6 destinos imperdíveis e pouco conhecidos de São Paulo

Quando o assunto é turismo, São Paulo é sempre lembrada por sua capital, mas o Estado onde se ergueu a maior metrópole do hemisfério sul guarda alguns segredos e possui destinos ainda pouco explorados pelos viajantes brasileiros.

Outra coisa que muita gente desconhece é a parte “mística” da história da cidade / estado. São Paulo nasceu em um ponto estratégico, onde se cruzavam rios e trilhas pré-históricas. Uma dessas trilhas era conhecida como Caminho do Peabiru e ligava Cusco (a capital do império Inca) ao Oceano Atlântico.  (Confira essa história com mais detalhes no final do post.)

Saiba agora quais são os 6 destinos imperdíveis e pouco conhecidos do Estado de São Paulo.

Lembrando que esse post faz parte de uma série do Mochileiros.com que você pode acessar através da tag Destinos pouco conhecidos.

1 – Rafting na Zona Sul de São Paulo – SP

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Rafting Paulistano no bairro de Engenheiro Marsilac – Foto: Alécio Cézar/SelvaSP.

São Paulo ainda guarda algumas surpresas. Quem imaginaria que é possível praticar rafting dentro da cidade? No extremo sul da capital paulista, no bairro de Engenheiro Marsilac, em uma das últimas reservas de Mata Atlântica do município, está o Parque SelvaSP, onde é possível não só praticar rafting como conhecer algumas das poucas cachoeiras e piscinas naturais da cidade.

O rafting paulistano é feito no Rio Capivari, custa R$ 135 por pessoa e tem percurso de 6km com 2 horas e meia de duração.

O Parque SelvaSP é vizinho das aldeias de Tenondé Porã, uma reserva de Mata Atlântica dentro da cidade de São Paulo que abriga cerca de 2.000 indígenas, divididos por seis aldeias.

Nós já escrevemos aqui  no blog do Mochileiros.com um post com todas as atrações do extremo sul da cidade que fica a 49 km do centro de São Paulo e aqui, uma lista que inclui as principais cachoeiras, além de outras opções no Estado de São Paulo.  

2 – Analândia

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Cuestas da Chapada Guarani em Analândia – Foto: Dalton Holland Baptista /  Wikimedia Commons

Analândia é um dos 8 municípios paulistas que compõem a Chapada Guarani.  A cidade conta com formações geológicas como morros testemunhos, cuestas e paredões com mais de 220 metros de altura, além de diversas cachoeiras, riachos e piscinas naturais.

Um dos cartões postais da cidade é o Morro do Cuscuzeiro de onde é possível apreciar uma bela vista de outras formações como o Morro do Camelo.  A atração fica dentro de uma propriedade particular, a Pedra Viva, que cobra entrada de R$ 10 e também possui um camping com diárias a partir de R$ 35.  Confira aqui um relato de escalada no Morro do Cuscuzeiro.

Outra atração imperdível da cidade é a Cachoeira da Bocaina com seus 50 metros de altura de onde é possível ter uma bela vista dos paredões da região.

https://www.youtube.com/watch?v=1CU7fAuk_bU&fbclid=IwAR0kQZAJDr0VzdMW_9tsszmZsSNKPacKb7ibZqND8CA5Y7ihhkcF9mSUqiw

Onde ficar em Analândia

3 – Parque Estadual do Morro do Diabo – SP

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Vista de cima do Morro do Diabo – Foto: Jairo Tardelli

O Parque Estadual do Morro do Diabo é a maior reserva de Mata Atlântica de São Paulo, uma área com 34 mil hectares de mata nativa  localizada entre os rios Paraná e Paranapanema, no município de Teodoro Sampaio no extremo oeste do estado.  No centro da imensidão verde, está o Morro do Diabo, uma formação geológica com 600 metros de altura, na qual é possível chegar ao topo através de uma trilha de 2,5 km (ida e volta).

Parque Estadual do Morro do Diabo - Foto: Divulgação
Parque Estadual do Morro do Diabo – Foto: Divulgação

O local é um dos últimos refúgios do mico-leão-preto, uma espécie de primata endêmica do estado de São Paulo e que foi considerada extinta por 65 anos até a redescoberta em 1970 de uma pequena população vivendo na área onde hoje é o parque.

Para vistar o parque é preciso fazer um agendamento prévio através do telefone (18) 3282-1599 ou do e-mail: morrododiabo@outlook.com

4 – Parque Estadual Furnas do Bom Jesus e Represa do Estreito – Pedregulho – SP

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Cachoeira do Amanteigado uma das cachoeiras da Represa do Estreito (Rio Grande) | Foto: Ken Chu/Secretaria de Turismo do Governo do Estado de SP

A cidade de Pedregulho, a 455Km da capital paulista abriga o Parque Estadual Furnas do Bom Jesus que preserva remanescentes do Cerrado Paulista. O local possui trilhas, mirantes e cachoeiras com destaque para a Cascata Grande, a maior do parque, com 132m de queda livre.

https://www.youtube.com/watch?v=9-g9EVM4SPI

Você encontra mais informações sobre as trilhas do parque clicando aqui.  Uma das opções de camping por lá é a Estância Alto Boa Vista, falar com seu Alcimar no WhatsApp (16) 99165-4683 ou através do (16) 98181-5796.

Da Vila Residencial da Usina do Estreito que fica às margens da Represa do Estreito, sai um passeio de barco que chega a várias cachoeiras da região com destaque para a Cachoeira do Amanteigado, essa da foto acima. O passeio é feito pela agência Turismo Pedregulho.

5 – Três Pedras – Bofete – SP

https://www.youtube.com/watch?v=0hjEVKMi1Nk

Bofete fica a menos de 200 Km da capital paulista e é uma das cidades recortadas pelas formações da “Cuesta Paulista”.

A atração principal da região são as Três Pedras, (vídeo acima)  local perfeito pra passar ao menos uma ou mais noites acampando.

A dica é montar a barraca no Sítio 3 Pedras e pela manhã fazer a trilha até a formação, que fica a 3 km do camping. É possível também ter uma bela vista do monumento geológico dando uma esticada até Botucatu pra tomar um café especial e tirar boas fotos no Mirante Pedra do Índio (video abaixo).

Em Botucatu ainda vale a pena conhecer as cachoeiras da Marta e Indiana e apreciar as delícias da Estância Demétria.

Onde ficar em Bofete

6 – PETAR – Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira

Lugares baratos para viajar em SP é o PETAR
Cachoeira das Andorinhas / Foto: Rodrigo Albertini / Wikimedia Commons

Apesar de ser bastante conhecido entre o público trilheiro /mochileiro paulista, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR)  é um destino que deveria figurar entre os grandes destinos do país. 

O PETAR está a 320 km  de distância da cidade de São Paulo, entre os municípios de Apiaí e Iporanga no sul do estado de São Paulo, próximo a fronteira com o Paraná. 

O que fazer no PETAR

O Parque  possui quatro “núcleos” abertos a visitação turística:

  • Núcleo Santana:  é onde estão localizadas as principais cavernas do parque ( Caverna do CoutoCaverna de Santana e Caverna do Morro Preto) e belas cachoeiras como a Cachoeira do Couto e  Cachoeira das Andorinhas . O acesso até as cavernas é feito através de trilha fácil. A entrada custa  R$ 12,00 por pessoa + taxa de R$ 6,00 por veículo. Crianças abaixo de 12 anos a adultos acima dos 60 anos não pagam. É obrigatório a contratação de um guia local.  A cidade base de visitação ao núcleo Santana é Iporanga.
  • Núcleo Casa da Pedra:  é o onde está o maior pórtico de caverna do mundo com seus 215 metros de altura. O acesso até a monumental formação é feito através de uma trilha de 3 horas.  A entrada é gratuita, mas a trilha deve ser feita com o acompanhamento de um guia local. A cidade base de visitação ao núcleo Casa de Pedra é Iporanga.
  • Núcleo Ouro Grosso: Com destaque para Caverna do Ouro Grosso e para a Piscina Natural do Rio Betari, o núcleo também fica na cidade Iporanga.
  • Núcleo Caboclos: Na divisa entre os municípios de Apiaí e Iporanga, a 75 km de distância do núcleo Santa, tem as cavernas como principais atrações, com destaque para Caverna Tememina e Caverna Desmoronada. O núcleo possui área de camping. A entrada custa R$ 12 e R$ 18 para acampar.

Onde ficar no PETAR

Agora, senta que lá vem história!

A Paulistânia e o Caminho do Peabiru

O local onde os jesuítas decidiram erguer as primeiras edificações da vila de São Paulo de Piratininga era um ponto estratégico,  um platô triangular onde rios e trilhas se cruzavam. Uma dessas trilhas era o chamado “Caminho do Peabiru”.

Alguns historiadores dizem que o Peabiru era uma trilha pré-histórica,  outros acreditam que era construção dos Incas, já os guaranis diziam que era obra de “Pay Sumé” ou “Tumé Arandú”, uma entidade da mitologia tupi-guarani que os jesuítas acreditavam ser São Tomé, o apóstolo que segundo a lenda, teria viajado para a Índia para pregar o cristianismo.

Sumé era descrito pelos índios como um homem branco de cabelos longos e barbas brancas. Alguém que havia passado há muito tempo por ali e lhes havia transmitido conhecimentos práticos como fazer fogo e cultivar alimentos. Não era um deus, mas uma espécie de sábio viajante, que andava de tribo em tribo compartilhando seu conhecimento, ensinando regras morais. Tinha também poderes mágicos, era capaz de voar, flutuar e desviar de flechas.

O caminho supostamente criado por Sumé, saia de Cusco, a maior cidade do império Inca e atravessava os territórios dos atuais Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil até chegar ao ponto onde os jesuítas decidiram então erguer a vila de São Paulo de Piratininga. De lá seguia através de um de seus ramais, a  Trilha dos Tupiniquins, terminando assim na vila de São vicente. Havia também um ramal da trilha que saia do litoral de Santa Catarina.

A partir do chamado Triângulo Histórico, no qual em cada um de suas pontas, os jesuítas construíram uma igreja (Igreja do Carmo, Igreja de São Bento e Igreja de São Francisco), a vila de Piratininga foi se expandindo até se transformar na “Paulistânia” como era popularmente chamada a Capitania de São Paulo, e chegou a compor um vasto território que incluía além do atual estado, partes de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Paraná.

O  território que hoje compreende o Estado de São Paulo, apesar de abrigar a maior metrópole do hemisfério sul, como você acabou de constatar,  ainda guarda segredos naturais pouco explorados pelos viajantes brasileiros. Alguns deles nos conectam aos tempos do Peabiru, como o intocado  Parque Estadual do Morro do Diabo e o parque SelvaSP, vizinho das últimas aldeias indígenas da cidade de São Paulo.

O novo Peabiru

No projeto de criação da Rede Brasileira de trilhas de longo Curso, que você pode conferir os detalhes aqui, um dos ramais da rede é uma parte do Peabiru.
A trilha terá cerca de 1.000 km seguindo um ramal do caminho histórico interligando as seguintes áreas de conservação:  Parque Nacional do Iguaçu, Estação Ecológica da Mata Preta, Parques Nacionais das Araucárias, Guaricana, Saint-Hilaire/Lange, Florestas Nacionais de Três Barras e Assungui, entre outros.

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Conhece mais destinos imperdíveis e pouco conhecidos no estado de São Paulo? Deixe a dica pra gente nos comentários!

Nota: os preços apresentados na matéria foram consultados em 12 e 13 de junho de 2019 e podem sofrer alterações.
A foto (da home e) que traz até este post é reprodução de cena apresentada no vídeo de Tiago Degaspari/YouTube.

Foto do autor

Silnei L Andrade

Webmaster desde 1997 e blogueiro acidental. As vezes inventa coisas úteis como o Mochileiros.com.

12 comentários em “6 destinos imperdíveis e pouco conhecidos de São Paulo”

  1. Têm que visitar o salto do pântano em Descalvado-SP entre outras belezas naturais, porque descalvado-SP é rico em patrimônio histórico por exemplo o Museu Municipal de Descalvado-SP, arquitetura colonial, trilhas e mais de 40 cachoeiras descobertas e identificadas pelo ciclista/fotografo Luis Alberto Olivieri.
    Venha turistar e pedalar em Descalvado-SP, porque está na moda.

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  2. Pedra do Baú em São Bento do Sapucaí. Fica uns 40 minutos antes de chegar em Campos do Jordão. A cidadezinha é uma graça! Uma Paraty no interior rs. Tem as capelinhas feitas em mosaico.
    A Pedra do Baú é magnífica. Tem a pedra do Baú, pedra do Bauzinho e Pedra Ana Chata. Trilhas com diferentes níveis de dificuldade. Eu subi a pedra do Bauzinho que é a mais fácil (tenho 65 anos rs) e o espetáculo qdo se chega ao topo, avistar a sua frente a Pedra do Baú, é de tirar o fôlego.

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  3. Ótimo roteiro para 2020 kkkkk com certeza vou seguir
    Poderia estar aí pedra grande em Atibaia sp lindo lugar tbm
    Serra de são Pedro sp e suas cachoeiras

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  4. Silnei, obtigada. Ótimas dicas. Excelente reportagem. Parabéns! Já divulguei para a família. Provavelmente será nosso próximo projeto.

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  5. Pedra Bela….há 1h30 da capital paulistana, fazendo divisa com Minas Gerais …..entre Bragança Paulista, Pinhalzinho
    Tenha pequena cachoeira, muita mata atlantica, rapel ou escalada….a maior tirolesa do país. …e uma vista linda da região da Pedra do Santuário

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