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Atacama-Mendoza-Santiago Dez/2010: relato de viagem com fotos e tracklogs.


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Bem, já fiz várias viagens com dicas do “mochileiros” e me senti na obrigação de contribuir um pouco mais. Assim, recém chegado de um roteiro Atacama-Mendoza-Santiago, resolvi deixar a preguiça de lado e dedicar algum tempo a um relato de viagem que possa fornecer informações úteis a outras pessoas que eventualmente se proponham a este roteiro.

 

Antes de começar, vou descrever o meu perfil de viajante, no meu entender necessário a compreensão das minhas impressões da viagem. Obviamente, se o seu perfil for diferente, convém relativizar minhas opiniões, adaptando-as ao seu próprio perfil.

 

A primeira observação que faço: tenho limitações de tempo, por isso costumo ir de avião até o destino. Ir de carro desde a minha cidade normalmente está fora de cogitação em função do tempo que se gasta até chegar "onde interessa”. Por outro lado, acho que posso me considerar um viajante “autônomo”. Gosto de parar onde e quando quero, fazer meu próprio roteiro e adaptá-lo a vontade durante a viagem. Também gosto de fotografia, e paro freqüentemente no meio do caminho para tirar fotos de paisagens, animais, etc. Por isso, não me adapto de forma nenhuma ao “estilo CVC”: aquele com hora para acordar, hora para sair, hora para parar, hora para tirar foto, hora para voltar à estrada. Assim, além de ir de avião, costumo alugar um carro para usufruir desta “autonomia”.

 

A segunda observação: gosto de um certo conforto: dormir em uma cama legal, com privacidade e instalações limpas. Além disso, entendo que comida faz parte da viagem, por isso procuro conhecer os bons restaurantes, ao invés de me limitar às pizzas e sanduíches. Já viajei um pouco pela América do sul: duas vezes em torres Del paine, duas em el calafate, duas em pucón, puerto varas, frutillar, san martins de los Andes, vila la angostura, bariloche, ushuaia, el chaltén, cordillera blanca (norte do peru). Fiz também a trilha inca de 4 dias no inverno, sem banho, com direito a “el niño”, pegando chuva e neve, dormindo em barraca a -8 C. Subi o Villa Rica duas vezes, fiz alguns trekkings em TDP e Chaltén. Digo isso para deixar claro: apesar de gostar de conforto, não sou “fresco”. Aguento muito bem um certo tipo de “perrengue”, me divertindo muito. Aliás, caminhar o dia todo só para tirar uma foto legal, não é nem “perrengue” para mim.

 

Feita essa introdução, ao roteiro. As fotos seguem mais ou menos a sequência do relato, e são uma seleção rápida das mais de mil que tirei.

 

Viajamos um casal, e procuramos equilibrar um roteiro mais “rústico” (o Atacama) com um mais urbano (Mendoza). Santiago veio de brinde, já que teríamos obrigatoriamente de passar por lá. Peguei uma passagem de milhagem da TAM no trecho minha cidade-SP-Santiago-Calama e Santiago-Minha Cidade na volta. Pagamos cerca de R$ 400 pelas taxas de embarque, mas aqui começou um problema: o trecho Calama-Santiago. Como é bem conhecido, a LAN tem preços diferenciados para quem compra no chile e quem compra de outros países. Se você acessa pelo Site da LAN internacional, paga o triplo do que se estivesse acessando do Chile. Se entrar pelo site chileno, não aceita seu cartão de crédito. Além disso, um trecho só de ida (ou volta) pela LAN é mais caro (!) que ida e volta, o que obriga a comprar dois trechos e jogar um fora!!

 

Existem outras duas companhias que fazem esse trecho: A SkyAirlines ( http://www.skyairline.cl/) e a Pal (http://www.palair.cl/). Optei pela Sky, fiz a compra pelo site da empresa ( tem que ter paypal), recebi o email de confirmação, o vôo foi pontual, e o serviço de bordo e o espaço entre as cadeiras é melhor que TAM/LAN. Recomendo. A PAL só faz o norte do Chile, mas vi o stand da empresa no aeroporto de Calama, e teve um vôo deles que saiu um pouco antes do meu: pontual, cheio, e o avião me pareceu em boas condições. Paguei R$ 294,00 pelo trecho.

 

San Pedro de Atacama.

 

Pela Internet fiz as reservas de Hotel e Transfer. Ficamos no “Casa de Don Tomás”, diária de R$ 224,00 por casal. Hotel simples e caro por um padrão geral de avaliação (sem televisão, por exemplo), mas se avaliado por um padrão “Atacama”, é adequado e com preço justo (não se esqueça que estamos num deserto). As instalações são muito bem limpas, o restaurante tem uma comida excelente, o staff é muito atencioso. Do mesmo nível de custo-benefício tem o Hotel Kimal. Fica cerca de 400 mts do centro de San Pedro, o que dá uma caminhadazinha. Não vou descrever a cidade ou o estilo das construções, já que estas informações estão disponíveis em outros relatos aqui. O transfer Calama-SPA foi reservado pelo pessoal do Hotel, salvo engano pela Licancabur, custando em torno de U$ 45,00 por pessoa, ida e volta. A viagem dura em torno de 1 hora e meia, salvo engano. Aqui vc acessa o site da Licancabur, com preços e maiores informações: http://www.sanpedroatacama.com/ingles/ot-transfer.htm .

 

Chegamos a noite em SPA e jantamos no Hotel, duas pessoas por R$ 84,00: duas entradas, dois pratos principais e bebidas. Fui em dezembro, calor de dia (pode usar bermuda, tênis e camiseta) e esfriando um pouco a noite (jeans, tênis e camisa "meia estação" (tipo um moleton). Alguns passeios, como El Tatio, por exemplo, podem atingir temperaturas negativas mesmo no verão. Entenda que várias roupas de verão umas sobre as outras não fazem uma única de inverno. Nesse link abaixo vc encontra um excelente tutorial sobre isso:

 

como-vestir-se-em-locais-frios-sistema-de-camadas-anorak-fleece-underwear-t32962.html.

 

No caso de ter que encarar o frio, leve roupas apropriadas, compre ou alugue lá.

 

É possível comprar algumas roupas em SPA: tem loja da North face e da Columbia. O preço é caro por causa das marcas mesmo: é o mesmo de Santiago. Para o verão, acho interessantes aquelas calças tipo “cargo” que viram bermudas. Com duas delas você tem duas calças e duas bermudas: não ocupam lugar na mala/mochila nem pesam como calça jeans, além de secarem rapidamente quando lavadas e não precisarem ser passadas. Custam em torno de 50.000 pesos (algo como 170 reais) em SPA, o mesmo preço na North Face do Shopping Arauco em Santiago.

 

Bem, pelo meu perfil de viajante, minha primeira intenção foi alugar um carro em Calama e fazer todo o resto por minha conta. Fui demovido da idéia por conselhos de viajantes aqui do mochileiros, sob os seguintes argumentos:

 

1) As estradas seriam muito ruins.

2) Em vários locais não existiriam estradas, com alto risco de se perder no deserto.

3) O risco acima se entenderia até a possibilidade de acidentes.

 

Assim, pelo que vi, a primeira limitação do Atacama: não seria fácil fugir do “esquema CVC”. Os passeios deveriam ser contratados em agências, e realizados em grupo, com motorista e guia. Uma alternativa seria alugar um 4 x 4 e contratar um guia privado a U$ 100/dia, o que aumentaria em demasia o custo da viagem.

 

Fechamos então os passeios em bloco com a Atacama Connection. Em SPA tem muuuitas agências, uma ao lado da outra, e eu sou um pouco impaciente para ficar comparando preços. A única razão por termos escolhido essa agência foi porque “fomos com a cara” dela. Nosso roteiro foi o seguinte:

 

Dia 1: Laguna Cejas

Dia 2: Salar de Tara

Dia 3: Lagunas Altiplânicas

Dia 4: Lagunas da Bolívia

Dia 5: El Tatio e Valle de La aluna.

 

A descrição de cada um deles:

 

Laguna Cejas: o mais tranqüilo deles. Pegamos o micro ônibus na sede da agência, ele te leva primeiro até a laguna propriamente dita, que parece um daquelas do nordeste brasileiro, com uma praia de areia branca nas bordas. Porém, após um pequeno trecho raso de água transparente, tem um buraco verde de incríveis (segundo nosso guia) 1600 metros de profundidade, em que, em função da alta salinidade da água, você não afunda. A paisagem não me pareceu nada fora do comum, mas a sensação de não afundar na água é bizarra. Uma experiência que deve ser vivida. Depois da laguna cejas nossa “excursão” (!!) pára nos “ojos Del salar”, dois buracos com água, literalmente no meio do nada, onde o pessoal toma um banho para tirar o excesso de sal da laguna cejas. O passeio termina no por do sol da laguna tebinquiche. Esta é a paisagem mais bonita do dia, com uma borda de sal, a laguna e as montanhas ao fundo, com a lua de brinde. A mudança de cores enquanto o sol baixa é fantástica.

 

Minha impressão: o passeio vale a pena, é bem tranqüilo, e DÁ PARA FAZER SOZINHO. Recomenda-se um 4x 4 (há trechos de areia no caminho, com risco de atolamento). Fiz o tracklog com um GPS Garmin, que está disponibilizado junto com os outros, ao final do tópico. Os riscos são: ficar atolado na areia (dificilmente ocorreria com um 4x4 , e não faltaria ajuda, já que o trecho é movimentado), ou....cair num buraco dos ojos sel salar, e aí já era...de qualquer maneira, marquei os dois buracos no GPS, (marquei um, caminhei até o outro e marquei) e com um mínimo de cuidado, sem sair dirigindo como se estivesse no Rally Dakar, as chances disso acontecer são mínimas.

 

Chegamos ao hotel no começo da noite, e jantamos uma massa no Restaurante “La esquina”, lugar interessante, comida trivial, pagamos R$ 40,25, para os dois. O almoço tinha sido no “La Estaka”, R$ 80 para os dois, comida excelente (lembro de ter comido um risoto de camarões equatorianos)

 

Salar de Tara: Maravilhoso, imperdível. Você acorda cedo e volta no começo da noite, é passeio de dia todo, e não é dos mais baratos, já que não é toda agência que faz, e é preciso um mínimo de pessoas (ou vc paga por 4 e faz um tour privado). Na nossa caminhonete (uma Hilux modelo novo) fomos nós dois, um casal de Curitiba e o motorista. Outros carros vão junto, em uma espécie de Comboio. A maior parte do passeio é realizada por volta de 4000 mts, altitude atingida logo depois de vc sair de San Pedro, próximo à fronteira da Bolívia. Há várias paradas no caminho, em uma laguna cheia de Flamingos e outros pássaros; em um local em que existem curiosas e imensas formações rochosas, parecidas com os moais de páscoa (é impressionante como essas pedras aparecem no meio do nada). Salvo engano se chamam “Monges de pakana”. O almoço foi realizado em meio a algumas destas formações. Infelizmente, ao chegarmos ao salar de tara propriamente dito, o tempo estava encoberto, havia um chuva de granizo bem fino e um pouco de neve. No retorno passamos ainda por outras formações rochosas chamadas “catedral de Tara”. No caminho de volta uma nuvem com as cores do arco-íris pôde ser vista da estrada, bem como lhamas e vicunhas. O problema foi a altitude: tive dor de cabeça e náusea, o que, convenhamos, limita o aproveitamento, esteja vc no atacama, em paris ou em casa. Fui o único a ter problemas, os demais estavam numa boa. NÃO RECOMENDO FAZER SOZINHO: o lugar é ermo, isolado, pouco tráfego, e se seu carro quebra (ainda que vc esteja com um guia local) pode não ser fácil conseguir ajuda. A alternativa é seguir o Tracklog que eu fiz do caminho, e em comboio. Se você está com um grupo de amigos em mais de um 4 x 4, com gente acostumada a fazer trilhas (que sabe navegar pelo GPS, entende um mínimo de mecânica e domina certas situações), acredito que dá para fazer por sua conta. Jantamos no Hotel a R$ 85,00.

 

Abaixo você pode ver o perfil de elevação do passeio por kilômetros. São dados reais extraídos do GPS. Cada faixa horizontal equivale a 200 mts de elevação. Note que em apenas em cerca de 20 km (Entre os 20 e 40) subimos de próximo de 2500 mts (altitute de SPA) até cerca de 4000 mts, onde permanecemos quase o passeio todo:

 

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Lagunas altiplânicas: super tranqüilo, pouca caminhada, paisagens bonitas. Dá para fazer sozinho. São duas lagunas de altitude, uma ao lado da outra, com alguns Flamingos e outras aves. Não é possível chegar perto da água, por ser área de preservação. No nosso passeio, passamos pelo salar de atacama, onde é recomendável um 4x4 em função da areia. É um salar diferente, que por ter água no subsolo, esta ao evaporar dá um aspecto diferente ao salar, que não fica “liso” como o de Uyuni. Tem um lago com Flamingos. O almoço foi na Casa Piedra e o Jantar no Blanco, ao custo de R$ 66,50 e 73,15, respectivamente. O almoço foi melhor.

 

Lagunas da Bolívia: Semelhante, em estilo, ao salar de tara. Muito mais bonitas que as laguna chilenas. Não é um passeio comum, poucas agências se dispõem a fazer, é necessário um número mínimo de participantes (4) ou você paga pelos outros e faz privado; é de dia todo, é em altitude, e é lindo. Você acorda cedo com o micro ônibus no hotel....é da colque tours, embora você possa ter comprado o passeio em outra agência (no nosso caso a Atacama Conecction). Você vai até a fronteira com a Bolívia junto com a galera que vai ao salar de Uyuni, com um motorista maluco ultrapassando em faixa-dupla (boliviano?). Feitos os procedimentos de migração, os grupos são separados: fomos eu e a namorada, três irmãs cariocas e um outro motorista, em uma Hilux 1900 e alguma coisa...Tomamos café da manhã em uma estrutura próxima à laguna Blanca ( sem maiores atrativos, fora o tamanho e alguns flamingos) e rumamos para a laguna colorada. O caminho é todo feito em altitude em torno de 4000 mts, chegando a 5000 em alguns trechos. Passamos por paisagens bizarras, onde pedras de vários tamanhos, algumas imensas, parece que foram colocadas com a mão em uma cobertura de areia/pedregulhos que parecem um carpete. Paramos em uma estrutura com banheiros e uma piscina termal, na borda de uma laguna, e depois de algum tempo passamos pelos gêiser Sol de la Mañana, e chegamos a laguna colorada, de cor vermelho-sangue (graças a determinados micro-organismos que lá vivem), com vários Flamingos, vicunhas, patos selvagens e outros pássaros, onde almoçamos um pic-nic na beira do lado. A paisagem é bizarra, surreal. Na volta, ao pararmos no mesmo local da piscina termal, escutei um barulho no carro, como o de uma lata de refrigerante vazando, e que o mototista não deu maior importância. Depois de algum tempo o carro esquentou, ele parou, desceu, abriu o capô e verificou vazamento em uma mangueira. Amarrou um cinto (o dele), pegou uma garrafa de coca-cola de 2 L e virou dentro do radiador. Juntamos toda nossa água e foi-se para dentro do radiador também. Ele voltou pelo mesmo caminho a fim de conseguir mais água em uma laguna que havíamos passado. Fez uma média de 90Km/h em um trecho em que havia passado a 30 km/h, eu estava com o GPS na mão, ligado nas duas ocasiões. Aquela caminhonete velha literalmente “rebolando” na areia e pedregulhos do deserto, correndo um risco real de capotamento. Em descidas ele desligava o motor para não ferver de vez. Pelo que li em outros relatos aqui, tal situação é comum. Achada a laguna, água foi colhida em garrafas pet e adicionadas ao radiador da Hilux.

Na volta paramos na laguna verde, onde nem descemos do carro, por motivos que explicarei mais a frente. Chegamos a noite em SPA, e jantamos no hotel (R$ 53,00). Cancelamos os passeios de El Tatio e vale de la luna do dia seguinte, no qual ficamos descansando, minha namorada ainda "bem mal" por causa do passeio do dia anterior. Almoçamos no Adobe (R$ 36,00) e jantamos no Hotel.

Abaixo você pode ver o perfil de elevação do passeio por kilômetros. As observações são as mesmas para o gráfico anterior, notando-se que a altitude aqui é maior:

 

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Impressões gerais: o Atacama vale a pena. Se pudesse resumir em cores, seria vermelho-alaranjado: a terra, a areia e as pedras em vários tons de marrom, mudando de cor de acordo com a incidência da luz. São paisagens literalmente bizarras, surreais. Porém, a viagem para lá tem algumas limitações:

 

1) É difícil sair do esquema CVC.

2) O Atacama cansa: o batidão dos passeios todos os dias, acordando cedo, passando o dia dentro de um carro, voltando pregado...às vezes faz você esquecer que está de férias.

3) A altitude pode estragar seu passeio. Eu tive fortes dores de cabeça e náusea no Salar de Tara. Aconteceu o mesmo nas lagunas da Bolívia. Minha namorada não teve absolutamente nada no Salar de tara, mas passou mal no das lagunas da Bolívia. Uma das irmãs cariocas vomitou o tempo todo na volta do caminho da Bolívia. Passou mal mesmo. Dei graças por ter cortado Uiuny na viagem. Prosseguir nas condições de saúde em que nos encontrávamos seria um temeridade. No mínimo, não aproveitaríamos o passeio.

 

Essas limitações nos fizeram cancelar os passeios mais tradicionais: El tatio e Vale de la Luna, no último dia. Estávamos esgotados, meio doentes, e preferimos ficar nos recuperando no hotel, já que no último dia ainda teríamos que acordar às 4 da manhã para pegar o primeiro transfer para Calama. Se eu pudesse planejar tudo de novo, faria algumas coisas diferentes:

 

Pegaria um hotel um pouco melhor, que tivesse um mínimo de atividades para passar um tempo descansando entre um passeio e outro.

Passaria mais tempo lá: acordar cedo todos os dias e chacoalhar o dia todo em uma caminhonete..bem...isso cansa...você não tem tempo de descansar, e no dia seguinte, começa tudo de novo...eu tentaria organizar os passeios de modo a alternar um “pesado” (por exemplo, Tara ou Bolívia) com somente um mais leve no outro dia (por exemplo, laguna cejas, vale de la luna...), ou mesmo ficar um dia meio a toa, no hotel ou pelos arredores da cidade, entre um e outro.

 

Eu faria assim:

 

Dia 1: fechar os passeios pela manhã em uma agência, alugar um carro e ir para a laguna cejas a tarde.

Dia 2: dar uma volta de carro nos arredores pela manhã, ir para o salar de Atacama e lagunas altiplânicas a tarde.

Dia 3: El tatio pela manhã. A tarde, ficar a toa

Dia 4: Salar de Tara o dia todo

Dia 5: De manhã, a toa. A tarde, vale de la Luna

Dia 6: Lagunas da Bolívia o dia todo.

Dia 7: Vôo a tarde em calama (ficar a toa pela manhã).

 

Pode parecer uma perda absurda de tempo, mas para mim, seria uma possibilidade melhor de aproveitamento, de lazer mesmo, de férias. Ao início falei sobre o meu perfil: caminhar o dia todo em Torres Del Paine ou El Chaltén, subir o Villa Rica, fazer a trilha Inca...isso pode parecer perrengue para alguns...para mim é diversão..caminho, paro, tiro fotos...estou cansado? Vamos parar aqui, comer algo, bater um papo...o estilo atacama sim, para mim é perrengue: nos melhores passeios você fica muito mais tempo chacoalhando no banco de trás de uma hilux velha, barulhenta, comendo poeira, do que nas atrações propriamente. A laguna colorada é maravilhosa, mas vc fica horas dentro do carro, e pouco tempo a admirando. Na trilha Inca eu cheguei a mais de 4000 mts a pé...mas já estava em Cuzco há 4 dias (cerca de 3500 mts, salvo engano). Depois cheguei numa boa a mais de 5000 mts na cordilheira blanca, mas já estava a mais de 10 dias acima dos 3500...no atacama você sobe rápido...sai de 2500 mts em SPA e vai a 5000. Se tiver algum problema com a altitude, seu passeio está comprometido: você olha aquela paisagem única, mas está com uma p...cefaléia e quase vomitando...por esta razão, nem descemos do carro para ver a laguna verde na Bolívia..você volta cansado, e no outro dia começa tudo de novo...por isso um descanso entre os passeios, na minha opinião são um investimento em um tempo de recuperação que podem lhe proporcionar mais prazer no próximo passeio....Enfim, vale muito a pena, mas com mais calma pode ser melhor...e o Salar de Tara e as lagunas da Bolívia são os melhores passeios no que se refere aos locais, porém os mais cansativos...acho que planejando bem, valem o investimento...em todos os sentidos. Se você deixar seu nome na agência com certeza aparecem outras pessoa interessadas...se não aparecerem, recomendo que vc faça o passeio assim mesmo. Valem a pena.

 

Outra coisa que faria: procuraria um médico antes da viagem, e faria um check up para tomar com segurança (sob orientação médica) um fármaco que previne o mal de altitude. Isso existe, já foi testado em vários ensaios clínicos comparando com placebo, e se mostrou eficaz. Não vou colocar o nome aqui para não estimular a auto-medicação/auto-prescrição, mas você pode consultar seu médico de confiança sobre esse assunto. Uma dica: o remédio é utilizado originalmente para tratar glaucoma, ou seja, um oftalmologista pode ser o especialista mais indicado para te orientar.

 

O preço de todos estes passeios para duas pessoas saiu por R$ 731,00.

 

Pegamos um Vôo da Sky às 9:30 em Calama com destino a Santiago, com uma escala. Chegamos por volta do meio-dia, e já estava o funcionário da locadora nos esperando. Aluguei um Toyota Yaris Sedan (parece um Corola, mas um pouco menor, a mesma proporção dos Hondas Civic/City). Aluguei pela United, (http://www.united-chile.com ) que eu já havia usado uma outra vez e tinha gostado do serviço e do carro. A sede fica em providência, onde costumo ficar em Santiago. O custo foi de R$ 1016,00, por 5 dias e meio e autorização e seguro para passar para a argentina, só estes últimos custando R$ 330, com validade de um mês.

Do aeroporto pegamos a estrada direto, parando na Buenaventura Premium outlet, que fica no caminho (San Ignacio 500, Modulo 6.)....lojas da Diesel, North face, Adidas, Puma, Lacoste e várias outras com preços com algum desconto em relação á Santiago. Na realidade os preços são semelhantes aos do Freeshop, e as opções são menores em termos de modelos e numerações. Se vc tem cerca de 1,90, com certeza achará anoraks, fleeces e tênis com goretex na Northface bem em conta, mas se seu tamanho for médio, vai ter que garimpar e ter sorte para achar algo interessante. Na lacoste é tudo igual todos os anos mesmo, então vc acha algo, mas ao mesmo preço do freeshop. Vi muitas mochilas boas da northface também, e como elas não tem limitações de tamanho, talvez valha a pena para quem quiser uma.

 

Mendoza:

Seguimos viagem: a estrada é tão bela como sinistra, passando por abismos sem guard rail ou qualquer outra proteção. Muitas cruzes pelo caminho, em homenagem aos que faleceram em acidentes. Pelo caminho vc sobre até cerca de 4000 mts, e passa por uma série de curvas em forma de cotovelo, uma após a outra, numeradas (mais de 20, com certeza, mas não me lembro o número total) chamadas “los caracoles”, com muitos trechos em obras. Você dirige uma reta de uns 50 mts, vem uma curva de 180 graus, mais uma reta, e mais uma curva de 180 graus. A velocidade de segurança é baixíssima. Abaixo duas fotos obtidas do Google Earth. Na primeira é possível observar a primeira sequência de curvas abaixo, e a segunda acima. Na segunda foto, uma aproximação da segunda sequência, onde é possível notar o abismo ao lado da estrada.

 

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Os trâmites de migração com um carro alugado são demorados, apesar de haver uma integração entre as duas aduanas. Já do lado argentino você passa por alguns lugares interessantes: a puente Del inca, uma formação natural de uma cor amarelada, a entrada do parque aconcágua (vc pode entrar de carro até um pedaço, e caminhando por 400 mts chega a um mirante na beira de uma laguna, com vista para a montanha). Há um heliporto com um helicóptero permanentemente de sobreaviso para resgate dos montanhistas, e mais a frente na estrada há um cemitério em homenagem os que morreram na escalada, só para lembrar que nem todos conseguem ser resgatados. No dia anterior a nossa volta um americano morreu na descida do topo.

É conveniente fazer a travessia em um dia todo, devagar e parando com calma nesses locais. São 360 kms de distância.

Chegamos em Mendoza a noite, ficamos no hotel Modern Mendoza, confortável e impessoal, com uma galeria de arte no térreo. Estava com uma promoção 4 x3 (quatro noites por 3), saindo portanto R$ 149/dia.

 

Mendoza é uma cidade de 1,5 milhão de habitantes, na minha opinião sem muitos atrativos. É bem arborizada, com vários parques, mas nada muito diferente. Algumas ruas lembram as ruas internas de Ipanema, algumas avenidas lembram Brasília. É um lugar para passeios gastronômicos, comer bem e beber bom vinho. Se você navega por endereços no GPS, cuidado: existem várias ruas com o mesmo nome na cidade, e convém saber certinho o Bairro do seu destino para não ficar perdido.

 

Existem muitas opções de hospedagem nas vinícolas, que ficam mais ao Sul da Cidade, porém os preços são altos, normalmente acima de U$ 400 a diária por casal. Uma boa parte delas tem restaurantes ou degustações de vinho com visitas guiadas, e algumas sistema de “Day use” para sua estrutura. Muitos turistas contratam Vans ou carros com motoristas para percorrê-las. Optei por escolher as que me interessavam, marcar no GPS e visitá-las por minha conta.

 

Catena Zapata (http://www.catenawines.com/): tem uma estrutura semelhante a uma pirâmide maia, o que atrai críticas e elogios. Tem bons vinhos, a visita é curta, e tem um espaço para degustação de vinhos, aperitivos e obviamente, compra.

 

Ruca Malén http://www.bodegarucamalen.com/ : É uma vinícola menor, com um excelente restaurante e um almoço com degustação de 5 pratos harmonizados com 5 vinhos. É preciso reserva, e o valor é de R$ 88,00 por pessoa. Imperdível. Não deixe de ir. Se você só pode gastar bem em um almoço, esse é o lugar. Se em dois, esse e o La Borgougne.

 

Cavas Wine Lodge: http://www.cavaswinelodge.com/ é um hotel/SPA no meio de uma vinícola. Os quartos consistem em alguns “bangalôs” isolados entre si, grandes e confortáveis, cada qual com uma pequena piscina. Se você se dispõe a pagar R$ 800,00/dia/casal, fora comida e serviços de SPA, garantirá um estada de luxo. Minha opção foi reservar um almoço, que é aberto a não hóspedes, ao preço de R$ 143 para dois, com vinho, entrada, prato principal e sobremesa. Boa comida, mas não bateu o Ruca Malén. Eles tem opção de “Spa/Day”, com almoço incluso. Recentemente foi objeto de uma reportagem do programa “Destino Lua de mel,” do "Discovery travel & living", e tem sido muito procurado por brasileiros em função disso.

 

Passei por diversas outras vinícolas de carro, mas não me lembro dos nomes.

 

Reservei um jantar no 1884-Francis Malmman, (http://www.1884restaurante.com.ar/) restaurante de um cheff mundialmente famoso, e objeto de relatos conflitantes no trip advisor ( de incrível-maravilhoso a horrível-péssimo). O nome (1884) se deve à data de construção do armazém que foi reformado para dar lugar ao restaurante. Arriscamos e não nos arrependemos. Um jantar excelente com entrada, prato principal, sobremesa e vinho, para duas pessoas, em um ambiente excelente, por R$ 187. É preciso reserva e ficamos na área do Jardim, extremamente agradável.

 

Jantamos outro dia no Anna Bistrô (http://www.annabistro.com/), muito bem avaliado no trip advisor (inexplicavelmente a frente do 1884). Lugar bonito, boa decoração, e mais nada especial. Na minha opinião, o 1884 é muito melhor. R$ 91 o jantar para dois.

 

Mesmo com 20 dias de antecedência, não consegui reserva no la Bourgogne, (http://www.carlospulentawines.com/) uma unanimidade em Mendoza e que só abre para almoço. Um outro vacilo que lamento foi ter perdido uma reserva no Casa Margot (http://www.casamargot.com.ar/). É um hotel champagneria com somente dois quartos, e diárias acima de U$ 400. Mandei um email perguntando se o restaurante era aberto a não hóspedes. No dia seguinte saí pela manhã e voltei no final da tarde, chequei o email e lá estava a resposta; jantar de 5 passos (harmonizando 5 pratos com vinhos e champagne da casa) mais visita à casa, por U$ 100 o casal. Liguei, mas já não havia lugar. O lugar é lindo, e me parece, pouco explorado, já que não encontrei muitas informações de quem tenha ido. Por favor, se alguém seguir estas dicas e for nesses dois lugares, não esqueça de voltar aqui e dizer como foi...estou curioso...hehehe

 

Uma atualização em Dezembro de 2011: dois casais de amigos foram em época diferentes para Mendoza seguindo essas dicas. Foi unanimidade que a Casa Margot é imperdível. Ambos disseram que foi o melhor restaurante que já foram na vida, e um deles afirmou que conhece vários em Paris, e que nenhum foi melhor que ele. Fica a dica.

 

Bem, Mendoza é isso. Não espere as paisagens alucinantes da Patagônia ou do Atacama. É um lugar para relaxar, comer e beber bem. Cidade por cidade, prefiro SP, portanto, arrume um bom lugar para dormir e durante o dia vá para os vinhedos de Lujan de Cujo ou Chacras de Coria. De carro vc tem uma boa mobilidade e passa por lugares bem interessantes. As estradas e os vinhedos são bonitos, há plantações de oliveiras, fabricas de azeite, muitas frutas na beira da estrada, etc.

 

Santiago.

 

Pegamos o caminho de volta, chuva nos caracoles, acongágua escondido pelas nuvens...resolvemos ficar mais um dia com o carro e almoçar em viña Del mar e valparaíso, que eu ainda não conhecia. Cidades interessantes, principalmente viña. A estrada é bonita e tem algumas vinícolas no caminho. Almoçamos centolla no “delícias Del mar”, restaurante com muitos turistas, mas a comida estava boa.

 

Em Santiago, pouco a dizer: sempre fico na providência pela localização. Jantamos em dois restaurantes conhecidos, o “Aqui está Coco” http://www.aquiestacoco.cl/ (R$ 255 com entrada, prato principal, sobremesa e vinho) e o “Astrid y Gastón”- http://www.astridygaston.com/web/index.php (R$ 316 entrada, prato principal, sobremesa e vinho para dois). Gostamos mais do primeiro, embora ambos sejam fantásticos. Sei que são caros, mas como já disse, a comida faz parte da nossa viagem, e como não viajamos todos os dias...Bom, para dar uma economizada, almoçamos no Pizza Napoli (11 de setembro, 1945), onde se come uma boa massa por R$ 40,00 o casal, com refrigerante/suco. É bem cheio no almoço, do pessoal que trabalha nos arredores, prova da sua qualidade. Tem várias outras opções além de massas, como carnes, frango, etc. Todos estes restaurantes ficam no Bairro providência, a uma caminhada curta do nosso bem localizado e mal conservado hotel panamericano http://www.panamericanahoteles.cl/providencia.html (R$ 187/diária/casal).

 

É isso aí...qualquer dúvida pergunte, espero que o relato seja últil no planejamento da sua viagem. Ao final do relato estão disponíveis para download os tracklogs dos passeios no Atacama

 

 

PS: Várias pessoas estão baixando os tracklogs...seria interessante se pudessem depois compartilhar suas experiências aqui: foram úteis, deu tudo certo, acham que dá para fazer os passeios por conta....? Um feedback pode ajudar mais viajantes...

 

Fotos:

 

Laguna Cejas, Ojos del Salar e Tebinquiche:

 

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Salar de tara:

 

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Lagunas altiplânicas e Salar de Atacama

 

 

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Lagunas Bolívia

 

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Estrada Santiago-Mendoza

 

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Mendoza

 

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Obrigado pela riquesa de detalhes. Irei para SPA em FEV/11 e levarei em conta algumas dicas.

Vc chegou a trocar R$ por pesos chilenos em SPA? Se "sim", é tranquilo?

Que diferença uma DSLR (ou seria SLR?) e , principalmente, um olhar "treinado" faz com as fotos !!

Percebi que alguns dias vc fotografou com o sol a pino ou com o dia bem claro, acha interessante levar um filtro ND?

Mario

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Obrigado pela riquesa de detalhes. Irei para SPA em FEV/11 e levarei em conta algumas dicas.

Vc chegou a trocar R$ por pesos chilenos em SPA? Se "sim", é tranquilo?

Que diferença uma DSLR (ou seria SLR?) e , principalmente, um olhar "treinado" faz com as fotos !!

Percebi que alguns dias vc fotografou com o sol a pino ou com o dia bem claro, acha interessante levar um filtro ND?

Mario

 

Mario, desculpe, não tinha lido suas perguntas. Não levei reais, levei somente 300 dólares (usei 100 no aeroporto de Calama para pagar o transfer, já que eles não aceitavam cartão de crédito). Usei muito cartão de crédito, e quando não era possível, sacava dinheiro em pesos chilenos direto da minha conta no Banco do Brasil nos caixas eletrônicos (tem um dentro do lugar onde fica o escritório da atacama conecction). A maioria das fotos foi tirada com DSLR, mas algumas com uma sonizinha TX5 (todas as panorâmicas, por exemplo) . Lá tem muita luz, ao ponto de vc simplesmente não enxergar o resultado das fotos no display da máquina, mas não acho que seja necessário um filtro ND, mas acho quase obrigatório usar um polarizador, pelo azul do céu. Pra quem quiser um papel de parede do céu azul do atacama, (tirei essa foto só pra isso :) )incluí um nessa mensagem, basta baixar. Está meio pesado, porque deixei em alta resolução.

Abraço.

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