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Travessia Urubici - Bom Jardim da Serra


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[b]1° dia – São Paulo a Urubici (4/9)[/b]

 

Saímos de São Paulo ás 22h50, um atraso considerado pouco em se tratando de uma véspera de feriado nacional. A cidade abandona a metrópole. Seguimos para Régis Bittencourt (BR 116) rumo a Florianópolis.

Trânsito intenso. O ônibus chega a Registro (SP) ás 3h30, bastante atrasado. O fluxo é intenso.Chegamos em Floripa por volta das 11h. As passagens para Urubici (SC) já estavam marcadas para as 12h: tempo só para um pão de queijo, uma volta na rodô e esperar a chegada do Rafael. Nesse momento, o

grupo é formado por mim, Ronald, Cela e Rafael.

O ônibus para Urubici inicia o caminho passando por algumas partes não tão interesantes dos arredores de Floripa. Lugares feios mesmo. Mas assim que começa a subir a serra, a paisagem muda drasticamente: belas formações, montanhas, araucárias, mirantes belíssimos.

Chegamos em Urubici ás 16h em ponto. Sol e poucas vagas nos hotéis da cidade. Depois de uma consulta á CIT (Centro de Info Turística) local, conseguimos vaga na Pousada Arco-Íris. Dona Arlete, proprietária. Hospedagem a R$50 por cabeça.

Deixamos as mochilas e fomos visitar uma atração local: a cachoeira do Avencal, distante doze quilometros do centro da cidade: alta, linda. Pegamos um taxi pilotado pelo sr. Pêta, morador de Urubici. Conforme íamos subindo, foi nos contando a respeito da cidade. Entre uma piada e outra, e ao som de Nelson Gonçalves e Odair José. Enfim, um figuraça!

Pagamos R$3 por pessoa como “taxa ambiental” e entramos na propriedade. A cachoeira fica no vértice de um cânion. Opulente.

Depois de passarmos um tempo lá, várias fotos e mais alguns “causos” do seu Pêta, voltamos á pousada cheios de fome. Depois de um banho quente (faz frio em Urubici!), fomos comer no bom restaurante Orégano´s: truta para três, e rodizio de pizza para um.

 

2° dia – Começa a travessia (5/9)

 

Começamos o dia com mais três integrantes no grupo, que chegaram durante a noite: Luís HM, Chantal e Jolie, vindos do Rio. O dia amanheceu nublado, a perspectiva não era das melhores, mas prosseguimos com os planos: ás 7h30, o sr. Pêta chegou com mais outro taxista, para levarnos até o Morro da Igreja, ponto mais alto de SC, e início da trilha. O que não sabíamos é que havia uma barreira caída uns 10km antes do nosso destino, o que nos fez descer e iniciar a caminhada muito antes do previsto. Para nossa sorte, essa estrada é administrada pela FAB (Força Aérea Brasileira), que mantem uma importante estação de radar do sistema SINDACTA no alto do Morro da Igreja. E foi por conta disso que conseguimos uma carona com o cabo Wolfe e sua Kombi azul da FAB. Great!

Descemos no ponto ideal de começarmos a trilha, e já tivemos um probleminha: o Luis esqueceu o bastão de caminhada dentro da Kombosa. Fazer o que...cruzamos uma cerca do lado direito da estrada e iniciamos de fato a travessia. Nem bem andamos 20min, e uma forte neblina cobriu toda a região. Nossa referência visual foi pro espaço. Ronald, o único que sabia o caminho, ficou desorientado, o que nos custou quase duas horas de incertezas. Com muito custo e perseverança, conseguimos avançar. Chegamos a uma espécie de fazenda meio abandonada, junto ao Rio Pelotas, lá pelas 16h, onde parte do grupo (os do Rio, menos o Luís HM) decidiram que iriam voltar para a casa no dia seguinte. Os de Sampa resolveram esperar para ver o tempo pela manhã seguinte, e só então decidir o que fazer. O grupo resolveu acampar e fazer um jantar. Foi muito agradável.

Já mais tarde, com todos a bordo de suas respectivas barracas, fui testemunha de um belo luar, que iluminava minha barraca e o Rio Pelotas.

 

3° dia – A esperança e o dilúvio (6/9)

 

O dia amanheceu com céu limpo. Conforme havíamos combinado, se isso acontecesse, seguiríamos em frente. Metade do grupo (Cela, Chantal e Jolie) resolveram voltar para Urubici. Subimos o morro e alcançamos um platô. Chegamos em uma cerca, pulamos e seguimos. Avistamos uma cadeia de montanhas, e logo a frente, os primeiros cânions. Alegria geral e esperança de visual.

Seguimos. Mais uma cerca. Nem parece que a área é parque nacional, tamanha quantidade de cercas e propriedades privadas. Em frente até alcançarmos uma área bem plana a beira de um cânion. A paisagem deslumbrante nos fez ficar ali um certo tempo, contemplando e fotografando. Ali o vento soprava muito forte, intenso e gelado. Mas o tempo era limpo.

Ao fim dessa área plana, um morrote e um banco de mata, em cujo final havia (mais!) uma cerca.

A paisagem se abre num grande campo, vacas, vegetação queimada, quero-queros alucinados fazendo algazarra, e o vento gelado. Ea sequencia se repete: banco de mata, cerca, área plana. Nesse ultimo banco de mata, uma novidade não muito boa: chuva!Fina no começou, depois engrossada.

Fomos obrigados a nos esconder numa espécie de estábulo. Assim que a chuva deu uma trégua, seguimos. Mas logo a chuva retornou, forte, e o vento mais fustigante ainda. As mãos gelavam. Minha mochila, sem proteção, estava encharcada. O Ronald sacou uma sombrinha colorida da mochila, que pouco adiantou.

Andamos até onde pudemos, mas a situação nao era boa. Decidimos buscar um lugar melhor para acampar. Logo que achamos, montamos as barracas, aproveitando uma estiagem do tempo. O jantar ficou a cargo do Luis. Comemos. E dormimos.

 

4° dia – Tornado, chuva e desistência (7/9)

 

A noite foi terrível.

Fomos colhidos no meio de uma tempestade na madrugada, chuva torrencial e ventos fortíssimos. As barracas dos colegas se encheram de água. Felizmente, não tive esse problema.

Na manhã, acordei preguiçoso e cansado. Minha esperança era que o tempo se abrisse e pudessemos aproveitar melhor a caminhada; mas naquele momento o que havia era frio, chuvisco e tempo fechado.

Arrumei minhas coisas, respirei fundo e segui com os outros. Naquele momento não chovia. Mas isso durou pouco.

Cruzamos mais uma mata, cerca, mais um banco de mata, e muito terreno alagado. Quando avistei o cânion Laranjeira sendo coberto pelas nuvens que subiam a serra, empurradas pelos ventos, desanimei. Percebi que a travessia estava ameaçada ali. Logo em seguida, o grupo decidiu abortar a tentativa de travessia.

Foi uma sábia decisão, já que a chuva engrossou a partir daquele momento. O vento frio castigava o corpo já molhado; o terreno encharcado, típico dessas serras, tornava a caminhada mais penosa ainda. Ronald, já conhecedor desses caminhos, nos sugeriu sairmos por uma fazenda, 4km do ponto onde decidimos desistir. Seguimos. Não sei dizer quanto tempo andamos. Para mim, pareceu muito. Para chegarmos até a fazenda, tivemos que cruzar campos alagados, as vezes até o joelho!E cercas. As benditas cercas.

Na fazenda, encontramos o dono, sr. Assis. Foi muito simpático, nos indicou a estradinha de que nos levaria até Bom Jardim da Serra (SC). Treze km até lá. Pegamos essa tal estrada para Bom Jardim com o tempo estiado. Com uns quatro km andados, apareceu uma Kombi escolar, pilotada pelo sr. Suedes, que nos caroneou até a cidadezinha.

Chegando lá, nos hospedamos no Hotel Morada dos Pinheiros, lugar simpático administrado pela sra. Rose e pelo sr. Aderbal. A noite ainda deu tempo de comer uma truta e papear um pouco, ouvindo as histórias do Luis HM. Ano que vem prometemos fazer de novo, e dessa vez, terminar.

 

Fotos: http://mgibson31.multiply.com/photos/album/62/62

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  • 1 ano depois...
  • Membros de Honra

Salve!

 

Marcelo, estive lendo este relato hoje por conta de uma pesquisa sobre a região de Urubici para um outro post... Fiquei curioso em saber se voltaram lá depois do ocorrido e conseguiram terminar.

 

Quase fiz essa travessia em 2002, planejada para 4 dias também, mas como o tempo na ocasião não ajudou fizemos apenas uma esticada às escarpas da Serra Geral por Bom Jardim da Serra, saindo do mirante da Serra do Rio do Rastro, mas foi impossível ir muito longe pois um dos companheiros torceu o pé num buraco e ficou difícil de continuar até o Cânion Laranjeiras. Acabamos saindo numa fazenda da região, perto do Cânion do Funil.

 

Em 2004 voltei lá mas dessa vez direto por Bom Jardim, com pouco tempo (1 FDS) e só fiz um trekking curto de 1 dia pelos paredões do Laranjeiras. O fato é que nesta ocasião "entrei" pelo mesmo lugar que vocês saíram (Fazenda Santa Cândida = Sr. Assis)! Por isso fiquei curioso...

 

Abraço,

Editado por Visitante
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  • 2 meses depois...
  • 1 mês depois...
  • Membros

Pessoal,

 

Lembro que esta travessia fica dentro de uma Unidade de Conservação Federal, o Parque Nacional de São Joaquim.

Todas estas atividades devem desde 2009 serem acompanhadas por um condutor de visitantes credenciado pelo PARNA.

Todas estas informações podem ser conseguidas junto a administração do PARNA que fica em Urubici.

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  • Membros de Honra

Olá!

 

Realmente há um Parque Nacional naquela área sim, mas somente no "papel". Nem o plano de manejo, que eu saiba, ainda existe. Fiscalização que deveria existir para conter alguns abusos que já vi por lá também é zero! Então, na prática, a existência do PN São Joaquim tem feito é fomentar a indústria turística local com a "exigência" de guias. Não que eu tenha algo contra os guias, pelo contrário, acho que desempenham uma atividade importante, só não posso concordar que se proibam as pessoas de usufruir (com responsabilidade) dos nossos espaços naturais só porque não estão acompanhadas por guia credenciado. Outra coisa: conheço relativamente bem a região (de andar algumas vezes por lá) e, a única vez que andei por lá com guia contratado, o cidadão (que tem agência de turismo por lá - mas por motivos óbvios não divulgarei o nome) sabia menos da região e das trilhas de lá do que eu, que moro em Curitiba ::bruuu::

 

Entretanto, o fato de existir um Parque Nacional na área nos faz reforçar o compromisso de todos com a preservação do local e dos seus recursos naturais, então tenham responsabilidade ao andar nas trilhas da região. Não joguem lixo ou façam fogueiras, enterre seus dejetos e respeite as nascentes de água. Lembrem-se e respeitem as regras de mínimo impacto!

 

Abraços,

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  • Membros

Oi pesssoal !

 

Acampei em Urubici há uns 20 dias atrás na pedra da Janela Furada. Deixamos o carro e fomos caminhando em um trecho pelo asfalto até a entrada da trilha. Para nossa surpresa um motoqueiro passou pela gente e parou exatamente neste ponto como se nos esperasse. Dito e feito: informou ser o guarda-parque e que para fazer a trilha teríamos que estar acompanhados de um guia. Obviamente não concordamos e percebendo que estavamos bem equipados e preparados para o acampamento não se opôs que continuássemos o caminho.

 

No retorno encontramos um grupo acompanhado por um do guias credenciados. Nos chamou bastante atenção o horário que estavam fazendo a trilha (14 horas) e visto que estava prevista mudança no tempo naquela dia. Chamou a atenção também o fato de que vários integrantes do grupo estavam sequer levando um anorak ou jaqueta, considerando que este é um dos locais onde se registram as menores temperaturas do país e o tempo muda muito depressa.

 

Enfim, concordo com o fato de que simplesmente obrigar as pessoas a terem acompanhamento de guia não significa zelar pela conservação do parque ou realizar o caminho com segurança, porque como o próprio guarda-parque comentou: "Vocês estão melhores preparados que a maioria dos guias".

 

Abraços !

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  • Membros de Honra

Muito legal a travessia, vi as fotos, show de bola!!!

 

...................................Enfim, concordo com o fato de que simplesmente obrigar as pessoas a terem acompanhamento de guia não significa zelar pela conservação do parque ou realizar o caminho com segurança, porque como o próprio guarda-parque comentou: "Vocês estão melhores preparados que a maioria dos guias"....................................

 

x2 ::otemo::::otemo::::otemo::

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  • 11 meses depois...
  • Membros de Honra

Olá pessoal!

 

Só para constar: a continuação desta discussão está em travessia-urubici-bom-jardim-da-serra-perguntas-e-respostas-t37502.html

 

Recentemente esss tópico "rendeu" uma travessia na região que reuniu montanhistas dos 3 estados da região sul: Morro da Igreja-Cânion Laranjeiras e Mirante da Serra do Rio do Rastro - veja AQUI

 

Abraço!

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