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CHAPADA DOS VEADEIROS - Parna, Segredo, Vale da Lua, Ponte de Pedra e Kalunga.


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Relato sobre caminhada pela Chapada dos Veadeiros realizada entre 01 e 05/07/2013

 

Dia 01 - Parna Chapada dos Veadeiros

 

Quinta-feira - 27/06, depois de muito tempo e muita confusão em minha vida pessoal tirava merecidas e fracionadas férias. Vasculhando a internet em busca de informações sobre a Chapada da Diamantina, viagem que faria no final do mês subsequente, recebo uma mensagem do Carlota dizendo: - vamos p/ Chapada dos Veadeiros tb?! E foi assim, tínhamos a chance de cumprir uma promessa de 15 anos antes quando, visitando a Chapada dos Guimarães, juntamente c/ o Chico e o Carlos (Charles Bronson), demos nossa palavra que conheceríamos as três chapadas mais famosas do país.

 

Acionamos a Mel (melhor irmã do mundo) que prontamente liberou milhas de viagens e já no domingo partimos rumo ao planalto central. Antes de ir p/ o aeroporto imprimi algumas páginas de relatos do site mochileiros.com e dentro do avião, em menos de 5 minutos, decidimos o esboço do nosso roteiro: chegaríamos em Brasília, alugaríamos um carro, viajaríamos até São Jorge e de lá seja o que Deus quiser.

 

Aterrizando na capital federal, Carlota foi alugar um carro (fizemos a reserva em Congonhas pq assim ficava mais barato) enquanto fui procurar algum posto de atendimento ao turista. Consegui um mapinha rodoviário e a explicação de como pegar a estrada rumo ao nosso destino. Era final da copa das confederações, Brasil X Espanha, as ruas estavam vazias e demos um rolê noturno por Brasília, bem bacana aliás. Depois pegamos a estrada rumo à chapada. Rodovia boa, bem iluminada, ficávamos observando a escuridão e imaginando as paisagens que nos aguardavam durante aquela semana que estava apenas começando.

 

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Sem maiores dificuldades, chegamos à São Jorge. No final muitos km de estrada de terra e escuridão total. Já era madrugada, estava tudo fechado, cidade fantasma, batemos em algumas pousadas pedindo abrigo, ora estavam lotadas, ora simplesmente ninguém nos atendia. Dando uma última volta antes de estacionar e dormir no carro, paramos em frente à Pousada Violeta, existiam vagas, achamos nosso pouso (R$100,00 o quarto c/ café).

 

Segunda-feira acordamos cedo, café da manhã e busca de informações com os coleguinhas de pousada. Partimos rumo à portaria do Parque Nacional (uns 2 km do centro de São Jorge), no caminho demos carona p/ um casal que logo evaporaram assim que estacionamos. Assinamos o livro de visitas e enchemos o cantil. Munidos do mapinha iríamos testar minhas reais condições físicas: 110 kg de gordura sedentária moendo as articulações, comprimindo meu pulmão e exigindo um esforço mastodôntico para amarrar a bota! O Carlão estava bem preparado fisicamente: 1 ano de musculação, natação e fisioterapia p/ o joelho rompido, ou seja, iria ser um massacre.

 

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Folder do parque em mãos, definimos um roteiro = Canyon + Cachoeira da Carioca + Saltos I e II. Pegamos a trilha rumo ao Canyon. Caminhada fácil, bem demarcada, bifurcações tranquilas, o sol tostava minha careca enquanto Carlota brincava de Araquém Alcântara com sua máquina nova. Durante os 5km de ida, passamos por belos visus, buracos de garimpo, algumas pinguelas com pouca água, outras secas, muitos lagartinhos e pássaros. Alcançamos nosso primeiro ponto de parada: o Canion II. Lugar muito bacana, ótima sensação de boas vindas. Curtimos bem o Rio Preto e suas ferrosas água escuras (e transparentes). Muitos peixes, demos alguns tchibuns refrescantes. Na saída encontramos um grupo, deviam ser gringos, ainda não sabíamos, mas seriam os únicos visitantes que avistaríamos durante o dia em todo parque! Vale lembrar de um casal de maritacas, curiosas, que ficou o tempo todo nos acompanhando!

 

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Seguimos rumo à Cachoeira da Carioca, o sol ainda castigava minha cútis sensível, alguns mini canyons pelo caminho deliciavam nossos olhos e máquinas fotográficas vorazes. Tudo muito bonito. A trilha continuava muito bem demarcada, realmente não existia a necessidade de contratar um guia. Já chegando ao destino, descemos pela trilha (relativamente íngreme) e o cheiro de xixi impregnado nas narinas denotava que seria realmente o caminho certo. Nada que atrapalha-se o passeio, mais um banho refrescante nas águas escuras e geladas do Rio Preto, e já estávamos pronto para prosseguir na caminhada. Bacana que tem uma espécie de laje dentro da água, que dá para deitar, fica tipo uma banheira, muito bom, coisa chique, perdemos (ou ganhamos) ou bom tempinho por ali.

 

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Retornamos para a trilha, o sol estava rachando o côco, seguimos as setas pintadas pelo chão, mais uma horinha de caminhada num chão pedregoso. Comecei a cansar e diminuir o ritmo, algum sobe-desce e já me distancio do Carlão. Assim como Anchieta, rezei por uma sombra, e ela veio! Alguns minutinhos de nuvens tapando o sol me deram um novo ânimo. Chegamos finalmente ao Mirante do Salto do Rio Preto. É o cartão postal do parque, aquela foto famosa dos saltos d´água. Beeeeem bonito. Descansar e fotos. Descemos pela trilha até os Saltos para reabastecer o cantil. Dessa vez não houve mergulho. Estava entardecendo e decidimos de última hora seguir até às Corredeiras! Tínhamos, anteriormente, combinado que o Salto seria nossa última parada, mas a Carlota começou a chorar e já viu né. Subidinha chata e mais uns 30 minutos de caminhada que foram quase letais para o meu corpinho nada esbelto. Enquanto o Carlão ficava pentelhando lá na frente p/ eu acelerar, só pensava numa maneira bem dolorida de torturá-lo até a morte, assim que o alcançasse, claro.

 

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Chegamos, finalmente desabei na água, observamos o pôr-do-sol numa hidromassagem exclusiva nas Corredeiras. Muito legal, um cem número de cores pintavam as nuvens desenhadas no céu. Alguns casais de araras, lá do alto, nos faziam companhia. Fechamos o dia com chave de ouro, a sensação era de total exclusividade. Pensávamos: como pode? início de alta temporada, férias escolares e o parque sem ninguém?!?! Agraciados pela oportunidade de estarmos lá, muita coisa passava pela cabeça e ao mesmo tempo nada.

 

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Ainda faltava a volta, mas agora sem pressa, já havia escurecido mesmo. Me arrastando cheguei à portaria do parque. Somamos 21,5 km percorridos. Não teve erro, o folder com as trilhas é auto-explicativo, com direção e distâncias, não tem como se perder. Já era noite e o segurança vendo TV não demonstrou muita preocupação com nosso atraso, aliás nenhuma. Estávamos exauridos, mas ainda faltava a parte mais importante do dia: o almojanta! Gordo é foda, já saímos na caça de um lugar para comer. Indicado pelo funcionário da pousada, fomos a um restaurante em frente ao mercadinho, mas não tinha mais comida!!! Até tinha, o problema é que a dona deveria estar esperando por algum grupo, pois simplesmente fomos expulsos do lugar.

 

Seguimos para outro estabelecimento, uma espécie de spoleto do lugar. Comida boa, revigorante. Alguns discos voadores pendurados no teto. Nas paredes ETs e fotos dos atrativos da região (úteis para nos dar um norte p/ seguir). Logo um pai e filho que estavam hospedados em nossa pousada sentaram conosco. Seriam nossas companhias no dia seguinte, pelo menos o destino já estava definido: Cachoeira do Segredo. Agora só faltava saber onde ficava e ir.

 

O Parque Nacional da Chapadas dos Veadeiros é bem legal. Foi ticado com louvor. Belas paisagens. Merece certamente uma outra visita. Disseram que iria abrir uma portaria em Cavalcante. Pretendo retornar para fazer a travessia das 7 Quedas (23 km).

 

fotos:

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Dia 02 - Cachoeira do Segredo

 

Acordamos cedo, tempo para um banho rápido, arrumar a mochila e tomar café. O Carlão havia conseguido algumas informações preciosas com o guia que conduziu o pai (Nonato) e o filho (Lucas), nossos novos companheiros, ao parque no dia anterior. Ele comentou que achou o condutor gatinho, mas não vem ao caso, além disso, o cara foi bacana, "deu toda letra pra nóis". O brother do ES desistiu de ir caminhar conosco, estava mais interessado em localizar uma casa de "massagens" com garotas nativas da região. Depois de alguma guerra pelo pão de queijo, escasso na cestinha de matinais da pousada, aguardamos nossos companheiros para iniciar a partida.

 

Pegamos a estrada e fomos direto para a Fazenda na qual encontra-se a famosa Cachoeira do Segredo. Aqui não tem erro, é só acompanhar as placas na estrada. Depois de devidamente paga a taxa de extorsão, ou visitação (R$ 15,00 por alma), a mulher perguntou: -mas vocês estão com guia né? Não contente com o silêncio em que se fizera o momento ela novamente indagou: -mas então vocês já conhecem a trilha né? Novamente o silêncio e um sorriso que prontamente recebeu a chave do cadeado da porteira da trilha. Iríamos na raça mesmo. Partimos rumo à cachoeira, de carro economizou um bocado de tempo, conseguimos adiantar uns 5 km de estradinha de terra e pedras. No caminho cruzamos duas vezes o rio. Carlota, piloto de fuga, mostrou toda sua destreza de penélope charmosa, principalmente na segunda travessia, que estava com o leito d´água um pouco fundo demais. Foi um ótimo teste para o Land Rover (palio) alugado, valeu cada centavo. Estradinha estava em condições muito boas, quando não dava mais para prosseguir, estacionamos a caranga e continuamos a pé.

 

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Iniciada a caminhada, observamos uma trilha tranquila, sem chances de desviar a rota. Em determinado momento fomos alcançados por um casal que também estava curtindo a natureza por ali. Aliás, curtiam um pouco mais que nós, pois nas 4 vezes que cruzamos com eles uma intensa maresia invadiu nossos olhos, narinas e pensamentos. Até cantamos um pouco de Bob Marley. Logo surgiu uma estradinha, fomos seguindo por ela. Sinais de que um trator recentemente passara por ali fazendo a manutenção. Certamente existe um outro caminho p/ se chegar de carro, economizando ainda mais pernada, mas beleza, no stress. Ao atravessar novamente o rio pela estradinha percebemos que o caminho acabava. O casal retornava do obstáculo e nos abordando perguntaram se estávamos sem guia. Respondemos que sim. O rapaz nos disse que conhecia muito bem o lugar, e então nos ofereceu seu serviço de condutor !!! Que cara de pau! Ele também estava perdido kkkkk. Obviamente ignoramos e rimos da situação. Demos meia-volta e logo depois de descruzar o rio já localizamos a trilha margeando o curso d´água. Seguimos por ela, (fica antes de cruzar o rio, margem direita, direção à montante = esquerda). O casal ficou para trás aguardando que mostrássemos o caminho para eles, ou que simplesmente nos perdêssemos, sei lá.

 

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Depois de atravessarmos o rio umas 857 vezes, chegamos num remanso muito bonito, água completamente cristalina, mergulho refrescante. Paradinha rápida e já continuamos com o pé na trilha. Depois de uns 30 min começamos novamente à margear o rio, mas desta vez o canion já se estreitava bastante pelas laterais. Só poderia significar uma coisa: estávamos chegando! Atravessa por aqui, por ali, pula mais algumas pedras, e finalmente a encontramos. Realmente a cachoeira é linda! Como diria o poeta Carlos Henrique, ela escorre pela vertente do canion formando mini-cachoeiras, coisa bonita de se ver. A cachu forma um poço extremamente convidativo para um tchibum. Não resistimos e pulamos. O Nonato e o Lucas ficaram em terra, preferiram a segurança da cueca seca. Água gelada! Gelada, renovadora. Mas é gelada mesmo! Não é apenas uma expressão, parece que milhares de agulhas estavam penetrando meu corpinho. Sorte que pulei de bota, entrando enfiei o pé num buraco nas pedras, poderia ter machucado. Hora do lanche. Logo o casal novamente nos alcança, e a mulher teima em dizer que conhece o Carlão de algum lugar. Piadinhas à parte, depois de meses descobrimos que ela conhecia, na verdade, o Roberto, irmão do Carlão (são parecidos). Eles haviam estudado juntos na facu em SP, depois ela mudou-se p/ chapada. Mundo pequeno. Fato é que pelo segundo dia seguido tínhamos a natureza praticamente apenas p/ nós, quase exclusividade total.

 

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Hora de retornar. Algum cuidado com o chão escorregadio e estamos na trilha. Tínhamos a informação de que a volta poderia ser por um caminho diferente, decidimos tentar fazê-la por outro trecho. Sábia decisão. Pegamos uma bifurcação à direita e caímos numa vereda bem bonita, muitas partes com visus abertos e sem proteção de árvores mais altas. Na ida iria incomodar aquele sol na cabeça, mas agora, com a luz do sol da tarde, a paisagem tornava-se ainda mais agradável. Demos algumas mini perdidas, na verdade só era o tempo de achar a trilha que se ora se escondia, ora se ramificava demais, mas nada preocupante. Depois de algum tempo, e mais fotinhos, encontramos a estrada que tínhamos percorrido na ida. Atravessamos o rio e retomamos ao caminho conhecido. As trilhas se juntam numa casa abandonada perto de uma árvore bem frondosa na estradinha de terra. Mais alguns minutos de picada e chegamos ao carro. Agora era só encarar uma pirambeira de carro e as travessias do rio com o possante. Sobrevivemos.

 

Retornamos em tempo de aproveitar o pôr-do-sol num mirante perto de São Jorge. Dizem que é um discoporto, que os ovnis estacionam lá. Tem até um cristal gigante embaixo de um portal feito com troncos secos. Aqui já temos companhia. Duas mulheres e um bebum (com som alto = chato mano). Um pouco de frio e cansaço se fazem presentes. Araquém Alcântara tira umas 1.500 fotos do entardecer, aproveitamos umas 3. Voltamos para pousada. Banho merecido, demos um rolê na cidade e aproveitamos para reabastecer os mantimentos no mercadinho. Refri descia que nem água. Repetimos a janta de ontem. Passar talco e dormir. Ticado com louvor, não é a cahu mais espetacular que já vi, mas é top, muito bonita, valeu a caminhada. Água é gelada. Não pretendo voltar.

 

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fotos:

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Dia 03 - Vale da Lua + Cachoeira dos Cristais + Poço Encantado

 

Acordar cedo, colocar as malas no carro e partir rumo à Cavalcante. No momento do check-out o pessoal da pousada tentou dar um "migué" e cobrar 50% a mais no valor da diária. Que foda, disseram que o rapaz havia informado errado. A sorte foi que, na hora de preencher o check-in, escrevemos o preço da hospedagem na ficha. Não teve choro, pagamos apenas o inicialmente combinado. Uma última volta pela Vila de São Jorge e nos despedimos do lugar. Pé na estrada e seguimos destino Vale da Lua. Placas na estrada nos indicavam o caminho, não tem como errar. Estávamos empolgados com a visita, afinal é um dos cartões postais da Chapada.

 

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Chegando lá, pagamos a taxa de extorsão de R$ 15,00 por alma e entramos. Uma pequena trilha (minutos) e já alcançamos o Vale da Lua. Decepção total! Foi, de longe, o passeio que menos gostamos. O preço da entrada não condiz com a atração. Tinha imaginado aquele pico com dimensões consideráveis, mas é muito pequeno. Depois de tudo o que já havíamos visto, no Parna e na Cachu do Segredo, o Vale da Lua ficou muito inflacionado. Caminhamos um pouco sobre as rochas e depois demos um tchibun na água gelada. Aqui já tínhamos a companhia de uma família, era realmente mais turístico. Sinceramente não curti, ticado sem pretensões de retorno, serviu só para falar que conheço.

 

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De volta à estrada e alguns km depois paramos para contemplar o visu do Jardim de Maritreia. Ai sim foi legal. Paisagem muito bonita, observamos a vegetação e os morros de siluetas interessantes. Belas fotos. Sol rachando. Mais estrada de terra, asfalto e chegamos à Alto Paraíso. Nossa intenção não era ficar por lá, por isso, apenas demos um rolê de carro pela cidade. Reabastecemos a viatura e paramos no posto de atendimento ao turista. Depois de muito esperar a boa vontade da atendente pegamos algumas infos sobre a Cachoeira dos Cristais e o Poço do Encantado. Rota corrigida e partimos novamente.

 

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Tivemos uma certa dificuldade para encontrar a entrada da Cachoeira dos Cristais. A placa na estrada estava caída. Tínhamos marcado a quilometragem no odômetro e arriscamos uma saidinha que acabou mostrando-se a correta. Mais um pedacinho de estrada de areia e terra e chegamos. O lugar onde fica a Cachoeira dos Cristais é meio psicodélico. O dono parece o Tatoo da Ilha da Fantasia. O local em si tem uma decoração de gosto duvidoso, mas é agradável. Nos recomendaram dar um rolê pelas cachus e depois almoçar no restaurante. O pico fica próximo a Alto Paraíso e o pessoal da cidade costuma fazer festas aos fds. São várias pequenas cachoeiras, formadas por sucessivas quedas em diferentes patamares do mesmo rio. Algumas são bonitinhas, outras nem tanto. Nem dei tchibun, o Carlota se arriscou e fez sua purificação corpórea. Depois de contemplarmos o lugar resolvemos almoçar por ali mesmo. Comida boa com bastante gordura trans. Pessoal simpático. Valeu a pena, é bastante turístico, uma galera também estava desfrutando do passeio. Muitas famílias. Ticado agradavelmente, mas sem pretensões de retorno.

 

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Já abastecidos de batata frita com cheedar era hora de retornar à estrada. Não queríamos chegar a noite em Cavalcante, e ainda tínhamos que encontrar uma pousada. Havíamos programado conhecer o Poço do Encantado, e foi para lá que partimos. Mais algumas horas de asfalto, com direito a incêndios florestais, e as placas começaram a aparecer. Chegando ao Poço encontramos um lugar bastante simpático e com uma mega estrutura para quem quiser pousar por lá. Gostei. Aqui já encontramos uma galera bastante heterogênea, inclusive um pessoal sociedade alternativa. Pagamos a taxa de extorsão (R$ 10,00) e fomos visitar. Não chega a ser uma trilha, apenas uma bela caminhada, com direito a uma ponte bacana. Cachu bonita, com um belo poço para mergulho. Desta vez nenhum de nós pulou, apenas contemplamos o visu. Vários pássaros se refrescavam nas quedas, legal de ver.

 

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Entardeceu e prosseguimos rumo à Cavalcante. Chegando na cidade fomos recepcionados por algumas araras, muito legal. Elas são tipo as pombas do lugar, de repente vc olha para o fio do poste e lá estão elas gritando de um lado para o outro. Observamos algumas placas de pousadas pelas ruas e decidimos segui-las. Logo a primeira pousada que nós paramos foi a Pousada Manacá. Dona simpática, disse que costuma receber casais (não sei se era uma indireta) e nos mostrou os aposentos. Uma breve discussão sobre valores e resolvemos ficar por ali mesmo. Afinal, já escurecia e estávamos com fome. Rolê a pé pela cidade e paramos numa pizzaria de massa de integral e mão-de-obra quilombola. Experiência interessante, comida boa. Engraçado foi um casal (100% FFLCH) entrevistando o cozinheiro que já estava de saco cheio das perguntas: -mas o que vc mais se orgulha da sua comunidade? -conta mais? bla bla bla.

 

Após janta e banho tomado fomos conversar com o pessoal da pousada sobre os roteiros quer faríamos nos dois dias seguintes. Olhamos algumas revistas e decidimos inicialmente pela Ponte de Pedra. Bate papo com música celta ao fundo e fomos descansar. Fiquei imaginando se teria coragem e vontade de largar tudo e montar algum negócio longe do meu mundinho, assim como os donos da pousadinha lá fizeram. Hoje penso que não mais.

 

fotos:

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Dia 04 - Ponte de Pedra

 

Acordamos cedo, café da manhã mega natureba com música celta bombando ao fundo. Mochilas abastecidas e aguardamos a chegada do Zé Pedrão, nosso guia (R$ 100,00). Não queríamos a presença de um condutor conosco, não pelo R$, mas porque é mais legal descobrir os caminhos sozinhos. Todavia, hoje seria obrigatório, e a entrada para a Ponte de Pedra se fazia por uma propriedade particular (pousada Vale das Araras). Mais tarde descobriríamos o quanto perderíamos sem a presença do guia neste dia. Após um breve passeio pela cidade de Cavalcante seguimos rumo à Ponte de Pedra. Depois de algum tempo de estrada já pagávamos a taxa de extorsão na pousada base p/ trilha. Observamos, pelas datas no livro de visitas, que fazia um tempinho que ninguém encarava a referida caminhada. Zé Pedrão, um condutor diferenciado, não parou de falar 01 minuto, amizade à primeira vista com a Carlota. Não aguentava mais a história do pastor que benze por telefone, não adiantava, não iria anotar o número do celular dele. Aqui o caminho de terra fica bem mais complexo, exigindo bastante esforço do Land Rover/Palio, era uma estradinha bem fechada pelo mato.

 

Findada a possibilidade de continuar motorizados, pé na trilha para nós. Com guia é bem mais fácil, não ficamos preocupados com desvios e entradinhas. Seguimos o Zé Pedrão e, de cara, uma baita subida. Aqui eu cansei, cheguei lá em cima morto. Agora começava a maravilha, a caminhada rumo ao atrativo é linda. Certamente as fotos não irão retratar o espetáculo. Estava um baita vento e um baita sol. A cada curva uma nova paisagem, muito legal. Interessante era notar que, diferentemente das outras trilhas, aqui não haviam pegadas no chão, realmente um rolê muito exclusivo. Trilha sussa, uma caminhada agradável. Logo alcançamos a Ponte de Pedra e Zé Pedrão já foi avisando que não poderíamos escalar a rocha. Tranquilo, o visu já era exótico e recompensador. Parada para o lanche e agora subimos para o alto do morro, rumo ao mirante. Mais uns minutinhos e um visu de perder o fôlego. Lindo, lindo, lindo. Aqui era uma paisagem mais monumental, uma bela vista da Chapada dos Veadeiros.

 

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Nos aventuramos em algumas beiradinhas e penhascos, o vento chegava a incomodar de tão forte. Lá de cima o Zé Pedrão nos mostrou um poço com uma cachoeira na beira do precipício e disse que iríamos até lá. Não entendemos muito bem, mas tranquilo, ele falava tão rápido que só 25% das palavras conseguíamos processar. Aqui um momento triste: não sei como e nem onde, mas minha calça rasgou de ponta a ponta, minha calça novinha, não tinha 12 anos de uso. Foi um baque! Luto! Tinha maior xodó por ela, resgatei-a 3 vezes do lixo, mas dessa vez não teve jeito. O que me consola é que tenho certeza de que partiu em paz, fazendo o que ela mais gostava, e num pico maravilhoso. Pendurado num penhasco e tentando tirar fotos, sinto uma picada doída na coxa, de repente outra, estou sendo atacado por abelhas, largo a máquina no chão e volto para para terra firme, mais dois ferrões para coleção. Caraca que inferno, agora elas iriam passar o dia todo em cima do meu corpinho. Não sei se era meu desodorante, protetor solar ou alguma planta que esbarrei, fato é que até o final da trilha servi de aeroporto para centenas de abelhas, marimbondos e insetos venenosos em geral.

 

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Depois de um tempo brincando no topo decidimos voltar para a Ponte de Pedra e tentar mergulhar no riachinho. Prontos para molhar a tanguinha e Zé Pedrão indica um outro caminho para o mergulho: o canion! porra como assim? depois do canion é o penhasco! mas não é que era isso mesmo, sem o guia nunca saberíamos que poderíamos ir nadando pelo canion até alcançar a beira da cachoeira que escorria pelo precipício. Muito show. Lugar único. Fiquei um bom tempo dentro d´água por causa dos marimbondos assassinos apaixonados por mim. Lugar espetacular. Na face oposta tem um paredão gigante, dando uma ideia de lugar escondido, curti demais. Milhares de fotos.

 

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Já enrugadinhos pela piscina começamos nosso retorno. Estava cansado. Na volta a trilha ficava mais bonita com o sol da tarde. Na descida final o Carlota escorregou e torceu o joelho de vidro operado meses antes, momentos de tensão. Felizmente nada grave, continuamos até o estacionamento. O retorno pela estradinha foi bem ruim também, em vários momentos tivemos que descer para a caranga conseguir encarar as subidas. Os carrapatos agradeceram e se lambuzaram comigo. Fomos direto para o centro de Cavalcante encarar um almojanta. Zé Pedrão indicou um self-service por quilo bem meia boca, comida fria, na verdade quase gelada. Nem deram cortesia para o guia, pagamos sua parte. Mas com a fome que estava, papei e repeti lambendo os beiços. Retorno para pousada e já acertamos o dia seguinte: comunidade Kalunga com as cachoeiras Capivara e Santa Bárbara. Banho quente, caça aos carrapatos e mais um bate papo agradável com o pessoal da pousada, éramos os únicos hóspedes.

 

Ticado com louvor, com certeza foi o rolê que mais gostamos na Chapada dos Veadeiros. Quando abrir a portaria do Parna em Cavalcante pretendo voltar e refazer esta trilha.

 

fotos:

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Dia 05 - Quilombo Kalunga: Cachoeira Santa Bárbara, Cachoeira Capivara e Cachoeira Ave Maria.

Último dia na Chapada dos Veadeiros, acordamos cedo e mais um café natureba com música celta bombando ao fundo. Malas prontas, iríamos sair da trilha direto para Brasília. A pousada iria lotar e eles meio que regularam nós voltarmos para tomar um banho, mas beleza, sem ressentimentos. Zé Pedrão atrasou bastante para chegar. Enfim, partimos rumo à comunidade quilombola do Kalunga, decidimos por este atrativo porque queríamos curtir um visu diferente, chega de águas escuras, hoje a promessa era um rolê mais sussa, com águas cristalinas.

 

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Depois de um tempinho de estrada de terra chegamos ao quilombo. A presença de um condutor local é obrigatória, como já estávamos com o guia não foi preciso contratar mais ninguém, apenas pagamos a taxa de extorsão (R$ 10,00) e entramos. Paramos rapidamente no restaurante da comunidade para agendarmos o almoço e fomos motorizados até quase a entrada da trilha da primeira cachoeira. Uma breve caminhada e chegamos à Cachoeira Santa Bárbara. Linda. Cristalina. Águas azuis que saltavam aos nossos olhos. Momento único. Delícia mesmo. Tempo para mergulharmos e curtimos aquela jóia da natureza. A água não era gelada como nos outros dias e o chão era de areia. Não dava vontade de sair da piscininha. Muitos tchibuns e centenas de fotos depois, começaram a chegar outros grupos, o rolê era realmente muito mais turístico, hora de continuar, partimos rumo à próxima cachu.

 

Voltamos até o carro e mais estradinha de terra. Minutos depois a entrada da trilha para a Cachoeira da Capivara. Aqui a água era mais gelada, mas o visu não menos bonito. Larga, imponente. Mais tchibuns. Milhares de fotos. O Zé Pedrão se empolgou e nos levou descendo pelo canion até onde dava o limite de segurança. Muito top. Na volta já havia uma galera. Muita cannabis também. Ficamos mais um tempinho e a fome bateu. Voltamos para o centro da comunidade quilombola e desfrutamos de um belo almoço. Novamente muito calor e sol bombando. Não queríamos sair tarde, ainda tinha toda estrada para BSB.

 

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Partimos para nossa última parada, um mirante onde observamos a Cachoeira da Ave Maria. Bonito. Nada de trilhas, só vislumbramos a paisagem. Algumas fotinhos e voltamos para Cavalcante. Já na cidade procuramos um lava-jato para dar um talento no possante alugado. Vixi, saiu uma tonelada de terra. Aproveitamos para remendar o protetor de carter com papelão, aquele barulhinho de lata batendo poderia nos complicar. Deixamos o Zé Pedrão em casa e rumamos para a estrada. Já em Alto Paraíso paramos no posto para abastecer e novo banho no carro, mais meia tonelada de terra.

 

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Algumas horas de viagem e chegamos à capital federal. Como foi tudo de última hora, não havíamos reservado hotel. Fizemos uma verdadeira via sacra pela cidade. Na semana seguinte haveria um encontro nacional dos prefeitos, estava tudo lotado ou com preços extremamente absurdos. Finalmente encontramos um pouso. Carlão tomou banho e de madrugada partiu para devolver o carro e pegar o avião para São paulo. Eu ainda continuaria mais 4 dias para conhecer melhor a cidade de Niemeyer e Lúcio Costa.

 

Viagem show de bola, curtimos todos os dias, todos os passeios, todas as trilhas. Ticado com louvor, gastamos pouco e valeu cada centavo. Pretendo voltar, obviamente mais magro, para conhecer os demais atrativos. Não é mais prioridade, mas com certeza ainda está na listinha de pendências antes do meu último suspiro.

 

fotos:

https://plus.google.com/u/0/photos/110654385513335187187/albums/5954620835908260273?sort=1

 

youtube:

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Pessoal, deu pra fazer tudo sem guias? Chegaram a consultar preços de guias?

 

 

Sim Leo, na verdade mais ou menos. No Parna vc só assina um livro na entrada e fica de boa, sem a necessidade de guias, aliás nem cobra ingresso, é super sinalizado, sem erro. Na Cachoeira do Segredo também fomos sem guia e não fomos barrados na entrada. Vale da Lua, Cristais e Poço Encantado também sem guia. Já em Cavalcante, entramos na trilha da Ponte de Pedra por uma propriedade particular que exigia a presença de guia (Zé Pedrão cobrou R$ 100,00 a diária), a visita à comunidade Kalunga (cachoeira Sta Bárbara e Capivara) também exige um guia para acompanhar (o Zé Pedrão cobrou R$ 70,00 mas pagamos R$ 100,00 porque o cara é gente boa).

 

abçs

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Excelente seu relato! A Chapada dos Veadeiros é mesmo incível.

 

Leo_THC, desde o começo desse ano não há mais obrigatoriedade de fazer as trilhas dentro do Parque com guias. Fui pra lá em julho e fiz todas as trilhas por conta própria.

 

Abraços,

Ana

 

 

Fala Ana,

 

Obrigado ::otemo::

 

Sim, incrível... quase 6 meses depois ainda to "brisando" nas fotos!!! ::hahaha::

 

abçssssss

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  • 2 meses depois...
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Valeu mesmo Tati :) ... putz, pior que não sei te responder... só vimos estes chalés por lá... mas com certeza tem outros lugares por ali... dá uma pesquisada... não sei qual teu roteiro, mas qualquer coisa pode passar na volta... se bem me lembro acho q ficamos cerca de uma hora por lá... cachu bonita, mas tem outras tão legais ou até mais bonita na Chapada... sei que tem várias que nem conhecemos... mas lá em Cavalcante as que ficam na comunidade Kalunga são lindíssimas... :) abçsss

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  • 1 ano depois...
  • 1 ano depois...
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Vale da Lua é um lugar singular...

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Eu estive lá em dezembro passado, e achava que era apenas um lugar diferente. Mas acabou por me surpreender positivamente, desde a trilha que lhe dá acesso ao som dos pássaros e visão ampla de uma forma bem singular na chapada, contava com piscinas, quedas e acessível ducha que lhe permite uma deliciosa hidromassagem. Requer cuidado e atenção ao nível de suas águas, portanto a experiência de um guia é recomendada e estes relatam histórico frequente de pessoas paraplégicas quando não se atentam à recomendação.

Eu pretendo voltar para relaxar no lugar, podendo fazer o passeio entre 12 a 15 de janeiro.

Alguém nesse período?

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  • 7 meses depois...

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