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Ciririca - Carnaval é na Montanha


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Ao bater os olhos nesse tópico pode ser que o leitor venha a pensar que se trata da prática carnal reservada as mulheres. O Aurélio a define como Masturbação do Órgão Sexual Feminino. ::prestessao::

Porém devo decepcionar os mais alvoroçados com certas tendências perversas. O assunto aqui não se trata do prazer lascivo inerente ao vicio solitário da auto-erotização, e sim de uma montanha. O Pico Ciririca [siririca para alguns], pertencente a Serra do Ibitiraquire, que é mais conhecida por ser a morada do famoso Pico Paraná [O ponto mais alto do sul do Brasil]. Alguns fazem uma comparação [muito modesta por sinal] como a Serra do Ibitiraquire sendo o Himalaia paranaense. Traçando assim um paralelo entre o Pico Paraná e o Everest. Então nada mais justo que chamar o Pico Siririca de K2 paranaense.

Delírios de grandeza a parte, realmente o Siririca é uma montanha cercada de fascínio e mistério. ::Cold:: Enquanto o Pico Paraná é alvo constante de pseudo-amantes-da-natureza o Siririca permanece oculto entre as nuvens da nossa serra. O gigante é costumeiramente lembrado por ser “a montanha das placas”, em razão das antigas placas de metal que despontam de seu cume.

Bom, não quero me estender nas preliminares, então vamos logo ao que interessa. ::hahaha::

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Despertei meu interesse por essa montanha após um papo com alguns amigos que haviam tentado subi-la, mas infelizmente falharam. Sabe como é né, aquele sentimento de soberba perante o amigo - ahhh vocês não conseguiram é? Mas vocês são uns frouxos mesmo.

E ai começa a nossa primeira expedição ao Ciririca. Fui logo buscar relatos na internet, dicas com amigos, mapas, etc... E para minha surpresa não havia muitas informações sobre a montanha. Tentei contato com alguns contatos do Orkut, e salvo o colega Hilton Benke [Altamontanha.com] ::otemo:: , a maioria se mostrou pouco a vontade em dar informações de “mão beijada” para um mero mortal. As respostas foram as mais lacônicas possíveis.

Então como de costume, o negocio era por a cara e a coragem. Saímos de Londrina na véspera do carnaval e chegamos a Fazenda Pico Paraná às 23 horas. Existem 3 trilhas para ter acesso ao Siririca, as duas mais comuns saem da Fazenda do Bolinha, uma via Tucum[ Trilha de Cima], e outra contornando as montanhas por uma linda trilha cercada de cachoeiras[Trilha de Baixo]. As duas trilhas costumam ser feitas em apenas 1 dia. Mas como nosso grau de insanidade é relativamente alto, resolvemos pegar a trilha mais difícil, a que sai da Fazenda Pico Paraná e segue por uma serie de montanhas da Serra do Ibitiraquire, e que costuma ser feita em 2 dias. A equipe foi formada por Eu [Diego], Alexandre[Malinha], José Marcelo[seu Zé], José Mauricio[seu Zé, também], e do casal Paulo e Paula[Não bastasse todas as complicações que envolviam o projeto, o Paulo resolveu levar a namorada dele, que nunca havia subido uma montanha, mas que no fim das contas acabou se mostrando como a mais preparada de todos, não reclamou nem um segundo sequer].

Chegando a fazenda não perdemos tempo, headlamp’s a postos, partimos noite adentro rumo à primeira montanha da nossa escala, o Itapiroca. A caminhada é tranqüila, e apesar de ainda não conhecermos essa montanha sabíamos facilmente chegar ao seu cume. A trilha segue a mesma da do Pico Paraná por grande parte do tempo, apenas fazendo um desvio para a direita quando se esta próximo do A1[Abrigo 1 – PP]. Apesar da ausência do calor do sol que castiga os primeiros metros da subida do Getúlio [Morrim safado], não demorou para que todos começassem a suar. Fizemos a clássica parada na bica para encher os cantis e tocamos direto para o Itapiroca. A subida foi marcada por uma falação de que a gente chegaria ao cume e teria uma festa por la, um pessoal com violão, bebida e tudo mais. Meros devaneios... 8)

Chegando ao Itapiroca, logo vimos que o cume [falso cume] estava todo encharcado, montar uma barraca por ali parecia ser uma péssima idéia. Foi então que vimos um ser de túnica, com cabelos compridos e uma longa barba grisalha. Parecia um tipo de assombração, um Moisés da Montanha. Mas era ninguém menos que Sergio Maestri. Um cara figuraça! Foi uma das coisas mais inesquecíveis conhecer esse cara no alto do Itapiroca. Quando chegamos ele foi o primeiro a sair da barraca, depois saiu uma guria, e mais uma e mais outra. O que mais faltava sair dali ? Uma guitarra talvez? É... realmente existem pessoas mais loucas que a gente, o cara me subiu o Itapiroca com uma guitarra [E tem fotos pra provar hein !!!]! Então ficamos la montando a barraca e conversando sobre nossos planos com os novos amigos, enquanto o Sergio fazia um som na sua guitarra com caixa de som embutida. Metemos umas barrinhas de cereais goela a baixo e ficamos ali nas barracas, num estado semi-letárgico. Enquanto lutávamos contra o sono, éramos envolvidos pelas notas do inusitado instrumento de nosso colega.

Duas horas de sono depois e o sol já não parecia querer dar trégua. Desmontamos rapidamente as barracas, e após um breve desjejum nos despedimos dos nossos novos amigos, partindo rumo ao nosso destino. Nosso objetivo para o dia era chegar ao Pico Luar, passando pelo Cerro Verde e Taquaripoca. Subimos o cume verdadeiro do Itapiroca e logo nos perdemos ao tentar descê-lo pelo outro lado. O mais incrível é que depois disso já passei por esse ponto umas 3 vezes, e as 3 vezes que passei por ali me perdi. É um trecho bem estranho, tem de contornar o cume e descer por um lado diferente da trilha. Depois de descer um monte pela trilha errada e tornar a subir, finalmente encontramos a bendita trilha certa. Fomos descendo as encostas do Itapiroca e desviando dos imensos buracos que cercam alguns trechos da trilha, até que chegamos ao Cerro Verde. Essa montanha é excepcional pelo panorama que abre de seu cume, realmente é uma vista privilegiada de toda a Serra. Olhando para trás se vê o Tucum, a esquerda o Itapiroca, o Pico Paraná aparece a frente com toda sua imponência, mas nosso rumo era para a direita, se vê uma serie de montanhas e ao fundo nosso destino final, O Ciririca. Seguimos o trecho, e daí pra frente foi só tristeza. ::quilpish:: Perdemos a trilha por diversas vezes, e no fim das contas resolvemos que o melhor era seguir reto, independente de trilha. O coitado do Paulo foi o que acabou mais avariado, o tratorzinho seguia abrindo o mato com as mãos se cortando todo por entre os malditos bambus que impediam nossa passagem. Já perto da exaustão chegamos a um descampado que pensávamos ser parte do Pico Luar[Na verdade era o Taquaripoca, que até então desconhecíamos sua existência]. Montamos as barracas em baixo de uma chuva que não parecia querer dar trégua. As coisas estavam ficando feias... Após uma noite reconfortante em meio a um dilúvio, acordamos e resolvemos que não haveria chance de continuarmos. Cansados, sem nenhuma perspectiva de achar a trilha, não conseguiríamos chegar ao Ciririca a tempo. O negocio era voltar para o Cerro Verde, que se mostrou capaz de abrigar todas nossas barracas, e de lá voltar todo o caminho.

Chegamos sem o grande esforço do dia anterior ao Cerro Verde e lá fomos presenteados com um pôr-do-sol fenomenal. Infelizmente foi o sol se por e o tempo fechou com extrema rapidez, parecia que aquilo havia sido combinado, não demorou nem 1 minuto. Foi o sol sumir no horizonte e fomos cercados por nuvens de aspecto maligno que davam um tom de filme de terror a todo aquele cenário. O jeito era comer, e dormir.

Para nossa surpresa o dia seguinte amanheceu limpo, sem sinais de nuvens. Ficamos por ali um tempo lagarteando nas pedras, mas precisávamos partir. Seguimos novamente as encostas do Itapiroca, e ao chegar ao cume nos perdemos novamente no mesmo trecho. Tiramos algumas fotos e fomos logo descendo rumo a Fazenda pegar o carro e voltar para casa. Como nossas voltas para casa são sempre marcadas por feitos épicos essa não podia ficar de fora, descobrimos que o radiador da Veraneio estava furado, então fomos parando de 50 em 50 km para encher o bendito radiador, até que finalmente chegamos em casa.

Apesar dessa ter sido a minha primeira “derrota” em uma montanha, foi uma das vezes mais divertidas, acho que o sentimento de dever cumprido suprime um pouco a vontade de voltar a uma montanha, e o sentimento de derrota te inspira e da mais força de vontade para voltar e vencer. ::mmm:

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Em breve tentarei postar a minha segunda investida ao Ciririca – Vitória ou Derrota? ::hãã::

 

Bons ventos a todos.

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