Colaboradores Vgn Vagner Postado Julho 6, 2015 Colaboradores Postado Julho 6, 2015 Já faz um tempo que nos juntamos num quinteto, quatro marmanjos barbados e uma jovem com pele de pêssego, e fomos atacar o cume da afamada “Pedra do Anfíbio,” no extremo do sul Biritibano. Por lá, vimos que num giro de 360° o mirante nos permite avistar outros pontos de elevação montanhosa, ali mesmo nas proximidades, como por exemplo: o Pico do Itapanhaú e o Pico do Gavião se destacando entre aquela verde vastidão que guarda vários atrativos de fácil acesso. Tanta coisa pra se ver de longe, e por quê não, as verem de perto? ou melhor, de seus próprios cumes. Era só questão de tempo, uma hora ou outra, as obrigações de trabalho e família iriam dar uma trégua pra coincidir as datas livres entre os interessados. E quando surgiu a primeira oportunidade de um domingão livre... Hááá, bora sanar a abstinência por falta de trilha e fazer um rolê top sem ter quase nenhum puto no bolso hehe. - Diógenes, vai trilhar esse fds ? Podemos explorar aqueles picos de Biritiba, que a tempos vinhamos falando. O que acha ? - eu já sabia qual seria a resposta rs. - opaa, vamos sim, meu querido!! Vamos marcar tudo direitinho. Conversa vai, conversa vem, e pós convite decidimos de ir praquelas bandas bater perna. Se juntaram ao bando: Adilson da Silva e Tony Eduardo, que sempre estão a postos pra um “perrengue matero,” e da noite pro dia, aos 45 do segundo tempo, o Valério resolveu dar as caras e ir junto. Outros também viriam, mas, um dormiu demais e perdeu a hora, o outro nem mandou sinal de fumaça. Fazer o quê ? RELATO O último domingão de Junho não veio pra deixar a desejar, pós horas de viagem no minhocão de lata, às 07:20h, sem atrasos, todos já estavam no terminal rodoviário pra fazer o itinerário Estudantes x Manoel Ferreira, noutra lata sobre rodas, que levou cerca de cinquenta minutos pra nos deixar com os pés na Estrada da Adutora, dando início a nossa jornada sob um céu nublado e acompanhado de um vento gélido esfriando a cara. Até então, nada desanimador, a previsão prometia tempo bom, e a promessa se cumpriu rs. A passos não tão largos, a conversa ia esquentado o clima amistoso entre nós, e o que precisávamos mesmo era distração, aquela longa e enfadonha estrada de terra parece não ter fim, mesmo que você esteja aflorando ansiedade e empolgação por alcançar algum pico, não tem jeito, é maçante. Na volta então, viixi, parece que dobra de tamanho. Cinco quilômetros depois, ainda em estrada de terra (aliás, tudo por ali só se alcança por elas), tocamos sentido nordeste pra começar o nosso martírio na estrada de manutenção da torre de telecomunicações. Aquele desnível é de fazer até os mais preparados dançarem É O TCHAN: bota a mão no joelho, dá uma abaixadinha... rs. Literalmente, o coração parece que vai estourar o peito com tanta força que bate. Um dos nossos chegou a colocar a língua pra fora enquanto o suor gotejava da ponta do nariz, (#sélokocachoera rs). Mas o sofrimento foi coletivo! O acesso se mantem livre, não há obstáculos, a não ser a forte subida que oferece outros caminhos, e um deles nos roubou a atenção, uma discreta picada que vai morro abaixo e segue rumo ao norte. Suspeitamos que ela nos levaria ao próximo pico quando voltássemos do Itapanhaú, e continuamos a caminhada tortuosa por mais algumas dezenas de metros. Até que o terreno deixa de oferecer uma ascensão violenta, fica plano e estranhamente ganha uma curva que nos coloca num sentido totalmente fora de foco, como estivéssemos voltando, e começa a descer, descer, e descer, deixando nosso alvo cada vez mais fora de mira. Dúvidas foram surgindo, lógico, mas continuamos no caminho que parecia ser óbvio, pra que pouco depois a estrada voltar a ganhar elevação e ziguezaguear rumo ao cume. Na última curva, reta final, terreno plano novamente, céu limpo e de um azul intensamente azul (rsrs), surge a visão frontal da imponente Torre de Telecomunicações da Telesp a recepcionar nossa chegada ao ponto mais alto de Biritiba Mirim (1080 mts), o Pico Itapanhaú. Com sol a pino, e “sem parar” desde que descemos do busão, ali era a hora ideal pra uma tomar água, comer uns belisquets, repor as energias e explorar o entorno, ver o que aquele mirante era capaz de nos apresentar: um visual fantástico dos Picos do Garrafão e Esplanada (Garrafãozinho), paralelos um ao outro, separados apenas por uma estrada de terra. Era isso que tínhamos como recompensa por tamanho esforço. Espírito de moleque travesso é dose! não bastasse já estar no pico mais alto da cidade, pra ficar satisfeito, tinha que inventar de subir a torre, hehe. E esquecendo que tem medo de altura, lá vem o Tony: - Vagner, dá pra subir na torre. Vamos ? - Vamos! eu já vim com essa intenção hehe. E de imediato nos pusemos a procurar uma brecha entre as telas de metal, arrame cortante e cerca elétrica que protegem a base da dita cuja de possíveis invasores. Quando achamos um espacinho, nos esprememos em um vão e rastejamos no chão pra conseguirmos entrar. Exceto o Diógenes, que tem lá suas diferenças com altura rs. Eu fui o primeiro, Adilson veio na bota, o Tony também veio na sequência, mas desistiu nos primeiros degraus afirmando que não dava pra ele (lembrou que tem medo rs). Valério também subia, mas quando a Hero4 caiu do bolso dele, perdeu o tesão. Seguimos subindo, só o Adilson e Eu, com o objetivo de alcançar o topo da Antena em questão de muitos, mas quanto mais a gente subia, mais o Diógenes gritava: desce daí, vambora, vambora (loro, loro, curupááco kkk). No ponto em que chegamos, creio que na metade, a visão se estendia em 360 graus, fazendo o empenho ter seu valor a cada degrau avançado. Da esquerda pra direita: Esplanada, Garrafão, Pedra da Boraceia, Represa dos Andes, Litoral de Bertioga e Ilha do Montão de Trigo, Pico do Gavião, Pedra do Sapo, Represa de Taiaçupeba e uma infinidade montanhosa a perder de vista. Shoow!! Atendendo a pedidos, não fomos até a ponta da torre, descemos e demos continuação a “empreitada.” Aquela picada que segue na direção norte, e que vimos enquanto sofríamos com a subida na estrada de manutenção, seria nosso próximo alvo de exploração pra ver onde ia dar. E deu! a trilha começa a descer no sentido dum vale, logo no começo já fica plana, encharcada e pantanosa. Lembro que o Val disse: - vixi, aborta a missão, tá cheio de lama aqui. - relaxa Val, isso aqui é Paranapiacaba, lamaçal total - respondi, e tocamos o bonde. A trilha segue enfestada de marcações desnecessárias, a cada 30 mts +- tinham plásticos amarrados nas árvores, sinalizando uma via que não tem bifurcações (vai entender), apenas uma picada que, discretamente, sai pra direita e leva ao Garrafãozinho. Essa era nossa suspeita, mas continuamos na principal por um certo tempo, até que pela lógica, percebemos que ela ia paralela a estrada de manutenção que leva ao Itapanhaú e nos colocaria de de novo na Estr. da Adutora. Decidimos voltar, enquanto ainda estava perto, e explorar a picada pra ver onde ela nos levaria. Aparentemente a trilha parece estar fechada, mas não avançamos nem 10 mts pra ver que a danada mais parece um Rodoanel, uma Autobahn das trilhas, segue larga e livre de obstáculos até desembocar noutra que sobe um pouco mais fechada até o largo e espaçoso topo do Pico da Esplanada. Um mirante exclusivo do lindo garrafão e toda área de reflorestamento que é rasgada por um labirinto de terra. Ali foi nossa nova longa pausa pra descanso e contemplação, mas em menos de 15 min de pausa o Diógenes já queria “ralar peito.” Mas a oposição foi geral kkk. - relaxa, mano. Curte o visu aí, senta e descansa um pouco. Ta cedo pra caramba. - responde alguém; - dá até pra gente subir o Garrafão hoje. Por mim, eu topo! - respondi. Mas se ele estava acelerando, era por um único motivo: Ainda faltavam cerca de 15 quilômetros de caminhada até o centro de Biritiba, coisa que resultaria numa travessia, e que até então era o plano oficial. Mas como não teria nada de atrativo a partir dali, começou a surgir uma ideia na cúpula da oposição: tomar o rumo do mesmo caminho que viemos, Manoel Ferreira, e passar na Pedra do Sapo só pra ver o sol se pôr. Enquanto o papo ia e vinha, entre muito sol e pouca sombra, saquei o fogareiro e alguns utensílios que eu tinha na mochila, e fiz aquele cafézinho no ponto, pra gente tomar enquanto o bolo que o Adilson levou era devorado pela cambada. Oohhh vidinha mais ou menos rs. Na discussão de qual seria o caminho da volta, irei o meu da reta e deixei pra galera decidir. O Diógenes perdia por 3 votos a zero, e pra não dizer que não deu meu palpite, a derrota fechou em 4x0 kkk. Sendo assim, na hora de partir, tomamos a trilha de volta e seguimos no rumo de onde viemos. Já que tudo ali era novidade pra todos nós, e estávamos ali pra explorar, a caminhada se deu por outro caminho entre as muitas trilhas daquele miolo, e acabamos saindo junto a placa que destaca a Fazenda Verde, e marca a discreta entrada pra quem pretende subir direto ao arredondado cume da Esplanada. Se pela manhã a caminhada na estrada de terra era enfadonha, imagine depois do desgaste de um dia inteiro camelando entre subidas e descidas sob um sol forte, Aff. Seriam longos e “intermináveis” km’s de sola/chão até o fim da jornada. A salvação, é que pouco depois do retorno àquela via, da encosta esquerda vem uma água geladinha, represada e cristalina, caindo de uma bica que convida qualquer um a molhar a goela, rosto e nuca pra se refrescar e abastecer as garrafas. Oohh glória!! rs. Ainda tivemos muito a percorrer, se distrair e rir, até chegar a “ilhota” que leva a Pedra do Sapo. Ali, num consenso comum, nos separamos, pois ainda estava cedo, e a vontade de ver o sol se pôr falou mais alto. Adilson, Tony e Eu, decidimos ir de encontro ao maciço, Valério estava na dúvida se iria também, porque o tempo de espera no ponto de ônibus pode ser gigantesco se não der a sorte de chegar próximo ao horário de partida, e pra ele que mora longe fica mais desgastante do que já é. Mas no final das contas ele acabou se juntando a nós e o Diógenes preferiu seguir solo, ou melhor, na companhia do Geraldinho pendurado em sua mochila, até o Bairro de Manoel Ferreira. Seguimos na larga estrada sem pressa, ainda estava cedo, engatamos a marcha lenta depois do lembrete do Val: “- se a gente chegar muito cedo lá em cima, vamos ficar torrando no sol.” Na hora de começar a subir, pós picada (esquerda), pegamos uma bifurcação na direção errada, graças ao burro aqui, que mesmo vendo a trilha continuar beeem batida pela direita, afirmou que o caminho era pela esquerda. Mas não avançamos tanto, até por que a mata só permitia a passagem via vara mato. Quando voltamos à via certa, a danada deu uma guinada na elevação que fez neguinho suar. Ainda paramos para descansar e comer alguma coisa antes de iniciar o ataque final pela subida (“ingredi”) de 45 graus, e que tem pelo caminho cordas amarradas nas árvores pra dar um apoio. Os mais cansados agradecem rs. Passamos pelo mirante que dá visão direta aos maciços (Pedra do Sapo e Pedra da Forquilha (nossos alvos)), e na continuação da caminhada encontramos um grupo que voltava de um dia inteiro de rapel na parte mais vertical da rocha. Saudações de praxe, e também aqueeelas recomendações não poderiam deixar de vir juntas: - a subida é puxada, vcs ainda não viram nada; - cuidado pra não voltarem no escuro; - desçam antes de escurecer - e blá blá blá Como já estávamos cientes de tudo que passaríamos pelo resto do dia, seguimos. Fizemos a última escalaminhada na corda que fica instalada num vão liso e escorregadio entre duas rochas, e finalmente chegamos ao ponto máximo do nosso objetivo. Ainda faltava cerca de uma hora para o poente começar, sendo assim, clicks e mais clicks (curuuzes kk), fotos avontê em todos os pontos da Pedra enquanto o sol descia lentamente, indo de encontro ao horizonte, e um tapete de nuvens se formava na baixada avançando sobre o planalto. Pra esquentar, rolou até uma sopa, quentinha, pra espantar a friaca que já era dominante. Nessa altura do campeonato, várias milhas deixadas pra trás, lógico que o tiozinho aqui já teria forçado bastante a articulação do joelho, e uma coisa que seria inevitável era: dar pau, um tilt, dor da porra, restrição de movimentos da perna esquerda (FODEU). Ainda bem que o meu fiel bastão de caminhada estava presente nessa, por que eu quase não conseguia dobrar meu joelho. Coisa obrigatória na descida da trilha que leva ao Sítio que o Seu Raimundo toma conta. Ainda conseguimos iniciar a descida com um pouco de claridade no céu, mas como na mata escurece um pouquinho mais cedo, em dez minutos as lanternas já estavam acessas, e andando feito mula manca, tive que assumir a dianteira do grupo pra poder impor o ritmo que eu estava conseguindo e aguentando andar. O bom, era que só vinham dores quando eu tinha que dobrar um pouco mais o joelho, fora isso a gente acelerava o ritmo nas partes retas e planas, que eram maioria. Coisa de vinte minutos depois já saíamos novamente na Estrada da Adutora, pra camelar quase uma hora até o ponto de ônibus e por fim na aventura exploratória do dia. Quando ainda íamos, só nós, pela escuridão da estrada, ouvimos um tiro quebrando o silêncio... Apreensão e redução no caminhar, cautela e agilidade se precisasse correr. De repente, o Tony, abaixa e pega uma pedra... Grande arma pra se defender contra uma pessoa que possui arma de fogo kkkk. Ainda bem que não foi nada de mais (eu acho), e não precisamos correr, pelo menos ali, porque quando chegávamos perto do ponto final, bem na curvinha, o Valério viu o Busão dando seta pra partir, ele saiu correndo pra brecar o Motô e pedir pra ele esperar por nós. Agora imagine se eu fiquei na lentidão (rsrs). A mula manca deu no pé...rapáh kkk. E assim finalizamos bem nossa domingueira. Que foi satisfatória. ___________________________________________________________________________ Estatística: Pico Itapanhaú: 1.080 metros de altitude Pico da Esplanada (Garrafãzinho): 1.050 metros de altitude Pedra do Sapo: 990 metros de altitude Percurso: 25 quilômetros percorridos (fora os perdidos, rs) Dificuldade: média/alta Quantas horas: começamos às 08:30H terminamos às 18:50h (cada grupo, um ritmo)s Citar
Membros valves Postado Julho 6, 2015 Membros Postado Julho 6, 2015 Parabéns irmão, mais um relato show. Confesso que eu não estava muito animado para esta empreitada, mas o que os meus olhos viram superaram minhas expectativas para esta trilha. Foi um dia perfeito, onde tudo deu certo. Que venha a próxima aventura! Citar
Colaboradores Vgn Vagner Postado Julho 7, 2015 Autor Colaboradores Postado Julho 7, 2015 Superou as expectativas em 100%. Por isso que as vezes é bom fugir das rotas mais populares Vlw pela atenção mano. Somos nozes hehe Citar
Membros ThaisCursi Postado Agosto 7, 2018 Membros Postado Agosto 7, 2018 Onde posso deixar o carro para subir o Pico Itapanhaú? Citar
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