixando de acrescentar muito ao seu repertório na medida que o tempo passa, uma vez que o cenário é parecido. Não me entusiasmei em ir muito longe também, para não me exigir demais fisicamente, tanto pelo cansaço como pelo frio. Enfim, fiquei satisfeito com a escolha. Conto ela no próximo post.

 

Próximo post: Pokhara

 

P.S.: “Era” para ser um post curto…

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Dias 59 a 63 - Pokhara e trekking

 

Após esse dia em Khatmandu, peguei o “tourist bus” para Pokhara. O local de saída é o mesmo para todas as companhias e muito perto de uma das extremidades de Thamel, o bairro turístico da cidade. Todos os ônibus saem juntos, às 07:00hs. Seriam apenas 200km, mas, pasmem, percorridos em 7 horas. Se eu fosse de ônibus local, seriam 12 horas. Algo impensável em qualquer lugar com um mínimo de infraestrutura de transportes. A estrada realmente é muito ruim, sinuosa e perigosa. Atravessa na maior parte do caminho, margens montanhosas e profundos vales. E os motoristas também não são um primor em segurança defensiva. Os ônibus chacoalham absurdamente devido à má condição do asfalto, e a poeira se faz presente de forma demasiada. Percebi isso pricipalmente no retorno, quando o tempo estava seco. O ônibus pára por duas vezes para lanche e almoço antes de chegar em Pokhara. O terminal era bem próximo do meu hotel, mas rachei um táxi com um alemão com quem vim conversando no ônibus.

 

O Hotel Yeti é um bom hotel. Ambiente agradável, bonito, bom quarto com banheiro, água quente nos horários pré-programados, mas sofre como qualquer outro com a falta de energia elétrica constante no país: são cerca de 10 a 12 horas de racionamento. Eles possuem uma rede alternativa de energia que mantém algumas funções ligadas (interessante é que a wi-fi participa dessa rede), mas as tomadas para recarregar o laptop e celular não estão incluídas nesse “pacote”. E esse padrão é o mesmo tanto para o hotel que fiquei em Kathmandu, em Pokhara e nos locais do trekking. Não fico sem wi-fi, mas fico sem energia no laptop… Pela tarde andei na avenida em frente ao bonito lago Phewa. Essa área da cidade é bem agradável, o lago e os espelhos de água refletem com uma beleza incomum as montanhas e as nuvens no céu. O tempo não ajudou, estava com uma leve garoa, mas o próximo dia seria seco.

 

No café da manhã do dia seguinte, conheci um chileno que mora na Austrália e estava “preso” na cidade desde o dia anterior porque os vôos foram cancelados em função das condições climáticas. Também é uma opção vir pelo ar para Pokhara, mas no meu pacote as passagens de ônibus já foram incluídas. Além disso, o valor de US$100.00 para voar por meia hora achei bem abusivo. Talvez tenha perdido a vista das montanhas por cima, mas com o tempo fechado que estava possivelmente não veria muita coisa. E sempre existe o risco de cancelarem os vôos, como aconteceu com o chileno. O meu guia, Karam, já havia se apresentado no dia anterior e ficou também no mesmo hotel. Após o café da manhã iniciamos nossa caminhada, junto com um grupo de franceses que estavam no mesmo hotel com mais um guia. Enfim, tornamo-nos um grupo grande e fizemos todo o passeio juntos.

 

O primeiro destino seria Sarangkot, uma vila próxima à Pokhara com vistas espetaculares para as montanhas. Andamos quase 4 horas nesse dia, em um circuito pelas montanhas recheado de subidas. Foi a parte mais difícil do trekking. Com uma mochila nas costas relativamente grande, a dificuldade era multiplicada. A vila de Sarangkot é minúscula, é um ponto de decolagem de paragliders e possui no topo um mirante onde é possível ver de forma privilegiada tanto o nascer quanto o pôr do sol. Nesse último, não tivemos sorte: nuvens encobriram nosso astro-rei. Já no dia seguinte, madrugamos para não perder seu nascimento. E aí assim, valeu a pena. Sobre a guest house que ficamos, nunca achei que teríamos algum conforto nas montanhas. O quarto foi muito bom. Apenas o banheiro é compartilhado. Porém, nessa noite de baixa temporada havia apenas nosso grupo e uma família de japoneses hospedados, então não houve problemas. Temos porém que acostumar com o horário da água quente, pois os aquecedores solares a mantém aquecida até no máximo 19 hs. Mas em si, o local era bem agradável. Um trekking confortável!

 

No segundo dia, após o espetáculo do nascer do sol nas montanhas deixamos Sarangkot e caminhamos cerca de 7 horas, com um almoço de intervalo onde comemos a típica comida nepalesa (daal bhaat tarkaari, um arroz com lentilhas e vegetais). Caminhamos mais tempo, mas o caminho foi mais plano, o que facilitou a progressão. Passamos em Australian Camp até chegarmos em Dhampus, um vilarejo ainda menor do que Sarangkot, ao lado dos picos nevados em torno da parte sul do Annapurna. A guest-house dessa noite era um pouquinho mais rústica, mas mesmo assim confortável para passar uma noite.

 

Durante as caminhadas entre as vilas, além das trilhas pelas montanhas, passamos por várias pequenas estradas onde observamos o modo de vida da população rural do Nepal, que compreende mais de 80% do total. Muitas pequenas plantações de milho, arroz e batatas e colza (canola) e mostarda encontram-se a lado das simples habitações. Não vemos muito, em função das irregularidades do terreno, grandes áreas plantadas. As plantações são majoritariamente familiares e restringem-se em pequenas propriedades. Nada de mecanização: vimos bois serem usados para arar a terra e agricultores abrindo covas para a semeadura. A produtividade deve se baixíssima. As propriedades possuem ainda búfalos, carne de consumo normal nos restaurantes, cabras e galinhas. Entre os habitantes, vimos muitos escolares indo para as escolas, mesmo no final de semana, e muitas, mas muitas crianças que praticamente sem exceção nos cumprimentávamos com um alegre “namastê” ou um ocidentalizado “hello”. Algumas vinham falar conosco e mostravam um afiado inglês na comunicação. Até uma flor eu ganhei de uma menininha rs. Encontramos também um grupo de nepalesas cortando e posteriormente, carregando lenha para aquecimento. É incrível o peso que as mesmas carregam nas costas. Respeckt! Presenciamos durante o trekking duas festas de casamentos locais. Enfim, uma agradável imersão cultural, longe do bafafá turístico.

 

No terceiro dia, descemos a montanha em uma caminhada de mais de duas horas. A descida era bem íngreme, em degraus, o que atrasou e dificultou as passadas. Para quem tem problema no joelho seria o fim. Mas chegamos na estrada ainda antes do horário de almoço para voltar à Pokhara. Caminhamos mais um pouco e tomamos o primeiro de três ônibus para chegar até o hotel, já de tarde. Esses ônibus, urbanos. Uma aventura. A última vez que andei em algo parecido foi na Bolívia, onde até cabras estavam entre os passageiros. Aqui não chegou a tanto, mas teve quem levara dentro toras de madeira, que é o principal combustível usado para produção de calor no país, disputando espaço junto a uma infinidade de pessoas. O curto trekking foi então finalizado, e valeu pelo conhecimento da região rural do Nepal, pelas grandes vistas, pelo nascer do sol em meio aos picos nevados e pela oportunidade de presenciar a expressão da vida nos vilarejos. Não tivemos visões, porém, de rios e cachoeiras, que são muito presentes na rodovia Khatmandu-Pokhara. Achei que veria algo. Até passamos uma ponte com um pequeno curso de água, mas que estava muito fraco em função da estação. Nas monções, segundo o guia, o fluxo é grande.

 

Ainda deu tempo de conhecer um pouco a cidade de Pokhara até o final da tarde, e escolhi uma região não turística para andar. Uma primeira impressão que tive do Nepal em Kathmandu, e que se manteve em Pokhara é que as cidades, apesar de pobres e simples, são bem mais limpas do que as cidades indianas. Sim, existe bem mais lixo que estamos acostumados a ver, mas parece que aqui eles não são simplesmente jogados em qualquer lugar. Há áreas específicas e eles são ensacados, parecendo esperar uma coleta. Percebi posteriormente, que isso entretanto, ocorre apenas nas regiões centrais. No retorno à Kathmandu passei pela periferia da cidade e uma “little Índia” surgiu de novo na minha frente. Nem tudo é perfeito… As cidades são, ao menos mais ocidentalizadas no que diz respeito ao comércio. É fácil encontrar um restaurante, um supermercado melhorzinho, farmácias vendendo produtos de higiene, etc. Nesse ponto, o viajante sente-se mais confortável. As contruções são mais bonitas também do que na Índia. Existem vários prédios baixos de apartamentos, de três ou quatro andares, muito bonitos e que em geral, pertencem a uma mesma família. Quartos que estão sobrando são alugados a terceiros.

 

No dia seguinte, passei o último dia completo na cidade e conheci a área do lago Phewa, cuja superfície é possível observar de forma magnífica o reflexo das montanhas e do céu. Em alguns sites, há comentários de que é uma das mais magníficas visões do mundo. Consegui tirar umas boas fotos, mas na internet há algumas magníficas, profissionais. Vale a pena dar uma olhada. Existe também um parque muito tranquilo em uma das extremidades do lago para momentos de contemplação. Ao fundo, um templo hindu muito bonito e bem conservado. Continuei a caminhada pelo sul e oeste, tentando alcançar a caverna Gupteswar e as cachoeiras Devis. Não consegui entrar em ambos, pois embora o preço seja irrisório (U$S1.50 para ambos) eles não aceitavam rúpias indianas, moeda que tinha no bolso. Não achei que seria muito interessante também. Vi algumas fotos pela net e além disso, o fluxo da cachoeira seria muito fraco nessa época. E o caminho até lá que foi mais interessante, passando por uma área mais periférica e rural da cidade. Durante uns 15 minutos dois garotos me acompanharam fazendo um monte de perguntas sobre o Brasil. E esse contato vale muito mais do que visitar simples “pontos turísticos”.

 

De volta ao hotel e à realidade do suprimento de energia do Nepal, atualizei-me perante as notícias até a bateria do computador acabar. Como comentei anteriormente, a bateria acaba mas a wi-fi continua funcionando… Mas ok, não perdi muito. Afinal, no Brasil é carnaval. Ziriguidum da alienação! No dia seguinte cedinho voltei à Kathmandu, no mesmo estilo de transporte. Como dessa vez sentei na janela e o tempo estava bom, pude tirar algumas fotos do belo e perigoso vale que a estrada margeia. Fiz também um pequeno vídeo já chegando próximo do destino, para tentar passar um pouco da impressão da viagem. Algumas pessoas me perguntam sobre as demais fotos. Todas estão disponíveis no Picasa (link na coluna direita do blog). Porém, algumas vezes atraso um pouco para disponibilizar em função da lentidão da net para fazer o upload.

 

E por falar em vídeo, fica aqui também a sugestão de um belo vídeo feito por uma amiga e fotógrafa profissional que conheci na Índia, Andréa Ribeiro. Ele ajuda a passar um pouco mais desse pitoresco país.

 

Próximo post: Kathmandu e arredores.

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Dias 64 a 71 - Khatmandu e arredores

 

Esse post refere-se ao período em que passei em Kathmandu e nos arredores da cidade, visitando, além dos principais pontos turísticos da cidade, a cidade de Pathan e Bhaktapur. Emenda também os comentários de Durban Square, que visitei no dia 57, como comentei aqui, antes do post de Pokhara. Nesse último post comentei as principais características do país, e essa percepção não mudou após esses dias em Khatmandu. Estendendo um pouco as observações, acrescento que para o andarilho, as cidades nepalesas são um pouco inóspitas. Ruas sem calçadas e mal pavimentadas, trânsito confuso, muita, mas muita poeira e poluição (muitos habitantes andam apenas de máscaras) tornam as visitas aos locais um pouco desconfortáveis. E em tempo chuvoso, que presenciei nos últimos dias, a poeira assenta-se, mas como consequência forma-se muita lama pelas ruas. No hotel, o racionamento

de energia do país também atrapalha um pouco seu conforto e faz com que acabemos mudando nossa rotina para nos adaptarmos à falta de energia elétrica. Porém o Hotel Silver Home proporcionou um

ambiente agradável, com uma equipe muito boa e estrutura necessária para uma agradável hospedagem. O público, quase exclusivamente europeu e norte-americano, tornou o ambiente descontraído e divertido. Voltaria ao hotel novamente caso retorne ao país. Enfim, o Nepal tem seus encantos, mas também possui características as quais eu considero negativamente determinantes para passar um longo período por aqui. Positivamente, e novamente e mais intensamente do que os indianos, as pessoas em geral são muito solícitas e gentis. E ao contrário da maioria dos indianos, não pedem algo em troca ao final de uma conversa.

 

Não me exigi muito nesses dias. Em geral, saía do hotel por volta das 10 da manhã e voltava por volta das 16 horas. E de noite, apenas para jantar. Andei bastante a pé e de ônibus, e durante 4 dias tive a companhia de uma inglesa que conheci no hotel, o que me ajudou a melhorar um pouco minha prática na audição no idioma. Nos últimos dias, conheci uma americana que fala português e dois guatemaltecos e jantamos juntos as três noites restantes com direito a uma baladinha em um pub em Thamel no sábado. O Thamel, inclusive, é o melhor bairro para o turista ficar. Não vi nada melhor na cidade. Foge um pouco da vida real da cidade, mas a vida real é bem desconfortável fora do Thamel. O bairro possui a melhor infraestrutura em comércio de todo o tipo, hotéis, restaurantes e casas noturnas para todos os gostos. Claro que os preços são mais caros que bairros locais, mas pelo conforto compensa, pois mesmo assim, ainda são baratos para nossos padrões. De qualquer forma, é fácil após uma caminhada de 5 ou 10 minutos saindo do Thamel encontrar restaurantes locais com comidas tipicamente locais. Cheguei a almoçar uma boa quantidade de momos (típico prato nepalês) e chowmeins por 60 rúpias nepalesas cada. Sim, um dólar vale 84 rúpias… No Thamel esse valor dobra ou triplica, dependendo do restaurante. Vale experimentar ainda as cervejas nepalesas (Gorkha, Everest e Nepal Ice – cerca de 250-300 rúpias) e a bebida alcoólica tibetana Tongba, feita com millet fermentado (também chamado de painço ou milho miúdo). Diferente de tudo que você já viu.

 

As famosas Durbars Squares do Nepal representam as áreas que ficam em frente aos antigos palácios reais dos reinos da região na antiguidade, antes da reunificação do Nepal, com muitas construções ainda bem preservadas, dentre elas os palácios, templos e prédios públicos, que datam de desde o século XII até o século XVIII. As três mais famosas são a de Kathmandu, Pathan e Bhaktapur, todas tombadas como patrimônio cultural da UNESCO. As construções se interligam por estreitas ruas, becos e cantos, num labirinto onde misturam-se pequenos comércios, vendedores de rua, moradias locais e pequenos templos em cada esquina. A maior delas é a de Bhaktapur, que na verdade, é uma aglomeração de quatros “squares” conectadas. A arquitetura das construções é espetacular, mostrando as potencialidades do povo newar (habitantes originários do vale de Khatmandu de origem tibetana e indo-ariana), onde os historiadores valorizam principalmente o estilo de janelas e frisos de madeiras do templo, muito bem trabalhados.

 

Outro site interessante foi o grande templo hindu de Pashupatinath, dedicado à Shiva. Ao meio da área do templo, corre um córrego completamente imundo. Possivelmente no período de monções o fluxo seja maior e disfarce um pouco a poluição. O que chama a atenção no templo é a área dedicada às cremações dos mortos. Das dez estruturas existentes, quatro estavam ocupadas no momento da nossa visita. Assistir a cerimônia dá uma certa angústia, mas quando incorporamos que diversas realidades são vividas por seres humanos tão próximos entre si, e que nenhuma pode ser considerada mais correta que a outra, passamos a ver com outros olhos essas manifestações. Após a chegada do corpo coberto com lençol e com flores em uma maca simples de madeira e sua lavagem simbólica com as águas do córrego, ele é levado para a área de cremação onde existe uma base composta por toras de madeira. Após passar o corpo por três voltas nessa base, os familiares o colocam sobre ela e descartam a maca provisória. Jogam os lençóis e as flores no córrego e iniciam a cremação, alimentando o fogo por baixo com palha. Não acompanhamos até o final, pois o processo consome várias horas. Familiares banham-se nas águas após as cinzas serem jogadas no córrego. Não consegui ver a cerimônia no Ganges, mas vi em Kathmandu. Fotos durante a cerimônia, por respeito, são proibidas.

 

Existem vários budas pela cidade, mas o maior, a leste de Thamel é Boudhanat Stupa, próximo à Pashupatinath. Esse Stupa é o maior do Nepal e um dos maiores do mundo e era um intenso centro de peregrinação dos tibetanos quando as fronteiras do Tibete eram abertas. O seu domo tem aproximadamente 120 metros de diâmetro e 43 metros de altura. Em seu caminho, pudemos presenciar uma festa de ano-novo da comunidade Sherpa Dharma Peak, no templo Boudha Tinchuli, puramente por sorte. Ficamos alguns bons minutos acompanhando as festividades. Outro grande Stupa, Swoyambhunat, situa-se a oeste de Thamel em um local privilegiado: um grande morro onde podemos ter uma visão panorâmica da cidade de Khatmandu. Os Stupas são um símbolo do Nepal, um tributo para sua espiritualidade e cultura, simbolizando uma remanescência de seu passado e a esperança de um futuro melhor. São mantidos principalmente pelo povo Newar e Sherpa, que mantém o patrimônio bem conservado já há muitos séculos.

 

Em uma das tardes, foi válida uma pausa para um relaxamento em um ambiente muito agradável, no meio de Khatmandu e bem próximo ao Thamel: o “Garden of Dreams”. É um grande jardim, ocupando todo um quarteirão na cidade de 7.000m2, que funciona como válvula de escape ao estresse do trânsito e da poeira da cidade, uma vez que é completamente murado, isolando-o do ritmo da cidade. Originalmente um jardim privado do rei Shumsher, ficou abandonado até meados dos anos 90 do século passado, quando sua reconstrução e reconstituição foi financiada pelo governo austríaco. Com três pavilhões (um com belas fotos antigas e atuais do jardim), anfiteatro, fontes (que funcionam), e várias espécies de plantas e flores, é um oásis no centro da cidade, e recebe regularmente programas culturais, concertos e outros eventos.

 

Nesses 7 dias de Khatmandu (um foi quase todo preenchido pela viagem de Pokhara), os primeiros cinco dias renderam mais, pois os últimos dois foram chuvosos. E passear na chuva entre a lama ninguém merece. Por sorte, já tinha visitado as principais atrações da cidade e saí poucas vezes, entre um almoço e uma janta, para andar por ruas e vielas que ainda não tinha passado. A cidade possui ótimos preços para compras de roupas. Vi muitas pessoas enchendo a mala para voltar para casa. Eu ainda não posso fazer isso, pois ainda tenho mais de 120 dias de viagem pela frente… No dia seguinte, meu vôo para a Tailândia sairia cedo e, com escala na Índia, iria chegar em Bangkok no começo da noite.

 

Próximo post: Bangkok!

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Dias 73 a 78 - Bangkok e Ayutthaya

 

Em Bangkok passei pela primeira vez pela experiência do “couchsurfing”, situação em que pessoas disponibilizam suas casas para a hospedagem de viajantes. Em geral, o anfitrião limita-se a hospedar uma ou duas pessoas, mas o meu anfitrião em particular agia de forma diferente e curiosa. Ele possui uma casa de dois andares com quatro quartos disponíveis e várias camas e colchões. E fazia da casa dele um hostel. Em uma noite dormiram 9 pessoas lá dentro. Sim, é um caso especial, mas achei bom, pois pude conhecer várias pessoas e mais do couchsurfing nesse intervalo em Bangkok. Há relatos de experiências positivas em sua maioria, embora algumas pessoas tivessem passado por algumas situações meio desagradáveis em outros locais. De qualquer forma, a experiência valeu a pena e abriu novos horizontes para o futuro.

 

A cidade de Bangkok assemelha-se muito a uma grande cidade brasileira e foi um marco para a volta à civilização após is últimos 45 dias na Índia e Nepal. Não comento isso em tom depreciativo em relação aos últimos países, mas sim pela presença de algum conforto a qual estamos acostumados no Brasil. A energia elétrica está sempre presente, não existe ruas de terra e poeira nas regiões centrais (embora há poluição veicular), em todo lugar existem supermercados e padarias onde pode-se comprar coisas gostosas para beliscar e lugares bonitos e agradáveis para descansar. Mas mostra um lado oriental que não estamos acostumados a ver. Pela primeira vez, estou em um país predominantemente budista. E a quantidade de templos budistas na cidade é algo imenso. Muito maior do que as igrejas (católicas e protestantes somadas) que existem nas cidades do Brasil. Templos de todos os tipos de luxo, de tamanho e de imagens de Buda. Possui o mesmo padrão geral de arquitetura, mas alguns possuem detalhes impressionantes, que os destacam entre os demais. Outra característica da cidade é o culto à família real. A cidade divulga suas imagens em grandes cartazes nas ruas, em frente de todos os edifícios públicos como delegacias, hospitais, universidades, entre outros. Acho totalmente “non-sense” esse tipo de culto à pessoas cujo único mérito é ter apenas nascido no lugar certo. Admirar pessoas que tiveram uma vida com realizações interessantes é uma coisa, e nutro uma admiração por várias delas. Mas cultuar família real acho uma característica de pessoas que pararam no tempo. Completa inversão da meritocracia. Bom… como dizia um amigo meu, cada um com seu cada um…

 

No primeiro dia em Bangkok fomos ver um campeonato de Muay-Thai, que ocorre em uma arena todas as quartas-feiras, próximo a um grande shopping-center. A luta é o esporte nacional do país e atrai muitos expectadores. Chega a ser até mais violento do que o box, em função dos golpes com os membros inferiores, e existem competidores de ambos os sexos. Posteriormente após uma janta antecipada, fomos a uma reunião do grupo do couchsurfing em Bangkok, no qual o meu anfitrião era um dos organizadores. Cerca de 50 pessoas estavam presentes e entre uma cerveja e outra, conheci um pouco mais do sistema de disponibilização de sofás pelo mundo.

 

Os próximos dois dias foram reservados para passeios em regiões de atração turística. Para chegar no primeiro local, eu e um colega fomos de barco pelo Rio Chao Phraya, que corta à cidade. É um meio de transporte eficiente, pois não é afetado pelo caótico trânsito da cidade, e como bônus presencia-se uma visão privilegiada. Os tailandeses o usam como um ônibus fluvial de fato para sua locomoção. Comprei o ingresso para o Grande Palácio. Um ingresso caro para os padrões da cidade, no mesmo nível do Taj Mahal em Agra, mas que além dos muros do palácio, lhe dá o direito à entrada no Anantasamakhom Throne Hall, que comento depois. O Grande Palácio é na verdade um complexo de construções em uma grande área com mais de 200 anos de história e que foi usado como residência dos reis do país e grandes cerimônias oficiais durante os últimos tempos. Abriga em sua área o Wat Phra Kaew (Wat= templo), considerado o mais sagrado templo budista na Tailândia e não permite fotos em seu interior. O lugar é magnífico, muito bem conservado e mostra muito bem o estilo de construção tailandês que vigorou nos últimos dois séculos. Após essa visita e almoço, visitei o Wat Pho, que também é um complexo de construções o que o faz o maior templo de Bangkok, possuindo em sua área mais de 1000 estátuas de Buda. A maior e mais significante para o visitante é a enorme e dourada estátua do Buda deitado, com 46 metros de comprimento por 15 de altura. Posteriormente, fomos ao templo Wat Arun do outro lado do rio, que possui uma construção ornamentada por porcelanas chinesas e era a mais alta estrutura em Bangkok antes da construção dos arranha-céus. É possível subir uma escadaria íngreme até pouco acima de sua metade e ter uma visão panorâmica da cidade. De volta ao velho centro, andamos pela famosa Khao San Road, local de hospedagem da maioria dos mochileiros na cidade, com centenas de hotéis e guest-houses, restaurantes e milhares de vendedores de rua com todos os produtos que você imaginar, até escorpiões fritos. Essa experiência eu deixei para uma próxima viagem.

 

Em outro dia de passeio fui visitar pela manhã o Wat Benchamabophit, templo de mármore branco que considerei um dos mais bonitos que vi na capital, e o Anantasamakhom Throne Hall, local que disponibiliza a entrada mediante o ingresso do Grande Palácio. E foi uma experiência fascinante. Um dos lugares mais belos que já entrei. Uma pena que as fotos sejam proibidas. Levam tão a sério essa proibição que disponibilizam armários com cadeados para deixar seus pertences e as pessoas são revistadas antes da entrada. Câmeras e celulares proibidos. O local, construído em 1906, além do museu visitado, ainda recebe certas reuniões de chefe de Estado em suas alas. Os detalhes das pinturas e do painel escavado em madeira são impressionantes, e junto com o esmero com que conservam o local, torna-o imperdível para quem visita a cidade. Mas, comparativamente ao Grande Palácio, o Anantasamakhom é um pouco negligenciado e fica fora dos grandes roteiros turísticos, pois não fica no velho centro da cidade. Uma pena, pois considero imperdível para quem visita a cidade. O dia prosseguiu, entre um smotthie e outro (delícia de Bangkok) com uma longa caminhada pela cidade, na área dos suntuosos prédios públicos, residências dos parlamentares e palácios de recepção de chefes de Estado, que ficam em um imenso quarteirão cercados por fontes imersas em um pequeno curso de água canalizado na cidade. No monumento da Vitória, ponto de confluência de grandes avenidas, notam-se algumas soluções urbanísticas que a cidade adotou para atenuar o problema do trânsito e oferecer mais conforto aos pedestres. Em vários pontos há uma cidade “suspensa”, acima do nível das ruas, interligada com as estações do BTS, ou Sky-train, trem elevado que cruza algumas regiões da cidade. Todas as grandes redes de shopping-center e lojas possuem entradas elevadas diretamente para essas passarelas, evitando que se tenha que descer para a rua novamente. Teoricamente, a pessoa pode, após tomar o sky-train, fazer compras, ir ao cinema, jantar em um restaurante e voltar para a casa sem colocar os pés na rua. Solução interessante. O ponto negativo é a poluição visual para quem está no nível da rua quanto olha para cima. Fica uma imagem pesada, perde-se o céu e trava a sensação de liberdade.

 

Em um dia aproveitei para trabalhar um pouco pela manhã e pela tarde fui experimentar uma massagem tailandesa. O serviço dura uma ou duas horas e tem toda uma técnica de pressão de pontos específicos, alongamentos e ações nas articulações. Como postei anteriormente no facebook, nunca pensei que em alguns momentos pudesse doer tanto, nunca pensei que minhas articulações pudessem crepitar tanto e nunca pensei que pudesse revigorar tanto no resto do dia. Bom fazer no país de origem e melhor: em um local frequentado apenas pelos próprios tailandeses, evitando influências ocidentais. Posteriormente, emprestei a bicicleta de meu anfitrião para dar uma volta no bairro que ele mora. É um bairro tranquilo no norte da cidade cujas ruas não possuem saída ao fundo, o que faz com que o fluxo de carros seja bem reduzido. Possui vários locais para janta na entrada da rua principal, onde fomos em grupo experimentar a comida local e tomar algumas cervejas, que aqui são bem mais baratas do que o Nepal ou Índia, embora ainda um pouco mais caras que no Brasil. Mas foi a única coisa que achei comparativamente mais cara que nosso país. Todo o resto, incluindo comidas, transportes e roupas, é bem mais barato.

 

No Domingo reunimos mais de 10 pessoas e fomos à Ko Kret, uma ilha ao norte caminhar e almoçar. A ilha é bem urbanizada na verdade, com muito artesanato local e muitos, muitos quitutes para serem experimentados. Foi mais uma visita cultural do que uma apreciação da natureza. Presenciamos ainda muitos templos, um funeral budista e uma apresentação escolar de crianças. Após voltar à casa e descansar um pouco, fechamos o dia em uma pizzaria no shopping center próximo para fortalecermos mais os laços, pois no dia seguinte, muitas pessoas partiriam logo cedo, inclusive eu.

 

Minha próxima jornada foi pegar um trem para Ayutthaya, distante quase 2 horas de Bangkok. Ayutthaya foi fundada em 1350 e foi capital do império de Sião por longos anos. No ano de 1700 possuía 1 milhão de habitantes e era uma das cidades mais populosas do mundo. Muitos mercadores relataram à época que era uma das cidades mais belas que tinham visitado. A cidade foi completamente queimada em 1767 após a invasão burma. Chegando na cidade, segui as dicas que recebi e aluguei uma bike. A cidade é plana e fácil de ser visitada, e na Tailândia os bikers possuem as facilidades dos pedestres (podem entrar em qualquer lugar) e são respeitados pelos motoristas. O que prejudica um pouco é o calor. Todos os dias em que passei no país até então a temperatura passou de 30ºC durante o dia. A cidade é riquíssima em templos em ruínas. Alguns melhor conservados, outros nem tanto. Mas existem dezenas de sítios arqueológicos em uma pequena área da cidade, o que demonstra um real esplendor no passado. Um pouco mais afastado, está o Wat Phu Khao Thong, completamente alvo e permitindo uma visão panorâmica da cidade e Wat Na Phra Mane, o único que não foi atingido pelo incêndio no século XVIII. Alcancei mais adiante a igreja católica Saint Joseph, herança da cultura de uma breve assentamento português na cidade, na época das grandes batalhas pelo seu domínio. E finalizei ao final da tarde no parque do sítio arqueológico antes e devolver a bike para o locador. Após janta, descobri que existe uma boa internet gratuita na estação ferroviária e fiquei lá até o trem noturno para Chiang-Mai chegar.

 

Mais fotos aqui!

 

Próximo post: Chiang Mai.

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Show de relato André!

 

Nos tópicos globais colocamos um tópico com dicas pra inserir fotos:

http://www.mochileiros.com/como-inserir-fotos-nas-mensagens-t79090.html

 

O sistema do site estava com um falha que não deixava enviar fotos acima dos 256kb e isso já foi corrigido. Agora aceita fotos de até 10mb e no envio ela é redimensionada pra não ficar pesada na navegação.

 

De qualquer forma se tentar enviar algumas fotos e não conseguir nos avise.

Abraço,

 

Silnei

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Silnei, obrigado pela dica, mas para mim é difícil, durante a viagem (tempo) e em função da qualidade das redes wi-fi (hostels) conseguir dedicar um tempo ao blog e a postagens de foto aqui também. No blog em um link o pessoal consegue acessar todas as fotos (estão no Google+). É algo fácil e rápido para os leitores e para mim, postar todas as fotos aqui seria com certeza perder muuuuuito tempo durante minha viagem. Ela apenas acabou de chegar à metade :-)

 

Abraço!

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Esse post segue a mesma ideia do post da viagem pela Saudia Airlines que foi publicado no site "Melhores Destinos" nesse link. Nos próximos dias, esse novo post também deverá ser publicado.

 

No dia do meu vôo de saída de Khatmandu, ocorreu uma realização de greve geral na cidade. Não havia ônibus e eram poucos os taxistas que se arriscavam a trabalhar. As ruas estavam lotadas de policiais, assim como a segurança no aeroporto estava reforçada. O número de revistas que passamos para entrar em um avião na Ásia fez história. Nesse dia, existiu uma revista para entrar no aeroporto, outra para entrar na área de embarque, outra para sair da área de embarque antes de entrar no ônibus que levava ao avião e outra para entrar no avião, em uma estrutura de metal acoplada à escada de acesso da aeronave. Surreal… Placas de proibição de fotografias existem em vários lugares e, com a enorme segurança que estava no dia, resolvi nem tirar a minha câmera do bolso. Assim, comecei a fazer as fotos apenas dentro do avião.

 

O aeroporto de Kathmandu é pequeno, velho e feio. O check-in foi realizado normalmente e os funcionários, mesmo que não tão simpáticos, foram eficientes, polidos e rápidos. Na área de embarque queimei minhas últimas rúpias em dois salgados, cujo preço era suficiente para uns 4 jantares em restaurantes locais. Eu não consigo entender como podem explorar tanto os viajantes em aeroportos. Aliás, consigo sim… É porque as pessoas compram. Se todos conscientizassem em não consumir em aeroportos, os preços baixariam. Eu evito ao máximo, mas fiquei na dúvida se iria conseguir trocar facilmente rúpias nepalesas na Tailândia. E entrei na dança… O embarque começou mais de meia hora antes da saída, e com essa antecipação, mesmo com todos os processos de revistas conseguimos sair no horário.

 

 

A refeição e os ótimos talheres

Meu vôo tinha uma escala em Delhi. O primeiro trecho ocorreu em uma aeronave Boeing 747-800 relativamente nova e muito bem conservada. O sistema de vídeo porém, estava inoperante, mas o áudio funcionava, com alguns canais ocidentais e a maioria indianos. A revista de bordo é densa e toda em inglês, o que ajuda a distrair-se durante a viagem. A distração maior, entretanto, ajudada pela minha privilegiada localização, foi acompanhar a cadeia de montanhas do Himalaia à direita. Após ter voado acima dos Alpes e Andes, chegou a vez da cordilheira asiática. Impressionante a sensação, como comentei no artigo “Os nobres desafios”. Assim, ao contrário da minha ida, tive sorte dessa presença na volta. Como o vôo era relativamente rápido, o serviço de bordo chegou após uns 20 minutos da decolagem. E agradou: frango, batatas, torta, frutas de sobremesa, pão com manteiga com água e chá ao final. Estava mais para um almoço, entretanto, mesmo servido logo após às 09 horas da manhã. E detalhe importantíssimo: faz tempo que não via talheres de metal, e de ótima qualidade, em um vôo. O prazer em comer é muito maior!

 

O desembarque foi muito bem assessorado pelos funcionários da Jet Airways, pois para passageiros em conexão, não passaríamos na imigração indiana e o caminho era distinto. Mas claro, sempre mais uma revista… Caminha-se muito no aeroporto, pois é imenso. E magnífico, como comentei no último post da Índia. O novo terminal foi construído para a Copa Commonwealth há dois anos atrás e não economizaram um centavo. Amplas áreas, pisos acarpetados no acesso e área de embarque, linda área de compras e esteiras rolantes durante todo o trajeto atenuam a impaciência de andar, andar e nunca chegar no seu destino. A única coisa que acho absurda é a política de não poder comprar acesso à Internet, a menos que a pessoa tenha um celular. Como eu dasativei o meu durante a viagem, mesmo com dinheiro na mão não tenho direito, pois o código de acesso chega apenas por sms. Sim, celular agora é como documento obrigatório…

 

O intervalo de conexão foi de 2 horas e meia. E, assim como o primeiro vôo, esse saiu no horário e chegou em ponto no destino. No segundo vôo o avião foi um Boeing 747-900, mais velho mas ainda bem conservado. O interessante é que o avião tinha uma qualidade inferior para uma viagem mais comprida, sem apoios de cabeça móveis e um sistema de vídeo compartilhado, através das conhecidas telinhas de LCD no teto. Que, como no primeiro vôo, ainda foi falho. No vôo de pouco mais de 4 horas, passou apenas um filme indiano sofrível e o resto do tempo as telas permaneceram apagadas. Para mim em especial o vôo foi muito desconfortável, pois fiquei com um assento que não reclinava, em virtude de estar à frente de uma das duas saídas de emergência. Mas são coisas que às vezes acabamos enfrentando… No serviço de bordo, tivemos algo a mais do que no primeiro vôo: inicialmente seviram bebidas, com direito à cerveja (Heineken), vodka (Smirnoff) e whiskey (Red Label). Havia vinho também, mas não conhecia a marca. E claro, além dos sucos e refrigerantes. Posteriormente, a refeição foi servida no mesmo padrão do primeiro vôo, com talheres de metal de ótima qualidade novamente. Como no primeiro vôo o passageiro poderia escolher o prato vegetariano ou com frango. A diferença maior dessa refeição foi a presença de uma massa parecida com um chowmein, mas de melhor qualidade. E um mousse de sobremesa delicioso. Em relação à tripulação, mesmo que não possa fazer grandes elogios quanto à simpatia, não tenho como reclamar. Foram eficientes e corretos.

 

A chegada no aeroporto de Bangkok ocorreu em ponto. O aeroporto é novo, imenso mas muito bem sinalizado. Fiz rapidamente a imigração (brasileiros não precisam de visto, mas precisam passar pelo controle sanitário antes para chegar o certificado internacional de vacinação da febre amarela) e quando cheguei na esteira rolante, minha mochila já estava lá. Foi fácil encontrar a saída do trem elevado que me levaria à cidade. E diferentemente da chegada em Kathmandu, a cidade estava toda iluminada, sem racionamento de energia. Apenas quando somos privados de confortos básicos, damos o real valor aos mesmos…

 

Em geral, a Jet Airways agradou, principalmente em virtude da pontualidade, serviços e refeições. Ficou devendo, entretanto, um serviço multimídia melhor, como comentei anteriormente. No primeiro vôo contávamos com telas individuais mas sem nenhuma operacionalização. Desperdício de investimentos. Além disso, não devemos esperar muito pelas aeronaves, que em geral, não são tão novas, como pude verificar na revista de bordo. Os funcionários não merecem nenhum aspecto positivo e nem negativo, mas fizeram adequadamente o seu trabalho. Enfim, é uma empresa correta, mas sem grandes brilhos.

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Dias 73 a 78 - Bangkok e Ayutthaya

 

Em Bangkok passei pela primeira vez pela experiência do “couchsurfing”, situação em que pessoas disponibilizam suas casas para a hospedagem de viajantes. Em geral, o anfitrião limita-se a hospedar uma ou duas pessoas, mas o meu anfitrião em particular agia de forma diferente e curiosa. Ele possui uma casa de dois andares com quatro quartos disponíveis e várias camas e colchões. E fazia da casa dele um hostel. Em uma noite dormiram 9 pessoas lá dentro. Sim, é um caso especial, mas achei bom, pois pude conhecer várias pessoas e mais do couchsurfing nesse intervalo em Bangkok. Há relatos de experiências positivas em sua maioria, embora algumas pessoas tivessem passado por algumas situações meio desagradáveis em outros locais. De qualquer forma, a experiência valeu a pena e abriu novos horizontes para o futuro.

 

A cidade de Bangkok assemelha-se muito a uma grande cidade brasileira e foi um marco para a volta à civilização após is últimos 45 dias na Índia e Nepal. Não comento isso em tom depreciativo em relação aos últimos países, mas sim pela presença de algum conforto a qual estamos acostumados no Brasil. A energia elétrica está sempre presente, não existe ruas de terra e poeira nas regiões centrais (embora há poluição veicular), em todo lugar existem supermercados e padarias onde pode-se comprar coisas gostosas para beliscar e lugares bonitos e agradáveis para descansar. Mas mostra um lado oriental que não estamos acostumados a ver. Pela primeira vez, estou em um país predominantemente budista. E a quantidade de templos budistas na cidade é algo imenso. Muito maior do que as igrejas (católicas e protestantes somadas) que existem nas cidades do Brasil. Templos de todos os tipos de luxo, de tamanho e de imagens de Buda. Possui o mesmo padrão geral de arquitetura, mas alguns possuem detalhes impressionantes, que os destacam entre os demais. Outra característica da cidade é o culto à família real. A cidade divulga suas imagens em grandes cartazes nas ruas, em frente de todos os edifícios públicos como delegacias, hospitais, universidades, entre outros. Acho totalmente “non-sense” esse tipo de culto à pessoas cujo único mérito é ter apenas nascido no lugar certo. Admirar pessoas que tiveram uma vida com realizações interessantes é uma coisa, e nutro uma admiração por várias delas. Mas cultuar família real acho uma característica de pessoas que pararam no tempo. Completa inversão da meritocracia. Bom… como dizia um amigo meu, cada um com seu cada um…

 

No primeiro dia em Bangkok fomos ver um campeonato de Muay-Thai, que ocorre em uma arena todas as quartas-feiras, próximo a um grande shopping-center. A luta é o esporte nacional do país e atrai muitos expectadores. Chega a ser até mais violento do que o box, em função dos golpes com os membros inferiores, e existem competidores de ambos os sexos. Posteriormente após uma janta antecipada, fomos a uma reunião do grupo do couchsurfing em Bangkok, no qual o meu anfitrião era um dos organizadores. Cerca de 50 pessoas estavam presentes e entre uma cerveja e outra, conheci um pouco mais do sistema de disponibilização de sofás pelo mundo.

 

Os próximos dois dias foram reservados para passeios em regiões de atração turística. Para chegar no primeiro local, eu e um colega fomos de barco pelo Rio Chao Phraya, que corta à cidade. É um meio de transporte eficiente, pois não é afetado pelo caótico trânsito da cidade, e como bônus presencia-se uma visão privilegiada. Os tailandeses o usam como um ônibus fluvial de fato para sua locomoção. Comprei o ingresso para o Grande Palácio. Um ingresso caro para os padrões da cidade, no mesmo nível do Taj Mahal em Agra, mas que além dos muros do palácio, lhe dá o direito à entrada no Anantasamakhom Throne Hall, que comento depois. O Grande Palácio é na verdade um complexo de construções em uma grande área com mais de 200 anos de história e que foi usado como residência dos reis do país e grandes cerimônias oficiais durante os últimos tempos. Abriga em sua área o Wat Phra Kaew (Wat= templo), considerado o mais sagrado templo budista na Tailândia e não permite fotos em seu interior. O lugar é magnífico, muito bem conservado e mostra muito bem o estilo de construção tailandês que vigorou nos últimos dois séculos. Após essa visita e almoço, visitei o Wat Pho, que também é um complexo de construções o que o faz o maior templo de Bangkok, possuindo em sua área mais de 1000 estátuas de Buda. A maior e mais significante para o visitante é a enorme e dourada estátua do Buda deitado, com 46 metros de comprimento por 15 de altura. Posteriormente, fomos ao templo Wat Arun do outro lado do rio, que possui uma construção ornamentada por porcelanas chinesas e era a mais alta estrutura em Bangkok antes da construção dos arranha-céus. É possível subir uma escadaria íngreme até pouco acima de sua metade e ter uma visão panorâmica da cidade. De volta ao velho centro, andamos pela famosa Khao San Road, local de hospedagem da maioria dos mochileiros na cidade, com centenas de hotéis e guest-houses, restaurantes e milhares de vendedores de rua com todos os produtos que você imaginar, até escorpiões fritos. Essa experiência eu deixei para uma próxima viagem.

 

Em outro dia de passeio fui visitar pela manhã o Wat Benchamabophit, templo de mármore branco que considerei um dos mais bonitos que vi na capital, e o Anantasamakhom Throne Hall, local que disponibiliza a entrada mediante o ingresso do Grande Palácio. E foi uma experiência fascinante. Um dos lugares mais belos que já entrei. Uma pena que as fotos sejam proibidas. Levam tão a sério essa proibição que disponibilizam armários com cadeados para deixar seus pertences e as pessoas são revistadas antes da entrada. Câmeras e celulares proibidos. O local, construído em 1906, além do museu visitado, ainda recebe certas reuniões de chefe de Estado em suas alas. Os detalhes das pinturas e do painel escavado em madeira são impressionantes, e junto com o esmero com que conservam o local, torna-o imperdível para quem visita a cidade. Mas, comparativamente ao Grande Palácio, o Anantasamakhom é um pouco negligenciado e fica fora dos grandes roteiros turísticos, pois não fica no velho centro da cidade. Uma pena, pois considero imperdível para quem visita a cidade. O dia prosseguiu, entre um smotthie e outro (delícia de Bangkok) com uma longa caminhada pela cidade, na área dos suntuosos prédios públicos, residências dos parlamentares e palácios de recepção de chefes de Estado, que ficam em um imenso quarteirão cercados por fontes imersas em um pequeno curso de água canalizado na cidade. No monumento da Vitória, ponto de confluência de grandes avenidas, notam-se algumas soluções urbanísticas que a cidade adotou para atenuar o problema do trânsito e oferecer mais conforto aos pedestres. Em vários pontos há uma cidade “suspensa”, acima do nível das ruas, interligada com as estações do BTS, ou Sky-train, trem elevado que cruza algumas regiões da cidade. Todas as grandes redes de shopping-center e lojas possuem entradas elevadas diretamente para essas passarelas, evitando que se tenha que descer para a rua novamente. Teoricamente, a pessoa pode, após tomar o sky-train, fazer compras, ir ao cinema, jantar em um restaurante e voltar para a casa sem colocar os pés na rua. Solução interessante. O ponto negativo é a poluição visual para quem está no nível da rua quanto olha para cima. Fica uma imagem pesada, perde-se o céu e trava a sensação de liberdade.

 

Em um dia aproveitei para trabalhar um pouco pela manhã e pela tarde fui experimentar uma massagem tailandesa. O serviço dura uma ou duas horas e tem toda uma técnica de pressão de pontos específicos, alongamentos e ações nas articulações. Como postei anteriormente no facebook, nunca pensei que em alguns momentos pudesse doer tanto, nunca pensei que minhas articulações pudessem crepitar tanto e nunca pensei que pudesse revigorar tanto no resto do dia. Bom fazer no país de origem e melhor: em um local frequentado apenas pelos próprios tailandeses, evitando influências ocidentais. Posteriormente, emprestei a bicicleta de meu anfitrião para dar uma volta no bairro que ele mora. É um bairro tranquilo no norte da cidade cujas ruas não possuem saída ao fundo, o que faz com que o fluxo de carros seja bem reduzido. Possui vários locais para janta na entrada da rua principal, onde fomos em grupo experimentar a comida local e tomar algumas cervejas, que aqui são bem mais baratas do que o Nepal ou Índia, embora ainda um pouco mais caras que no Brasil. Mas foi a única coisa que achei comparativamente mais cara que nosso país. Todo o resto, incluindo comidas, transportes e roupas, é bem mais barato.

 

No Domingo reunimos mais de 10 pessoas e fomos à Ko Kret, uma ilha ao norte caminhar e almoçar. A ilha é bem urbanizada na verdade, com muito artesanato local e muitos, muitos quitutes para serem experimentados. Foi mais uma visita cultural do que uma apreciação da natureza. Presenciamos ainda muitos templos, um funeral budista e uma apresentação escolar de crianças. Após voltar à casa e descansar um pouco, fechamos o dia em uma pizzaria no shopping center próximo para fortalecermos mais os laços, pois no dia seguinte, muitas pessoas partiriam logo cedo, inclusive eu.

 

Minha próxima jornada foi pegar um trem para Ayutthaya, distante quase 2 horas de Bangkok. Ayutthaya foi fundada em 1350 e foi capital do império de Sião por longos anos. No ano de 1700 possuía 1 milhão de habitantes e era uma das cidades mais populosas do mundo. Muitos mercadores relataram à época que era uma das cidades mais belas que tinham visitado. A cidade foi completamente queimada em 1767 após a invasão burma. Chegando na cidade, segui as dicas que recebi e aluguei uma bike. A cidade é plana e fácil de ser visitada, e na Tailândia os bikers possuem as facilidades dos pedestres (podem entrar em qualquer lugar) e são respeitados pelos motoristas. O que prejudica um pouco é o calor. Todos os dias em que passei no país até então a temperatura passou de 30ºC durante o dia. A cidade é riquíssima em templos em ruínas. Alguns melhor conservados, outros nem tanto. Mas existem dezenas de sítios arqueológicos em uma pequena área da cidade, o que demonstra um real esplendor no passado. Um pouco mais afastado, está o Wat Phu Khao Thong, completamente alvo e permitindo uma visão panorâmica da cidade e Wat Na Phra Mane, o único que não foi atingido pelo incêndio no século XVIII. Alcancei mais adiante a igreja católica Saint Joseph, herança da cultura de uma breve assentamento português na cidade, na época das grandes batalhas pelo seu domínio. E finalizei ao final da tarde no parque do sítio arqueológico antes e devolver a bike para o locador. Após janta, descobri que existe uma boa internet gratuita na estação ferroviária e fiquei lá até o trem noturno para Chiang-Mai chegar.

 

Mais fotos aqui!

 

Próximo post: Chiang Mai.

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Dias 79 a 83 - Chiang Mai e Bangkok

 

Esses dias de viagem foram um pouco conturbados… Andar de trem na Tailândia é um exercício de paciência, pois são muito vagarosos e além disso não cumprem horários. A viagem de Ayutthaya a Chiang Mai, que deveria durar 14 horas, durou duas horas a mais. Quebra qualquer um. Apesar de estar imerso na minha viagem lenta, alguma vezes eu boto a cabeça para fora e penso com todas minhas forças: vaaaaaamos, quero chegar logo! Mas daí repenso minhas prioridades, internalizo que o caminho também é importante e pode ser agradável e passo a pensar um pouco sobre ele. A paisagem não é digna de apreciação, então penso em escrever e ler um pouco no laptop. Não, impossível... não há tomadas para carregar a bateria e a havia usado na estação de Ayutthaya. Penso em ouvir música, mas a bateria do celular também está fraca, e quero guardar algo para o GPS. Ok, sim, eu quero chegar logo… Não fui capaz de apreciar esse caminho. Fraquezas acontecem!

 

Minha visitas em Chiang Mai foram feitas com a companhia de uma francesa que conheci na parte final da viagem de trem. Ficamos na mesma guest-house e fizemos os dois dias de visitas juntos. Dessa vez, não consegui treinar meu inglês com ela, pois ela falava muito pouco. Mas aprendi alguma coisa de francês, o que foi bom também :-) ! A cidade foi fundada em 1296 d.C. e foi capital do antigo reino Lanna. Seus templos mais antigos possuem elementos com estilo lanna, birmanês e mon, refletindo a diversa herança cultural do norte tailandês. No primeiro dia ficamos restritos à cidade velha, que abriga muitos templos e fizemos um tour por eles. Tudo a pé, aproveitando para comer em lugares típicos e sentir o vai e vem dos habitantes. O mais antigo templo na cidade, construído entre 1296-1306 é o Wat Chiang Mun, e possui uma beça imagem de Buda e um cristal chamado de Pra Seh Taang Kamane, que era venerado antigamente por trazer chuva às plantações e já foi motivo de guerras entre os povos (motivos de guerra sempre foram insensatos…). Já o Wat Phra Sing abriga a estátua de Buda mais venerada no norte da Tailândia e foi construído em 1345. Mais recente, mas com uma estrutura de madeira escavada não muito encontrada na Tailândia, e detalhes das decorações em ouro, é o Wat Phan Tao, construído em 1846. A cidade abriga mais de 300 templos, todos com entrada gratuita. Tem para todos os gostos! Porém o calor é muito forte e nesse dia chegou a 37ºC. Acabamos abortando a andança por volta das 14 horas e só saímos de novo de noite para jantar e andar pela área turística da cidade, com uma temperatura mais amena.

 

No outro dia conhecemos a área às margens do Rio Ping e os mercados populares onde se vende de tudo, inclusive muitas coisas vivas. Essa área mostra uma Chiang Mai menos turística, mais movimentada, mais cidade de verdade. O trânsito é menor do que Bangkok, e há respeito pelos pedestres e ciclistas, como Ayutthaya. Voltei a tomar um sorvete de coco com a própria polpa no meio. Adoro polpa do coco (a água nem tanto, curioso…) e consumi vários desses sorvetes pela Tailândia. Voltamos posteriormente ao hotel e me preparei para voltar a enfrentar o trem de volta. Até poderia ficar um pouco mais na cidade, mas queria aproveitar mais as praias do sul do país. E já sabia como era a viagem de volta que me esperava… A cidade ainda possui algumas atrações mais selvagens para quem curte e quer ficar mais tempo, como passar um dia com elefantes ou tigres (não faço questão não...) ou ver um zoológico humano na tribo das mulheres-girafas, algo que não aceito como sendo da cultura natural do país se agências de turismos vendem pacotes a preços caríssimos. Bom, se novo, cada um com seu cada um. Apenas comentando alguns princípios expostos em Turismo de culpa.

 

Cheguei na estação um pouco mais cedo, pois ainda não tinha comprado a passagem. E o trem para Bangkok conseguiu novamente sair com uma hora de atraso, mas não me irritei tanto pois fui agraciado por um pôr do sol até o seu fim. E enfim, após 15 horas, cheguei novamente duas horas atrasado. Mas ok, eu tinha algum tempo até sair o outro trem para Surat Thani, de onde eu iria para a Ilha (Koh) Samui. Aproveitei para passear no bairro de Chinatown de Bangkok, que era perto da estação de trem. Nada de muito atrativo, foi apenas para passar o tempo mesmo, já que na estação não tinha como recarregar o celular e laptop. Aqui na Tailândia isso é um problema pelo jeito… E entre mais um smoothie tailândês e um sorvete de coco, parti para uma nova viagem, após um banho bem sem vergonha nos vestiários da estação ferroviária. Mais 12 horas de trem até Surat Thani. Esses cinco dias foram gastos com quase metade do tempo viajando, praticamente!

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Koh Samui.

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Dias 84 a 96 - Koh Samui e Surat Thani

 

Como relatei no post de Chiang Mai, a viagem até Koh Samui foi muito cansativa, e o cansaço impediu de certa forma a apreciar essa travessia norte-sul do país, com mais de 1.400 km de distância. A interferência desse cansaço foi um elemento adicional nesses dias, bem como escrevi no post “Viagens: o elemento esquecido”. Talvez deveria ter ido contra meus critérios de viajar lentamente e ir pelo ar, estrada rápida que estou deixando apenas para distâncias muito grandes ou travessias oceânicas (até agora foram “apenas” 7 vôos e existe uma programação de mais 7 até eu chegar na Europa de novo). O fato é que, em Koh Samui eu estava em uma das ilhas com as praias mais belas da Tailândia, e precisava escolher entre conhecer muita coisa e não curtir (a ilha é relativamente grande – uma volta completa pela estrada de carro levaria umas 3 horas, sem paradas) ou manter-me em um pequeno trecho e relaxar a mente desfrutando de algumas de suas belezas naturais. Escolhi a segunda opção, propondo-me ficar duas noites antes de partir para o lado oeste do litoral da Tailândia.

 

Koh Samui é uma das ilhas no Golfo da Tailândia e possui uma estrutura urbana bem desenvolvida, totalmente voltada para o turismo. Os preços praticados na área de serviço, como hotelaria e restaurantes são ao menos o dobro de Bangkok ou Chiang Mai. Mas ainda aceitáveis para os padrões brasileiros. Cheguei na ilha através da cidade de Surat Thani, servida pela malha ferroviária do país. No ticket que comprei na estação ferroviária de Bangkok, estavam incluídos o ônibus até o pier (mais de uma hora de viagem) e o ferry (mais uma hora e meia). E na ilha, até chegar à badalada praia de Chaweng, mais uma hora de viagem. Mas não pensei no cansaço. Era hora do almoço, deixei as coisas no hotel (o hotel mais caro que paguei até agora desde a Europa), comi uma besteira no 7-eleven e fui conhecer a praia caminhando para o norte, devagar e com direito a alguns mergulhos. Passei ao largo da ilha privada de Koh Matlang, chegando quase ao extremo norte de Koh Samui. As praias dessa área são fantásticas e em determinada região a inclinação da costa é tão pequena que o nível da água é baixo até uns 50 metros de distância da costa, proporcionando um efeito visual no estilo “caminhando sobre as águas”. Lembrei disso em Natal (mas no caso foram bancos de areia) e nos Lençóis maranhenses, nas inúmeras lagoas da região. Mas a grande e estúpida notícia que preciso declarar é que eu tirei inúmeras fotos desse dia, incluindo a viagem de ida no ferry e perdi todas as fotos… Fiz o backup na primeira noite em Koh Samui, separando por pastas as cidades. Mas havia copiado apenas as fotos de Chiang Mai e Bangkok. E enfim, formatei o SDcard da câmera. Besteira feita, paciência. Todas as fotos que estão no blog são do segundo dia na ilha. Mas perdi algumas muito belas do dia anterior…

 

No segundo dia conheci a parte sul. Fui quase até Lamai Beach. Essa área mostrou uma presença maior de áreas rochosas e algas. Foi necessário atravessar uma área considerável de rochas para poder manter-se ao lado do mar, sem ir ao asfalto. Foi o único lugar que fiquei sem a presença de pessoas. Estamos na Tailândia em alta temporada, e a ilha estava apinhada de turistas. Mas turistas não se aventuram em lugares difíceis… Assim, curti um pouco a ausência da cidade, sentado de frente ao mar, ouvindo e sentindo as águas solaparem-se contra as rochas, observando a enorme quantidade de caranguejos que se escondiam a qualquer movimento que eu fizesse. Mas caminhando mais um pouco, avista-se novamente a cidade, com seus vários condomínios, hotéis, bares e restaurantes, atendendo a demanda de um mundo ávido pelo consumo dos paraísos naturais. Ao final da área rochosa, existe um bonito ponto de observação onde do alto, podemos ter uma visão melhor sobre toda a baía de Chaweng.

 

A ilha porém, ao menos a área próxima à praia de Changeng, não fornece muita possibilidades de apreciação da cultura local. Praticamente tudo é voltado aos turistas. Embora saiba que na ilha existam alguns templos budistas, eu não encontrei nenhum na minha caminhada, apenas um local em um mirante onde haviam algumas imagens de devoção. Alguns pescadores locais também surgiram no caminho, mas não sei se para fornecer alimentação a si próprios ou para os restaurantes. Isso não é uma crítica. Escolhemos o que visitamos e essa é uma característica da ilha. É um lugar para apreciar belezas naturais e relaxar, sem aspirações para conhecer a cultura local. De certa forma, esse ambiente acaba sendo incorporado aos poucos na própria cultura do país, através das influências dos visitantes, o que torna a diversidade um componente vibrante no progresso e desenvolvimento da humanidade, como comentei em “A expressão dos locais”.

 

O retorno para o próximo destino teve o mesmo trajeto. Um “ônibus” tuk-tuk para chegar ao pier, o ferry até o pier Don Sak no continente, mais um ônibus para Surat Thani e um outro ônibus, bem estilo tailândês a Krabi. Mais dez horas de viagem no total. A viagem final de ônibus, entretanto, foi tranquila. A Tailândia possui uma boa estrutura de estradas, embora nessa região tínhamos que passar internamente às cidades, que não deixam de ter curiosidades para observação. Novamente, como na Índia, eu presenciei cinco pessoas em uma motocicleta. E novamente, não fui hábil para poder tirar uma foto dessas particularidades… Quem sabe consigo novamente no Vietnã?

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo destino: Krabi.

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