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CHINA! 18 dias, muitas fotos, todos os preços e MUITA coisa que você precisa saber antes de ir para lá!


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Olá @vitoramadeu 

que relato sensacional! Estou indo para a China em setembro de 2019 e a riqueza de detalhes do seu artigo me ajudará muito a montar meu roteiro.

Só queria te pedir uma dica. Como você dividiria o tempo em cada lugar que vocês estiveram mas em uma viagem de 10 dias inteiros? 

Desde já obrigada!

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Em 15/05/2017 em 21:33, vitoramadeu disse:

Introdução:

 

Fala pessoal! Como aqui no fórum não existem muitos relatos de viagem sobre a China achei que detalhar um pouco da viagem que fiz com minha namorada pode ajudar quem pretende ir para lá no futuro, pois é uma viagem de difícil planejamento e mesmo quando bem planejada tende a resultar em alguns perrengues. ::putz::

 

Vou focar mais em aspectos práticos do que paisagens em si, pois as fotos do Google são melhores que as minhas, uma vez que viajei apenas com o celular.

 

Ao final do relato do dia os gastos estarão marcados em RBM (lê se Renminbi) e BRL PARA CADA PESSOA. No período em que viajamos (Novembro/16) pagamos R$3,32 no dólar em espécie o que convertendo para reais da 1 BRL = 2 RMB, o que facilitou muito as conversões durante a viagem. A moeda deles, se chama Renminbi e é dividida na unidade maior, o famoso Yuan, e a unidade menor, o Jiao (1/10 yuan), e uma terceira pouco usada (Fen) com a qual não tive contato.

 

Roteiro:

 

Dia 0 - 14/11/16 – São Paulo (GRU) > Frankfurt (FRA)

Dia 1 - 15/11/16 – Frankfurt - Frankfurt (FRA) > Shanghai (PVG)

Dia 2 - 16/11/16 – Frankfurt (FRA) > Shanghai (PVG) - Shanghai

Dia 3 - 17/11/16 – Shanghai

Dia 4 - 18/11/16 – Shanghai

Dia 5 - 19/11/16 – Shanghai

Dia 6 - 20/11/16 – Shanghai > Changsha > Zhangjiajie - Zhangjiajie

Dia 7 - 21/11/16 – Zhangjiajie (se pronuncia algo como “dian diai dié”)

Dia 8 - 22/11/16 – Zhangjiajie > Wulingyuan - Wulingyuan

Dia 9 - 23/11/16 – Wulingyuan

Dia 10 - 24/11/16 – Wulingyuan > Xian - Xian

Dia 11 - 25/11/16 – Xian

Dia 12 - 26/11/16 – Xian

Dia 13 - 27/11/16 – Xian > Beijing - Beijing

Dia 14 - 28/11/16 – Beijing

Dia 15 - 29/11/16 – Beijing

Dia 16 - 30/11/16 – Beijing

Dia 17 - 01/11/16 – Beijing (PEK) > Frankfurt (FRA) > São Paulo (GRU)

Dia 18 - 02/12/16 – São Paulo (GRU)

 

QUER MESMO VIAJAR PARA CHINA?

 

Acho que a partir daqui quem estiver lendo tem interesse em um dia viajar para lá. Por isso é importante explicar a parte ruim da viagem.

 

A China é um país magnífico e a viagem foi, sem dúvidas, sensacional. O país carrega uma cultura única e estar lá é uma constante explosão de novas sensações. Entretanto, como todo país, tem seus problemas, e no caso da china eu diria que ele é representado pela personalidade de uma boa parcela da população.

 

É importante contextualizar que a China é um país onde até pouco tempo boa parte da população não tinha pleno acesso à comida, e que nos últimos dois séculos mais de 150 milhões de pessoas literalmente morreram de fome, isso em crises oficiais, sem contar casos esparsos que elevam muito esse número. E no meu entendimento, ao longo dos anos isso esculpiu o comportamento egoísta e não receptivo dessa fatia da população.

 

Coloque na sua mente que ao contrário dos países os quais você está acostumado a viajar, na China, para boa parte da população, você não é bem vindo. Muitas pessoas não querem e não vão te ajudar.

Acostume-se a interferências não bem vindas: a tentarem cortar fila, a crianças chutando o seu banco a viagem inteira, a pessoas empurrando sua mala para longe no metrô para ficar no lugar dela, a sentarem no seu lugar marcado no ônibus e se recusarem a sair, a fecharem o guichê na sua cara após mais de uma hora de fila porque deu o horário de ir embora, a alguém dar risada na sua cara e virar as costas quando você pedir ajuda, entre outras tristes situações...

 

Se você não consegue lidar com esse tipo de coisa talvez a China não seja o destino certo para você, mas se conseguir, embarque nessa, pois na viagem você também encontrará muitos chineses bons e receptivos, e quando você encontra tudo parece valer a pena :wink:

 

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Se prepare... para manter a calma.

 

Outros pontos a ponderar antes de viajar para lá:

 

• É um destino solitário para turistas estrangeiros: A maior parte dos turistas lá são chineses e até nos hostels é bem difícil fazer amizade. O fato de haver poucos e raros bares não ajuda muito. Apesar de eu ter o costume de viajar sozinho, no caso da China, aconselho fortemente embarcar com companhia ou já se preparar para uma viagem meio solitária.

 

• A China não é o paraíso das compras. Embarquei achando que o país seria um Aliexpress gigante e me decepcionei muito. Basicamente, tirando celular, tudo é fabricado no país e praticamente nada é vendido por lá. Fui a diversos shoppings e nem uma GoPro conseguia encontrar. Não vá para lá esperando voltar com uma mala lotada de compras.

 

• É essencial falar inglês no mínimo avançado. Parece uma contradição, já que você raramente vai encontrar outra pessoa que fale. Entretanto, em algumas situações você pode precisar, e muito.

 

• Pedestres e veículos não convivem de forma harmônica na China. Até nas calçadas a preferência é dos carros e os pedestres devem literalmente correr por suas vidas. Presenciamos tentativas propositais de atropelamentos.

 

• Como a maioria sabe, higiene (nos modos ocidentais) não é o ponto forte dos chineses..

 

Aceitando tudo isso se prepare para uma viagem com um país e uma cultura únicos. ::mmm:

 

Preparativos

 

A ideia de viajar para China surgiu, como na maior parte das viagens, a partir de uma promoção de passagens. :oops: Entretanto demoramos muito para comprar e no final das contas ou pagava caro ou viajava poucos dias. Optamos pela segunda opção o que limitou a viagem em 16 noites e 17 dias em território chinês. O que é muito pouco, pois fui embora da china com gosto de quero mais e várias cidades para ainda conhecer um dia. ::Ksimno::

 

A passagem da Air China custou R$ 2399, incluindo taxas aeroportuárias e tarifa do decolar. Todos os voos foram operados pela Lufthansa (codeshare).

Ida: São Paulo (GRU) – Shanghai (PVG) – escala em Frankfurt (FRA)

Volta: Beijing (PEK) – São Paulo (GRU) – escala em Frankfurt (FRA)

 

Para tirar o visto chinês é necessário ter o roteiro pronto e reserva (com seu nome escrito) de todos os hotéis em todas as noites em que estará na china. Por isso a viagem exige bom planejamento. Essa exigência que a princípio parece ser um pouco absurda é conveniente e necessária, pois todas as acomodações e passagens aéreas se esgotam rapidamente no país com 1,3 bilhões de pessoas, e certamente, sem essa exigência, seria comum turistas tendo que dormir na rua por lá. Tem diversos tutoriais de como tirar o visto chinês pela internet e por isso não vou me estender aqui.

 

Hoje com a viagem concluída mudaria pouca coisa no roteiro e, pessoalmente, creio que ficou bem equilibrado, tendo visto o que eu considerava como mais importante para se visitar. A viagem foi feita por um engenheiro civil e uma arquiteta, com gostos pra sistemas de transporte, infraestrutura, planejamento urbano, arquitetura e etc. Talvez um apaixonado por paisagens naturais pudesse traçar um roteiro trocando Shanghai e Xian por Guilim e Jiuzhai. Ou alguém que gosta muito de história poderia trocar Shanghai por Pingyao, por exemplo.

 

Cidades que eu não visitei e fui embora querendo muito visitar, especialmente as duas primeiras:

• Guilim

• Lijiang e Região

• Jiuzhai

• Hong Kong

• Pingyao

• Harbin (durante o festival de gelo no inverno).

 

O que não faltam são paisagens de tirar o fôlego, basta digitar os nomes desses lugares no Google.

Ainda falando em preparativos, se você for fazer algum trecho aéreo é importante comprar as passagens com antecedência, pois os voos nacionais comumente lotam. O que fizemos por lá, fora de temporada, decolou com 100% de ocupação. Comprei a passagem quinze dias antes de embarcar no ctrip.com e pelo que eu pesquisei o preço é mais ou menos tabelado com os outros sites.

 

Já as passagens de trem bala intercidades compramos todas com um dia de antecedência, na própria estação que iriamos embarcar, e não tivemos problemas. Creio que não é o caso na alta temporada uma vez que, mesmo sendo baixa temporada, os trens partiam com praticamente 100% de ocupação. Adiante no relato retornarei ao tópico (compra de passagens de trem).

 

GASTOS COM PREPARATIVOS: R$ 2770 (por pessoa)

• Passagem Aérea Brasil>China – China>Brasil: R$ 2400 (O trecho interno dentro da China estará contabilizado no relato do dia).

• Visto: R$ 160

• Seguro Viagem R$ 210 (encontramos por bem menos, apesar de ter optado por esse mais caro).

+

GASTOS DURANTE A VIAGEM: R$ 2870 (por pessoa)

(Gastos detalhados dia a dia no relato)

=

TOTAL DA VIAGEM: R$ 5640(por pessoa, exceto compras)

Custo total da viagem, tirando roupas e compras e lembranças, incluindo os gastos na Alemanha (escala na ida e volta). É possível reduzir bastante este custo, entretanto, no caso dessa viagem, não era a maior prioridade.[/color]

 

 

Dia 1 - 15/11/16

 

Chegamos com todo gás em Frankfurt depois de 11 horas infernais adoráveis de classe econômica. Como a escala era de 8 horas resolvemos sair para conhecer a cidade e de cara fomos recepcionados por chuva e temperatura negativa. A passagem pela imigração alemã foi tranquila e sem diálogos. Não vou me prender à Frankfurt porque não é o objetivo deste relato, mas deu para conhecer muita coisa, mesmo com chuva foi sensacional, e o eficiente trem que conecta o aeroporto à cidade em 15 minutos facilitou muito a vida. Aproveitei para comprar uma blusa de frio nova na Primark, o que foi de suma importância uma vez que eu mal sabia o frio que me aguardava na terra do Mao Tse Tung. ::Cold::

 

Voltamos para o aeroporto embarcamos para a nova jornada de 10 horas até Shanghai. Me animei muito ao me deparar com um A380 na ponte de embarque e mais ainda quando constatei que o avião iria bem vazio, com menos de 40% de ocupação na econômica, tendo sido possível até deitar entre assentos. Quase chorei de alegria. Em seguida me frustrei muito devido ao mais intenso e consistente cheiro de chulé que presenciei em minha vida, vindo de um passageiro próximo, o que tornou esse trecho ainda mais desconfortável do que a primeira perna.

 

GASTOS DO DIA: R$ 57

• Bilhete DayPass: R$ 32 (trem e metrô)

• Alimentação: ~R$ 25

• 0,8 kg de Lindt para comer durante a viagem: ~R$ 40 (promoção no free shop)

 

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Imenso e vazio!

Dia 2 - 16/11/16

 

No monumental aeroporto de Shanghai a imigração é tranquila e silenciosa, uma vez que você já chega com o visto. Logo no desembarque fomos abordados pela já esperada multidão de pessoas oferecendo os mais diversos serviços, como câmbio, hotel, taxi, tradução, etc, todos com bom inglês. Por curiosidade resolvi checar a cotação de câmbio, que posteriormente constatei não ser tão desvantajosa, mas como na hora não sabia disso e ainda cobravam uma taxa fixa, resolvi deixar para trocar dinheiro mais tarde. Ainda no aeroporto pegamos um mapa turístico da cidade em inglês (MUITO IMPORTANTE!).

 

Para ir do aeroporto até a cidade existem duas opções de transporte público convenientes. O sistema de metrô da cidade (12 RMB = 6 BRL ) e a única linha de Maglev comercialmente operante no mundo (50 RMB = 25 BRL, aceitavam cartão de crédito). Optei pelo Maglev e me desapontei um pouco, pois devido ao horário de pico (três picos por dia: início da manhã, almoço e fim da tarde) ele não operou em velocidade máxima (430 km/h), mas sim a 300 km/h, velocidade padrão de um trem bala chinês. O projeto já antigo do trem também não reluz conforto, o que não é nenhum absurdo, já que a viagem de 30 km até Pudong (centro de Shanghai) leva 5 minutos.

 

Chegando em Pudong fomos recepcionados pelo primeiro perrengue da viagem. Imaginava que a estação que compreendia três linhas de metrô e uma de Maglev, relativamente próxima ao centro financeiro, fosse um lugar muito fácil de trocar dinheiro e que, na pior das hipóteses, compraria os bilhetes de metrô com cartão de crédito.

Não havia casas de câmbio. Não havia caixas eletrônicos e o metrô não aceitava cartão. Descobrimos naquele momento também que raramente encontraríamos pessoas receptivas que falassem inglês para nos ajudar, e mesmo quando encontrássemos, que a barreira do idioma esgotaria rapidamente a paciência até dos chineses mais simpáticos.

Minha namorada havia levado um dicionário de viagem com frases prontas em mandarim. (MUITO IMPORTANTE!!!) Após mais de uma hora tentando resolver a situação nos arredores, resolvemos sair pela cidade (ainda com mochilas), apontando no livro a frase “Where’s the nearest ATM” em Mandarin. A área entorno da estação de Pudong ainda está em processo de urbanização e é constituída por avenidas largas sem calçadas. Após meia hora de caminhada e muita confusão com as pessoas que conseguíamos abordar, finalmente encontramos um banco, e uma hora depois tínhamos Yuans na carteira!!!! :D Em outra parte do relato explicarei sobre como trocar dinheiro.

 

Voltamos pegamos metrô para o hotel. Nos preparativos da viagem demorei para reservar acomodação e quando fui reservar, todos os bons hostels da cidade estavam cheios. Reservei então um hotel de uma grande rede, estilo Ibis, chamada “JinJiang Inn”, próximo ao estádio Hongkou. Quarto privativo para até três pessoas sem café da manhã.

Ao sair da estação de metrô mais próxima (Hongkou Football Stadium, cerca de 700 metros), liguei o Google Maps para fazer o trajeto que eu havia salvo off-line. Acredito que pelo serviço ser banido na china a base de dados deixou de ser atualizada e simplesmente não é confiável.

 

Andamos cerca de 2 km até o local onde supostamente era o destino. No caminho por ruas estreitas e locais muito pobres tivemos contato com toda pobreza que não se pode ver no Google. Se não fosse o cansaço extremo das últimas 30 horas, as mochilas pesadas e todos os dólares da viagem na carteira, teria sido um ótimo contato com essa realidade. O Google nos fez chegar dentro de uma fábrica de vidro.

 

Novamente dependemos do bom e velho papel (reserva impressa do hotel com endereço em chinês) e da boa vontade de uma em cinco pessoas que abordávamos e nos ajudava. Estávamos no meio de um bairro onde não havia taxis. Depois de atravessar Luxun Park, depois do sol se por, depois de muito vai e vem e uma hora e meia de caminhada no total encontramos nosso hotel. A lição que fica é não usar os serviços de GPS na China. Se eu manualmente tivesse traçado no mapa o caminho para percorrer até o hotel e tirado um screenshot, nada disso teria acontecido. Um táxi a partir de Pudong também teria sido uma ótima ideia.

 

A missão do dia agora era descansar e tentar fazer os pés desincharem para aproveitar o próximo dia. Um “lamen” comprado na venda ao lado seria a janta. É na verdade um miojo em pote, como se fosse um Cup Noodles gigante com muito sódio e especiarias, para consumo individual, e foi consumido praticamente dia sim/dia não durante a viagem, usando as ‘chaleiras elétricas’ que você encontra em todo lugar. Essas chaleiras também são ótimas para ferver água e abastecer as garrafinhas.

 

GASTOS DO DIA: 183 RMB = R$ 92 (por pessoa)

• Maglev: 50 RMB = R$ 25

• Metrô: 6 RMB = R$ 3

• Miojo, água e guloseimas: 11 RMB = R$ 6

• Hotel JinJiang Inn: 116 RMB = R$58 (existem opções bem mais em conta).

 

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Maglev em Pudong

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Metrô de Shanghai: Todos no celular, parece ficção científica.

 

Dia 3 - 17/11/16

 

Chuva na janela. Precisávamos gastar o dia em uma atração coberta. Resolvemos ir ao museu da ciência e tecnologia. Mas antes resolvemos tomar café da manhã no hotel. Custava 20 RMB e comia o quanto quisesse. O café da manhã era uma legítima refeição chinesa, contando com larvas de bicho da seda e outras iguarias as quais me mantive distante. O mais próximo da alimentação ocidental era um macarrão frito e uma espécie de ovos mexidos. Havia também uma salsicha quase incomível (muito popular em Shanghai) e uma espécie de café com leite de soja de causar arrependimento. Chineses comem rápido e dividem a mesa.

 

Fomos então ao belíssimo museu da ciência e tecnologia. Aparte do edifício megalomaníaco, o museu é direcionado para crianças, e elas são milhares, correndo, gritando, fazendo picnic no chão do museu. Apesar de o museu contar com sinalização em inglês, as atrações são totalmente voltadas para as crianças chinesas. Teria me arrependido muito de ter ido lá, mas foi possível me divertir vendo todas aquelas crianças num momento tão próprio delas.

 

Saímos de lá e fomos direto para Pudong ver os grandes prédios. A área é fácil e confortável de se locomover, com muitas passarelas elevadas exclusivas para pedestres e acesso direto aos shoppings. A altura e beleza dos prédios são de cair o queixo. Lado a lado se encontram três dos 10 maiores prédios do planeta, incluindo a recém-inaugurada Shanghai Tower (2º edifício mais alto da terra, com 632 metros).

 

Apesar do entusiasmo, a chuva e a neblina interferiram com os planos e resolvemos nos abrigar para comer uma vez que estava começando a escurecer. Por ser uma área cara resolvemos comer no Mc Donalds do shopping. Em Shanghai o Mc custa quase metade do que em São Paulo, entretanto a qualidade é inferior e o hambúrguer fininho. Aliás, tenha em mente que o consumo de carne na china é bem baixo, especialmente carne bovina. Leite então é ainda mais raro (e caro) de se encontrar, assim como o queijo. Faz todo sentido, já imaginou 1,3 bi de pessoas comendo carne e bebendo leite nas proporções ocidentais? Não há planeta que aguente.

 

Depois de comer, ficamos uns 40 minutos andando na garoa procurando a entrada do ‘Bund Touristic Tunnel’. É um túnel iluminado e divertido (muitos vídeos na internet) que parece uma balada e com um pequeno trem, atravessa o Rio Huangpu e conecta Pudong ao The Bund (‘promenade’ de shanghai em que se pode observar Pudong através do rio). Valeu a experiência de pegar o trenzinho, pois ele desembarca a poucos metros do The Bund.

 

O The Bund é uma área extremamente convidativa para andar, gastar o seu tempo e admirar a cidade. De um lado muitos prédios do início do século passado que esbanjam arquitetura, do renascentista ao gótico, do barroco ao românico, demais. Do outro lado o movimentado (muito) passeio a beira do Rio Huangpu, com Pudong ao fundo. Tudo é tão bonito que nem mesmo a multidão disputando espaço com você pode estragar.

 

Estava ficando tarde e resolvemos voltar para o hotel. No longo caminho até o metrô nos perdemos (pra variar) e por sorte encontramos o bairro de ‘Old City of Shanghai’. Foi inesperado e muito oportuno. O bairro é repleto de construções de arquitetura clássica chinesa. Após mais uma hora de caminhada voltamos para o hotel, perto da meia noite. Na china é fácil encontrar lojas de conveniência 24 horas. Aproveitamos e passamos em uma para comprar algo para comer e alguns mantimentos para o próximo dia, pois se estivesse sol, iríamos para Disney.

 

GASTOS DO DIA: 314 RMB = R$ 157 (por pessoa)

• Café da Manhã: 20 RMB = R$ 10

• Metrô: 14 RMB = R$ 7 (três vezes ao longo do dia)

• Science Museum: 60 RMB = R$ 30

• Mc Donalds: 26 RMB = R$ 13

• Bund Touristic Tunnel: 50 RMB = R$25

• Água, café solúvel, lanches e besteiras na loja de conveniência: 28 RMB = R$ 14

• Hotel JinJiang Inn: 116 RMB = R$58 (existem opções bem mais em conta).

 

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Café da Manhã no Hotel. Não espere muita higiene na disposição dos alimentos.

 

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Vista no ‘The Bund’ para o lado antigo. O lado do ‘skyline’ estava encoberto em neblina.

 

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Portal clássico chinês em ‘Old City’.

 

Dia 4 - 18/11/16

 

Previsão de sol, dia de ir à Disney! Nunca fui em um parque deles e tinha vontade de conhecer. Acordamos cedo, tomamos café no hotel e fomos ao parque. É possível ir de metrô.

O recém-inaugurado parque do Mickey em Shanghai é todo megalomaníaco, aos modos chineses e da Disney. A área de entorno é muito bonita, com um grande rio separando o parque do resort. Atenção, o parque é voltado para os chineses e estrangeiros definitivamente não são o público alvo. As atrações são todas em mandarim, o que foi extremamente frustrante, e muitas vezes a sinalização em inglês fica a desejar. Se não fossem os belíssimos banheiros temáticos que contavam com privadas normais entre às turcas eu diria que estrangeiros sequer eram bem vindos lá.

 

Eu particularmente me decepcionei um pouco, pois esperava brinquedos de adrenalina. Entretanto as atrações são mais voltadas para crianças, envolvendo personagens da Disney. Ainda assim da pra se divertir bastante em meia dúzia de brinquedos, o que num dia cheio é o possível de se ir, contando até duas horas de fila para cada um. A dica é tentar pegar a fila individual (pessoas que servem para completar aqueles assentos ímpares), que chega a ser até cinco vezes mais rápida do que a fila em grupo. Encontramos um grupo de brasileiros por lá. Mais adiante só nos depararíamos com mais um brasileiro em toda viagem.

 

O conselho que eu deixo para quem quiser ir é chegar cedo e preparar a paciência para as filas e para as pessoas que vão o tempo todo tentar corta-la. Se pudesse voltar atrás certamente teria gasto meu dia no aquário ou outras atrações da cidade. Entretanto, como toda a China, o parque, que caiu no gosto do povo é um grande canteiro de obras. Pode ser que daqui alguns meses tudo esteja muito diferente.

 

GASTOS DO DIA: 442 RMB = R$ 221 (por pessoa)

• Café da Manhã: 20 RMB = R$ 10

• Metrô: 12 RMB = R$ 6 (três vezes ao longo do dia)

• Entrada para Disney: 370 RMB = R$ 185

• Casquinhas (muito melhores que Mc): 20 RMB = R$ 10 (duas)

• Miojos a noite: 4 RMB = R$ 2

• Hotel JinJiang Inn: 116 RMB = R$58 (existem opções bem mais em conta).

 

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Você definitivamente não precisa atravessar ao mundo para ir à um parque da Disney.

 

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Os armários tem um depósito de segurança de uma moeda de 1 RMB,  entretanto nada em inglês ou alguém que te conte isso (demorou até entender).

 

Dia 5 - 19/11/16

 

Vou passar rapidamente pelo dia, pois foram muitas atividades. Acordamos, saímos do hotel para tomar café em algum lugar chinês típico, terminamos no KFC. KFC é o fastfood mais popular da china e vocês vão perceber no relato dos outros dias. Depois disso resolvemos ir comprar as passagens para Changsha, aonde pegaríamos o trem para Zhangjiaje no próximo dia. Li na internet que os trens partiam de Shanghai South e tirei um screenshot de um site que mostrava alguns números de trens.

 

Chegando em Shanghai South, a surpresa, todas as informações sobre trens estavam em chinês, NADA EM INGLÊS. Procurando ajuda por todos os lados, NADA. A única informação em alfabeto romano era os códigos e horários dos trens. Fomos direto ao guichê onde se compravam a passagem. Mandaram-nos pegar outra fila. Essa situação parece ser simples, mas é muito complicada. Pois o chinês não tem um grande respeito por filas e demorar mais do que 30 segundos falando com atendente é motivo para desmanchar uma fila e todo mundo se tumultuar na frente, te interrompendo enquanto você tenta explicar para o atendente para onde você quer ir e quando. O atendente que não quer ou não sabe falar inglês tenta fugir de te atender, tornando a compra de passagens um desafio. Depois de muito stress e esforço tentando desvendar os símbolos chineses que representam os nomes das cidades as passagens foram compradas.

 

Depois disso, fomos visitar vários pontos turísticos da cidade e fazer sightseeing. Deu pra aproveitar muito bem. Para quem gosta de planejamento urbano, aconselho fortemente o Urban Planning Exibition Center, que conta a história de como a cidade cresceu e esbanja o planejamento urbano necessário para manter a maior cidade do planeta fluindo tão bem. Fica em People’s Park e do lado de fora tem umas barracas de comida fastfood chinesas que podem ser interessante para quem deseja experimentar, mas não tem coragem de comer nas banquinhas mais simples. Eu fiquei com batata frita mesmo.

 

O período da tarde foi recheado de perrengues. O perrengue legal foi se perder na cidade procurando um templo e parar num bairro nada turístico extremamente movimentado. O perrengue ruim foi esperar 1h20 (!!!) pra trocar dinheiro no banco (precisávamos muito trocar) e na hora de ser chamado nos expulsarem do banco pois havia dado 18h e o banco iria fechar. ::putz::::grr::

 

Depois disso fomos para Nanjing Road. É o lugar mais vivo de Shanghai, uma rua larga para pedestres, muito iluminada, lotado de lojas daquelas que da pra gastar horas sem precisar comprar nada e se divertindo com street performers, restaurantes e etc. Nessa hora a neblina abriu um pouco e foi possível ver as nuvens no céu. Saímos em disparate para tentar subir a Shanghai Tower (segundo maior prédio do planeta). Pegamos metrô novamente. Chegando em Shanghai Tower o tempo já havia fechado novamente. A própria atendente orienta a não subir pois eles não devolvem o dinheiro caso não haja visibilidade. (A ponta do prédio já estava dentro das nuvens). Pelo menos rendeu algumas boas fotos. Depois disso fomos ao The Bund nos despedir da cidade. Voltamos para o hotel perto da meia noite para dormir algumas horas antes de pegar o trem. Não tivemos forças nem para comer miojo.

 

GASTOS DO DIA: 214 RMB = R$ 113 (por pessoa)

• Café da Manhã no KFC: 14 RMB = R$ 7

• Metrô: 24 RMB = R$ 12 (seis vezes ao longo do dia)

• Entrada para Shanghai UPEH : 30 RMB = R$ 15

• Lanche e café no fastfood chinês: 12 RMB = R$ 6

• Compras no supermercado (estoque de comida): 18 RMB = R$9

• Hotel JinJiang Inn: 116 RMB = R$58.

 

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Maquete em escala da cidade, com representação real das ruas e edifícios no Urban Planning Exibittion Hall

 

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Anima um fastfood?

 

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Vista do skyline no The Bund com menos neblina e chuva que o primeiro dia.

 

Dia 6 - 20/11/16

 

Acordamos bem cedo pra pegar o trem das 7h30 em Shanghai South para Changsha e depois o trem a Zhangjijiae. Chegando em Shanghai South fomos barrados na hora de entrar na estação. Depois barrados na outra entrada, como se estivéssemos no lugar errado. Na melhor das hipóteses apontavam um caminho que nos mandava de volta ao metrô. No metrô alguém conseguiu nos mostrar, apontando em um mapa, que estávamos na estação errada (!!!!). Bateu um pânico instantâneo. Nas passagens estava realmente estava escrito Shanghai Hongqiao to Changsha. Entretanto em momento nenhum pensei que Hongqiao seria outra estação, ou que em uma estação me venderam uma passagem partindo de outra. Depois de muita correria e stress conseguimos remarcar a passagem SEM CUSTO NENHUM para um trem três horas mais tarde (ufa).

 

Nosso trem partiria da estação Shanghai Hongqiao. É o exemplo perfeito da megalomania chinesa. Uma estação de trens balas com mais de 30 plataformas com trens partindo para o país inteiro. Vendo aquela estação fica fácil entender porque hoje no planeta existem mais quilômetros de trem bala dentro da china do que fora dela.

O trem bala chinês é igual ao japonês (houve transferência de tecnologia da Mitsubishi para estatal chinesa). Confortável, rápido e silencioso. A comida a bordo foi uma das melhores que tivemos na viagem e é possível dividir o prato para duas pessoas.

 

O trem bala é uma experiência importantíssima pois é possível ver como 1,3 bilhões de pessoas conseguem ocupar a china. Grandes planícies de plantação de arroz intercaladas com pequenos agrupamentos rurais e grandes cidades, essas últimas com obras e mais obras, uma infinidade de condomínios de dezenas de torres sendo erguidos cidade a cidade.

 

Grande parte das cidades pequenas e agrupamentos rurais estão sendo abandonadas num movimento onde a população chinesa caminha para essas grandes cidades, sendo possível observar uma outra infinidade de casas e pequenos prédios em cidades pequenas totalmente abandonados.

 

Chegando em Changsha por volta das 15 horas, fomos surpreendidos por uma estação de trem megalotada, com filas intermináveis e ausência de alguém que pudesse dar uma informação. Creio que aquela situação era anormal e aconteceu por ser domingo. Como o tempo era curto, ao invés de perder mais de uma hora na fila resolvi tentar procurar a rodoviária para ir de ônibus. É impressionante a frieza de algumas pessoas que além de se recusar em nos ajudar riam na sua cara e viravam as costas. Depois de quase uma hora encontramos a rodoviária e conseguimos comprar a passagem. A viagem para 6 horas para Zhangjiajie foi uma loucura por si só, impossível de se explicar. O conselho aqui é tentar a todo custo ficar na parte da frente da fila e entrar rapidinho no ônibus para garantir seu lugar. Vale também tomar cuidado com as paradas, pois o ônibus pode facilmente partir sem você, acredite.

 

Chegando em Zhangjiajie já depois da meia noite, conseguimos encontrar facilmente o Hostel, que ficava no centro, próximo à rodoviária e estação de trem. E lá fomos recepcionados pelas melhores pessoas que encontraríamos na China, e o melhor, que falavam inglês. Estavam todos acordados somente esperando chegarmos. Nos ajudaram com tudo que poderíamos querer e muito mais. Nos deram mapas, informações do que fazer e o que não fazer, onde comer e tudo mais. O hostel é novo em folha e excepcionalmente bonito e aliviou o dia preenchido por perrengues. Nem pense duas vezes na hora de reservar: - Pengjiapu Community, Guanliping Street, Yongding District, Yong Ding, Zhangjiajie. Pegamos quarto privativo. A noite em quarto compartilhado nesse Hostel saía por 40 RMB (R$ 20). Como de costume na China, não inclui café da manhã. Café da manhã é uma refeição um pouco atípica por lá. Eles curtem comer um macarrão de manhã ou omelete e não possuem o vício da cafeína.

 

GASTOS DO DIA: 706 RMB = R$ 353 (por pessoa)

• Trem de Shanghai para Changsha: 478 RMB = R$ 239

• Refeição no trem: 23 RMB = R$ 12

• Ônibus de Changsha para Zhangjiajie: 118 RMB = R$ 59

• Hostel Zhangjiajie Mini INN: 84 RMB = R$ 42

 

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Se imagine nessa fila sem falar uma única palavra em chinês e ao chegar na sua vez não ser atendido... Sorte que optamos pelo ônibus!

 

Dia 7 - 21/11/16

 

Acordamos cedo para visitar a Tiamen Mountain. Estivesse nublado, chovendo ou nevando, iriamos subir a montanha. Aqui vale a pena eu me estender sobre um aspecto da viagem que foi de dificílimo planejamento: Quem visita a cidade de Zhangjiajie tem pelo menos dois objetivos: Visitar a Tiamen Mountain e o Zhangjiajie National Park (famoso parque das montanhas do avatar). Com muita pesquisa compreendemos que, para a confusão dos já confusos turistas, a Tiamen Mountain é acessível do centro da cidade de Zhangjiajie, a partir de ônibus e teleférico oficiais do próprio parque Tiamen, já o imenso Zhangjiajie National Park, que carrega o nome da cidade, não é acessível a partir da cidade propriamente dita (pelo menos não facilmente), sendo que para visitar o parque é melhor você se hospedar em outra cidade ou em um dos vilarejos nas entradas do parque. A decisão que tomamos por visitar o Zhangjijae National Park a partir da cidade de Wulingyuan se provou como a mais acertada de toda a viagem, como será possível acompanhar mais adiante no relato e se você pretende visitar ambos não deve pensar duas vezes.

 

Voltando ao relato: A entrada do teleférico que dá acesso à Tiamen Mountain fica no centro da cidade. Aqui não existem muitas opções e para subir a montanha, é obrigatório pagar 258 RMB (129 Reais), que além da entrada para o parque inclui ingressos para o maior teleférico do planeta e passagem de ônibus para estrada das 99 curvas. Suba de teleférico e desça de ônibus, a menos que o tempo esteja ruim de manhã e houver perspectiva de melhoria para a parte da tarde.

 

A subida de teleférico é simplesmente sem palavras. Pegamos tempo com muita neblina, entretanto, repentinamente, o teleférico acendeu acima das nuvens e meu queixo simplesmente caiu. Um interminável colchão de nuvens, furado por picos de um lado, o sol do outro e a frente a imensa montanha de Tiamen. É um daqueles poucos momentos na vida que você sente que seus cinco sentidos não são suficientes para absorver o que está lá. Você não consegue exprimir o que está sentindo, se inquieta, e simplesmente começa a rir. :D

 

Com esse novo ânimo chegamos ao topo da montanha prontos para fazer as trilhas da parte alta. Para nosso azar o tempo logo se fechou novamente, mas ainda assim o possível de se avistar era estonteante. Tem bastante coisa para fazer na montanha, para aproveitar bem é bom acordar cedo. O melhor de tudo é que tudo é bem sinalizado em chinês e inglês. É impressionante a forma como as extensas passarelas beiram o desfiladeiro e intrigante pensar como elas foram construídas, algo que você só vê na china. Você pode se divertir muito parando alguns minutos para observar como todos ficam impressionados com o que estão vendo.

 

Pelas duas da tarde resolvemos iniciar a descida, pois temíamos que se o tempo piorasse não conseguiríamos ver a ‘Heavens Door’. Depois de intermináveis escadas rolantes chegamos em ‘Heavens Door’, e embora o tempo estivesse um fiasco, é uma experiência única. O olhar de cada pessoa descendo aquela escadaria demonstra o fascínio do momento. São 999 degraus e alguns deles tão íngremes que um escorregão resultaria facilmente em morte. ::essa::::essa:: Quando terminamos de descer já queríamos subir de volta, mas era hora de embarcar no ônibus pela estrada das 99 curvas (eles gostam do número 9). Chegamos de volta na cidade e já estava escuro. Terminamos o dia caminhando pelas vielas do centro de Zhagjajae e comendo nas excelentes padarias locais.

 

GASTOS DO DIA: 382 RMB = R$ 191 (por pessoa)

• Café da Manhã e mantimentos: 22 RMB = R$ 11

• Ingresso Tiamen Mountain: 258 RMB = R$ 129

• Sorvete e água em Tiamen: 6 RMB = R$ 3

• Lanche a noite: 14 RMB = R$ 7

• Hostel Zhangjiajie Mini INN: 84 RMB = R$ 42

 

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Reze por tempo bom.

 

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Passarelas e desfiladeiros acima das nuvens.

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Viagem tem dessas coisas.

 

Dia 8 - 22/11/16

Antes de ir à Wulingyuan precisávamos trocar dinheiro. Na saída o staff do hostel nos deu todas as direções que precisaríamos no dia e até nos deu um mapa artístico do parque, pelo qual eu me disporia a pagar pelo menos 20 RMB se ele quisesse cobrar. Ele também nos escreveu o nome do ônibus em chinês, o que foi extremamente necessário para conseguir encontrar o bendito ônibus público, que passava em frente ao teleférico que havíamos pegado no dia anterior.

 

Ao contrário do que estamos acostumados, trocar dinheiro na china não é uma atividade corriqueira. Aparentemente o governo tem elevado controle sobre as transações cambiais e são necessários vários procedimentos burocráticos e assinaturas. Enquanto estivemos em território chinês trocamos dinheiro seis vezes e apenas uma dessas vezes nos custou menos de uma hora entre fila e atendimento. A troca de dinheiro é feita em bancos, e não casas de câmbio. A única casa de câmbio que vimos foi no aeroporto de Shanghai e a taxa estava pelo menos 10% maior do que a que pagamos mais tarde em um banco. Você vai se acostumar a ver meia dúzia de bancos na China e aparentemente a cotação varia muito pouco (ou nada) entre eles. Notei uma tendência de melhor atendimento e rapidez no banco chamado ABC (Agricultural Bank of China).

 

Mas em Zhangjiajie o ABC não trocava dinheiro e tivemos que pegar um taxi para outro banco. O atendente do banco ABC foi extremamente prestativo, nos achou um taxi e deu instruções explícitas para o taxista nos levar á uma determinada agência de outro banco. Táxi oficial na China (amarelo) é muito barato. Uma corrida de dez minutos nos custou 6 RMB (R$ 3) entretanto é difícil parar os taxistas. Depois de mais de uma hora e dinheiro na mão, fomos pegar o ônibus para Wulingyuan. A baratíssima viagem, feita por estradas pequenas, leva pouco mais de uma hora e você deve pagar para um cobrador que entra no ônibus durante o trajeto e sai logo em seguida. O ônibus não é limpo nem vazio. Mochilas no colo e chineses olhando feio. ::hãã2::

 

Wulingyuan é um distrito/cidade turística usada como base para quem está visitando o Zhangjiajie National Park, e como já disse anteriormente, visitar o parque por essa cidade foi uma das decisões mais acertadas da viagem. A cidade é repleta de resorts e hotéis luxuosos e felizmente alguns lugares mais baratos. Ficamos no Zhangjiajie 1982 Chujian International Youth Hostel (Intersection of Jundi Rd and Tuofeng Rd, Wu Lingyuan, 427000 Zhangjiajie, China). É um dos hostels mais bonitos que já vi e também contava com staff excepcional, que mesmo não sabendo falar inglês muito bem, tomava o tempo que fosse usando os serviços de tradução para te explicar as coisas, e isso estava fazendo muita falta na viagem. Além disso, fica localizado logo na entrada do parque, um luxo. Mas o principal motivo pelo qual aconselho você a se hospedar lá é que eles vão te dar de presente um mapa do parque em inglês, e isso não tem preço, acredite, pois até então não havíamos encontrado a venda em lugar nenhum.

O ingresso para o parque custa 245 RMB e é válido para quatro dias. A princípio parece caro, mas o parque é gigante (400 km²) e conta com um eficiente sistema de ônibus gratuito, com várias linhas, além de toda infraestrutura do parque em si (trilhas, e mais trilhas, escadarias sem fim, banheiro, limpeza, etc..).

 

O plano era ir ao parque naquela tarde para verificar se havia sinalização em inglês. Caso não houvesse, tentaríamos através do hostel contratar um guia para o dia seguinte. Entramos no parque e pegamos um ônibus que percorria cerca de 7 km até a primeira parada. Não adianta eu tentar descrever a vista aqui porque uma pesquisa no Google valeria mais do que qualquer coisa que eu pudesse escrever. Mas imagine que é um constante exercício de negação dos seus sentidos e autoquestionamento do porquê você nunca esteve lá antes. ::otemo::

 

Entre as selfies você então promete que vai repensar as metas da vida, passar a trabalhar menos, viajar mais, vai voltar lá um dia e assim por diante.

Para nossa felicidade, o parque contava com uma recém-implantada sinalização em inglês, que somada com o fato de possuirmos um mapa, nos pouparia de ter que contratar um guia. Ainda assim aconselharia quem for lá com mais tempo a cogitar a ideia, pois o serviço de guia não é caro (ouvimos dizer que era entorno de 100 RMB a diária) e o parque certamente guarda muitos segredos que não constam nos mapas.

 

Depois de duas horas de caminhada, muita chuva e frio voltamos para o hostel para planejar o próximo o dia. O cansaço nos derrubou e comemos o miojo e bebidas disponíveis no quarto. Perdemos a neve que caiu naquela noite. ::vapapu::

 

GASTOS DO DIA: 367 RMB = R$ 183 (por pessoa)

• Taxi: 6 RMB/2 = R$ 1.5

• Ônibus para Wulingyuan: 14 RMB = R$ 7

• Ingresso para o parque: 245 RMB = R$ 123

• Lanche a noite: 8 RMB = R$ 4

• Hostel Zhangjiajie 1982: 94 RMB = R$ 47

 

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Antes mesmo de pegar a trilha as montanhas do Avatar dão as caras.

 

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Decoração excepcional!

 

Dia 9 - 23/11/16

 

Uma das coisas mais difíceis de planejar na viagem foi decidir quanto tempo ficaríamos no parque. Vi relatos na internet de pessoas que ficam dez dias por lá. Acabamos decidindo por passar a tarde do dia anterior (que foi atrapalhada pela chuva), aquele dia completo, e 70% do próximo dia, pois naquela noite teríamos um voo para o próximo destino. Olhando para trás diria que foi pouco.

 

Acordamos bem cedo e fomos ao parque dispostos a subir a montanha por uma das trilhas (se prepare para subir e descer uns quatro mil degraus) para conseguir esquentar um pouco, já que não esperávamos temperaturas negativas e não tínhamos roupas para aquele frio ::Cold::::Cold::::Cold:: . As trilhas têm chão e escadas de pedra e são bem sinalizadas, o que te deixa confiante a entrar.

 

Depois de poucos minutos na trilha descobrimos um problema que iria atrapalhar muito nossa vida: gelo. Não neve, mas sim gelo impregnado nas superfícies. Caminhar em gelo e subir escadas congeladas é um desafio que requer energia e paciência. Um acidente ali poderia ser uma catástrofe, já que era comum passar até uma hora de subida sem encontrar outras pessoas. Não imagino como um resgate poderia ser feito também. Em toda viagem não vimos um único helicóptero e hospital na China é coisa raríssima de se ver.

Não só pelo frio, mas principalmente pelo fator gelo, pondere muito antes de visitar o parque no inverno. Se decidir visitar esteja mais preparado do que nós, e leve roupas e calçados apropriados. ::putz::

 

Ainda assim nada poderia estragar o espetacular cenário que era avistado em cada curva ou claraboia. E apesar dos pequenos perrengues a motivação era ímpar. Chegamos ao topo onde encontramos várias excursões de turistas e barracas de comida. Abastecemos com chá de gengibre e omelete enquanto observávamos outros turistas escorregando/caindo no gelo.

 

Já depois das 13:00 resolvemos continuar pegando outras trilhas. Um fato interessante que eu não sabia é que a bateria do celular tem dificuldades de funcionar em temperaturas negativas. O celular desligava sozinho e descarregou rapidamente. Por sorte estávamos com a câmera da minha namorada.

 

Tínhamos planos de pegar um ônibus até um local onde pudéssemos descer por uma trilha rápida que o mapa apontava ser uma descida de 30 minutos. Depois de nos perdermos um pouco (bastante), pegar ônibus errado, ir parar em outra entrada do parque, esperar uma hora até sair outro ônibus e muita confusão, encontramos o caminho. Nessa hora um funcionário com boa vontade nos alertou que a linha de ônibus que pretendíamos pegar estava fechada por causa do gelo na estrada e quis passar um senso de urgência muito grande para nós, interpretado mais tarde como um sinal de que deveríamos correr muito para chegar de volta em Wulingyuan. Falou para um motorista que já havia encerrado o expediente para nos dar carona até determinado local.

 

Começamos então a nos dar conta que já estava tarde e que estávamos no meio do nada. Correndo muito e com muita sorte conseguimos pegar a penúltima viagem do Elevador Bailong ::mmm: , o maior elevador ‘outdoor’ que existe, com uma cabine de vidro que sobe a 326 metros. Como já estava completamente escuro não conseguimos ver nada.

Felizes por não ter passado um perrengue maior, encerramos a fria noite comendo em um despojado restaurante local, que contava com uma simpaticíssima garçonete que nos ajudou a fazer o pedido usando seu Baidu Tradutor.

 

GASTOS DO DIA: 203 RMB = R$ 102 (por pessoa)

• Pães e bolachas no café da manhã: 4 RMB = R$ 2

• Lanche no parque: 9 RMB = R$ 5

• Elevador: 72 RMB = R$ 34

• Restaurante Chinês: 24 RMB = R$ 12

• Hostel Zhangjiajie 1982: 94 RMB = R$ 47

 

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Piso de pedra nas trilas e razoável sinalização transmitem confiança para explorar o parque.

 

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Mesmo com correntes, algumas linhas ficaram inoperantes. Ah, os ônibus dentro do parque são eficientes e gratuitos (incluídos no preço do ingresso).

 

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Tire a selfie antes do celular/câmera desligar sozinho (por causa do frio).

 

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Frio estúpido, perrengues e cenários impagáveis! Faria tudo de novo.

 

Dia 10 - 24/11/16

 

Acordamos cedo para subir as montanhas por um dos teleféricos, (o mais próximo da entrada de Willinguan). Deixamos as malas arrumadas pois teríamos que pegar o ônibus para Zhangjiajie as 15h. Os chineses não brincam em serviço e sabem escolher muito bem aonde colocam seus teleféricos. A subida de uns 5 minutos é repleta de cenários que literalmente vão te deixar sem palavras. No alto da montanha a temperatura novamente estava negativa, talvez na casa do segundo dígito, fazendo com que o celular não parasse ligado e tornando dificílimo, senão impossível, ficar sem luva para as fotos. Novamente não tem o que eu escrever já que as fotos valem por mil palavras e tudo o que você consegue pensar é quando você vai voltar ali. ::love::

 

La no alto tem bastante coisa pra ver e fazer, restaurantes (inclusive Mc Donalds) e até hospedagens. O teleférico, assim como o elevador Butong, é cobrado ‘per ride’, ou seja, pra descer tem que pagar o mesmo valor da ida, o que e bom porque motiva as pessoas a descerem pelas trilhas. A trilha assim como todo resto daquele lugar é sem palavras.

 

O lugar estava repleto de gelo, e sem calçados apropriados, tínhamos que descer longos trechos de escadas engatinhando, de costas, de lado. Uma aventura a ser esquecida. Conforme fomos descendo o gelo foi sumindo e mais da metade do caminho foi feito ‘sem aperto’. Entretanto, a descida que era sinalizada no mapa (em inglês) como sendo de 40 minutos levou quase quatro horas. Apesar de termos demorado, o mapa sem dúvidas estava errado, o que pode colocar em encrenca quem deixa para fazer a trilha com o horário apertado. Somado ao fato de que a trilha era praticamente remota e deserta, um anoitecer no inverno pode facilmente resultar em catástrofe. Então tenha em mente para se programar que não existe descida/subida para parte alta da montanha com menos de 1h30-2h30 no Zhangjiajie National Park, nem no verão. ::prestessao::

 

Se pudesse voltar no tempo teria feito o contrário, subido a pé e descido de teleférico. Descer escadas exige muito mais do joelho do que subir, levando-se em conta que estamos falando de 3 mil degraus. Os joelhos que já tinham pedido arrego no dia anterior arriaram de vez e eu parecia um velho manco procurando corrimões. Acabou que daquele dia em diante na viagem não teria mais joelho para nada e recorreria a todos os corrimões, literalmente uma pessoa de mobilidade reduzida. Mas que valeu a pena valeu. Que vontade de voltar e ficar uma semana inteira no parque.

 

Voltamos, comemos no mesmo restaurante tradicional do dia anterior, pegamos a mala no hostel, escovamos os dentes e fomos para Zhangjiajie. Passamos em uma das deliciosas padarias para nos despedir. E pegamos o táxi, que cobra uma taxa extra para ir até o aeroporto, devendo o preço ser combinado antes da corrida.

A única dica referente ao aeroporto é que eles são altamente intolerantes com as revistas. Respeite o limite das baterias e jamais tente carregar isqueiro.

 

O avião para Xian decolou sem um único lugar vazio. Não se assuste com chineses fazendo grandes refeições trazidas de casa ou jogando lixo no chão do avião durante o voo. Chegando em Xian, com muita e muita negociação (MUITA), conseguimos um taxi compartilhado para o centro da cidade por 100 RBM, em uma espécie de uber pelo que eu entendi. O simpático motorista se considerava um piloto de F1 com seu Hyundai Elantra a 150 km/h, em uma pista com resquícios de neve. Me ajudou a compreender porque vídeos de acidentes de carro na China se tornam cada vez mais frequentes na internet. Chegamos no hostel 1h30 da manhã e a eficiente recepção era 24 horas.

 

 

GASTOS DO DIA: 648 RMB = R$ 324 (por pessoa)

• Teleférico: 67 RMB = R$ 3

• Restaurante Chinês: 26 RMB = R$ 13

• Ônibus para Zhangjiajie: 14 RMB = R$ 7

• Gastos na padaria: 8 RMB = R$ 4

• Passagem AéreaZhangjiajie – Xian: 453 RMB = R$ 227

• Xian Ancient City Hostel: 80 RMB = R$ 40

 

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Subida para a montanha! Ah, se quiser voltar de teleférico tem que pagar de novo (meio caro).

 

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Impagável!

 

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Impagável 2!

 

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Com vários animais em aquários na porta do restaurante, nos esforçamos para pedir comida ‘não viva’. Mas o arroz veio com bacon, que estava ótimo.

 

 

Dia 11 - 25/11/16

 

A histórica Xian é uma cidade única. Relativamente grande, mas com um ar um pouco interiorano e uma atmosfera muito agradável. Dos lugares que visitamos na China é a que as pessoas aparentavam ser mais felizes e também a cidade na qual se vestiam melhor. Ao contrário dos outros lugares em que estivemos, era comum avistarmos hospitais e ambulâncias, e também haviam padarias gostosas por toda parte. A cidade é dividida urbanisticamente por uma muralha, sendo comum para se localizar se referir ao lado de dentro e de fora da muralha. Lar de tantos imperadores, a cidade é repleta de monumentos e prédios históricos. Além de tudo, é notadamente planejada e possui ruas largas e arborizadas, o que a faz parecer uma cidade europeia no meio da china. Tudo isso surpreendeu bastante uma vez que a cidade é lembrada quase que exclusivamente pelo sítio arqueológico dos guerreiros de Terracota (Terracota Warriors), a cerca de uma hora e meia de viagem.

 

Voltando ao relato, esse foi um dos dias mais mal aproveitados da viagem, entretanto corrido como sempre. Antes de sair do hostel coletamos o máximo de informações. Tínhamos um mapa em inglês da cidade, fornecido pelo hostel, e iríamos até a estação de trem central da cidade, de onde saía o ônibus para Terracota. Após cerca de duas horas andando de um lado para o outro, trocando informações confusas com locais e sem conseguir encontrar a bendita estação desistimos de ir naquele dia. Andando por ali nos deparamos com um parque gigantesco no qual foi possível passar um tempo brincando com a neve que estava derretendo e com os cachorros de rua. Esse local acidentalmente encontrado era na verdade um sítio arqueológico gigante (gigante mesmo) chamado Daming Palace. Desistimos de entrar quando vimos no nosso guia que era necessário um dia inteiro para visitar.

 

Usando o belíssimo e eficiente metrô da cidade, fomos ao Pagoda do Grande Ganso Selvagem. Aí sim demos sorte, um monumento belíssimo que com 1300 anos de idade, e na sua frente, um dos maiores chafarizes do mundo, medindo meio quilometro de comprimento! O show do chafariz acontece todo dia a noite e teríamos que voltar ali depois. Comemos no Burguer King (precisávamos!). Fomos a outro monumento (que estava fechado) e depois à estação de trem no extremo norte da cidade comprar nossa passagem de trem para Pequim. Gastamos o restante de noite andando no movimentado e vivo centro comercial de Xian e tentando, sem sucesso, fazer umas comprinhas. As 20h30 voltamos ao Pagoda do Grande Ganso para, em meio à multidão, assistir o excepcional show do chafariz, que cumpre o que promete. Ufa!

 

O bar do Hostel estava vazio, subimos para o quarto e encerramos a noite comendo guloseimas de padaria e o usual balde de miojo, o qual a essa altura do campeonato eu já havia compreendido ser essa a mais legítima experiência chinesa.

 

GASTOS DO DIA: 124 RMB = R$ 62 (por pessoa)

• Burger King: 24 RMB = R$ 12

• Mantimentos: 6 RMB = R$ 3

• Metrô ao longo do dia: 9 RMB = R$ 5

• Xian Ancient City Hostel: 80 RMB = R$ 40

• Miojo para o jantar: 5 RMB = 3

 

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Você já deve ter visto um show de chafariz antes, mas não um em que você podia andar no meio, com meio quilometro de comprimento, em frente a um Pagode de 1300 anos.

 

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Paraíso dos eletrônicos? Não, paraíso da moda. Centenas de lojas de roupas e nenhuma Gopro.

 

Dia 12 - 26/11/16

 

Você pode visitar o sítio arqueológico de Terracota através de um tour ou pode tentar fazer você mesmo, utilizando-se de transporte público (famoso ‘Bus 5 (306)’, o que te economizará um bom dinheiro. Escolhemos a segunda alternativa. Depois de tomar um café da manhã reforçado no hostel (relativamente caro, não valeu a pena), saímos cedo e pegamos um ônibus para a bendita estação de trem. Não sabíamos como pagar e nem conseguimos, tendo ficado essa viagem de graça. Depois de muito procurar encontramos o ônibus 5 (306) que ia para Terracota. É necessário muito cuidado para não cair nas armadilhas de diversas empresas de ônibus e tours privados que tentam se passar por ‘serviço púbico’, embora, pelo que eu vi, alguns deles até valessem a pena. O ônibus público era azul e de fato se parece com transporte público. O curioso ônibus híbrido conta até com um serviço de guia (em chinês) incluído no preço da passagem que dura uma hora e meia, passando por autoestradas e cidades menores.

 

Não vou me estender sobre o sítio de Terracota em si porque com certeza não conseguiria escrever nada melhor do que os vários textos dedicados internet afora. Mas creio que seja a maior atração chinesa após a grande muralha e motivo de grande orgulho para o país. É a maior escavação arqueológica em andamento no planeta no entorno da qual foi construído um grande complexo turístico. É uma experiência riquíssima e interessante até mesmo para quem se considera desinteressado em história. É possível assistir aos arqueólogos trabalhando em tempo real. Além disso tem muita coisa na região e é possível passar dois ou três dias visitando as diversas atrações próximas (como Huaqing Hot Springs). Nas lojinhas diversas na saída de Terracota meus olhos brilharam quando me deparei com um restaurante Subway (o primeiro que encontramos na viagem até então). Ainda comemos um sorvete antes de ir embora.

 

Na volta descobrimos que trânsito na china não é brincadeira e o trajeto de volta a Xian demorou quase 3 horas, sendo que ficamos 30 minutos parados em um único cruzamento. Chegando já a noite na cidade, o mapa mal feito fez que nos perdêssemos mais uma vez, cruzando a cidade de muralha a muralha. Depois fomos à Torre do sino no cetro da cidade, já era tarde e não dava pra entrar. Acidentalmente, seguindo outros turistas, descobrimos uma das coisas mais legais da cidade e que desconhecíamos, o ‘Muslim Quarter’: uma longa rua para pedestres, muito iluminada e animada, com muitos turistas, comida e coisas pra se ver entre as chinesas fantasiadas de islâmicas e os chineses batendo uma massa com marreta gigante. Resolvemos comer no lugar que tinha mais fila, decisão que se revelou acertada, pois o pão com “carne maluca apimentada” estava divino. Ótimo para comprar lembrancinhas da China e tudo com ótimos preços. Já perto da meia noite voltamos para o hostel, pois muito cedo pegaríamos o trem para Pequim, última parada da viagem.

 

GASTOS DO DIA: 290 RMB = R$ 145 (por pessoa)

• Café da manhã no hostel: 32 RMB = R$ 16

• Ônibus para Terracota (ida e volta): 14 RMB = R$ 7

• Ingresso para Terracota: 120 RMB = R$ 60

• Lanche no Subway e Sorvete: 22 RMB = R$ 11

• Mantimentos e água: 12 RMB = R$ 6

• Comida de rua no Muslim Quarter: 10 RMB = R$ 5

• Xian Ancient City Hostel: 80 RMB = R$ 40

 

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Uma das três ‘tumbas’ do exército de Terracota. Apesar de ter bastante informação em inglês a história entorno do sítio arqueológico é complexa e exige um pouco de estudo prévio.

 

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A Torre do sino é o exato centro da cidade, dividindo a região dentro da muralha em Norte e Sul, Leste e Oeste.

 

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Passagem obrigatória, o ‘Muslim Quarter’ não tem nada de muslim. Carne suína é amplamente servida em todas as bancas e restaurantes, inclusive com carcaças penduradas do lado de fora.

 

Dia 13 - 27/11/16

 

O hostel que havíamos escolhido fica exatamente ao lado de uma estação de metrô onde se cruzam duas linhas. Tomamos café no quarto e saímos, ainda no escuro, rumo a estação de trem XianBei (Xian Norte), aonde pegaríamos o trem bala para BeiJing (Capital do Norte). Antes de viajar para a china vale a pena estudar minimamente o idioma e símbolos básicos do Mandarin. Além de ajudar durante a viagem torna tudo mais divertido.

 

Assim como as outras estações de trem bala que conhecemos na China, a estação de Xian também era colossal moderna e contava com ótima infraestrutura. O trem bala chinês tem assentos marcados, o que não impede a formação de uma grande fila no portão de embarque e um breve tumulto na abertura desses portões. Não duvido que em épocas de pico essa marcação de assentos seja totalmente desrespeitada.

 

Novamente confortabilíssimo, a grande diferença desse trem Xian-Beijing para o Shanghai-Changsha é a paisagem. Enquanto a anterior era dominada por planícies e plantações de arroz o novo cenário intercala grandes relevos, montanhas áridas, dezenas ou centenas de quilômetros de paisagens com solo em aparente erosão. Não entendo a causa dessa erosão, por isso não vou me estender no tópico, mas é assustador, principalmente se você pensar que o país tem 1,3 bilhões de bocas para alimentar. A outra diferença na paisagem fica por conta das plantações nas planícies. O arroz deixa de ser regra e o trigo passa a dominar, o que explica porque havia tantas padarias gostosas em Xian e criou ótimas expectativas da comida que nos aguardava em Pequim.

 

Chegamos a Pequim por volta das 14h e fomos para o metrô, que estava bem cheio com as pessoas voltando do trabalho, mostrando que alguns chineses aproveitam o domingo para sair mais cedo do serviço (a semana na China tem 7 dias úteis) ::quilpish:: .

 

Pequim era uma nova realidade para nós. A extensa rede de metrô faz tudo parecer próximo, mas não é. A colossal cidade de 20 milhões de pessoas é tão grande quanto precisa ser para acomodar tanta gente e os deslocamentos invariavelmente demoram muito, coloque isso na conta quando for planejar sua visita na cidade.

Sem grandes expectativas do que fazer naquela tarde fria, resolvemos tentar fazer umas compras (ainda queria minha GoPro e iria comprar eletrônicos para a família). No hostel a simpática recepcionista falava inglês suficiente para nos passar direções de como chegar no grande centro de eletrônicos da cidade, Zhongguancun, conhecido como o vale do silício chinês.

 

Saímos do hostel e fomos trocar dinheiro para as compras (sim, o banco estava aberto na tarde de domingo), depois fomos para esse centro de eletrônicos. Já estava escuro quando chegamos lá. O lugar que eu pensava ser um bairro com iluminados bulevares e lotado de lojas a la best buy era mais parecido com uma Santa Efigênia vertical na hora da chepa (Santa Efigênia é uma rua de comércio popular de eletrônicos em São Paulo). Certamente o fato de ser uma noite de domingo não ajudou, mas o lugar não passava nenhuma confiança para se comprar. Encontramos uma única GoPro que um cara falou que tinha, foi dar uma volta pra procurar e voltou depois de 15 minutos. O preço era igual ao do Brasil. Tirando os celulares de fabricantes chineses não compensava comprar muita coisa por lá.

Saímos de lá e fomos para o centro da cidade (Quiamen) procurar um restaurante que constava no nosso guia. O centro de Pequim é pouco amigável para pedestres e a maioria das avenidas são atravessadas por passagens subterrâneas, o que era de intenso sofrimento já que meus joelhos estavam falhando desde a descida da montanha em Zhangjiajie eu quase abraçava o corrimão para descer as escadas.

 

Terminamos não encontrando o restaurante chinês e comemos novamente no KFC. Entretanto, acidentalmente, não era qualquer KFC, era o primeiro da china, aberto em 1987. As paredes continham murais explicando a expansão da rede no país “comunista” desde sua inauguração até o momento atual, sendo a maior rede de restaurantes do país, com mais de cinco mil lojas (mais unidades do que nos Estado Unidos). Impressionante, não?

Demos mais uma volta pelo vazio e frio centro ::Cold:: , até que jogamos a toalha e resolvemos voltar para o hostel, onde desabamos.

 

GASTOS DO DIA: 655 RMB = R$ 328

• Entradas no metrô (1 em Xian e 4 Pequim): 18 RMB = R$ 9

• Trem Bala Xian - Pequim: 516 RMB = R$ 258

• KFC: 23 RMB = R$ 12

• Happy Dragon Courtyard Hostel Dongsishitiao: 98 RMB = R$ 46

 

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Eles vendem muitas "cachaças"... Essa bebidinha da foto é a única bebível (e é muito boa!)... Salvou a viagem e as pontas dos dedos de não congelarem em vários momentos.

 

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Uma cidade com 20 milhões de pessoas. Mas elas não saem de casa em noites geladas.

 

Dia 14 - 28/11/16

 

Com a previsão de sol não pensamos duas vezes. A meta do dia era acordar cedo e visitar a tão aguardada muralha. Existem dois pontos principais para se visitar a muralha a partir de Pequim: Badaling e Mutianyu. Badaling é mais popular, pois existe um serviço de trem muito eficiente e barato que vai até lá. Entretanto é o ponto mais comercial e cheio, e pelo que eu andei lendo por aí, chega a ser insuportável na alta temporada.

 

Mutianyu não é tão acessível quanto Badaling, entretanto também é restaurada e é bem menos cheia, além de ser possível descer a muralha de escorregador, em uma espécie de carrinho (pesquisem por “Mutianyu slideway” no youtube). Para chegar lá o melhor é ir de taxi (para ir de ônibus era bem complicado, uma vez que era necessário descer em uma rodovia para pegar outro ônibus). Existem outros pontos para se visitar a muralha que devem ser cogitados na alta temporada. Durante o inverno eu aconselho muito ficar nas duas principais.

 

O tour para Mutianyu custava muito caro no hostel, e na falta de tempo de procurar outro, resolvemos então ir para Badaling. Tomamos café no quarto e saímos do hostel, onde iriamos de metrô até Changping North, uma vez que a estação habitual (Beijing North) estava fechada para reformas. Depois de uma hora de viagem e mais 40 minutos de confusão, descobrimos que o trem para Badaling saía de outra estação (o site Travel China Guide estava com informação errada). Chegamos em Huangtudian e na hora de comprar o ticket vimos nosso trem partir, o próximo só as 13:20.

Frustrados os planos de conhecer a muralha resolvemos aproveitar o dia para conhecer o Summer Palace. Sem dúvidas um “must see”, foi um dos melhores dias da viagem. O Palácio de verão é um complexo de parques, lagos, jardins, templos, arquitetura, arte, religião e tudo o que você pode imaginar que representa o lado mais fino da cultura chinesa. Vale a pena comprar o ingresso completo, que dá acesso a algumas áreas internas e o mapa que é vendido na entrada. O complexo é sinalizado em inglês e tem muita informação. Programe um dia inteiro para visita-lo e torça por tempo bom para que você possa presenciar o impagável por do sol no lago Kunming.

 

Após o por do sol nos perdemos e andamos por uma hora até encontrar a estação de metrô. Aproveitamos para comprar comida. Fomos então procurar o que fazer nesse restante de noite e depois de muita confusão na estação nos mandaram para estação mais próxima da famosa Wangfujing Food Street. Novamente acertamos na decisão e o lugar é tudo o que você espera. Muita gente, movimento e comida... um pouco para inglês ver, as barracas servem espetos de tudo que se mexe: escorpiões, aranhas, cobras, insetos, etc. Tem muita comida comum também. O ótimo preço faz a oportunidade ideal para você experimentar tudo o que conseguir entre salgados, doces e o que você não faz nenhuma ideia ser. Sem dúvidas o melhor lugar para experimentar todo tipo de comida chinesa. A noite surpreendente só foi frustrada por um yakisoba insosso que comemos em uma das lojas. O bairro é ótimo para comprar lembranças, incluindo o famoso chapéu do exército chinês.

 

Acomodação em Pequim, assim como em Shanghai, é relativamente cara. Voltamos para o hostel e descobrimos que o bar, que é o principal atrativo do local, não abria na baixa temporada, sobrando apenas uma área externa para convivência, que talvez devido ao frio, não foi frequentada por ninguém da hospedaria nas quatro noites em que estivemos lá.

 

GASTOS DO DIA: 188 RMB = R$ 94

• Ingresso completo para o Summer Palace: 50 RMB = R$ 25

• Água e mantimentos do dia e para o próximo: 24 RMB = R$ 12

• Comidas em Wangfujing: 18 RMB = R$ 9

• Metrô: 16 RMB = R$ 8

• Happy Dragon Courtyard Hostel Dongsishitiao: 98 RMB = R$ 46

 

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Arquitetura, natureza e good vibes pra animar a viagem.

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Ou o gelo era fino ou os chineses não gostam de patinar. Provável que as duas alternativas estão corretas.

 

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Os escorpiões são espetados vivos e muitos assim permanecem até a hora de assar, o que achei desnecessário. E quem é que come estrela do mar?

 

Dia 15 - 29/11/16

 

Como não era dia de perder trem acordamos cedo para chegar com antecedência na estação, de onde partiríamos para Badaling. Mais cedo o metrô é muito cheio, padrão São Paulo mesmo, e a espera para entrar no trem é maior, tendo sido prudente sair com boa antecedência. O trem para Badaling é novo, bonito, eficiente e muito barato, sendo o serviço nitidamente patrocinado.

 

Da estação de trem de Badaling você pode facilmente ir andando para a entrada da muralha, mas um bait bus (ônibus isca) colorido, na saída de estação, anunciando transporte gratuito até a muralha, se torna extremamente convidativo em temperaturas negativas. Como boas sardinhas entramos no ônibus, que te deixa de frente para um teleférico que leva ao topo da muralha. Achando que era o padrão para visitar a muralha, compramos o ingresso do teleférico que já incluía as entradas para a muralha, concretizando o golpe do ônibus. (assim é pago o “ônibus gratuito”).

 

Ainda, assim como em grande parte das atrações chinesas, no teleférico eles tentam te vender uma espécie de seguro. Se você já tiver um seguro de viagem fuja dessa venda casada. O teleférico é legalzinho, entretanto não chegando aos pés daqueles em Zhagjaje, por isso não teve tanta graça. Entretanto não hesite em subir de teleférico caso você não tenha visitado as montanhas de Avatar. Antes de subir saí em busca de um copão de café para me deixar mais acordado. Uma lojinha local vendia um expresso a assustadores 36 RMB (18 reais). Saí correndo. Para fazer graça perguntei a um vendedor local onde era o KFC e prontamente me apontaram a direção :D:D:D Paguei 10 RMB em 600 ml de café (Americano, bem aguado). Deu pra nos esquentarmos bem.

 

Então subimos a marulha e... PAUSA. Você olha o horizonte, amolece um pouco e conclui que realmente é tudo o que dizem. Simplesmente fantástico. Invariavelmente você se flagra pensando como foi que fizeram aquilo, como cada uma daquelas pedras impossíveis de serem carregadas sozinhas foram colocadas ali. E ao multiplicar isso pelo seu possível tamanho (algo entre 6 mil e 15 mil km), você imagina quantas vidas e gerações devem ter sido consumidas em toda a sua extensão para que aquele monumento existisse. Enfim, chega a ser filosófico.

 

Aparte disso, mesmo com temperatura negativa o local estava bem cheio. Entretanto a multidão estava concentrada na saída do teleférico e se afastando um pouco já era possível ter tranquilidade para admirar o horizonte e tirar boas fotos. A atmosfera do local é muito boa, com todos felizes e passando pela mesma sensação que você. Escolhemos um lado para caminhar e após quinze minutos encontramos a verdadeira entrada da muralha, que era totalmente desvinculada do teleférico e custava menos da metade do preço que pagamos.

 

A muralha, mesmo totalmente restaurada, é bem íngreme, chegando a ser quase necessário escalá-la em alguns pontos. Continuamos caminhando por uns 30 minutos e a presença de gelo no piso de pedra foi se tornando mais frequente, até que em determinado ponto, o piso estava completamente vitrificado e era proibido prosseguir, o que evidencia que os administradores da muralha derreteram o gelo da extensão da muralha por onde andamos.

Na volta uma parada no Subway para reabastecer. Embora quiséssemos ficar para aproveitar a neve que começava a cair precisávamos pegar o trem de volta para Beijing, porque à noite iriamos a uma Peking Opera (espécie de ópera teatral regional), sendo necessário antes passar no hostel para se vestir adequadamente.

 

Com muita confusão e atraso da minha parte (desci na estação errada, minha namorada quase me matou), chegamos atrasados no Lyuan Hotel, aonde assistiríamos a ópera. Entretanto a pessoa com quem reservamos o ingresso promocional pela internet não estava lá (site Beijing Theathre). A concierge do local que felizmente falava inglês bem fez umas ligações, mas não encontrou a pessoa, entretanto nos ofereceu uma suposta “exceptional offer” onde ao invés de ficar na plateia, ficaríamos nas mesas e teríamos ‘tea’ e ‘some finger food’ disponível, tudo isso por só 80 RMB a mais. Acho que essa proposta só foi feita porque era um dia de semana e era baixa temporada, porque fomos acomodados em uma mesa imediatamente a frente do palco com ótima comida, o upgrade foi ótimo. E apesar do atraso felizmente o show não havia começado.

 

Sobre a Peking Opera é algo muito específico e característico que eu absolutamente não sei como descrever, mas que provavelmente agrada aqueles que têm cabeça aberta para arte e para música, o que felizmente era o nosso caso. Por sorte, havia um painel narrando à estória em inglês, o que fez a apresentação ser compreensível! No final das contas apesar de um pouco caro valeu bem a pena. Na saída constatamos que uma série de personalidades já se sentaram nas mesmas cadeiras que estávamos. Voltamos para o Hostel e desmaiamos.

 

GASTOS DO DIA: 443 RMB = R$ 221

• Trem para Badaling: 8 RMB = R$ 4 (absurdamente barato)

• Café em Badaling: 5 RMB = R$ 3

• Teleférico e entrada para a muralha: 80 RMB = R$ 40

• Subway: 20 RMB = R$ 10

• Peking Opera = 220 RMB = R$ 110

• Metrô: 12 RMB = R$ 6

• Happy Dragon Courtyard Hostel Dongsishitiao: 98 RMB = R$ 46

 

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Essa foto não tem nada demais, exceto pelo fato que é a estação que teriamos que encontrar na hora de ir embora (Badaling). Viajando na china fotografe os locais que você precisa ir para facilitar quando tiver que pedir informações sobre eles sem saber pronunciar uma única palavra.

 

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Muralha!!!!!!

 

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Peking Opera no teatro Lyuan: Na baixa temporada o teatro fica praticamente vazio, embora as performances aconteçam diariamente. Sentamos no mesmo lugar onde Margareth Thatcher se sentou. (Foto da Internet)

 

Dia 16 - 30/11/16

 

Último dia antes do embarque! Acordamos cedo e tomamos café no Hostel “irmão”, na mesma rua (comida gordurosa, ruim, bem cara e que deu dor de barriga) e então saímos para visitar a ‘Forbiden City’.

Antigo Palácio Imperial da China e hoje patrimônio mundial da humanidade a Cidade Proibida é demais para quem gosta de arquitetura e arte. Trata-se do mais perfeito exemplar da tradicional arquitetura chinesa dos palácios. Foram projetados e executados de uma forma tão bela, sendo inacreditável pensar que aquelas construções foram feitas no século 15!

 

Visitar a Cidade Proibida é bem fácil, basta descer na Estação Tiananmen East e caminhar. Chegue tão cedo quanto puder pra evitar as multidões e escolha roupas e sapatos confortáveis porque sua caminhada dentro da cidade será longa. Como padrão para acessar qualquer espaço público com acesso controlado na china, antes de entrar é necessário passar todos seus pertences em uma máquina de raio-x, o que explica parte da demora no acesso. E não esqueça passaporte! De forma geral, a infraestrutura ao turista é muito boa. As placas estão escritas em Chinês e Inglês, há vários banheiros, lanchonetes e lojinhas de souvenirs.

 

Logo na entrada são oferecidos vários serviços de guias aos visitantes. Contratamos um áudio-guia que era mais barato (40RMB) e tinha em português! O áudio-guia nada mais é do que um pequeno aparelho com fone de ouvido. Outra coisa legal é que o aparelho tem um mapa com os principais pontos de visitação, ele reconhece sua localização e automaticamente começa a contar as histórias e curiosidades daquele ponto. Além de acender uma pequena lâmpada de posição, o que facilita bastante porque é fácil demais se perder dentro da muralha.

 

Como o tempo era curto, apenas meio período (à tarde faríamos compras!), Focamos em conhecer a arquitetura. Tente reservar um dia inteiro para conhecer a Cidade Proibida, pois só assim conseguirá ver tranquilamente o que for de seu maior interesse. Pois não deu pra entrar dentro da maior parte das construções e museus.

Você iniciará a visitação seguindo o eixo Norte/Sul, nele encontrará os palácios mais importantes, onde o imperador exercia suas atividades como líder. Acostume-se a ficar de queixo caído ao ver tanto luxo e ostentação imperial. Cada palácio tem sua função específica e seu grau de importância. Olhe para o telhado e veja que nas pontas existem diversas estatuetas de animais. Quanto mais animais, mais importante é a construção.

 

Todas as construções foram feitas em madeira e isso se torna ainda mais espantador ao pensar, como eles eram capazes de fazer algo tão grandioso naquela época. O grau de detalhamento das construções é extremamente absurdo, quase tudo já foi restaurado, motivo de estarem tão vibrantes e preservados. E como os chineses amam dragões, é claro que não faltará oportunidade de vê-los em várias formas, tamanhos e posições.

Seguindo pelos vermelhos portões laterais, você encontrará as residências imperiais. E por um instante, se sentirá em uma cidade cenográfica! Particularmente, achei que este espaço parecia um labirinto. Por sorte estava mais deserto, o que rendeu ótimas imagens.

Quando pensei que a visita estava no fim, eis que surge uma das surpresas mais agradáveis. O Jardim Imperial! É onde você entende o que seu professor tentou ensinar nas aulas de paisagismo! É um ambiente completo. Ele impacta visualmente porque é exuberante, e aos pouco você começará a perceber a volumetria das árvores, a beleza das flores, os espaços de sombra, as esculturas... Enfim, tudo lá parece não existir de forma isolada e sim como parte de um projeto harmônico e perfeito, muito além da nossa imaginação.

 

Já à tarde, saímos de lá para fazer compras, pois parentes queriam celular computador, enfim... Comemos no Mc’Donalds e depois fomos a uma grande loja de eletrônicos, mas não encontramos nada diferente. Entretanto em frente a essa loja encontramos o inesperado: Walmart!

 

Aquilo sim é o paraíso das compras. Tirando eletrônicos (que era o foco inicial) havia de tudo lá, corredores de doces diferentes, cervejas diferentes, bebidas diferentes, alimentos diferentes e tudo muito mais barato do que havíamos visto até então na viagem! Teria feito muito bem ter encontrado um Walmart antes, entretanto fez mais ainda termos encontrado no final. Compramos litros daquele saquezinho de abacaxi que mencionei anteriormente (uma garrafa mais bonita que a outra). Compramos tanta coisa e tanto doce que o único jeito de voltar para o hostel era de táxi, em pleno horário de pico.

 

Voltamos para o hostel e estava passando a queda do avião da chapecoense no noticiário chinês. Tomamos banho e fomos para Salitun, bairro supostamente boêmio de Pequim. Não sei se a noite chinesa acaba cedo ou se é porque estava frio, mas o bairro estava meio vazio e miado. Perto da meia noite voltamos para o hostel para arrumar as malas.

 

GASTOS DO DIA: 276 RMB = R$ 138 (por pessoa)

• Café da manhã no hostel: 53 RMB = R$ 27

• Metrô: 9 RMB = R$ 5

• Forbiden City: 40 RMB = R$20

• Audioguide: 20 RMB = R$10

• McDonalds: 24 RMB = R$ 12

• Doces e outras guloseimas: 16 RMB = R$8

• Táxi: 16 RMB = R$ 8

• Happy Dragon Courtyard Hostel Dongsishitiao: 98 RMB = R$ 46

 

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Forbiden City! Chegue cedo, se prepare para filas e não esqueça o passaporte!

 

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Atenção ao detalhe, excepcional!

 

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Casa aonde o imperador levava suas convidadas para "ver as estrelas".

 

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Só na china o Walmart vende "comida viva".

Dia 17 - 31/11/16

 

Saímos do hostel com quatro horas e meia de antecedência para o voô e, portando as pesadíssimas malas resultantes da compulsão do dia anterior, não havia como utilizar o transporte público. Um transfer a partir do hostel custava absurdos 300 RBM enquanto lemos na internet que um taxi era menos da metade disso. Fomos à avenida pegar táxi e entre muitos motoristas que não paravam e outros que paravam e recusavam a corrida conseguimos entrar em um táxi que topou, sendo necessário então apenas rezar muito para que ele tivesse entendido que queríamos ir para o aeroporto internacional.

 

De repente nos deparamos com uma variável não computada: trânsito. O trânsito era impressionante e todos os motoristas simplesmente desligavam o carro pra esperar ele passar. O fato de chingarem pouco mostrou que aquele trânsito era esperado, o que me faz entender porque alguns taxistas recusaram a corrida. Começa a bater aquele nervoso, de estar parado no meio do nada sem sequer saber se está indo para o lugar certo e se vai acertar o terminal.

 

No final das contas deu tudo certo ::mmm: e o motorista, que entendeu que estávamos atrasados, passou a se comportar como um piloto de F1 e nos deixou na porta de embarque do nosso terminal. Ganhou uma gorjeta de 30 RMB e ficou muitíssimo feliz. Entre sair do hostel e chegar ao aeroporto demoramos 2h30.

 

O voo de volta para Frankfurt começou repleto de paisagens espetaculares. Entretanto na Rússia ficou tudo nublado e não vimos mais nada. Esse voo é muito curioso, pois se voa no sentido de giro da terra quase que paralelo ao equador. Saímos de Pequim meio dia e após dez horas de voo pousamos em Frankfurt às 15h. Como na escala da ida conhecemos os pontos turísticos aproveitamos essa volta para fazer mais umas compras e comer boa comida. A cidade estava enfeitada para o Natal. E nas lojas, com muitas pessoas falando português (na China encontramos só dois brasileiros), caiu a ficha que a viagem chegara ao seu final. ::essa::

 

GASTOS DO DIA = R$ 94

• Taxi para aeroporto: 66 RMB = R$ 33 (para cada um, inclui gorjeta)

• Bilhete DayPass em Frankfurt: R$ 32 (trem e metrô)

• Alimentação em Frankfurt: ~R$ 29

 

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Aqui da pra ver bem o modelo de habitação chinesa explicado no relato (foto tirada sobrevoando a Mongólia interior, uma província chinesa)

 

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A Mongólia (dessa vez o país mesmo) não parece ser um lugar agradável para se visitar no inverno.

 

Coisas importantes não mencionadas durante o relato:

• O passe de metrô em todas as cidades vale apenas para o dia.

• É comum diferentes linhas de metrô pararem na mesma plataforma, fique de olho na cor do trem, símbolos e avisos sonoros.

• Guarde todos os seus bilhetes e ingressos de atrações, pois eles frequentemente pedem na saída.

 

É isso pessoal. Escrever esse relato foi um exercício de memória muito agradável. Após umas 25 horas de escrita e muita colaboração da minha namorada que ajudou a lembrar de tudo revisou e até escreveu umas partes, este relato virou um pequeno livro que vou poder guardar para vida sobre uma viagem espetacular que fizemos. Espero ajudar quem pretende ir para lá. Qualquer dúvida é só postar :wink:

Que sonho de viagem! Fiquei babando nas fotos aqui. A China não estava nos meus planos recentes mas a vontade de conhecer o país tem crescido cada vez mais.

Abraços,

Gustavo Woltmann

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  • 4 meses depois...
  • Membros de Honra
Em 12/11/2020 em 13:53, FCRO disse:

@vitoramadeu

vocÊ chegou a pesquisar alguma coisa para ir para o TIbet?

sei que precisa de autorização especial...

Eu pesquisei quando fui e acabei desistindo porque para entrar pela China a burocracia é muito grande. Deixei para ir em uma próxima viagem entrando pelo Nepal que é bem mais tranquilo.

Quando pedi o visto da China me deram 30 dias de visto (você pode pedir mais dias, mas geralmente eles só dão 30 dias). Quando chegar na imigração não pode deixar eles desconfiarem que você quer ir pro Tibet, senão nem entra, mesmo com visto. Na hora de pedir o visto também não pode falar nada que vai pro Tibet.

Uma vez já estando na China você pode solicitar a permissão para ir ao Tibet, que se me lembro bem demora umas 2 semanas para ficar pronta, se for aprovada.

Não é impossível, mas é trabalhoso, e como tinha outros lugares na China que eu queria conhecer ficaria com o tempo bem apertado para fazer tudo em 1 mês. Ainda mais se levar em conta que o deslocamento até lá a partir das outras cidades grandes da China pode levar até 5 dias de trem, e o avião não é recomendado por causa da altitude.

Por causa desses empecilhos pouquissimas pessoa vão ao Tibet via China, muito mais tranquilo ir pelo Nepal.

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