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Diário de Bordo - Argentina, Chile, Uruguai de MOTO! 7700KM em 17 dias!


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Olá!

Em fevereiro e março de 2010 realizei uma viagem de moto pela América do Sul na companhia de um amigo, ambos de Yamaha Lander 250cc e com 22 anos de idade. Confesso que foi um sonho realizado e a melhor coisa que já fiz na vida. Um ano depois eu consegui postar o diário de bordo completo no meu blog e agora repasso aqui pra galera já que foi aqui que busquei várias informações.

Não fiz a conta de gastos, mas lembro que foi em média de uns R$ 1500,00 ao todo.

Abaixo segue o relato, eu copiei exatamente como escrevi no blog mas sem as fotos então qualquer dúvida é só perguntar.

 

Caso queiram ver algumas fotos segue o link do blog http://viajandodemoto.wordpress.com e o álbum do meu orkut http://www.orkut.com.br/Main#Album?uid=3042077339659525126&aid=1268646453

 

Ainda to fazendo um vídeo da viagem toda, mas aqui

é um vídeo feito em uma de nossas paradas, onde saltamos de uma ponte na patagônia!

 

Roteiro:

1º Dia: (1) Concórdia -> (2) Uruguaiana

2º Dia: (2) Uruguaiana -> (3) Parana/AR

3º Dia: (3) Parana -> (4) Alta Gracia

4º Dia: (4) Alta Gracia -> (5) La Paz

5º Dia: (5) La Paz -> (6) Uspallata

6º Dia: (6) Uspallata/AR -> (6.1) Guardia Vieja/CH -> (6) Uspallata/AR

7º Dia: (6) Uspallata -> (7) Malargue

8º Dia: (7) Malargue -> (8) Zapala

9º Dia: (8) Zapala -> (9) Junín de Los Andes -> (9.1) Vulcan Lanin -> (9) Junín de Los Andes

10º Dia: (9) Junín de Los Andes -> (10) Bariloche

11º Dia: (10) Bariloche -> (11) Villa Regina

12º Dia: (11) Villa Regina -> (12) Rio Colorado

13º Dia: (12) Rio Colorado -> (13) Azul

14º Dia: (13) Azul -> (14) Buenos Aires

15º Dia: (14) Buenos Aires/AR -> (14.1) Colonia del Sacramento/UR -> (15) Punta del Este

16º Dia: (15) Punta del Este/UR -> (16) Rio Grande/BR

17º Dia: (16) Rio Grande -> (1) Concórdia

 

20110414220626.jpg

 

01º Dia (25/02/2010) * Concórdia > São Borja > Uruguaiana

Saída: Concórdia – SC / 06:00h (Km 0)

Chegada: Uruguaiana – RS / 19:00h (Km 736)

 

Distância: 736 Km

 

O combinado era nos encontrarmos na casa do João entre 5:15h e 5:30h, mas devido a correria que foi na véspera da viagem e a estréia do Corinthians na Libertadores (pelo menos ganhou! haha) acabei indo dormir só a 1:30h e acordando as 5h, acabei demorando um pouco mais conferindo os últimos detalhes e cheguei no João (que já estava la embaixo desde as 5:10h auhhahaa) só as 5:45h.

 

Parada no posto para conferir mais algumas coisas (pneu, água etc…) e as 6h saímos com o objetivo de chegar em Uruguaiana ainda nesse dia.

 

Partimos pela Br 153, na ponte que faz a divisa dos estados de SC e RS parada para a primeira foto. Como era nossa primeira viagem de moto começamos parando várias vezes para conferir e arrumar algumas coisas.

 

Após umas 4 horas de viagem primeiro problema, o João que vinha atrás me fez sinal para parar pois havia uma alça do meu Alforje solta, quando paramos percebemos que ela tinha queimado por estar próxima a descarga, então fiz um nó e seguimos. Próximo a Ijuí paramos para almoçar e dar uma esticada nas pernas.

 

Perto das 16h paramos para abastecer em São Borja e lá nos informamos sobre qual era a distancia até a Aduana ali mesmo, pois não sabíamos se chegaríamos em Uruguaiana até as 18h para eu fazer a carteira de vacinação da febre amarela da anvisa (horário de atendimento anvisa das 8h as 18h) e no dia seguinte cruzarmos a Aduana antes das 8h. Como a Aduana em São Borja era próxima de onde estávamos, resolvemos fazer ali mesmo.

 

Com uma coisa a menos para resolver, seguimos para Uruguaina sem pressa e as 19h chegamos. Encontramos um Hotel, saímos para jantar e fomos dormir.

 

02º Dia (26/02/2010) * Uruguaina > Parana/AR

 

Saída: Uruguaiana – RS / 07:30h (Km 736)

Chegada: Parana – AR / 18:00h (Km 1166)

 

Distância: 430 Km

 

Como programado acordamos 06:30h, tomamos o café do hotel, arrumamos as motos e 07:30h estavamos na estrada. Paramos no câmbio do lado brasileiro e tivemos que esperar até abrir as 8h, enquanto isso o João aproveitou pra dar uma cagada e eu pra falar com uns caminhoneiros brasileiros que estavam parados na aduana.

 

Quando o câmbio abriu trocamos alguns Reais por Pesos Argentinos e passamos a Ponte Internacional, na aduana fomos parados e pediram nossa CNH, Documento da moto e a Carta Verde, após sermos liberados estacionamos e enquanto um cuidava das motos, o outro ia na imigração registrar a entrada na Argentina e na receita federal declarar aparelhos eletrônicos não fabricados no Brasil para não termos problemas na volta.

 

No estacionamento da aduana tinha uma garotada pedindo “una moeda” pra cuidar das motos e ficaram ali conversando com nós, ficaram impressionados quando o João disse que tinha 23 anos e deixamos eles tirarem fotos nas motos.

 

Seguindo o roteiro, nosso destino nesse dia seria Santa Fe, então logo que saímos da aduana conferimos qual rota o GPS indicava, tudo certo, seguimos viagem com alguns pesos nas pochetes e o resto do dinheiro escondido, pensando na Corrupta Policia Caminera que iríamos encontrar nas rutas 14 e 127.

 

As estradas na Argentina são impressionantes, retas e mais retas com asfalto bom e sem acostamento. A ruta 127 é de concreto e sem movimento nenhum, uma maravilha. Paramos pra almoçar em Los Conquistadores num lugar que só tinha escrito Comidas Rapidas, pedimos duas “milanesas” por $10 cada, ou R$ 5. Seguimos e logo adiante o primeiro problema na minha moto, painel, piscas e buzina simplesmente pararam de funcionar, paramos e decidimos ver isso em uma Yamaha em Santa Fe. Seguindo viagem passamos por três postos da policia caminera e não fomos parados em nenhum.

 

Perto das 18h chegamos em Parana e ao perceber que era uma cidade grande decidimos procurar uma Yamaha ali mesmo com medo de estar tudo fechado em Santa Fe. Após algumas voltas encontramos uma concessionária da Yamaha e fomos muito bem recebidos, o pessoal ficou impressionado com nossa viagem e principalmente com nossas motos, já que la a primeira Lander tinha chegado a poucos dias e não era Super Motard como as nossas.

 

O problema na moto era apenas um fusível queimado, que pra resolver é só abrir uma caixinha embaixo do banco e trocar o fusível queimado por um reserva que vem junto com a moto! haahha (isso que da não saber nd de mecânica).

 

Fizemos amizade com o pessoal da Yamaha, que no fim do expediente levaram nós pra conhecer um pouco a cidade e para um hotel conhecido deles. Como queríamos economizar um pouco, fomos no mercado e compramos nossa janta e o café da manhã do dia seguinte, ao voltar pro hotel jantamos e fomos dormir.

 

03º Dia (27/02/2010) * Parana > Santa Fe > Cordoba > Alta Gracia

 

Saída: Parana / 06:00h (Km 1166)

Chegada: Alta Gracia / 18:00h (Km 1591)

 

Distância: 425 Km

 

Como combinado acordamos cedo e as 6h já estávamos na estrada. Logo na saída de Parana sentido Santa Fe pela Ruta 168 passamos pelo túnel subfluvial que passa por baixo do Rio Parana. Na entrada do túnel encontramos 2 motoqueiros argentinos que estavam indo para um encontro de motos em Mar Chiquita, durante todo o dia encontramos diversos motoqueiros que nos convidavam para ir ao encontro, mas por ser 80 km fora do nosso roteiro (160 ida e volta) acabamos não indo.

 

Ao chegar em Santa Fe decidimos dar uma volta pra conhecer a cidade e logo seguimos viagem pela Ruta 19 sentido Cordoba. Como programado fizemos nosso próprio almoço na beira da estrada. Seguindo viagem meu celular resolveu funcionar e recebemos a primeira noticia sobre o terremoto no Chile. Nesse momento muita coisa passou por nossa cabeça e o que mais queríamos era chegar em Cordoba para obter informações na internet.

 

Já em Cordoba fomos direto procurar uma internet, a par dos acontecimentos percebemos que iria ser complicado entrar no Chile e cumprir nosso roteiro.

 

Apesar do programado ser dormir em Cordoba, decidimos seguir até Alta Gracia pela Ruta Provincial 5. Ao chegar jantamos e procuramos por hotéis baratos e com vaga, mas sem sucesso já que Alta Gracia é uma cidade turística e ainda era sábado. Como já passava das 21h resolvemos acampar na beira da estrada mesmo.

 

Foi ai que a viagem começou a ficar interessante! Como o tempo durante o dia estava bom nem nos preocupamos em armar a barraca por completa. Durante a noite começou chover e ventar muito, acabou entrando água por toda a barraca e molhando todas nossas coisas, então ficamos acordados até a chuva acalmar, depois vestimos nossas capas de chuva e dormimos no molhado mesmo.

 

04º Dia (28/02/2010) * Alta Gracia > Mina Clavero > San Luis > La Paz

 

Saída: Alta Gracia / 10:00h (Km 1591)

Chegada: La Paz / 21:30 (Km 2171)

 

Distância: 580 Km

 

Após uma bela noite de sono, a primeira coisa a ser feita foi procurar um posto pra tomar um café, um bom banho e arrumar as coisas. Antes de sair de Alta Gracia parada no museu casa del Che Guevara. Seguindo viagem sentido San Luis pela Ruta 20, subimos a primeira Serra com uma paisagem de tirar o fôlego a mais de 2 mil metros de altura.

 

Paramos em Mina Clavero para almoçar, uma cidadezinha bem legal no pé da Serra e que estava bem movimentada devido um Rally que estava acontecendo. Já na província de San Luis estradas duplicadas e sem movimento algum.

 

Andamos praticamente 270 Km sem encontrar nenhum posto de combustível, quando já estávamos preparados para o pior avistamos a Capital San Luis e conseguimos abastecer. Apesar de já ser noite decidimos rodar mais um pouco e dormir em uma cidade menor, seguimos pela Ruta 7, são 80 Km até a divisa com a província de Mendoza de pista dupla e completamente iluminada.

 

Na divisa entre as províncias fomos parados no controle sanitário, pediram se nós carregavamos algum alimento, apenas dissemos que não e fomos liberados. A partir dali a Ruta 7 está em obras e ficou perigoso viajar durante a noite, decidimos parar em La Paz, e pra compensar a noite anterior dormimos em um hotel.

 

 

05º Dia (01/03/2010) * La Paz > Mendoza > Uspallata

 

Saída: La Paz / 09:00h (Km 2171)

Chegada: Uspallata / 17:30 (Km 2421)

 

Distância: 250 Km

 

Já que passamos a noite em um hotel aproveitamos pra dormir um pouco mais e acordamos só as 8h. Seguimos em direção a Mendoza com a expectativa de avistar as cordilheiras pela primeira vez, e não demorou muito. A sensação de ver aquela imensa parede coberta com a neve a praticamente 200km de distancia é indescritível!

 

Próximo a Mendoza paramos em um dos postos que a Coopercarga tem na Argentina. Aproveitei pra pegar uns pesos que eu tinha liberado antes de sair do Brasil, abastecemos e ligamos para casa já que estávamos sem bateria no celular. Como é um posto da Coopercarga, ali você encontra muitos caminhoneiros brasileiros, conversamos com alguns sobre a situação do Chile e seguimos viagem.

 

De Mendoza para Uspallata existem 3 estradas, lendo vários relatos e blogs decidimos que iríamos pela ruta 52. Em Mendoza procuramos uma agência do banco HSBC pra tentar sacar dinheiro já que o João estava sem. Apesar de sabermos de alguns lugares pra visitar em Mendoza e não termos nos dado muito bem em Santa Fe, Cordoba e San Luis resolvemos evitar de ficar nas cidades grandes e assim seguimos pra Uspallata. Aqui o GPS nos ajudou muito, levando direto pra saída da ruta 52.

 

A ruta 52 foi uma das melhores partes da viagem, o primeiro trecho é de retas no meio do “deserto” até um restaurante onde paramos pra almoçar, a partir dai começa um trecho de terra e bastante sinuoso com um visual sensacional, mas é melhor prestar atenção na estrada pois qualquer descuido é suficiente pra ver o penhasco bem de perto.

 

Demoramos duas horas pra fazer esse trecho que é de aproximadamente 40km. Ao final da subida o GPS marcava 2680m de altitude e fomos presenteados com um visual panorâmico das cordilheiras.

 

A descida do outro lado é menos sinuosa mas não deixa de ser sensacional, afinal durante todo o trajeto você tem a cordilheira a sua frente. Chegamos em Uspallata e fomos procurar um camping, a cidade é pequena porém conta com uma boa infraestrutura para turistas e com bastante opções de lazer.

 

Após escolher e chegar no camping, improvisamos alguns varais e colocamos todas nossas coisas pra secar, montamos a barraca tomamos banho e fomos jantar, comemos uma pizza e tomamos uma cerveja da marca Andes, que por sinal é muito boa. Ao voltar pro camping decidimos que amanhã iríamos tentar entrar no Chile e então fomos dormir.

 

06º Dia (02/03/2010) * Uspallata/AR > Guardia Vieja/CH > Uspallata/AR

 

Saída: Uspallata / 10:00h (Km 2421)

Chegada: Uspallata / 21:00 (Km 2681)

 

Distância: 260 Km

 

No dia anterior quando colocamos os sacos de dormir pra secar mas eu não arrumei muito bem o meu no varal, resultado foi que ele não secou e não tive como dormir dentro, acabei usando o saco como colchão, coloquei a única camiseta manga longa que tinha e fiquei com a jaqueta, mas não adiantou muito, passei muito frio, não consegui dormir e fiquei muito puto haha. Enfim depois de uma noite terrível e mau dormida (pra mim pelo menos), partimos em direção ao Chile as 10 hrs.

 

O caminho entre as cordilheiras é sensacional, a paisagem se torna cada vez mais incrível. Devido a altitude as motos perderam um pouco de potência, mas nada que atrapalhasse. Primeira parada foi no parque Aconcágua, pagamos 5 pesos cada um pra visitar, onde podemos subir com as motos aproximadamente 1 km e depois fazer um trajeto caminhando com uma paisagem espetacular. Ali conhecemos dois italianos que estavam com um carro alugado fazendo o mesmo caminho que nós.

 

Seguindo viagem passamos pelo Puente del Inca e nem percebemos, mais adiante próximo a entrada do Cerro Cristo Redentor resolvemos almoçar num dos dois restaurantes que tinha por ali. Foi o primeiro Buffet Livre que encontramos na argentina, aproveitamos pra comer pra caralho uahhauhaaa afinal a comida era muito boa, gastamos 75 pesos juntos.

 

Bem alimentados começamos subir em direção ao Cristo e a divisa entre Argentina e Chile, antes de subir o cara que fica na entrada nos alertou sobre as pedras caídas e os buracos que tinham sido causados pelo terremoto. A subida até o Cristo é de terra e bem íngreme, e era o caminho que utilizavam pra cruzar os países antes do Túnel Internacional ser construído.

 

A 3800 metros de altitude venta muito e faz bastante frio, mas vale muito a pena estar ali, o Cristo Redentor fica entre a bandeira da Argentina e do Chile, um lugar muito bonito, com picos de outras montanhas ao redor cobertas de neve. Ali tem a opção de descer pela estrada do lado do Chile, porém voltamos pela Argentina e passamos o Túnel Internacional em direção ao Chile.

 

A aduana chilena estava cheia , enquanto estávamos na fila aproveitamos pra conversar com algumas pessoas sobre as condições do Chile. sabíamos que cumprir o roteiro e descer até o Sul do Chile seria impossível, mas queríamos ao menos saber como estava Santiago e Viña del Mar, uns falavam que estava tranquilo e outros falavam que era melhor não arriscar, pelo sim e pelo não, decidimos descer os Caracoles e ir até a cidade de Los Andes e lá decidir o que fazer. A descida dos Caracoles é muito bonita, quando chegamos na primeira cidade em território chileno, Guardia Vieja as bombas de gasolina não estavam funcionando devido ao terremoto, e o frentista disse que talvez em Los Andes também não encontraríamos combustível, como tínhamos gasolina pra voltar até Uspallata, decidimos voltar.

 

No caminho de volta procuramos o Puente del Inca e paramos pra conhecer, não sabíamos que desde 2005 estava fechado para visitas, como já estava escurecendo tiramos algumas fotos e partimos, novamente em Uspallata decidimos dormir no mesmo camping.

 

Como já era noite, deixamos os faróis das motos ligados enquanto montávamos a barraca, quando fui ligar a moto novamente ela não pegou, achamos que era bateria e tentamos fazer pegar no tranco mas não adiantou, mexi por tudo e nada. Como fiquei muito nervoso, fui dormir sem tomar banho hahaha.

 

Dali em diante o único jeito de irmos para o sul seria pela Argentina e depois tentar entrar no Chile em outros lugares. Sendo assim só nos restaria encarar a ruta 40. Fomos dormir por volta das 23 horas.

 

 

07º Dia (03/03/2010) * Uspallata > San Rafael > Malargue

 

Saída: Uspallata / 08:00h (Km 2681)

Chegada: Malargue / 18:30h (Km 3173)

 

Distância: 492 Km

 

Acordamos cedo e resolvi tomar banho antes de pegar a estrada, estava muito frio e ainda era escuro. O João teve tempo pra dormir mais um pouco e enquanto eu arrumava minhas coisas ele tentou ligar minha moto e num passe de mágica ela pegou!! haha

Tudo certo, pegamos a Ruta 7 até a região de Mendoza, paramos em Potrerillos onde tem um lago e várias pessoas paravam no mirante para olhar, com as motos foi possível descer e ver o lago de perto.

 

Finalmente chegamos na Ruta 40, sabiamos que ela cortava a Argentina de Norte ao Sul e tinha alguns trechos de rípio e ficaríamos nela alguns dias. Quando coloquei Bariloche como próximo destino no GPS, não sei pq diabos ele calculou 900 Km restantes pra chegada ao destino, com isso o João e eu ficamos animados e queríamos fazer tudo nesse dia (leve engano haha).

Chegando em Pareditas fomos parados pela polícia, nos pediram carteira de motorista, documento da moto e seguro carta verde, tudo certo e fomos liberados. Como a cidade era mais uma daquelas vilazinhas no meio do nada aproveitamos pra perguntar onde tinha um restaurante, nos indicaram um mais pra frente mas quando chegamos lá estava fechado, voltamos e comemos na lanchonete de um posto, um sanduiche com salame e queijo por $20 (facada). Seguindo viagem tínhamos a opção de seguir pela Ruta 40 um trecho de aproximadamente

100 Km de rípio, ou desviar pela Ruta 143 até San Rafael pegar asfalto e aumentar a viagem em 60 Km, decidimos ir por San Rafael. Em San Rafael resolvemos abastecer, foram 10 Km até achar um posto no centro da cidade. Na hora de seguir decidimos sair pelo outro lado da cidade, pegar a Ruta Provincial 144 e não precisar voltar os 10 Km, nos perdemos por várias vezes até sairmos novamente na Ruta 40.

 

Continuamos por vários quilômetros no meio do nada onde encontramos uma salina e paramos pra tirar algumas fotos. O lugar é animal e o chão na salina é muito liso, o João foi fazer um “borrachão” e quase caiu uahuahauaahuahu.

 

O pior momento da viagem estava chegando, ao passar por um posto da Gendarmeria Nacional Argentina, o guarda fez sinal para o João parar mas ele seguiu e quando eu passei mandaram eu encostar, na hora achei muito estranho eles terem parado só eu, mas o guarda disse que tinha mandando o João parar também e queria saber o porque do dele ter seguido, aí começou um pesadelo. O guarda mandou eu ir até o João que estava parado mais a frente me esperando, chamar ele e voltar pra dar explicações, segundo o João o sinal que ele fez foi igual ao de outros guardas que nos cumprimentaram durante a viagem apenas levantando o braço, por isso ele seguiu.

Então os guardas começaram a revistar tudo em busca de drogas e andaram falando algumas merdas que não entendemos, como não encontraram nada levaram nós pra dentro da guarita onde revistaram toda minha mochila, tiraram até a bateria do celular em busca de alguma coisa. Ali falaram que iam nos aplicar uma multa de $500 e mais uma taxa de $100 para retirar as motos que seriam apreendidas e só poderiam ser retiradas na segunda quando a “grua” viria buscar elas. Nesse momento já estávamos indiretamente oferecendo propina, mas sem sucesso, foi quando lembrei que tínhamos os papéis de saída do Chile do dia anterior, começamos a inventar que estávamos em mais motos, fomos separados pelo terremoto e só queríamos ir pra casa (auhuhauaa), então pediram pra olhar os papéis pra confirmar que vínhamos do Chile e depois de muito tempo resolveram nos liberar. Fica díficil contar todos detalhes aqui, mas com certeza foi um dos momentos mais tensos da viagem.

A sensação de poder seguir viagem foi muito boa, se aproximando da cidade de Malargue avistamos chuva, alguns carros parados no acostamento e carros que vinham no sentido contrario dando sinal de luz, não ligamos muito e seguimos, era uma chuva de granizo muito forte, levamos várias pedradas de granizo que doeram mas não paramos. Era hora de abastecer e comer alguma coisa, então paramos em um posto em Malargue, foi quando o frentista disse que a próxima cidade ficava a 300 Km, resolvemos parar no posto de informações turísticas para confirmar, vimos que Malargue era uma cidadezinha turística com várias opções de lazer e como estávamos cansados decidimos dormir em um Hostel por ali mesmo.

 

Ficamos no Hostel “La Caverna”, lugar muito bacana, a dona se ofereceu pra lavar nossas roupas na sua casa e entregar secas no outro dia, claro que cobrou pra isso, mas apenas $10 pesos. Tomamos um bom banho, pedimos um lanche

acompanhado de uma cerveja e fomos dormir.

 

08º Dia (04/03/2010) * Malargue > Las Lajas > Zapala

 

Saída: Malargue / 11:00h (Km 3173)

Chegada: Zapala / 22:00 (Km 3726)

 

Distância: 553 Km

 

Depois de uma boa noite de sono, acordamos por volta das 9 hr. Nossas roupas estavam no varal e algumas ainda estavam úmidas, aproveitamos esse tempo pra procurar um pneu dianteiro novo pra minha moto, mas não encontramos. Ao redor de Malargue existiam vários lugares pra conhecer, mas como teríamos aproximadamente 150 Km de rípio decidimos voltar por Hostel, carregar nossas coisas e seguir viagem.

 

Não tínhamos ideia de como seria a estrada até Bariloche. Logo adiante de Malargue começou o trecho de rípio, a paisagem era incrível mas era muito ruim de andar naquela estrada, em alguns momentos parecia com areia, tive q colocar o pé no chão várias vezes para não acabar caindo, e em outros momentos era um cascalho grande e tudo solto. Parecia que estávamos em um deserto, não passávamos de 40Km/h e chegamos a ficar mais de 30 minutos sem passar por outros carros.

 

O cara do Hostel tinha nos dito que passaríamos por Bardas Blancas e era um lugar muito bonito pra parar, e realmente era. Havia um rio que corria entre um caminho feito pela lava de um vulcão. Enquanto tirávamos fotos um motoqueiro argentino parou e veio falar com nós, quem chamou nós de loucos é porque não viu esse cara, ele estava voltando de Ushuaia com uma moto 125cc e viajando sozinho, já estava a mais de 30 dias na estrada e ainda tinha muito pela frente, ele também ficou impressionado com nossa viagem porque éramos brasileiros. Nos despedimos dele e seguimos viagem.

 

Continuamos no rípio por mais algum tempo até chegar no asfalto, o cenário continuava de deserto, até que encontramos um posto perdido logo na entrada da província de Neuquén. Abastecemos e aproveitamos pra comer e beber alguma coisa.

 

Nosso objetivo era chegar em Junín de los Andes ainda nesse dia, mas paramos em um posto de informações turísticas próximo de Chos Malal e vimos que ainda estávamos muito longe. Mais adiante fomos parados mais uma vez pela polícia, era um daqueles policias com aparência não muito amigável, aparentemente achamos que ele ia querer complicar com alguma coisa, ficou pedindo qual a média de velocidade que andávamos e etc, mas no fim começou contar piadas e falar das mulheres brasileiras hauhauahuaauha.

 

Decidimos não abastecer em Chos Malal porque no GPS a próxima cidade ficava a uns 175 Km e tínhamos autonomia para mais uns 200 km. Assim a viagem começou ficar interessante mais uma vez, o GPS estava sem bateria e não estava conectado na bateria da moto, já tínhamos feito mais de 180 km no meio do nada e nenhuma cidade aparecia. A noite se aproximava e o desespero também, contando com uns 20 km de autonomia pra cada moto resolvemos parar e pensar no que fazer, liguei o GPS que agora marcava 35 km restantes para a próxima cidade, resolvemos parar os poucos motoristas argentinos que passavam por ali. O primeiro nos disse que a cidade seguinte ficava a 60 km e ele não tinha como nos dar gasolina porque o carro dele era a diesel, o segundo nos informou que a cidade ficava a 30 km e seu carro também era diesel. Decidimos então tirar 1 lt de gasolina da minha moto e passar para do João, após isso seguimos e onde minha moto ficasse sem gasolina eu iria ficar esperando o João ir até um posto e voltar. Acabei parando na entrada da cidade e então lá foi o João buscar um pouco de gasolina, se tivéssemos arriscado seguir sem fazer nada chegaríamos tranquilos até o posto. Já era noite e até Junín teríamos mais uns 260 Km, jantamos no posto e decidimos seguir até aguentar.

 

Seguimos pela Ruta 40 com asfalto bom e sem movimento, a lua no horizonte estava grande e deixava a noite menos escura e a viagem menos perigosa. Por volta das 22 hrs chegamos em Zapala bastante esgotados, a cidade era razoavelmente grande e decidimos procurar algum lugar barato para dormir, perguntamos para polícia se existia algum hostel em Zapala, nos indicaram o Circulo Policial, uma espécie de alojamento para militares e que ficava próximo. Pagamos $60 pesos cada um pelo quarto e deixaram nós guardar as motos dentro do prédio. Tomamos um bom banho e fomos deitar.

 

09º Dia (05/03/2010) * Zapala > Junín de Los Andes

 

Saída: Zapala / 09:00h (Km 3726)

Chegada: Junín de Los Andes / 11:30h (Km 3926)

 

Distância: 200 Km + 150 Km (Vulcan Lanin) -> (Km 4076)

 

Acordamos cedo e fomos a uma boa padaria tomar um café da manhã, comemos algumas media lunas com suco de laranja e as 9 hrs partimos de Zapala sentido Junín de Los Andes pela ruta 40.

Fizemos uma viagem de 200 Km bem tranquila até Junín, o cenário novamente começou a mudar próximo das Cordilheiras. Alguns motoqueiros que encontramos em Zapala passaram por nós, até tentamos acompanhar mas a moto mais fraca deles era uma 600 cc. Em um trecho onde estavam arrumando a estrada encontramos novamente os motoqueiros com problemas em uma esportiva causado por um pedra.

 

Quando chegamos em Junín, fomos tentar trocar o óleo da moto do João no pátio de um posto mas não conseguimos tirar o parafuso com nossas chaves, então fomos em uma mecânica e o João pagou só a mão de obra já que o óleo tínhamos levado do Brasil, depois disso fomos em busca de informações turísticas. Junín é uma cidade bem pequena e que fica na entrada do Parque Nacional Lanín, possui diversas opções de lazer. Resolvemos almoçar e depois ir para um algum camping deixar nossas coisas prontas e depois curtir a cidade. Armamos a barraca e escolhemos conhecer o vulcão Lanín e o lago Tromen já que poderíamos ir com as motos e depois fazer uma caminhada não muito demorada.

 

O Vulcão Lanin fica a uns 70 Km de Junín próximo a divisa com o Chile. Pra chegar ao pé do vulcão teríamos que fazer uma caminhada de 3 horas ida e volta, resolvemos fazer mas depois de 20 minutos andando resolvemos voltar, e não foi por cansaço mas sim por falta de tempo e equipamentos. Decidimos então conhecer o lago Tromen pois poderíamos ir de moto até ele por uma estrada que mais parecia uma trilha, até um rio tivemos que atravessar, mas valeu muito a pena pois é um lugar incrível, parecia uma prainha e lá tinha várias pessoas acampando.

 

Antes de voltar resolvemos parar no posto da Gendarmeria Nacional que ficava ali próximo por ser na fronteira e perguntar como estava o Chile. Vários guardas vieram conversar com nós, pediam das motos e como estava indo a viagem, muito diferente dos outros que só queriam foder com a gente.

Falaram que não era garantido, mas que deveríamos ir porque as cidades que faziam fronteira nessa região não tinham sido atingidas pelo terremoto, inclusive Pucón, um dos principais destinos da nossa viagem. Eles não sabiam como seria para seguirmos até o sul do Chile, mas que deveríamos ir até Pucón e retornar caso a coisa estivesse feia. Segundo eles a distância de Junín até Pucón era de 150 Km, caso não encontrassemos combustível teríamos que fazer 300 Km sem abastecer, praticamente a autonomia de nossas motos. Um dos guardas até arriscava um português e quando nós falávamos que estávamos em dúvida ele repetia várias vezes “Vaaa cara, Vaa caraaa”.

 

Voltamos pra Junín antes de escurecer e decidimos pensar no que fazer. Antes de ir para o camping paramos em um mercado comprar alguma coisa pra janta e para o café da manhã, compramos suco, alguns ovos e usamos o liquinho pra cozinhar antes de dormir. Decidimos não arriscar ir até Pucón e apenas seguir para Bariloche.

Antes de tomar banho e dormir aproveitamos pra dar uma checada nas motos, eu precisava de um pneu dianteiro urgente.

 

10º Dia (06/03/2010) * Junín de Los Andes > San Martín de Los Andes > Villa la Angostura > Bariloche

 

Saída: Junín de Los Andes / 08:00h (Km 4076)

Chegada: Bariloche / 19:30h (Km 4316)

 

Distância: 240 Km

 

Durante a noite decidimos não arriscar ir pro Chile e resolvemos seguir sentido Bariloche. O ideal seria ficar no mínimo uma semana nessa região entre Junín e Bariloche que compreende o Parque Nacional Lanín e ter tempo para conhecer tudo, fazer todas as caminhadas que nos mostraram nas informações turísticas, algumas de até 4 horas e passar a noite acampado no pé dos Vulcões, mas nós não tínhamos tempo e nem equipamentos para isso, quem sabe em uma próxima vez.

 

Sabíamos que o trecho até Bariloche seria um dos mais belos da viagem pois estaríamos entrando na Patagônia Argentina. A próxima cidade do caminho era San Martin de los Andes, uma cidade um pouco maior e muito bonita.

Parei novamente pra procurar pneu, encontrei apenas um pneu aro 17 no valor de $180 em uma pequena mecânica que praticamente só tinha motos de trilha. Era um pneu igual ao usado na dianteira da Crypton aqui no Brasil. O mecânico me garantiu que iria servir e então resolvi trocar, como ele ia trocar na marreta pedi pra cuidar do aro mas não adiantou, riscou tudo e o pneu ficou muito estranho, mas como ainda iria pegar estrada de rípio era melhor garantir, resolvi carregar meu pneu velho junto e com certeza foi a melhor ideia que tive na viagem.

 

Conhecemos um pouco da cidade e almoçamos ali mesmo. Seguimos pela Ruta dos 7 lagos, maior parte era de rípio mas que já estava sendo asfaltada, com certeza uma das partes mais bonitas da viagem, a cada lago que surgia paravamos para tirar algumas fotos.

 

Passando em uma ponte que cruzava um rio que descia das Cordilheiras e formava um dos lagos ficamos impressionados com a cor da água, conseguíamos ver o fundo tranquilamente, segundo o João a água era mais transparente que em Bonito no Mato Grosso do Sul.

Parados em cima da ponte tivemos a ideia de pular naquele rio haha. Descemos por uma estrada que nos levava até a margem e deixamos as motos lá, colocamos nossos calções que seriam usados pra tomar um banho em alguma praia do Chile e cada um saltou da ponte duas vezes enquanto o outro filmava. Era um dia de sol não muito quente e água tava muuuuuito geladaaa, mas foi muito bom! Acabamos não tirando nenhuma foto desse lugar, apenas filmamos. Isso se repetiu mais vezes e não temos fotos de alguns lugares interessantes.

 

Antes de chegar em Bariloche ainda passamos por Villa Angostura, uma cidadezinha com casas muito bonitas e mais uma entrada para o Chile, a última que teríamos a oportunidade de atravessar, mas mais uma vez decidimos seguir viagem.

 

Em Bariloche ficamos no hostel “El Gaucho”, fiquei num quarto com 3 alemães que estavam indo para Antártida. Tomamos banho e resolvemos sair para jantar e ir em algum barzinho. Comemos bem, passamos em um casino dar uma conferida e depois fomos tomar uma cerveja num Pub Irlandês. O Pub era muito massa e começou encher quando chegamos, minha vontade nesse dia era encher a cara uahuahuaa, mas a bebida era muito cara, uma caneca de cerveja Quilmes saia por $21, cerca de R$10, então tomamos apenas 2 canecas cada um e ficamos la matando o tempo. Voltamos pro Hostel e fomos dormir.

 

11º Dia (07/03/2010) * Bariloche > Villa Regina

 

Saída: Bariloche / 11:00h (Km 4316)

Chegada: Villa Regina / 22:00h (Km 4846)

 

Distância: 530 Km

 

Após 10 dias de viagem iríamos começar o caminho de volta pro Brasil. Acordamos um pouco tarde e antes de partir ainda paramos para conhecer e tirar umas fotos no centro de Bariloche. Sabíamos que até Buenos Aires seriam mais de 1500 Km sem muita coisa pra ver.

 

Seguimos então pela Ruta 237 e em uma de nossas paradas encontramos um motoqueiro argentino. Conversamos um pouco, e como ele também estava indo pra Buenos Aires pediu se podia nos acompanhar, achamos que seria bom ter alguém que conhecia a estrada e poderia nos ajudar com algum eventual problema, ele estava com uma moto 125cc e acabamos tendo que diminuir nosso ritmo para que ele pudesse nos acompanhar. Em uma parada encontramos um casal de brasileiros também de moto, nos contaram que também estavam indo pro Chile na companhia de um amigo, mas com o terremoto e um tombo feio que o amigo levou tendo que voltar para o Brasil, mudaram sua rota e estavam viajando sozinhos. Tiramos uma foto juntos mas até hoje não tivemos contato com nenhum deles. Seguindo viagem na companhia do argentino paramos para almoçar e pedimos para que ele nos contasse mais sobre sua viagem. Ele era natural de Buenos Aires e decidiu viajar de moto até a casa de sua “namorada” no Chile para pedi-la em casamento e que ela fosse viajar com ele, porém quando chegou ela já estava com outro e terminou com ele, sem contar que nos dias que ele esteve no Chile aconteceu o terremoto (uhaauhaa coitado!). Agora ele estava voltando pra Buenos Aires e tinha vontade de ir para o Brasil. Antes de seguir viagem ele precisou consertar seu pneu, enquanto isso eu e o João conversamos e decidimos seguir viagem sozinhos porque ele ia nos atrasar muito e nosso objetivo era chegar em Buenos Aires logo. Nos sentimos mal em fazer isso mas foi preciso, óbvio que ele não gostou mas desejamos sorte pra ele e seguimos viagem.

 

Nesse dia o Sol estava muito forte e a paisagem era sempre a mesma com retas e mais retas, tornando a viagem muito cansativa. Em Neuquén paramos pra abastecer e comer alguma coisa, já na ruta 22 e entrando na província de Rio Negro o tempo começou ficar feio, buscamos informações sobre alguma cidade com camping e decidimos seguir até Villa Regina.

 

Já era noite, chovia e ventava forte, paramos pra vestir as capas de chuva e decidimos seguir, chegamos em um camping todo alagado, armamos a barraca embaixo de um coberto e conseguimos nos proteger do temporal.

 

12º Dia (08/03/2010) * Villa Regina > Rio Colorado

 

Saída: Villa Regina /09:00h (Km 4846)

Chegada: Rio Colorado / 19:00h (Km 5100)

 

Distância: 274 Km

 

Acordamos sem chuva, mas também sem água nos banheiros do camping. Seguimos e logo parei em uma borracharia para trocar o óleo, pedi uma chave emprestada para tirar o parafuso já que com as nossas era impossível. Enquanto eu trocava o óleo o João brincava com um Dog Alemão, acabei derrubando o litro onde eu estava derramando o óleo usado, fiz a maior sujeira na frente da borracharia do cara, sorte que ele não se incomodou com isso.

 

Pegamos várias retas intermináveis e conseguíamos ver que mais adiante estava chovendo, paramos para vestir nossas roupas de motoboy, cobrir os alforjes e seguimos embaixo de um forte temporal. Quando chegamos em Coronel Belisle a uns 100 Km de Villa Regina havia policiais bloqueando a estrada em frente a um posto de combustível pois “a ruta estava cortada”, segundo alguns caminhoneiros parados no posto a água tinha levado metade da pista e teríamos que voltar até Villa Regina e fazer um desvio de 400Km pra seguir até Buenos Aires.

 

Ficamos sem saber o que fazer, mas aí um argentino da cidade que ficava depois de onde a estrada estava cortada disse que conseguiríamos passar com as motos, então nos indicou uma estrada de terra por trás do posto onde deveríamos andar uns 400m até passar pelos policiais e depois voltar para estrada principal e seguir. Era uma estrada no meio das plantações e estava toda alagada mas arriscamos, acabamos passando a entrada que ele havia dito pra nós entrar, já estávamos a 2 Km naquela lama e o GPS indicava que se seguíssemos nela sairíamos na ruta principal, porém faltava ainda uns 8Km, ficava cada vez mais difícil atravessar as partes alagadas e então decidimos voltar, na volta encontramos um cara e ele nos indicou o caminho. A chuva que caia era muito forte, a pista era coberta por uma camada fina de água e em alguns lugares a água cortava a pista como se fosse um rio de lama, não é a toa que em menos de 2 Km vimos 2 acidentes, realmente estava tenso andar ali.

 

Andamos uns 5Km e um carro que vinha no sentido contrario fez sinal para pararmos, era um casal de velhinhos que nos disseram que não tinha como passar, que estava bem perigoso e que havia caído uma ponte, ficamos muito desanimados e decidimos voltar até o posto, eu já estava completamente encharcado pois a roupa de motoboy não deu conta. Resolvemos comer e voltar até Villa Regina, quando estávamos entrando na estrada vimos o policial liberar um caminhão, então fizemos sinal e ele nos chamou, disse que poderíamos tentar passar, e lá fomos outra vez naquele temporal e pista alagada.

 

Chegando onde a estrada estava bloqueada, a água tinha levado boa parte da estrada mas ainda sobrava o acostamento e meia pista de um lado, pra nossa alegria conseguimos passar com as motos.

 

Em Choele Choel paramos em um posto para abastecer mas não aceitava cartão, então fomos em outro mais a frente e quando chegamos lá estava sem luz, voltamos para o posto anterior que agora também estava sem luz, no fim os 3 postos da cidade estavam sem luz e precisávamos abastecer pra seguir viagem. Decidimos tentar algum quarto no motel e também no hotel da cidade, ambos lotados, começou bater um desespero pois estávamos encharcados, sem lugar pra tomar banho e dormi e sem ter como abastecer.

 

Voltamos para um dos postos e esperamos a luz voltar, conseguimos abastecer e seguimos viagem assim mesmo, nosso objetivo era chegar em Bahia Blanca nesse dia. A chuva acalmou e quando a viagem estava ficando mais tranquila notei que meu pneu dianteiro estava furado, usei um dos sprays reparadores mas não adiantou e não tínhamos nenhuma câmara reserva, a sorte é que era aquele pneu de Crypton e consegui fazer exatamente 80 Km com ele furado até a cidade de Rio Colorado antes dele começar a se soltar do aro.

 

Parei um borracharia na entrada da cidade e nós mesmos tivemos que soltar o pneu da moto, a câmara tinha um furo grande e o borracheiro achou melhor eu procurar uma nova na cidade, então peguei a moto do João e fui procurar sem sucesso. Voltei pra borracharia e na verdade a câmara tinha uns 8 furos, a única coisa a fazer era tentar seguir com ela remendada, mas antes de montar decidir usar o pneu velho que eu carregava junto, pois segundo o borracheiro a câmara furou porque o pneu que eu tava usando era muito pequeno.

 

Já era noite e decidimos ficar em algum hotel por ali mesmo, colocamos algumas coisas pra secar, tomamos aquele banho, jantamos e fomos dormir.

 

Esse dia merecia várias fotos pra registrar tudo, mas como falei em um post anterior isso foi uma falha que aconteceu várias vezes, claro que nesse dia a chuva impedia que ficassemos tirando fotos.

 

13º Dia (09/03/2010) * Rio Colorado > Bahia Blanca > Azul

 

Saída: Rio Colorado /11:00h (Km 5100)

Chegada: Azul / 21:00h (Km 5660)

 

Distância: 560 Km

 

Acabamos durmindo demais e quase tivemos que pagar outra diaria no hotel, estava chovendo outra vez e nossa roupas ainda estavam umidas, minha roupa de motoboy já estava toda rasgada e remendada com fita durex.

 

Seguimos pensando em fazer os 800Km que faltavam até Buenos Aires, paramos em Bahia Blanca pra procurar uma camara nova e levar junto caso fosse necessário, mas o comércio estava fechado.

 

Almoçamos salgadinho com coca e seguimos viagem na chuva pela Ruta 3, decidimos seguir direto pra Buenos Aires sem passar por Mar del Prata. Já tinhamos rodado mais de 500Km e já era noite, então decidimos dormir em um Hotel na cidade de Azul.

 

Talvez pelo cansaço causado pelo dia anterior e não termos visto nenhum lugar que chamasse nossa atenção, não registramos nenhuma foto nesse dia.

 

14º Dia (10/03/2010) * Azul > Buenos Aires

 

Saída: Azul / 7:00h (Km 5660)

Chegada: Buenos Aires / 10:30h (Km 5960)

 

Distância: 300 Km

 

Como combinado acordamos cedo e 7 horas já estávamos na estrada, finalmente tinha parado de chover. Continuamos pela Ruta 3 para entrar em Buenos Aires pegamos a Auto Pista e mais uma vez começou chover.

 

Havia muito trânsito e estava perigoso seguir ali, algumas pessoas dos outros carros viam que éramos brasileiros e faziam sinais de positivo e batiam palmas hauahuahua! Saímos da auto pista e fomos pro centro da cidade. Liguei para o Brasil e meu pai entrou em contato com a Vera, uma brasileira que trabalha na filial da Coopercarga em BA, ela nos arrumou um bom hotel no centro e com desconto.

 

Almoçamos no Mc Donalds com menos de 5 reais cada um e fomos em algumas lojas de motos onde encontrei uma câmara pro meu pneu dianteiro. No dia seguinte seguiriamos para o Uruguai através do Buque Bus, então a tarde encontramos a Vera e fomos nos informar como funcionava o Buque. Tínhamos a opção de pegar destino a Colonia del Sacramento ou Montevideo, com um barco menor (mais rápido e e mais caro) ou maior (mais lento e mais barato), decidimos por Colonia com o barco maior por ser a opção mais barata, mesmo assim gastamos cerca de U$180 cada um.

Chegamos no hotel que não tinha garagem, então deixamos nossas motos acorrentadas uma na outra em cima da calçada, é dessa maneira que eles estacionam as motos na argentina. Subimos tomar um banho e depois fomos dar uma caminhada pelo centro de Buenos Aires e procurar algum lugar pra jantar.

 

Passamos por um restaurante que estava cheio e com promoção na Parrilla, decidimos jantar ali mesmo. Não sei se era o restaurante ou oque, mas eu particularmente achei muito ruim a tal da Parrilla. Voltamos pro hotel e como embarcariamos as 8 horas rumo ao Uruguai fomos dormir.

 

15º Dia (11/03/2010) * Buenos Aires/AR > Punta del Este/UR

 

Saída: Buenos Aires – AR / 8:00h (Km 5960)

Chegada: Punta del Este – UR / 19:00h (Km 6340)

 

Distância: Buque Bus + 380 Km

 

Acordamos cedo e tomamos o café da manhã do hotel, antes de seguirmos para o porto paramos mais uma vez no centro de Beunos Aires para tirar algumas fotos e embarcamos no Buque Bus.

 

O Buque Bus é bem legal, tem uma área externa no último andar do navio, um andar só com poltronas, lanchonete e tem até uma loja dutty free. Demoramos 3 horas pra chegar em Colonia del Sacramento, eu aproveitei pra dormir um pouco e no restante do tempo ficamos na área externa tirando algumas fotos.

 

No porto de Colonia del Sacramento trocamos alguns pesos argentinos por pesos uruguaios e fomos almoçar, conhecemos a região onde antigamente era o forte da cidade, abastecemos e seguimos viagem com as motos.

 

As estradas do Uruguai também são boas e tranquilas. Pegamos várias retas e logo estávamos em Montevideo, decidimos andar pela Av. Costanera (beira-mar) e conhecer um pouco do centro sem atrasar muito para chegar em Punta del Este ainda nesse dia.

 

Depois de algumas pancadas de chuva e mais restas chegamos em Punta, primeira coisa que fizemos foi procurar um hostel. Ficamos no primeiro que paramos, tomamos um banho e fomos para um shopping da cidade jantar.

 

No hostel que ficamos tinha um barzinho e quando voltamos dois motoqueiros argentinos que passaram por nós na estrada estavam la bebendo e nos convidaram pra conhecer Punta e passar em alguns barzinhos, aceitamos e fomos.

 

Os dois já tavam bem alegres, e cada um com sua Harley chegavam a andar a mais de 120 Km/h nas ruas de Punta. O que nos restou foi tentar acompanha-los com nossas Landers hahaha.

 

Paramos em um Casino pra eles pegarem uma grana e passamos em alguns barzinhos, como foi ficando tarde nós resolvemos voltar sozinhos, chegamos no hostel tomamos uma caipira cada um por que não tinha mais cerveja e fomos dormir. Curtimos tanto Punta del Este que durante a noite decidimos ficar mais um dia.

 

16º Dia (12/03/2010) * Punta del Este/UR > Rio Grande/BR

 

Saída: Punta del Este – UR / 14:00h (Km 6340)

Chegada: Rio Grande – BR / 19:00h (Km 6900)

 

Distância: 560 Km

 

Acordamos as 10 hrs, pensamos melhor e decidimos só conhecer um pouco de Punta durante o dia e depois seguir direto para o Brasil. Andando pelo centro da cidade decidimos comer no Burger King, e quando estacionamos as motos uma brasileira que vive por lá como “benzedeira” veio querer ler nossas mãos, nem lembro o que ela disse, só lembro que tive que dar alguns trocados.

 

Tiramos mais algumas fotos pela cidade e decidimos ir embora. Punta foi uma das cidades mais legais que conhecemos.

 

Resolvemos não parar pra conhecer outra cidade e apenas parar em Chuy comprar algumas coisas antes de chegar em Rio Grande e ficar na casa do Felipe, um grande amigo nosso que fazia Oceanografia com o João.

 

Em Chuy compramos pouca coisa e seguimos, fiquei com medo de ser parado na alfandega pois estava entrando com um pneu da argentina, mas não fomos parados e seguimos viagem tranquilos.

 

Passamos pelo Taim (http://pt.wikipedia.org/wiki/Estacao_Ecologica_do_Taim) perto da noite, nossos capacetes e roupas ficaram cheios de mosquitos e alguns acabavam entrando no capacete uhauahua.

 

Chegamos em Rio Grande durante a noite já e fomos pra casa do Felipe, é claro que não deixamos a oportunidade passar e resolvemos fazer um churrasquinho, compramos uma picanha, algumas cervejas e colocamos o papo em dia. Quando nossa cerveja acabou resolvemos dar uma volta e como era sexta-feira procuramos alguma festa pra ir, mas como teríamos que viajar no outro dia acabamos ficando só pela frente. Após curtir uma boa noite na companhia de grandes amigos resolvemos ir pra casa dormir.

 

17º Dia (12/03/2010) * Rio Grande > Concórdia

 

Saída: Rio Grande / 09:00h (Km 6900)

Chegada: Concórdia / 21:00h (Km 6670)

 

Distância: 770 Km

 

Acordamos cedo pois seria nosso último dia na estrada e teríamos 770 Km pra fazer até Concórdia. Até pensamos em fazer todo litoral gaúcho, parte do litoral catarinense e passar na Serra do Rio do Rastro para ir pra Concórdia, mas em um dia seria muito difícil e já estavamos bastante cansados.

 

Como seria um dia de viagem com o único objetivo de chegar em casa, passamos direto por Porto Alegre e almoçamos em um restaurante que o Felipe tinha nos indicado, paramos na Serra de Bento Gonçalvez pra descansar e seguimos viagem, já era noite e próximo de Passo Fundo pegamos chuva forte mais uma vez e o asfalto estava muito ruim, alguns lugares nem sinalização tinha, foi tenso. Fizemos nossa última parada em Erechim e seguimos com uma neblina muito forte, não conseguíamos andar a mais de 40 Km/h. Enfim chegamos em Concórdia por volta das 21 hrs dando por encerrada a maior aventura que já fizemos em nossas vidas.

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