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Impressões Marroquinas Femininas


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Oi pessoal,

 

Estive no Marrocos de 30/01 a 6/02 deste ano (após passar por Madrid, que odiei, e antes de passar por Lisboa, que caí de amores) e posso dizer que foi uma experiência única.

 

Fui sozinha, o que a primeira vista pode ser uma completa doideira. "Como assim? Mulher sozinha no Marrocos? Por favor, muda seu destino". Ouvi isso milhões de vezes antes de ir, e mesmo chegando lá via o olhar de surpresa das pessoas que encontrei pelo caminho. Vou te falar uma coisa, achei andar sozinha no Marrocos igual andar sozinha no Brasil. Você escuta umas besteirinhas aqui, outras acolá mas nem ao menos fica brava, já que não tá entendendo nada mesmo (no meu caso pelo menos, que falo necas de árabe)! Sério, minhas impressões foram ótimas. Sei que grande parte do tempo tive a companhia de pessoas incríveis que conheci por lá, mas quando não estava acompanhada, não passei nenhum perrengue (no sentido de estar sozinha, porque como vão ver a seguir... perrengue não me faltou!).

 

Vamos lá então:

 

DIA 1 (domingo):

 

Parti de Madrid em um voo para Marrakech, pela Ryanair. Vou te falar uma coisa, nunca tinha viajado num voo assim. Cara, eles vendem de "raspadinha" a adaptador de tomadas no avião - minha raiva já começou daí, por ter comprado o MESMO adaptador a 25euros em Madrid, enquanto na mão dos comissários da Ryanair estava apenas 10euros!

 

Cheguei em Marrakech e aí acho que comecei a ficar nervosa. Me dei conta (finalmente) de que não falava árabe e que meu francês fajuto de meia duzia de palavras não me ajudaria em muita coisa. Mas tá tranquilo, aeroporto, todo mundo fala inglês, tô ótima aqui. E foi ótimo mesmo, pessoas super solícitas em todo o aeroporto. Chego na fila pra trocar meus Euros por Dirhans e qual não é a minha surpresa ao ver um grupinho de brasileiros na minha frente. Fiquei feliz de ver que realmente tem muito brasileiro indo pra lá embora ainda hajam os que já ouvem "Marrocos" e nem cogitam pensar em ir.

 

O Hostel que eu fiquei (Amour D'Auberge - super recomendo) era bem próximo a praça principal, a Jeema El Fna. Então teria que pegar um ônibus no aeroporto (número 19 se não estou enganada), descer na praça e andar um pedacinho. Beleza. Entrei no ônibus, chegando na praça (o que eu tinha certeza mais que absoluta que era a praça) o motorista fez um anuncio no microfone e algumas pessoas desceram. Era um lugar fervilhando de gente e luz. Muito cheio mesmo. E eu, ao invés de descer onde tinha mais que certeza que era pra descer, pensei "ah não, vai que não é aqui, vou esperar mais uns dois pontos pra conferir e se for aqui mesmo eu volto". Passou da praça e ele entrou numa avenida, que eu que não sou local, me senti quase entrando na Dutra. Assim que deram o sinal eu desci (o que alguns dias depois descobri que nem era tão longe nem um lugar tão estranho quanto pensei na hora). E fiz a única coisa que me pareceu sã na hora: peguei um táxi, o que depois fui descobrir que realmente vale a pena no Marrocos. Táxi lá é muito barato. Entrei, acomodei minhas 2 mochilas no banco traseiro e enquanto ainda estou me ajeitando começo a ouvir berros do motorista - me desculpem os árabes, quem fala árabe e quem ama os árabes, mas devem admitir que até quando eles falam as coisas mais bonitinhas parece que estão gritando com você. Fiquei D-E-S-N-O-R-T-E-A-D-A. Confesso, pensei que todos que disseram pra eu não ir estavam certos, que eu era muito burra de ir, como eu podia ir pra um lugar que eu não falava a língua... e aí, juro, fiquei com vontade de chorar aos montes na frente do motorista.

 

 

 

Acho que ele viu minha cara de pânico e meus gestos que diziam "Ei, não tô te entendendo lhufas!" Pra piorar era um cara que não falava francês também (sim, incrível), o que não me dava nem a chance de me comunicar em meias palavras. O que ele fez então? Chamou um cara da rua que falava inglês e o pediu pra me perguntar pra onde eu ia. Eu expliquei e ele me disse que o táxi não poderia entrar nessa rua, mas me deixaria no final dela. Ótimo, vamos lá. Tive que andar uma ruazinha estreita inteira, onde motos vinham e esperavam que você desviasse delas e não elas de você. Ok, no final já achava isso até normal. Mas no primeiro dia, com uma mochila enorme nas costas e uma pequena na frente e cansadona, já quase 8 da noite, só queria que tivessem piedade de mim, haha. Chegando no final da ruazinha, tive que virar num bequinho, que finalmente era onde ficava meu hostel. Lá mesmo já me ofereceram a ida ao deserto (comprei 3 dias e 2 noites) e eu já iria no dia seguinte, junto com um grupo de dinamarquesas que também estavam lá e me chamaram pra ir jantar. Jantamos no Argana (sim, o que sofreu o atentado há pouco tempo), o lugar mais chique que comi em todo Marrocos, mas posso dizer que valeu muito. Não sei se juntou o cansaço com a fome e com a sensação surreal da primeira vista de todas aquelas luzes e gente do alto, mas o tajine estava divino e o chá de menta nem se fala.

 

 

 

DIA 2 (segunda):

 

Acordamos cedinho para pegarmos a estrada numa van com 15 pessoas mais o motorista-guia rumo ao Saara. Pelo que entendi, cada grupo, dependendo da empresa que organiza faz um trajeto diferente, muitas vezes até mesmo visitando lugares diferentes. Fiquei bem satisfeita com nosso roteiro. Embora triste por não ter chegado a tempo de ver o por do sol no deserto. Enfim... nesse primeiro dia de viagem passamos pelas montanhas Atlas (que ficam ainda mais deslumbrantes quando você já está em um lugar quente e pode vê-las super nevadas ao fundo. Mesmo em Fes, pude vê-las beeem lá longe), pelo Ait Ben Haddou (que é cheio de vendedores de tecidos ao seu redor), pelos famosos estúdios de cinema, vale das rosas (que estava sem rosas por ser inverno) e pelo Dadés Gorges, um lugar lindo, onde dormimos nessa primeira noite de viagem. É claro que durante o dia temos paradas estratégicas (ao lado de lojinhas sempre), para usar o banheiro (quase sempre cobrado, mesmo que você seja consumidor do local) e para almoçar. A essa altura já estava viciada em tajine e chá de menta (que tem um efeito diurético terrível de rápido). Tentei até beber coca cola, mas é péssima por lá. Parece que não colocam açúcar nenhum. Vale dizer que esse lugar que dormimos tinha um chá de menta incrível, acho que o melhor de toda a viagem.

 

DIA 3 (terça):

 

Esse dia foi terrível. Pense numa criança desesperada, contando os segundos para ganhar o que pediu de aniversário. Agora pense em 15 adultos desesperados, contando os segundos pra chegar no deserto. Foi mais ou menos isso. Cada curva que a van dava a gente ficava mais na expectativa. Esqueci de dizer, mas coincidentemente tinha outro brasileiro na van. Vou aproveitar a brecha pra falar dos integrantes da van. Eram eu, o Hugo que é o outro brasileiro, 2 portugueses, 7 dinamarquesas (sendo que em 2 grupos, e um grupo tinha implicância com o outro - meio que por baixo dos panos) e 4 poloneses (em 2 casais, que foram certamente os que ficavam mais isolados, porque só falavam polonês e não tentavam de nenhuma forma interagir com ninguém).

 

Passamos por, Drâa valley - onde praticamente tivemos uma aula de botânica com um guia local e onde no final fomos visitar a casa de uma família que fabrica tapetes, onde tomamos chá de menta ( :D ), mas onde o objetivo final era nos vender alguns tapetes... venda é palavra de ordem pro povo árabe -, Todra Gorges, muito lindo e diferente e o Deserto estava cada vez mais próximo! Quando menos nos demos conta, lá estávamos nós! Andamos de camelo (alegria total na ida), jantamos com os touaregs, ouvimos músicas. Tudo muito lindo, quando ouvimos um barulhinho de chuva, que logo virou um barulhão! Exato, choveu muuuito essa noite no Saara. Mas não demorou muito tempo e surpreendentemente, quando saímos da tenda que estávamos para ir ver as estrelas, não havia o menor indício de chuva. areia seca que nem antes. Fomos subir então uma duna pra ver as estrelas. Eu quase morrendo porque quando o ar tá muito frio eu fico com uma sensação estranha de sangue dentro do nariz. Depois de todo mundo, cheguei lá. E mesmo após a chuva, foi o céu mais lindo e estrelado que já vi. Deslumbrante. O pior de tudo foi no dia seguinte ver a que a duna que subimos, que parecia absurdamente grande, era na verdade bem pequena, haha. A noite é um breu sem fim por lá e o deserto parece ser maior ainda.

 

DIA 4 (quarta):

 

Acordar depois dessa noite no deserto foi terrível. Eu e todo mundo estava com dores e sensação de ter dormido mal. Era muito frio. Um frio absurdo mesmo, que nem minhas 2 calças, blusa térmica, blusa normal, um anorak e um sobretudo, além de duas cobertas grossas que cada um tinha pra dormir foram capazes de suportar. Mesmo assim, se vale a pena? Vale. Depois de tudo isso sair para procurar uma duna mais afastada pra fazer xixi ainda no friozinho da manhã e montar num camelo quase como um zumbi para então pegar todo o caminho de volta estando todos mortos-felizes, vale muito, mesmo! E esse dia foi todo assim, uma volta sem fim, sem visitar nenhum lugar como na ida, só parando mesmo para banheiro e comida. Chegamos de volta em Marrakech já de noite. Eu e as dinamarquesas voltamos por hostel que estávamos (já tínhamos deixado reservado e inclusive nossas mochilas tinham ficado lá, só levei pro deserto a pequena) e depois de toda areia e cansaço do deserto resolvemos ir tomar banho em um hamman.

 

São muitos os hammans em Marrakech, desde os mais luxuosos aos mais simples, que normalmente são os que as mulheres locais e comuns usam. Era num desses que queríamos ir e fomos. Posso descrever a experiência do hamman como bizarro-alternativo-divertido. Se é higiênico? Até hoje tenho minhas sérias dúvidas. Nos deram toalhas, mandaram tirarmos a roupa toda (nos deixaram ficar só de calcinha) e nos mandaram para uma sala enorme que parecia uma sauna de tão abafada. Era uma sala toda de azulejo branco (não tão branco assim...) e pelo que pude ver, ela tinha uma passagem para o que pensei ser outra sala igual. Não sabia ao certo quantas salas daquela haviam lá dentro. Era uma sala repleta de baldes de água quente, tapetinhos de borracha pelo chão e mini bancos de plástico, bem baixinhos espalhados pelo ambiente. A maioria das locais estava totalmente sem roupa e pensei em como estávamos comportadas por estarmos de calcinha. Todo mundo olhou pra gente, todo mundo sabia que a gente não era dali, claro. As palavras "estou perdida, o que faço?" reluziam em nossas testas. Veio uma mulher que trabalhava ali, bem gorda, com peitos que batiam no umbigo falar com a gente. Ou ao menos tentar, já que a gente não entendia ela e ela não nos entendia. Pelo menos ela era simpática e tentou falar por gestos. Nos deu um sabonete preto (um para cada) e mandou que nos lavássemos (tudo isso sentadinhas em uns tapetinhos que estavam no final do ambiente, bem no cantinho pra não chamarmos mais atenção ainda). Nos lavamos e ficamos ali paradas pensando no que viria a seguir. A mulher voltou e uma a uma de nós ela deitou no chão e esfregou com uma bucha e depois fez uma massagem. Ela esfregou tanto, mas tanto, que parecia que eu nunca tinha tomado banho na vida. Saí de lá com a pele vermelha, mas me senti renovada. Não sei se faria de novo, mas é outra experiência incrível.

 

Essa seria minha última noite em Marrakech, já que no dia seguinte havia combinado com o Hugo de irmos juntos a Fes, já que a cidade seria mesmo o próximo destino de nós dois. Fui então comer uns espetinhos de carne na Jeema com as dinamarquesas e depois demos umas voltas pelos souks, que ainda essa hora estavam abertos.

 

DIA 5 (quinta):

 

Acordamos mais tarde do que gostaríamos esse dia, mas tudo bem, precisava mesmo de uma noite bem dormida. Resolvemos almoçar e depois dar uma volta pelo entorno da Koutobia, ver O Palácio do Rei, que descobrimos que só se pode ver o jardim e ainda assim ficava um guardinha apitando cada vez que tirávamos foto e visitar a Medersa Ben Youssef (que no final das contas nem entramos, pois quando conseguimos chegar lá já estava na hora de voltar para eu pegar o trem para Fes...). A gente meio que se perdeu tentando chegar no jardim lá do rei. Tudo pelo mapa indicava que a gente tava do lado praticamente, mas não conseguíamos achar passagem pra chegar. Fomos parar numa ruazinha que tinham dois caras conversando. Um deles deve ter notado nossas caras de "não sei bem onde estou" e se virou para ser prestativo e ajudar. Estava achando o cara um verdadeiro gentleman, ainda mais que se mostrou conhecedor de várias coisas do Brasil. E pensei a mesma coisa que as meninas "caramba, encontramos alguem realmente prestativo, que não fica cobrando para fazer favor". Mero engano... O cara nos deu uma volta bonita, tanto que até o final estávamos acreditando em sua boa vontade. Ele disse pro cara que estava conversando que nos mostraria as ruas que deveríamos pegar. E foi realmente andando e conversando com a gente. Eis que, no meio do caminho ele começa com um papo de que a gente não pode concordar com os preços caros que cobram, temos que negociar, temos que procurar lugares realmente para a população local onde encontramos coisas realmente interessantes. Aí eu pensei, "não é possível, tá bom demais". E eu também já tava meio de saco cheio. Parecia até minha mãe me dando conselhos de coisas que eu tô cansada de saber que tenho que fazer ou evitar fazer. Nosso "super amigo prestativo" então nos mostra uma lojinha bem pequena e diz: "olha, vocês precisam comprar nesse tipo de loja". Nos levou até lá, nos mostrou milhões de coisas, nos empurrou pra comprar dizendo que não acharíamos preço melhor. E então caiu a ficha: a loja era dele. Tratamos de agradecer pela ajuda, dizermos que estávamos realmente com pressa, viramos as costas e seguimos nosso caminho. E lá ficou ele, esbravejando em árabe. Sabe, no começo me irritava isso deles sempre acharem que iam se dar bem às suas custas. No final acho que já tinha entendido que era uma coisa muito deles e que dificilmente vai mudar.

 

Já quando fomos pro Ben Youssef, as meninas resolveram que queriam andar de charrete, que ia ser legal e que ia ser mais rápido já que não tínhamos muito tempo. O charreteiro queria 200 DH, dissemos que era caro, já que era um percurso bem pequeno. Pagaríamos 80 DH. Ele não quis. Pediu 150. Nós não quisemos. Falamos de novo que o máximo seria 80. Ele disse que isso não era nada. Agradecemos, dissemos que iríamos a pé mesmo e viramos as costas. Ele gritou: "Ok, i make for 80". No Marrocos praticamente tudo é assim. Eles acham que você ser turista quer dizer que você tem dinheiro pra dar e vender...

 

Voltamos então correndo pro hostel, pegamos minhas coisas e elas me colocaram num táxi para a estação de trem. Fiquei abismada com esse detalhe. Por lá, todas estações de trem são lindíssimas, até as das cidades não tão famosas ou importantes. Encontrei com o Hugo, que já tinha comprado a passagem e me disse para comprar 1ª classe, já que era pouca coisa mais cara que a 2ª e que viajar de 2ª classe numa viagem de tantas horas seria ruim, já que quando ele havia ido de Casablanca para Marrakech, foi de 2ª classe e isso significou viajar no chão. Concordei na mesma hora e comprei minha passagem. Ele me disse que os vagões de primeira classe no trem que ele tinha pego eram os 3 primeiros e nós, lindamente achando que era simples assim, nos mandamos para o primeiro vagão assim que a entrada foi liberada. Era um trem com cabines iguais às do trem do Harry Potter (desculpem-me a comparação, mas é a melhor que consigo fazer) e ficamos achando o máximo. Entramos, escolhemos uma cabine, fechamos a porta e pronto. Perfeito. Mero engano novamente... Percebi que haviam números nas poltronas (eram 8 no total, 4 de frente para 4, com uma mesinha no meio. cada um havia ocupado uma lado... daria para dormir perfeitamente) e resolvi conferir nossos bilhetes. Que merda! Nosso vagão era o terceiro, poltronas 38 e 39. Já estávamos tão bem ali que resolvemos ficar. Se o dono da cabine chegasse, nós sairíamos. O que nos deixava mais tranquilos era pensar que nosso bilhete era de primeira classe... afinal de contas, como fazíamos questão de repetir: "primeira classe pode tudo". O trem saiu e ninguém entrou em nossa cabine. Quando já devia de ser por volta de 10 da noite (já 4 horas de viagem...) um funcionário bateu em nossa cabine para marcar os bilhetes. Entregamos a ele, que marcou, deu um risinho e saiu. Passam 5 min e ele volta perguntando se éramos passageiros de primeira classe. Eu sou muito nervosa quando acho que alguém quer duvidar de mim. Virei e disse que sim, que era o que constava em nosso bilhete. O funcionário então calmamente se virou e disse: "então, é que não entendo então por que vocês estão aqui na segunda". Pausa, momento de tensão. Eu olho pro Hugo ele olha pra mim, a gente começa a rir e o funcionário lá parado sem entender nada. Não acreditei que pagamos a primeira e estávamos tão felizes, achando a segunda o máximo. Viramos e dissemos que iríamos ficar ali mesmo. E realmente ficamos. Não queríamos nos chatear ao ver que a primeira era muito melhor, então resolvemos aproveitar o que já estava bom para nós.

 

Chegamos em Fes por volta de 2 da manhã e fomos para o único lugar que eu e ele tínhamos várias indicações positivas: Hotel Cascade. E nos decepcionamos, muito. Relação custo x benefício: péssima, péssima, péssima. Dormimos lá porque já era madrugada e não queríamos andar pra outro lugar, mas decidimos que na manhã seguinte acharíamos um lugar melhor. Não faço a menor questão de dormir em muito conforto quando estou viajando. Se fosse assim, acampar, dormir em albergues, hotel de beira de estrada e resolver passar uma noite no deserto seria fora de cogitação para mim. Mas ouvi muita gente falar bem do Cascade e a sensação que tenho é que foi o pior lugar que dormi na vida. Horrível, mesmo. De verdade, não recomendo. Se ainda o valor compensasse, mas não compensou MESMO. Talvez o cara tenha se aproveitado exatamente do fato de termos chegado de madrugada, estarmos cansados e com mochilas enormes. Mas não teve a menos possibilidade de negociação.

 

DIA 6 (sexta):

 

Acordamos bem cedo e fizemos a maior burrada dentre as muitas que já havíamos feito até então: pedimos uma indicação de guia oficial para o mesmo cara que havia nos atendido quando chegamos de madrugada. Como assim??? Como pedimos ajuda para um cara que já não tinha sido nada solícito com a gente??? Mas foi exatamente isso que fizemos. Deixa eu explicar isso de guia oficial: o Hugo tem uma amiga que já havia ido a Fes e achou muito difícil de andar por lá, as ruas-labirinto são piores (muito piores) que em Marrakech. Então resolvemos contratar um guia só para nos dar uma orientada e mostrar os lugares mais escondidos. Voltando ao cara que pedimos ajuda: Ele simplesmente atravessou a rua e quando voltou já estava com um cara do lado, que disse que poderia ser nosso guia. Achamos aquilo muito suspeito né... como tem um guia dando sopa assim do outro lado da rua, olhamos desconfiados um pra cara do outro. O sr. guia, que se apresentou como Mohammed, deve ter sacado nossas dúvidas, pois imediatamente sacou do bolso uma carterinha, nos mostrou e disse "oficial guide". Concordamos e hoje pensamos que aquela carteirinha podia ser até a habilitação dele, que nunca desconfiaríamos... ai ai! Ele deu o preço dele para um half day tour. Não era nem muito caro, mas como não custa nada e a essa altura já era hábito, resolvemos negociar! Conversamos em português sobre quanto achamos que seria um bom preço. Eis que o tal Mohammed se vira e diz: "não, não, não, preço de guia é fixo", em um português admirável! Ficamos de boca aberta e decepcionados porque não poderíamos falar nada sobre ele na frente dele. Eu e o Hugo falávamos de todo mundo, o tempo todo, afinal, uma fofoquinha brasileira de vez em quando não faz mal a ninguém.

 

O nosso sr. guia era um saco. As explicações sobre os pontos que nos mostrou eram breves e não muito interessantes. Basicamente tudo podíamos encontrar nas placas dos locais. Sim, placas eu consigo ler em francês!! Não nos deixava ficar parados tirando fotos por muito tempo e se não obedecíamos os pedidos dele para continuarmos andando, ele simplesmente seguia andando sem a gente, a ponto de termos de correr para alcançá-lo. Nós ainda não havíamos pago, o que poderia ser um bom motivo para deixar ele ir embora, mas em compensação, nós não sabíamos exatamente onde estávamos, o que era um bom motivo para correr atrás dele. Mais ou menos 2 horas após termos começado nosso passeio ele se vira e diz: "Terminamos por aqui, já mostrei tudo que lhes disse que ia mostrar". Ahn? Como assim? Só 2 horas? Mas tudo bem, bem ou mal ele realmente nos levou em todos os lugares que prometeu, só que tudo na velocidade de um foguete. Ótimo, esperava que ele voltasse andando conosco até a porta do Hotel Cascade, que foi onde ele nos buscou, ou que pelo menos nos indicasse qual caminho seguir. Ele não fez isso. Disse "Lets take a taxi now". Como assim de novo??? Cara, eu tô de férias, tenho o tempo todo do mundo pra voltar a pé, quero conhecer, bisbilhotar, me perder. Sem chances. Quando vimos ele já tinha nos empurrado pra dentro de um táxi. I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L. Fiquei com muita raiva dele. Ele disse umas coisas em árabe pro taxista e o carro parou num lugar que eu não fazia ideia de onde era. Estava marcando 7 DH no taxímetro. Ele mandou nos dar 10. Eu não conseguia me mexer de tanta raiva. O Hugo foi e deu. É óbvio que os 3 DH de diferença o sr. Mohammed ia usar pra chegar em seu destino. Descemos do carro e não sabíamos onde estávamos nem pra onde ir e eu não parava de xingar nosso guia. Vimos que estávamos perto de um portal no muro que circunda a parte antiga de Fes. Resolvemos sair do muro e pareceu então que estávamos em outra cidade, até mesmo em outro país. Se dentro do muro (parte tradicional da cidade) era tudo igual a Marrakech, no sentido de vestimentas, lojas, costumes, cores; fora do muro era uma cidade moderna, ocidentalizada, com meninas de cabelo curtinho e piercing no nariz. Foi um choque a primeira vista. Tanta diferença com apenas um muro separando. Fomos parar em um parque tipo um Jardim Botânico daqui do Rio, encontramos um grupo de velhinhos franceses muito simpáticos que nos deram um mapa de Fes, já que cada um deles tinha um. Agradecemos e fomos olhar o mapa... era todo em francês. Com muitas palavras que eu não fazia ideia do que eram. Tinham alguns pontos destacados com figuras e deduzimos que eram os pontos turísticos da Fes fora do muro. Um lá no alto indicava "tombeaux. Pra lá que nós vamos, tumbas sempre são legais. Pegamos um táxi e fomos pra lá porque parecia ser bem no alto, um pouco longe e o principal, já estávamos meio perdidos né...

 

Chegamos lá em cima e era um lugar com uma vista sensacional. Dava pra ver toda Fes do alto, inclusive o muro que a cerca. Acho que lá do alto conseguimos nos situar um pouco melhor. Mas, cadê as tumbas? Tinham umas ruínas, um gramado verdíssimo, era tudo lindo, mas nada de tumbas. Eis que olho pro lado e vejo um cemitério enorme. É, acho que agora já sei que tombeaux é cemitério em francês. Mas valeu a pena. Resolvemos descer a pé e acabamos descobrindo um museu de armas que também tinha uma vista linda. Passamos por uma praça que estava lotada em plena sexta à tarde. Nos lembramos então que sexta a cidade para de funcionar ao meio dia e ficamos agradecidos por estarmos na parte mais nova de Fes e podermos ter o que fazer. Já que estava tudo tão ocidental deste lado do muro resolvemos compactuar ainda mais com a situação e comemos no Mc Donald's! Comi um sanduíche incrível, que não me lembro o nome, mas era quadrado e eu nunca vi em nenhum outro lugar!

 

Resolvemos então voltar para dentro do muro e achar o Hotel Cascade para pegarmos nossas coisas e arrumarmos outro lugar para dormir. Passamos no meio de uma feira que SÓ tinha homens (não descobri até agora o que era isso...), eles vendiam de tudo, até o tênis que usavam. Passamos por algumas ruelas e me achei! Meu senso de localização normalmente é muito bom. Catamos nossas coisas na recepção do cascade e fomos procurar outro lugar. Acabamos ficando num hotel super chique (comparado aos lugares que estou acostumada ficar quando viajo) que tinha colchas macias, ar condicionado (não necessário no frio que estava), tv à cabo com o melhor da TV árabe - até novelas vimos - e café da manhã muito bom. Tudo isso por praticamente o mesmo preço do Cascade. A única coisa ruim foi que tomei banho frio. E banho frio no frio não é bem a melhor coisa do mundo. Saímos para jantar e como não fazia tanto tempo assim que tínhamos comido no Mc, tomamos só uma sopinha e chá de menta, certamente.

 

Eu nos meus planos iniciais de viagem tinha pensado em ir a Lisboa ou nesse dia ou no dia seguinte. Ia depender se eu resolvesse ir de avião ou de ferryboat para atravessar o estreito de Gibraltar e depois seguir de ônibus até Lisboa. Como estava gostando demais do Marrocos e não queria perder muito tempo de viagem dessa vez, acabei preferindo ir de avião. Comprei a passagem (que estava bem barata, levando-se em conta que só estava sendo comprada com 2 dias de antecedência) para o domingo de manhã, saindo de Casablanca, o que seria bom, já que o Hugo também pegaria o voo no domingo de Casablanca no mesmo horário só que para Madrid, para fazer conexão para o Egito. Comprei em um site no estilo de "decolar.com", só que um site francês. Não recebi nenhum email de confirmação da compra. Fiquei meio preocupada, porque teríamos que pegar o trem para Casablanca no dia seguinte, às 3 da tarde para chegarmos lá de noite, dormirmos e no dia seguinte irmos cedo para o aeroporto. Resolvi entrar no site do banco, e vi que o valor da passagem já constava na fatura do meu cartão de crédito. Fiquei mais tranquila então, mas ainda com um pé atrás...

 

DIA 7 (sábado):

 

Esse dia eu teria que andar sozinha a manhã inteira, já que o Hugo tinha que resolver o que faria com a passagem marcada para o Egito para o dia seguinte (foi na época do caos máximo no Egito). Bati muita perna por Fes e fiquei com muita raiva ao constatar que passei por TODOS os lugares que o Mohammed havia nos levado. E ainda descobri mais coisas legais. Os souks de Fes são muito mais impressionante que os de Marrakech em minha opinião, as ruas mais estreitas, você sente mais cheiros, vê mais cores. Por Fes todo mundo conhece "O Clone", eles mesmos comentam quando descobre que você é do Brasil. Eles assistiram e a maioria parece gostar bastante. A tinturaria de Fes é enorme. E consegue de passar beleza e tristeza ao mesmo tempo. É uma imagem linda, mas que se acaba quando você pensa como deve ser difícil aqueles caras ficarem entrando na tinta e inalando aquilo o tempo todo.

 

Comprei nesse dia 1 quilo de um doce horroroso. Eles dizem que é torrone, eu não acho que seja. O pior de tudo foi a partir daí ter que carregar mais um quilo na mochila, de algo horroroso. Era açúcar puro.

 

Fomos almoçar num típico podrão marroquino e nosso prato, que se chamava "Big Mag" incluía: muita batata frita, muita cebola frita e um mix de chouriço, linguiça e carne duvidosa. Uma delícia, recomendo. Depois disso fui mostrar ao Hugo algumas lojas legais que tinha achado, demos mais uma volta e fomos ao tradicional Café Clock tomar um chazinho. O lugar é super bacana, foi uma pena não termos podido ficar mais tempo, mas ainda tínhamos um trem para Casablanca às 15h.

 

Dessa vez, nada de primeira classe. Segundona mesmo. Chegamos cedo e garantimos nosso lugar. Não era uma cabine toda bonitinha que nem o trem de Marrakech a Fes, mas eram poltronas bem confortáveis. Seriam algumas várias horas de viagem e apagamos. Apagamos tão forte que só acordamos com umas batidas de chave na mesa a nossa frente. Como assim? Desnorteada de sono e um velhinho batendo sem parar uma chave na nossa frente. Não entendi nada. Ele começou a berrar num inglês muito ruim para onde a gente estava indo. Casablanca, ora pois. E ele nos disse aos berros: "CASABLANCA JÁ PASSOU!" ahn? como? Aí ele começou a esbravejar em árabe, o que achamos que fosse vários xingamentos. o vagão inteiro entendia, menos nós. O velhinho começou a mandar a gente catar nossas coisas e descer do trem. Eu fiquei pensando: não é possível que ele vai jogar a gente aqui no meio do nada, tarde da noite, no frio. Não dá, cara, eu tenho um voo de manhã cedo.

 

E ele fez assim: mandou a gente descer do trem. Descemos e ele foi atrás da gente falando mil coisas em árabe. Dessa vez estávamos em um dos últimos vagões e quando olho bem lá na frente vi que tinha uma estação. Menos mal, não estamos no relento. Chegando bem na estação, o velhinho nos "entregou nas mãos" de um funcionário. E deve ter explicado assim em árabe: "esses dois burros passaram do ponto pra casablanca, agora trate de enfiá-los no próximo trem de volta e os mande não fecharem os olhos um segundo sequer". Os dois riram, o velhinho voltou pro trem e nos deu um tchau com as mãos, super animado. Só consegui suspirar. Ficamos ali, em pé, sem saber quando viria o próximo trem de volta para Casablanca. O tal funcionário chega perto de mim e pergunta se falo francês. "um pouco". E perguntei quando viria o próximo trem. Disse ele que em uns 20 minutos. Ah, então tá melhor do que imaginávamos. E pelo que pude entender, só tínhamos passado 3 pontos. Quando nos demos conta, já haviam entorno da gente 3 funcionários da estação. Eu estava apertada para ir ao banheiro. Não sabia perguntar isso em francês. E nem os caras falavam inglês. Aprendi que quanto menos turístico é o lugar, menos eles sabem falar inglês. Em Marrakech praticamente todo mundo falava, auto didaticamente. Em Fes, grande parte. E agora em Casablanca, descobríamos que uma pequena parte. O Hugo tinha um livrinho desses de frases prontas em árabe e resolveu procurar alguma que perguntasse onde era o banheiro (lembrando que a gente já estava na plataforma, sem acesso a estação, ou seja, só tinham os banheiros deles, ou tínhamos que pedir pra eu entrar na estação). Ele perguntou e os caras não entenderam. Perguntou de novo, não entenderam de novo. Até que um deles pegou o livro e disse: "Ah.... e aí disse a frase com a pronúncia correta". Mas acho que eles pensaram que só queríamos puxar assunto e não deram a resposta do banheiro. Se interessaram muito pelo livrinho e nos convidaram para esperarmos o trem na salinha deles. Fomos lá (tava quentinho, que delícia!) e eles resolveram colocar no google translate e começamos a conversar por lá, até nosso trem chegar. Que bom que chegou logo, por que um dos caras já estava lançando pra mim frases como "Você muito bom" "Você muito especial".

 

Voltamos pro trem e mal piscamos dessa vez. Em Casablanca ficaríamos num hostel recomendado pelo Lonely Planet. Pegamos um taxi e fomos pra lá. Achei Casablanca super estranho, com um quê de praças cariocas e paulistas de madrugada. Ou seja, nada muito agradável ou confiável. Ficamos batendo na porta do hostel e ninguém atendeu. Já era quase 11 da noite. Resolvemos ir batendo nos hotéis do entorno e todos cobravam muito caro. Veio um garoto do nada e disse que ia ajudar a gente. Não queremos ajuda, obrigada, temos onde ficar. O garoto disse que iríamos pro inferno, que íamos nos dar muito mal. Começou a dizer um monte de desaforo desnecessário, só porque não quisemos ajuda (ajuda paga, como sempre). Continuamos andando por ali, mas estávamos mesmo ficando preocupados. Tínhamos mochilas e não podíamos simplesmente sair correndo se alguém viesse. Resolvemos voltar pra avenida principal e pegar um taxi pro centro novo de Casablanca. Lá me senti mais em casa, um centro de cidade grande, só que iluminado, com restaurantes e bares abertos, mulheres na rua de noite. Só que nada de acharmos um lugar pra dormir. Todos estavam cheios ou eram muito caros. Era nossa última noite no Marrocos, então não tínhamos muito mais dinheiro local, nem queríamos trocar pra depois não termos o trabalho de "destrocar". Finalmente depois de muito andar, achamos um lugar engraçado. O chuveiro era no meio do quarto, com uma cortina em volta, mas tudo bem. A essa altura, qualquer coisa tava valendo. Fomos comer kebabs e depois fomos tirar umas fotos da Mesquita Hassan II.

 

DIA 8:

 

Dormimos mais do que deveríamos. Tínhamos que pegar um taxi até a estação de trem e pegar um trem para o aeroporto. Chegamos na estação de trem e vimos que o próximo seria inviável. Chegaria no aeroporto quando o horário do meu check in já teria estourado. Hugo foi ver quanto um taxista cobrava pra nos levar correndo ao aeroporto. Ele gritou de longe: 250. Eu entendi: 150. Saquei 200 DH. Não tinha mais dinheiro nenhum, nem o Hugo. O táxi do homem quebrou, fomos até a casa dele para que trocasse de carro. A gasolina acabou. tivemos que parar urgente num posto no meio do caminho. E eu nervosa, que a hora do meu voo tava chegando e a gente sem saber quanto tempo mais demoraria nesse táxi-problema. O cara me pede o dinheiro para pagar a gasolina. Ele usa 50 e me diz: então agora só falta 200 no final. Como assim???? Não era 150?? Não Elga, 250. Não acredito, ouvi 150. Só tenho esses 200. Ele catou 10 na mochila. Já eram 210 DH. Não acredito, esse cara não vai me deixar embarcar enquanto não pagar ele. Já sei, vou pagar em euro. Dei ao correspondente ao que faltava em euros pro Hugo e disse: assim que ele parar no aeroporto eu saio correndo e voce paga, se ele não deixar você tem tempo de sacar (o voo dele era 40 min depois do meu). Mal chegou no aeroporto, sem nem parar o carro,o cara já foi pedindo o dinheiro. É claro que ele sacou que a gente tava nervoso e contando dinheiro. Ele aceitou os euros, ufa.

 

Cheguei no meu check in da Royal Air Maroc. Vou para Lisboa. A senhora não tem passagem. Como não? É, sua passagem foi cancelada....

 

Em breve fotos, dicas e preços

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Oi, Elga!

Muuuito bom o relato! ::otemo::

Mas como assim cancelaram seu vôo depois de tanto perrengue pra chegar lá? hahahahhaa!

Estava interessada em conhecer o Marrocos, mas fiquei com medo de ser mulher sozinha por lá, visto que não sei se arrumarei companhia! Mas então você achou tranquilo, né!? UFA!

 

Tô aguardando as cenas do próximo capítulo! ;)

 

Beijos!

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Oi Babi,

 

que bom que gostou! É tranquilo mesmo, pode ir despreocupada. Só mesmo as recomendações básicas: não deixar que te levem pra nenhum beco, diz sempre que você sabe o que quer, que não precisa de ajuda. Se for pedir dicas peça dentro de lojas grandes, taxistas, e não em lojas de rua. O pessoal do hostel que fiquei em Marrakech também era muito solícito. No mais use sua intuição, se alguem não lhe parecer confiável, não dê ideia.

 

Meu voo para Lisboa tinha sido cancelado por meu cartão de crédito que desconfiou da compra, uma passagem internacional comprada com 2 dias de antecedencia. Autorizaram na hora (tanto que quando olhei constava na fatura), mas depois cancelaram e eu não olhei meu email ou meu internet banking a tempo de ver isso. Não sei se isso é algo normal das administradoras de cartão fazerem. Mas eu já tive muitos problemas com cartões clonados, então imagino que eles fiquem de olho em tudo.

 

O que aconteceu depois foi que eu só tinha mais 10 minutos para fazer o check in e teria que ir no guichê da Royal Maroc para comprar uma nova passagem. Na hora me custou 80 euros a mais do que eu havia pago na internet, mas achei melhor pagar e ir logo do que ficar mais um dia em Casablanca e sozinha ainda por cima. Essa é uma cidade que eu não recomendo, é metrópole, não tem nada de muito diferente e é muito mais perigoso. Nunca corri tanto em um aeroporto! Mas deu tudo certo no final! Vou ver se ainda hoje consigo colocar preço de tudo que eu fiz, lugares que dormi e comi...

 

Beijos e precisando de alguma dica específica é só falar!

 

 

ps: Relendo agora o texto vi vários erros de português. Desculpem, é que foi tudo escrito num embalo só!

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Os gastos principais da Viagem (na época, 10 DHN = 1 EURO):

 

- Madrid x Marrakech, pela Ryanair = 27 EUROS

- ônibus 19 (aeroporto x Jeema El Fna, passa a cada 30min) = 20 DHN

- Amour d'Auberge (hostel em Marrakech: 1 e 2 Derb Chaabane, Rue Riad Zitoun Lakdim) = 80 DHN / noite (c/ café da manhã) http://www.hostels.com/pt/albergues/marrakech/amour-d-auberge/43783

- Deserto 3 dias e 2 noites agendado com a empresa do hostel = 900DH (c/ jantar e café da manhã inclusos)

- hamman (banho + massagem. Rue Riad Zitoun Lakdim - tem vários nessa rua, e todos no estilo do que fui) = 70 DHN

- Passagem de Trem Marrakech x Fes (1ª classe) = 295 DHN

- Hotel Cascade (Fes: 26 rue Serrajine | Bab Bou Jeloud, Medina) = 180 DHN / noite (quarto duplo, s/ café da manhã)

- Guia por um half day tour = 150 DHN

- Hotel bom que fomos depois do Cascade (não consigo de forma alguma lembrar o nome, procurei o nome na internet e não achei. Olhei no mapa, mas a rua que ele fica não é identificada com nome nenhum. Ele é muito próximo ao Cascade. Ao invés de adentrar o Portal Azul e Verde - Bab Boujloud, que é ponto de referência - você deve virar a direita, ele é quase um hotel de esquina)= 200 DHN / noite (quarto duplo, c/ café da manhã)

- Chás no Café Clock (Rue Derb el-Margana, nº7) = 10 DHN (cada)

- Passagem de Trem Fes x Casablanca (2ª classe) = 110 DH

- Táxi Estação de trem de Casablanca x Aeroporto = 250 DH

 

Tirando essa ida de táxi para o aeroporto de Casablanca, no mais vale muito a pena andar de táxi por todo o Marrocos. É baratíssimo e ainda em Marrakech ou Fes eles conversam com você em inglês e alguns arriscam até mesmo um espanhol!

 

Não vale a pena contratar um guia em Fes. Embora a primeira vista seja assustador olhar aquelas ruazinhas, se arrisque! No final você vai ver que sempre acaba saindo no mesmo lugar! Só evite becos mais afastados por ser maior a possibilidade de realmente se perder e também de encontrar alguém não muito amigável pelo caminho.

 

Negocie o tempo todo! Negociar é palavra de ordem por lá. Você vai ver que no final isso já vai fazer parte de você e nada vai ter tanta graça se não for negociável. Consegui comprar muitas coisas por menos de 1 terço do valor original que me foi oferecido. Também não se impressione com as primeiras lojinhas. Você vai ver muitas iguais pela frente e com preços e objetos mais atrativos!

 

Os marroquinos só vão oferecer camelos em troca de você caso esteja acompanhada de algum homem que ele acredite ser o responsável por você (mais claramente: seu dono). Caso esteja sozinha ou com outras mulheres, ele vai pura e simplesmente te pedir em casamento. E te prometem mundos e fundos.

 

Não tire foto dos marroquinos sem uma devida autorização dos mesmos. Sem querer tirei foto de um rapaz (sem querer mesmo, eu estava tirando foto de uma rua quando ele apareceu!) e ele veio puxar a máquina da minha mão para ver a foto e mandar eu apagar. Mulheres quando olham uma câmera já se escondem e viram a cara, com medo de aparecer em suas fotos.

 

Pelo que ouvi dizer, o passeio de 2 dias e 1 noite no deserto não vale tanto a pena, prefira o de 3 dias e 2 noites e compre ou com uma empresa grande ou com a indicada pelo seu hostel (se parecer confiável, é claro. Peça fotos, roteiro detalhado, especificação de serviços inclusos...).

 

Cuidado com gente amiga e prestativa demais: sério! Querem te pedir dinheiro a troco de tudo. Vão ser muitas crianças te oferecendo bichos feitos em folhas de bananeira, muitos velhinhos oferecendo fotos com cobras, muita gente oferecendo amizade e simpatia. Você no começo sente pena e quer ajudar todo mundo, depois você vê que não dá pra ser assim.

 

No inverno (quando fui) é muuuuito frio. Trate de levar roupas adequadas. Para compensar, no verão, passa de 50 graus em plena Marrakech... imagine no Deserto... inviável! Vale lembrar que a mudança brusca de temperatura no deserto é terrível. Se mesmo no inverno fazia 20 e poucos graus durante o dia no deserto e de noite ia para menos de 0, no verão essa diferença é ainda mais brusca e perceptível.

 

Comida no Marrocos é muito barata, basta você saber procurar. Em Marrakech, gastei em média 80 DHN por refeição (o que daria 8 euros e não seria tão barato assim... já que não corri mesmo atrás de lugares baratos), mas em Fes e em Casablanca, a média foi de 25, 30 DHN por refeição!

 

O Mc Donald's de Fes tinha mais ou menos o mesmo preço dos daqui. A promoção que comi custou 55 DHN (5,5 euros = R$12,60, na época).

 

Experimente o suco de laranja das barraquinhas na Jeema El Fna, é imperdível! Já em Fes, experimente as deliciosas panquequinhas com mel, vendidas na rua.

 

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519103306.jpg 500 375 Legenda da Foto]Barraquinha de suco de laranja em Marrakech.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519103517.jpg 375 500 Legenda da Foto]Meu pretendente.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519103723.JPG 500 375 Legenda da Foto]Jeema El Fna de noite.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519103843.JPG 500 375 Legenda da Foto]E de dia, com a Koutobia ao fundo.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519104153.JPG 500 375 Legenda da Foto]Tajine[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519104330.jpg 335.416666667 500 Legenda da Foto]Uma das muitas motos em Marrakech.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519104608.JPG 500 375 Legenda da Foto]No meio do Atlas.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519104722.jpg 500 375 Legenda da Foto]Efeito instantâneo do chá de menta.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519104904.JPG 500 375 Legenda da Foto]Ait Ben Haddou.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519105050.JPG 500 375 Legenda da Foto]Vale das Rosas sem rosas.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519105226.JPG 375 500 Legenda da Foto]Garganta de Dades.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519105444.JPG 375 500 Legenda da Foto]Garganta de Todra.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519105647.JPG 375 500 Legenda da Foto]Sem comentários.[/picturethis]

 

upload/galeria/fotos/20110519105947.JPG

 

upload/galeria/fotos/20110519110037.jpg

 

upload/galeria/fotos/20110519110204.JPG

 

upload/galeria/fotos/20110519110259.JPG

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519110446.JPG 500 375 Legenda da Foto]Nossa linda morada no deseto![/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519110840.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Medersa Bouanania, Fes.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519111120.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]A limpeza dos açougues.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519111314.JPG 375 500 Legenda da Foto]Tem 3 casas nesse beco minúsculo...[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110519113531.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto][/picturethis]

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  • 2 semanas depois...
  • 1 mês depois...
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Otimo relato muitas vezes temos uma visão bem errada de muitos paises ( em muitas vezes os de origem islamica ) posso dizer que cada dia eu aprendendo mais que estes paises tem muito mais á oferecer do que é visto por ai você respira e cheira cultura. Fiquei muito feliz com o seu relato realmente mostra mo Marrocos de uma forma vista pelos olhos de uma mulher.

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  • 5 semanas depois...
  • 2 anos depois...
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Nossa, Elga, seu relato ficou super legal! Pareceu uma viagem muito divertida! Fiquei morrendo de vontade de ir! Sempre tive uma queda por destinos mais exóticos. Desde pequena, os amiguinhos todos querendo ir para a Disney, eu queria ir pra África, ver a savana e seus bichos coloridos. Hoje, além de bicho, quero também ver gente diferente, comidas diferentes. Depois desse seu relato, Marrocos entra na minha lista, definitivamente!

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