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Pucón, Chile, em pleno Carnaval 2012. Fantástico!


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  • Membros de Honra

Ao contrário da grande maioria dos brasileiros, eu não gosto de carnaval. Daí que aceitei algumas provocações do LeoRJ, catei umas passagens aéreas, uma liberação no trabalho e me mandei pra Pucón, Chile.

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Embarquei na madrugada do dia 17 de fevereiro para Santiago, saindo de Porto Alegre. Depois de uma madrugada sem dormir no aeroporto da capital chilena, assim que o dia amanheceu, entrei num TurBus e fui ao centro da cidade.

DSC01160.jpgPeguei um metrô até Los Dominicos. Dali fui caminhando e pulando de ônibus em ônibus até o Mall Sports, famoso shopping de material esportivo de Santiago. Um paraíso para quem procura acessórios e equipamentos faltantes – ou só pra matar a vontade mesmo – na sua mochila. Para quem gosta de trekking, Mountain Hardware, Andes Gear e Tatto dão conta do recado com praticamente tudo que se pode precisar. Fora isso, bicicletas, barcos e tudo mais que se pode pensar em esporte. Lá tem.

Mais uma sessão de ônibus, perna, metrô e voltei pro aeroporto, onde peguei um voo para Pucón. Na sala de embarque, porém, fomos avisados que não haveria condições de lá pousarmos, o que aconteceria em Temuco. Dali, seguiríamos de ônibus. O problema é que eu esquecera de habilitar meu celular pro Chile e meu note estava sem bateria. Não tive como avisar o Leo, que iria aeroporto de Pucón me esperar.

Voo sem problemas até Temuco, região que muito me lembrou o sul do Brasil pelas paisagens agrícolas. Dali, pegamos um ônibus até Pucón, onde chegamos já à noite e com um chuvisco chato. O ônibus parou justamente no terminal turístico da cidade, entrei, peguei um mapa, me localizei e mandei perna até o Frontera Pucón Hostel B&B, onde fui muito bem recebido pela querida Isabela VS. Pouco depois, chegou o LeoRJ e mais dois gaúchos, com todos os apetrechos para um churrasco. Tomei um banho, juntamos os gaúchos e fiz um chimarrão, enquanto a carne ia pro fogo. Jantamos na garagem, churrasco, cerveja, vinho, um risoto fantástico preparando pelo Luciano e pelo Rodrigo e ficamos papeando até ninguém mais aguentar.

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No sábado acordei tarde, tomei café e o LeoRJ me convida para uma volta de bicicleta. Saímos pros lados do Rio Claro, o qual cruzamos (O Léo jurou que ele era raso, mas o rio não sabia disso e molhei o único par de tênis que eu tinha para a viagem) e seguimos em direção ao Rio Trancura. Entre pinheiros e amoreiras silvestres, chegamos até onde este rio faz sua foz junto ao Lago Villarica.

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Ficamos por ali papeando, olhando as montanhas, o rio, as nuvens que escondiam o vulcão e fomos voltando. No meio do caminho, ao desviarmos de uns galhos de uma amoreira e seus espinhos, paramos e resolvemos fazer um lanche improvisado, já que estava carregada de frutas. Voltamos para a cidade, catamos algo para comer e uma cerveja, e voltamos pro Hostel. Passei o resto do dia papeando por ali e dando umas voltas pela cidade. O Leo preparou uma massa fantástica naquela noite. Fui convidado pelos outros gaúchos para subir o vulcão no dia seguinte, mas a agência já estava com o grupo fechado e não tive como. Mesmo assim, conheci a agência (Patagônia) e vi que o equipo disponibilizado é condizente com as necessidades da saída.

No domingo, mais um dia que fiquei na preguiça da cama e perdi as primeiras horas do dia. Peguei minha mochila e tomei um ônibus para o Lago Caburgua.

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Desci na playa blanca e fui fazendo a volta no extinto vulcão para playa negra, onde pegaria o ônibus para voltar. O LeoRJ me dissera que no meio desta travessia, haveria uma passagem para uma trilha que subiria o vulcão. Não achei a entrada da trilha – achei a entrada, só não havia trilha – e enquanto perambulava por ali, saltou no caminho um pequeno ‘gato’ laranja com bolinhas pretas. Andou por uns metros na minha frente e sumiu. Um lance de muita sorte! Ainda tentei ver onde o filhote de puma entrou, mas não encontrei. Infelizmente foi tão rápido que não deu nem tempo de fazer uma foto. Voltei para a cidade e passei o resto do dia andando de bicicleta. Descobri que andando apenas 4 quarteirões do Frontera Pucón Hostel B&B, que fica na tranquilidade de La Poza (uma baía do Lago Villarica), existe a Playa Grande. Ali o que vi foi uma praia lotada, música, gente e mais gente. Lembrou-me as praias do norte de Florianópolis. Tão próximo da tranquilidade, todo aquele agito! Fiquei curtindo aquela agitada praia de areias negras, e só voltei pro hostel quando o sol ameaçava sumir.

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E nada do vulcão aparecer. Banho tomado, os amigos gaúchos indo para Santiago, saímos, Isa, Leo e eu para jantar. A pedida foi o Viva Peru, onde pude experimentar o ceviche e a cerveja patagônica, a Austral, além da Cusqueña, condizente com o restaurante. Muitas risadas depois, nos recolhemos.

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Segunda fiz meu dia render. Acordei cedo e, seguindo dicas do Leo, peguei outro ônibus, desta vez para o Parque Nacional Huerquehue. Chegando lá, paguei a entrada, fiz meu registro, peguei um mapa e saí. Escolhi fazer o Sendero de Los Lagos, de nível médio e de extensão condizente com um dia de andança. A pernadinha começa pela volta do Lago Tinquilco e vai passando por várias áreas de acampamento. Dezenas de carros e barracas, famílias inteiras acampadas. Pouco depois, a trilha toca de vez na montanha e começa a subir. Ao se sair da portaria do parque, normalmente se faz direto o Sendero Nirrico, pela borda do lago. A altitude é de 750 metros. Agora a subida vai pegando, nunca muito íngreme, mas sempre contínua. E assim vai até se chegar no posto de controle Nido del Aguila. Impressionante o nível da estrutura do parque. Banheiros limpos, casa para guardas, trilhas limpas e sinalizadas. E tome subida! Daí pra cima a montanha empina e exige mais. Antes de se chegar ao primeiro mirante, há um desvio para ver a cachoeira do Nido del Aguila, muito bonita. Subi de volta à trilha e sentei para tomar uma água. Neste momento, passou por mim uma família, crianças na faixa dos 8/10 anos. Eu parava para tirar uma foto quando chegou um senhor chileno, cabelos brancos. Conversamos um bom par de minutos. Ficou impressionado em saber que no Brasil existiam paisagens que não praias e carnaval!

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Voltei pra trilha que, em alguns pontos, é dotada de corrimões e até mesmo rampas, tudo para disciplinar a passagem das pessoas e evitar ‘atalhos’. Depois de mais uma hora, vi que o morro sumiu de trás das árvores, e entre elas aparecia agora o céu. Chegava ao passo do sendero, 1.350 metros de altitude. Dali o caminho pelos lagos é bem mais regular. O primeiro lago avistado é o Chico. Ali fiquei um tempo conversando com um casal de brasileiros de Campinas. Tiramos algumas fotos e segui até o Lago Verde. No meio do caminho, 3 chilenas com as quais conversara um tempo antes, no segundo mirador (1.094 metros) me pararam para me mostrar uma árvore, uma araucária. Falei para elas que esta árvore existia também no Brasil, apenas um pouco diferente na casca e nos galhos, e que aqui também comíamos o pinhão. Elas acharam engraçadíssimo!

No Lago Verde tive uma experiência fantástica. Depois de fazer umas fotos para um casal de alemães, parei para fazer um lanche (roubado da cozinha do hostel) e ali pude contemplar uma cena que para nós, brasileiros, é incomum: famílias paravam para ali lancharem. Pais, filhos pequenos ou adolescentes, senhores e senhoras de cabelos brancos. Trekking, para eles, não é um simples esporte. É uma maneira de passar o tempo com a família, com os amigos, e nos pontos de reunião isto é facilmente percebido pela grande integração que ocorre. Achei fantástico! Os chilenos usam seus parques, contemplam, aproveitam, vivem. Acampam com família, amigos, saem para as trilhas, se divertem. Nunca tinha visto isto e achei maravilhoso.

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Dali saí e fui para o Lago Toro, ou El Toro, o mais bonito dos três.

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Em todos a água é cristalina, mas neste parece ser ainda mais transparente, e tem uma moldura linda, de rochas, matas de araucárias, montanhas. Novamente vi cenas de famílias se divertindo juntas, um grupo de jovens senhores de cabelos brancos papeando sobre as pedras, patos selvagens nadando, trutas saltando das águas. Iniciei a descida maravilhado com tudo aquilo. Vale dizer que um bastão é necessário para não chegar com joelhos em frangalhos, e que no início do sendero, às margens do caminho, havia um feixe de bastões de madeira, para quem precisasse. Na volta, percebi que vários bastões diferentes estavam no mesmo local, sinal que foram devolvidos.

Durante a descida, ao chegar no segundo mirador, dei de cara com o vulcão Villarica dando suas caras. Ainda estava tímido, se revelando entre as nuvens, mas já era visível.

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Segui descendo a ponto de pegar o penúltimo ônibus. Ao chegar na cidade, consegui fazer umas imagens muito legais do vulcão, indo ao píer de La Poza.

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No jantar, o Leo nos brindou com um prato com queijo e rúcula, e a Isa e eu brindamos também uma garrafa de vinho. Aliás, uma das boas coisas do Chile é o vinho nacional! Heheheh

A terça-feira amanheceu ensolarada, e por ideia da Isa, fomos fazer um passeio de barco pelo lago Villarica. Sem dúvida um programa “turistão”, mas que rendeu muito boas risadas e ótimas fotos.

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Na volta, fomos comer na Pizza Cala, onde mandamos ver num bom chopp e uma deliciosa pizza.

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Ainda passamos numa sorveteria e numa loja de doces, onde compramos alfajores maravilhosos, dica da Isa.

Infelizmente para mim a viagem chegava a seus derradeiros momentos. Voltei para o Frontera Pucón Hostel B&B, arrumei minhas coisas e me despedi de todos. Peguei um ônibus para Temuco, onde embarquei num voo para Santiago, com escala em Concepcion (pela primeira vez, vi o Pacífico!), e da capital Chilena para Porto Alegre, onde desembarquei no amanhecer de quarta-feira. Poucas horas depois, acabava a brincadeira e eu voltava ao trabalho.

 

Tech Info:

 

Em Santiago, adquira um Bip (cartão para andar de ônibus ou metrô), pré-carregado com um valor determinado. Uma passagem de metrô custa no máximo 600 pesos, e o ônibus, no máximo 1300 pesos. O metrô aceita dinheiro na bilheteria, mas no ônibus é só cartão. Não tem cobrador/trocador. Sem cartão, os motoristas vão te deixar andar de graça, mas é uma situação ridícula, vergonhosa. Compre o cartão e não pague mico.

Os preços são do padrão Brasil ou mais caro. Para quem está acostuma com Argentina, vai sentir a diferença.

Pucón é uma cidade na região dos Lagos chilena, cerca de 800 km de Santiago, com cerca de 26 mil habitantes, um lindo lago (o Villarica, mesmo nome do vulcão próximo, que agora se torna conhecido por motivos nada legais). Em seu entorno, dezenas de montanhas na quota dos 1600 até quase 2000 metros, rios de corredeiras rápidas, praias bem movimentadas, turismo de toda a espécie. Não fica geográfica ou politicamente na Patagônia, mas alguns a considera inserta nesta região por questões de resistência à ocupação.

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Acessível por carro, tanto partindo de Santiago como de Bariloche (Argentina), possui voos irregulares no verão. A pedida mais tranquila é voar até Temuco (cerca de duas horas), uma cidade bem maior, com cerca de 500 mil habitantes, e de lá tomar um ônibus ou alugar um carro.

Para ficar, indico o Frontera Pucón Hostel B&B sem medo. Todos os quartos, dos alojamentos coletivos ao fantástico De Luxe (com sua enorme área privativa, dois banheiros, banheira de hidromassagem), mantém um ótimo padrão em termos de colchões, roupas de cama, toalhas. A limpeza é destaque, sempre impecável, a cozinha é ampla e equipadíssima, assim como a sala de estar. A integração que o LeoRJ e a Isabela VS promovem entre os hóspedes é digna de quem realmente é do ramo e já andou muito por aí. Diria que a estrutura é digna das charmosas pousadas de Gramado, Campos do Jordão, Teresópolis, com a leveza e descontração de um hostel. Sem ressalvas!

A cidade tem programas para todos os gostos e bolsos. De tranquilos passeios de bicicleta ou barco até a subida do vulcão ou roteiros extremamente técnicos no Parque Huerquehue, sem falar nas incontáveis estradinhas, termas, rios e passeios possíveis. A cidade conta com uma boa rede de agências de turismo local.

Restaurantes para todos os gostos, vinhos e cervejas para embalar boas conversas, cenários que enchem os olhos e te fazem acreditar que câmera alguma do mundo é capaz de captar tamanha beleza. Quem tiver a oportunidade, vá!

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  • Membros

Grande Cacius!

Primeiramente, parabéns pelo relato, super interessante e muito fácil de ler! Parabenizo também pelas fotos, estão lindíssimas!

Deu muita vontade de voltar, Pucon é uma cidade muito aconchegante, especialmente com o tratamento e a parceria do Leo e da Isa (do Frontera Hostel) para conosco!

E por último, também agradeço a cia, as dicas e auxílios (especialmente para a subida do vulcão), espero que na próxima possa subir junto!

Baita abraço!

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  • Membros de Honra

Mas eis que surge nosso cozinheiro! Grande Varga! ::cool:::'>

Obrigado pelos elogios, me esforço pra colaborar. Aliás, o amigo deve um relato também - que será muuuito mais abrangente que o meu.

Realmente, Leo e Isa fazem daquele lugar ainda melhor do que já é sozinho!

A companhia foi um prazer, as dicas e auxílio ficam por tua conta, é que sou enxerido mesmo e me meto em assuntos que não sou chamado. Se ajudou, que bom!

Vamos fazer acontecer uma próxima, pq é uma vergonha os caras morarem a 180 km um do outro e ir se encontrar lá no meio dos lagos chilenos! ::lol4::

 

Abraço, pra ti, pro Tolotti e pras gurias! ::otemo::

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  • Membros

Opa!

Pior que no risoto eu só auxiliei o Tolotti, os méritos foram dele! hehehehe

Sim, estou escrevendo o relato mas ainda não terminei, to na parte final. Mas não cria espectativa, não sou tão bom com as palavras e detalhes!

E podemos combinar algo por aqui sim, talvez um trekking em Cambará (e convidamos o pessoal aqui do site)! Mas já dá pra ir elaborando um retorno a Pucon! As vezes sai umas promoções boas de passagens e o preço do Leo é muito bom pela qualidade do hostel!

Vou repassa o recado p/ pessoal! Abraço p/ ti também!

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  • Membros de Honra

Muito legal o relato, parabéns!! ::otemo::

 

No Lago Verde tive uma experiência fantástica. Depois de fazer umas fotos para um casal de alemães, parei para fazer um lanche (roubado da cozinha do hostel) e ali pude contemplar uma cena que para nós, brasileiros, é incomum: famílias paravam para ali lancharem. Pais, filhos pequenos ou adolescentes, senhores e senhoras de cabelos brancos. Trekking, para eles, não é um simples esporte. É uma maneira de passar o tempo com a família, com os amigos, e nos pontos de reunião isto é facilmente percebido pela grande integração que ocorre. Achei fantástico! Os chilenos usam seus parques, contemplam, aproveitam, vivem. Acampam com família, amigos, saem para as trilhas, se divertem. Nunca tinha visto isto e achei maravilhoso.

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Legal saber que por lá o trekking é difundido entre as famílias, sempre que posso arrasto a minha pro mato também.

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  • Colaboradores

fala, Cacius!

ficou show o relato, parabéns!

 

só tá faltando a foto das "galinhas" que você roubou aqui do hostel e contrabandeou aí pro Brasil!! ::lol4::

estamos esperando o senhor voltar, pq faltou conhecer muita coisa...

e da próxima vez o Leo é que vai ficar trabalhando e eu vou passear com você!! :lol:

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  • Membros de Honra

Eu não roubei as courucacas! Vê se a Margarida não as cozinhou... ::lol4::

Será um prazer voltar, assim que der! Quero muito, e com mais tempo! Ok, vamos deixar o Leo segurando as pontas e saímos nós, se bem que a sra. andou saindo por aí que eu sei, e Don Leo que ficou de guarda.. heheheh. O Facebook é um fofoqueiro! ::lol3::

Bjão!

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