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Albânia - alpes suiços e praias gregas em um só


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  • Colaboradores

Oi pessoal !!

 

estou de volta e com a promessa de criar uma rotina pra publicar alguns relatos aqui no Mochileiros logo depois do site do cafedosviajantes.com ::mmm: . Alguns países carecem de mais info no fórum então vou tentar dar um capricho. Nesse daqui vamos falar da Albânia, um país incrível, do ladinho da tão famosa Grécia e que ninguém pensa em ir.

 

Vou dividir o relato em 2 partes pra facilitar. A primeira, um texto livre contando um pouco dos lugares que fomos e a experiência. Quem sabe te convence a ir também? Se esse for o caso, na continuação do relato, vou colar todas as dicas que reunimos nesse período pra facilitar a vida, porque viajar por lá não é tão simples às vezes ::sos::

 

Aí vai, e na continuação vou buscar publicar os relatos de Turquia, Irã, Rússia e China, outros lugares carentes por aqui. Até! ::otemo::

 

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Fomos à Albânia...Acertamos na mosca!

 

Andávamos por um parque em Tirana, capital da Albânia. Havia barraquinhas de comidas e jogos no anoitecer. Em uma, quem acertasse o alvo ganhava a prenda: um, dois, três atiradores. Ninguém errava. Improvável em outro lugar. Mas o que tentávamos entender aqui não era a boa mira. Como o barraqueiro teria lucro propondo este jogo em um país onde, até 20 anos atrás, o medo de uma suposta invasão contrarrevolucionária levava as crianças a serem treinadas compulsoriamente no tiro ao alvo!? Assim como no caso do conhecimento sobre tiro, muito da Albânia sobrevive ao velho enquanto suas portas são reabertas.

 

Infraestrutura de primeira, lindas igrejas, cidades medievais bem conservadas, restaurantes cinco estrelas Michelin, jardins idílicos, boulevares e mais boulevares para comprar de tudo, e do melhor. Na Albânia não encontramos nenhum desses argumentos costumeiros para nos convencer de que a Europa deve ser o destino das próximas férias. Por outro lado, dizem “corram” o famoso guia Lonely Planet (lista de 2011) e o jornal New York Times (2014, sobre o litoral: “É a Europa quando tinha frescor e era barata”), por exemplo. Brasileiros são incomuns aqui, mas muitos, muitos, têm corrido (o número quadruplicou em 10 anos, chegando a 2,9 milhões de estrangeiros em 2013). Mas ir, por quê? Bem-vindo ao último lugar na Europa que a indústria não abraçou totalmente, responderiam muitos. Mas nós diríamos que a mais pura curiosidade devia ser a palavra para começar.

 

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É interessante chegar à Albânia. Uma linha no mapa muda tudo. Viemos por terra, atravessando a fronteira a partir de Montenegro. Ao chegar em Sköder, do lado albanês, o ônibus abre a porta em uma pracinha – como aquelas do interior do Brasil, mas com mesquita ao invés de igrejinha. Todos descem. Neste país não passamos, sequer, por uma rodoviária. Você diz a alguém para aonde quer ir, eles apontam onde, em algum momento, haverá transporte. E você vai. Ou, um motorista te vê e para o carro. Negocia-se um preço, e assim seguimos. Fronteiras fechadas e rígido controle interno por mais de 30 anos de ditadura ajudam a entender as condições que nos fazem sentir como se estivéssemos desembarcado em um mundo totalmente diferente do de poucas horas antes. Os índices econômicos – a Albânia está entre os países mais pobres da Europa – dão mais nomes para as cores que começamos a enxergar.

 

Estamos em um ambiente bastante montanhoso, como uma viagem de carro de Norte a Sul contará ao seu estômago. No Sul, a fronteira com a Grécia faz imaginar as qualidades do litoral. Mas começamos pelo Norte, próximo a divisa com o Kosovo, onde estão os Alpes Albaneses (ou Julianos). Oportunidade para uma travessia espetacular: 18km, morro acima e abaixo, entre os povoados de Valbona e Theth.

 

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Ali, as estações do ano se pronunciam em alta voz. Se no inverno os fundos de vale podem acumular dois metros de neve, no fim do verão, em agosto, os caminhos são feitos de sol e flores. Entre a relva, os moranguinhos selvagens que se adiantaram para o outono estão ao alcance da mão. O sabor é o de essência artificial, bala mole rosada, daquelas que encantam crianças e memórias dos adultos.

 

Para chegar lá, partimos de Sköder até um porto às margens do lago Koman formado para garantir o funcionamento de uma grande hidroelétrica. O processo para embarcar aqui soa como um esquema montado para que turistas não usem o transporte local (mais uma dessas pequenas máfias que tanto nos perturbam). Para piorar a situação, ou adicionar alguma graça, o dono da história é um tal “Mário Molla”: não parece vilão de história infantil? Ao final, nenhuma hipótese de que havia uma outra balsa funcionando no lago pode ser comprovada – ou rechaçada.

 

Navegamos impressionados com os verdes e os picos de cada esquina. Ouvimos que as montanhas ajudaram o país a se proteger de invasores de todas as épocas. Os agressores do passado – Bizantinos, Eslavos, Búlgaros, Otomanos… não faltaram invasores – somaram-se às neuroses da Guerra Fria para justificar a construção de cerca de 750 mil bunkers (para menos de 3 milhões de habitantes). As grandes cápsulas de betão foram enterradas. Estavam protegidas contra tiros e bombas e esperava-se que os cidadãos comuns se protegeriam e atacariam a partir dali (por isso foram treinados na escola, como mencionamos no início desta história). Ainda segundo os funcionários do Mário Molla, muitas casas foram inundadas com a construção da hidrelétrica e a população rural se viu perdida com o fim do comunismo. Depois de 40 anos plantando o que fosse planejado pelo governo, o que semear? Hoje, as migrações, especialmente sazonais, são o mais frequente na região: as comunidades plantam e vendem seus produtos na cidade, onde tentam achar qualquer trabalho no rigoroso inverno.

 

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Valbona é um povoado que não vimos. Saindo do lago é preciso atravessar mais alguns quilômetros em novo ônibus até a região onde estão os hotéis de Valbona, em geral empreendimentos ligados às famílias que sempre habitaram a região. Curioso: quase não vimos casas por lá. E nem uma vila nucleada, como esperávamos encontrar. Era possível passar dias por ali entre as diversas trilhas nas montanhas e os vales cortados por rios rápidos, gelados e azuis. A Kombi que deixa no início da trilha pra Theth usa um desses rios – seco nesta época do ano – como estrada. E a chegada ao povoado vizinho também se faz sobre pedras arredondadas, por onde muita água corre em outras épocas.

 

Já Theth tem tudo que se espera dessas vilas de interior. Casas modestas, quintais com frutas, pequenas plantações e animais. Uma igrejinha, um campo de futebol. O silêncio que nos acompanhou desde o outro vale, com o vento que faz a viagem ainda mais espetacular, estavam aqui também. As casas alugam quartos e vendem refeições. O jantar incluiu feijão vermelho, preparado para dar saudades, e o anfitrião não deixou de servir quantos copos de rakia (“pinga” de ameixas, feita em casa) pudéssemos beber.

 

“Não há atrações de verdade em Tirana”, reclamam os turistas. A afirmação não é de todo falsa. Mas, para nós, andar e observar já serviu ao propósito da diversão e ajudou a compreender o país por onde circulávamos. A capital da Albânia não remete a nenhum conto de fadas, mas os prédios coloridos, numa tentativa extremada de apagar o cinza da ditadura que passou, bem que me lembraram um livro da infância (Era uma vez um Tirano, de Ana Maria Machado). Nele, crianças resolvem a tristeza da tirania com tinta. Mas não há cor que apague a cartografia da cidade, que expõe as marcas mais profundas do passado – como as que moram nas memórias do albaneses. São quarteirões de mansões, em uma região antes proibida à circulação de cidadãos comuns, se contrapondo às casas simples e aos prédios velhos do resto da cidade.

 

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Do cinza da capital, seguimos ao Sul, desvendando as linhas de ônibus que praticamente não existem e parando em Vuno. Para chegar lá passamos por Vlora, e, para sair, acabamos perdendo um dia em Sarande. Ambas são paradas à beira mar bem mais famosas, mas nenhuma pareceu tão interessante e pitoresca. As cidades são desordenadas e a poluição chegou à praia antes de nós. Assim como outras vilas pelo caminho, Vuno seria melhor descrita como um pedaço do paraíso. É um pequeno povoado à beira da estrada, talvez uma centena de casas se organizem pelo penhasco abaixo. Uma escola abandonada é transformada em hostel improvisado no verão. O mar se vê de qualquer ponto, assim como Corfu, a maior ilha grega, que passou a morar no nosso horizonte. As oliveiras esverdeiam as encostas e garantem comida super simples e saborosa, para somar mais uma boa memória dos nossos dias pela Albânia.

 

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Este não é um roteiro a ser feito por qualquer um, não faltam nesse pedaço da Europa as dificuldades que países pobres oferecem aos viajantes: infraestrutura ruim, poucos falam inglês (na verdade, muitos entendem italiano o que facilita para nós) e informação não é disponível em cada esquina. Mas o fantástico gosto das descobertas fez da Albânia um prato cheio. O lugar serve para exercitar o senso de aventura e desafiar nossa relação com o tempo: os deslocamentos demoram e os melhores lugares, na nossa opinião, são aqueles em que o tempo parece ter parado. Se é o que você procura, vá. É acertar na mosca.

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Muito legal! Pretendo fazer uma viagem Grécia, Macedônia e Albânia num futuro não tão próximo (há outras prioridades na minha interminável lista), e ouço muitos elogios de todos que já visitaram esse país.

 

Valeu pela contribuição, é com certeza o primeiro relato exclusivo à Albânia aqui no mochileiros!

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  • Colaboradores

Parte 2 - Os bizús

 

A Albânia nem estava no roteiro inicial e foi catapultada a um dos países que mais gostamos: gente simpática, comida boa, preços excelentes, lagos deslumbrantes, trilhas e montanhas inesquecíveis, história interessante e praias no melhor “estilo grego”. Mas como tudo tem um porém, apesar de estar na Europa, viajar por lá pode ser uma aventura. Principalmente se o tema for transporte. Compilamos tudo que encontramos pra tentar ajudar na sua viagem, mas vale o alerta: em um país aberto ao turismo há poucos anos, tudo muda muito rápido, inclusive a informação.

 

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Tipo de viagem

Nosso roteiro pela Albânia fez parte de nossa viagem de volta ao mundo (ainda em curso!!!). Ainda em Montenegro conhecemos o jaumz aqui do Mochileiros e partimos pra Albânia juntos. Depois de Shkoder, Valbona e Theth ele zarpou para Kosovo enquanto eu e Lívia seguimos pra Tirana.

 

Moeda/câmbio

 

A Albânia utiliza o Lek como moeda e a cotação em Ago/2014 era de 1 Euro = 138 Lek. Nossa média de gastos foi de 18 euros/dia/pessoa. Uma dica: uma alteração na moeda cortou um zero dos valores, mas algumas pessoas ainda falam os preços no valor antigo. Uma passagem que deveria custar 500 lek por exemplo (uns 4 euros) às vezes é informada como custando 5000 lek (40??). Use o bom senso ou pergunte sempre “new lek??”.

 

Alimentação

 

Contando todos restaurantes e compras, gastamos 5 euros/dia/pessoa. Os produtos nas mercearias, padarias e mercados são bastante baratos mas quase não compensa comprar ingredientes para fazer sua própria comida pois os restaurantes também são muito econômicos. Uma refeição custava em média 2,5 euros/pessoa sendo o dia mais barato, um em que comemos risoto, spaghetti e uma cerveja por 2,52 euros.

 

Transporte

 

O principal meio de transporte entre as cidades são as vans e ônibus, porém muitos motoristas particulares disputam seus clientes, partindo quando o carro estiver cheio. Todas opções são bastante econômicas e gastamos em média 4 euros por passagem intermunicipal, nos trechos que realizamos. Na seção relativa a cada transporte detalhamos os valores individuais.

 

Visto

 

Brasileiros NÃO precisam de visto para a Albânia para estadias de até 30 dias.

 

Data da viagem

 

Estivemos na Albânia entre 12/08/14 e 23/08/14.

 

Idioma

 

A língua nacional é o albanês e pra aprender o básico você pode baixar um phrasebook interessante clicando aqui > Aprenda albanês. Inglês é usado em algumas situações, mas aparentemente o italiano é bem mais difundido, devido a forte imigração entre os países. Dessa forma, em alguns casos é mais provável que você seja entendido em português do que em inglês.

 

Atrações

 

Chegamos a uma lista extensa de locais que nos interessaram, porém precisamos limita-los ao seguinte roteiro devido ao tempo disponível:

 

1) Ulcinj (Montenegro) – 2) Shkoder – 3) Valbona – 4) Teth – 5) Shkoder – 6) Tirana – 7) Vlore – 8) Vuno – 9) Saranda – 10) Ioanina (Grécia)

 

Ouvimos falar muito bem de Berat, Butrint e Girokaster, vale conferir.

 

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Shkoder

 

É a cidade de entrada no país, que resolvemos usar como apoio para uma incursão aos Alpes Julianos no Norte.

 

Suas maiores atrações são a bela vista do castelo Rozafa e do lago, que nos pareceu demasiado poluído. Uma zona de pedestres concentra muitos agradáveis bares e restaurantes, lotados à noite, de locais e turistas.

 

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Valbona/Teth

 

Os dois vilarejos nos Alpes Julianos ficam em vales rodeados de altíssimas montanhas, cortados por rios gelados e de água límpida que desce dos glaciais no topo. O isolamento, paz e contato com a natureza são o motivo para encarar o longo trajeto até aqui.

 

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Valbona não possui núcleo central. São algumas casas e restaurantes espalhados, com a rodovia de um lado e margeando o rio pelo outro. Theth possui mais construções concentradas, igreja, cemitério, acomodações. Não há mercados, a distribuição de suprimentos é feita através das casas e por isso o mais comum são as opções de estadia com pensão completa.

 

Para os amantes de trilhas os dois lugares são um prato cheio. Valbona possui diversos caminhos bem marcados pelo pessoal do Journey to Valbona, com durações de 1h até um dia. Os mapas são ótimos e indicam se é caminho aberto, sinalizado, a dificuldade, tempo estimado de duração, etc.

 

Thethi também possui vários caminhos, incluindo um para uma bela cachoeira próxima ao povoado.

 

A principal atração, no entanto, agrada muito os indecisos entre um vilarejo ou outro: a melhor trilha de todas é a travessia entre os dois, que passa por um cenário variado de floresta e campo aberto, em subida, até uma passagem em meio às montanhas (que parece não existir até que você chega perto) de onde é possível enxergar os dois vales. A descida para Theth é fácil porém longa, mas recheada de morangos, ameixas, sombra e vento agradável (nessa época do ano, no inverno a neve predomina na região).

 

No mapa com curvas de nível abaixo é possível ver o trajeto melhor. A partir de Valbona um trajeto de carro é possível por 8km, até o pé da trilha. De lá, passamos pelo leito de um rio e umas poucas casas em caminho bem sinalizado até um descampado de onde é possível se ver cercado de montanhas.

 

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Nesse ponto é quase difícil acreditar que exista uma passagem entre os vales que não seja escalando as íngrimes encostas. Mas ali no cantinho esquerdo inferior do mapa, dá pra ver que a trilha de repente vira praticamente 90º para Sul e depois 90º para Oeste. É nesse ponto que começamos a caminhar na lateral superior da montanha, com linda visão do vale de Valbona, até chegar uma abertura, milagrosa, à nossa direita, que permite a passagem e uma visão incrível dos dois vales. É o ponto ideal pra recarregar as energias e encarar a descida na sequência.

 

Não há dificuldades técnicas quaisquer em relação à escalada, pedras, necessidade de equipamento…As únicas dificuldades são a distância e algumas partes chatas com pedras pequenas no caminho que ficam escorregando e podem torcer um tornozelo…

 

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Tirana

 

Alguns acham Tirana uma cidade dispensável, sem grandes atrações. A realidade é que nos pareceu interessante ver a mescla do período comunista, do regime fechado para o mundo, e as dezenas de novas lojas de grife, o modo chique de vestir-se das albanesas, as pessoas se divertindo nas praças públicas.

 

- O Museu Nacional é bem elogiado, mas não pudemos conferir pois o edifício todo estava em reforma: preparações para a visita do Papa Francisco. O país teve qualquer tipo de religião proibida por 40 anos, era uma visita muito aguardada.

 

- A pirâmide de Enver Hoxha é o antigo museu em homenagem ao ditador que hoje se transformou num interessante centro de exposições. Feio, esquisito, fora de contexto com a arquitetura ao redor: me parece imperdível :) A criançada sobe correndo pelo lado de fora até o topo, com ares de desafio à altura e à memória da ditadura.

 

- Free walking tour: excelente com o Gazi que nos levou em vários lugares curiosos e contou algumas boas histórias da sua infância. De tão tímido, quase foi embora sem pedir a típica contribuição dos clientes. Todo dia, 16h na frente do Museu Nacional. Mais info aqui.

 

- Parku i Madh, o Grande Parque: lotado durante a noite de barraquinhas com jogos, pessoas caminhando, bancas de livros e comida, fica logo ao sul da cidade.

 

- Os bunkers: bunker ou casamata, você provavelmente já viu um em filmes de guerra, se não lembra olha aqui. E se te dissesse, que o representante da sua nação resolveu investir em construir 700.000 deles por todo país, fazendo de cada família um ponto de resistência contra os inimigos? Na época não tinha ninguém querendo invadir o país, mas o histórico justificava certa preocupação. Enfim, eles são também uma atração e podem ser encontrador por aí, em qualquer lugar, até nas pracinhas públicas.

 

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Vuno

 

A Albânia é banhada pelo mar Adriático, o mesmo da costa oeste da Grécia e sua famosa ilha de Corfu. A cidade mais conhecida como balneário é Saranda, próxima a fronteira com a Grécia, invadida principalmente pelos helênicos em busca de lazer e economia. Buscando fugir de multidões, descobrimos Vuno, um dos muitos vilarejos a beira-mar entre Tirana e Saranda, casa de um hostel-escola muito agradável.

 

O vilarejo de cenário bucólico, com rebanhos de cabra sendo conduzidas de um lado a outro, se completa com uma linda vista do mar. Uma trilha desce até as praias mais movimentadas ou pode-se ir de carro. Optamos por ficar pela praia do cânion, alcançável a partir de uma pequena estrada que desmembra da rodovia principal até um estacionamento e de lá a pé até a areia. Fomos de carro organizado pelo pessoal do hostel e nos dividimos a pedir caronas na volta até o vilarejo. Praia de pedras arredondadas, mar incrivelmente azul e sol implacável.

 

Um par de restaurantes na rodovia vendem econômicos pratos de comida e são também mercearia, com o básico necessário para se fazer um lanche ou cozinhar uma refeição simples. Em geral os legumes e frutas são cultivados na própria região e são, portanto, sempre bem frescos.

 

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Saranda

 

A cidade no sul da Albânia tem praias, uma bela vista dos monumentos à beira-mar, algumas atrações a redor como um enorme poço azul que pode ser visitado com excursão e boa conexão com o país vizinho, a Grécia, seja através das barcas que saem de seu porto em direção a Corfu ou pelas rodovias em ônibus para Atenas ou Tessalonika.

 

 

ACOMODAÇÃO

 

Hostels na Albânia seguem uma média de 10 euros por noite em dormitório. O mais barato que ficamos foi o rústico Hostel Shkolla em Vuno por 7 euros e o mais caro 12 euros em Valbona, porém em quarto para apenas 3 e com café da manhã incluído.

 

Shkoder

 

O hostel Mi Casa es tu Casa (10 euros/pessoa, dorm de 6 camas.) tem uma pegada hippie, é bem localizado e ajudaram a organizar um pouco de nosso roteiro. Deixamos nossas mochilas cargueiras com eles por 3 dias enquanto partimos apenas com as de ataque para o norte.

 

Valbona/Teth

 

O Quku i Valbonës (12 euros, dorm 3 pax), mais conhecido como a guesthouse da Catherine é o lugar a se ficar.

 

A casa principal possui um restaurante delicioso, a recepção da guesthouse e poucos quartos. Em 10min caminhando pela rodovia ou por uma trilha se chega a outro terreno deles com mais dormitórios e bangalôs. Ovelhas pastando, silêncio arrebatador e estrelas, muitas estrelas. Por 12 euros no dormitório você tem uma cama, o melhor café da manhã de toda nossa viagem, mapas das trilhas e sossego.

 

Os extras tem preços muito justos. No restaurante é possível comer com 2 euros uma ótima refeição, organizam transporte para outros cantos e produzem até kit trilha, com pão, linguiça, fruta, biscoito, ovo, etc. por apenas 3 euros, ótimo para a travessia até Theth.

 

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Tirana

 

Hostel Propaganda (10 euros, dorm 6 pax) - o hostel mais controverso de toda viagem. No guia francês Routard, a descrição que supostamente afastaria os clientes, fez com que estes optassem por ele, senão pelo valor e conforto, mas acima de tudo pela curiosidade.

 

Temático, possui posters relacionados aos regimes ditatoriais de vários países e mobília antiga. O destaque fica para os posters logo na entrada de Stalin, Hitler, Mussolini, etc. Nas paredes dos corredores também aparecem alguns quadros de organizações de proteção à liberdade de imprensa com montagens irônicas de figuras como Bashar Al Assad e Kim Jong Un com o dedo médio em riste.

 

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Vuno

 

Hostel Skholla (7 euros, dorm 12 pax)– meio escola, meio hostel. Colchões espalhados pelo chão da sala de aula, uma pequena cozinha à disposição dos hóspedes, chuveiros do lado de fora com um engenhoso sistema de cordas e baldes e uma garrafa cortada ao meio para depositar o valor do que você quiser e pegar na geladeira… Clima caseiro agradável de simpatia e confiança.

 

Saranda

 

Hostel Hairy Lemon (10 euros, triliche em dorm 6 pax)– no alto de um prédio com vista para o mar e a 2min andando da praia, esse apartamento transformado em hostel por uma irlandesa tem almofadas na varanda e panquecas a vontade no café da manhã. Poderia ser um pouco mais organizado e limpo, mas para uma noite e pela simpatia vale a estadia.

 

Transporte

 

Ônibus na Albânia: chegam e saem de locais diferentes para cada destino, não havia rodoviárias em nenhuma das cidades por onde passamos. Para saber como achar seu caminho você terá de perguntar.

 

Sempre há motoristas particulares ou minivans perguntando pra onde você quer ir, é um complemento ao transporte público que muitas vezes sai por quase o mesmo preço e você precisa esperar apenas encher o carro.

 

Encontramos pela internet a seguinte lista, que foi útil em relação aos locais de partida, porém sem precisão em relação aos horários. De qualquer forma é interessante para saber a periodicidade da conexão entre cidades.

 

De Montenegro para Albânia: A conexão é lamentável. Basta dizer que não há um ônibus sequer que passe pela costa montenegrina e adentre o país vizinho, sequer para sua capital. O jeito é ir até uma cidade de fronteira, trocar de condução e aí sim atravessar a borda.

 

Estávamos em Budva e precisamos ir até Ulcinj para confirmar os horários dos ônibus e o preço até Shkoder, a cidade de fronteira, já do lado da Albânia. No terminal há saídas às 9h / 12:30 / 16h por 7 euros. Há também a possibilidade e oferta de taxistas porém não nos cobraram menos de 50 euros pela corrida.

 

A viagem é abafada e curta, aproximadamente 2h.

 

Shkoder: a concentração de ônibus intermunicipais maior é na Seshi (praça) Democracia, uma rótula bem no centro da cidade.

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De Shkoder para Valbona/Teth:

 

Há duas maneiras a partir de Shkoder: uma é a estrada que percorre o Noroeste do país (muitas curvas!!!) e chega a Theth. De lá para Valbona a única opção é a travessia caminhando entre os vilarejos.

 

Para Valbona o caminho a ser feito é a partir do porto no lago Koman. Vans saem de Shkoder entre 6:30 e 7h (500lek) e rodam por ~2h até o porto, onde um barco local (500lek) e os do Mario Molla (http://www.lakekoman-boattours.eu/lakekoman, 700lek, incluindo um mini café da manhã) partem para a travessia às 9h. Como agendamos um lugar na van através do pessoal do hostel, algum acordo foi feito que nos levou até os barcos do Mário. Enquanto uns pagavam, fui em busca das informações. Mas o barco local só apareceu (atrasado…) depois que já estávamos dentro de outro. Por limitações linguísticas, a única info útil que consegui foi o preço, de um simpático senhor que estava na van conosco. Motos e bicicletas podem ir no barco pequeno, mas para carros um ferry extremamente inconstante parou de rodar em 2012 mas voltou no fim de 2014, de acordo com informações dos locais. Pra informações mais atuais e sobre todas rotas possíveis, consulte aqui no Journey to Valbona pois a Catherine se mantém informada e atualiza tudo no site. :D

 

O retorno pode ser feito pelo mesmo caminho ou via Bajram Curri para ir até Tirana.

 

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De Theth para Shkoder:

 

De Theth a única opção para chegar a outros destinos é retornar à Valbona e seguir o caminho mencionado acima ou dirigir-se até Shkoder e de lá seguir viagem.

 

Disseram que havia uma van todo dia 13h a partir da igreja no vilarejo. Uma guesthouse próxima ao local disse que seria 13:30, em outros lugares falaram 14h, 15h…enfim…Montamos acampamento (desesperançoso quando já passava de 15h…) até que 15:30 apareceu a van e partimos pela sinuosa estrada por 5 horas até Shkoder (500 lek) onde nos deixaram próximos à Seshi Democracia.

 

De Shkoder para Tirana:

 

Os ônibus para Tirana partem da praça da fonte em Shkoder (vide mapa de Shkoder mais acima), no lado da rádio. Possuem bagageiro para as mochilas e custam 400lek (3 horas). Ao redor há também vários motoristas particulares. Em Tirana o ponto de descida é na rua Dritan Hoxha.

 

De Tirana para Vuno:

 

Não há uma condução direta a Vuno, as opções são um ônibus direcionado a Saranda (7h) e descer no caminho, ou ir até Vlore (de hora em hora, 500 lek) e de lá trocar para outro ônibus que, de acordo com o que nos disseram, roda até 14h.

 

O ônibus para Vlore saem do depósito sul de ônibus (Bulevardi Gjerg Fishta, 130) e deixam em Vlore perto de um posto de gasolina e da antiga estação de trem. Desconfiamos da informação de que o último sairia às 14h. Chegamos às 14:10. Motoristas de taxi queriam nos cobrar 50 euros até Vuno. Caminhamos uns 2km até a rodovia de saída da cidade, para esperar um ônibus qualquer ou pegar uma carona.

 

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Encontramos outro grupo de pessoas retornando a vilarejos próximos, dispensamos uma van cobrando 800 lek/pessoa e às 17h aproximadamente embarcamos por 200 lek rumo a nosso destino. O visual do lado direito é espetacular ;) Havia um trocador organizando o pessoal sentado e perguntando onde cada um ia, reforçamos a descida em Vuno e acompanhamos no GPS para não ter erro.

 

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De Vuno para Saranda (mas queríamos chegar na Grécia…):

 

Aquele mesmo ônibus que faz Shkoder-Saranda deveria passar em Vuno às 10h. Dessa vez nem esperamos: rapidinho uma carona apareceu para nos levar, não até Saranda, mas até Himare, a próxima cidade.

 

De lá foi difícil conseguir outra mas 1h depois embarcamos pela sinuosa estrada (prepare-se…) até Saranda.

 

De Saranda para a Grécia:

 

As barcas para Corfu saem do porto de Saranda e custam mais ou menos 20 euros. Pra informação atualizada de horários você pode checar no site da Ionian Cruises, por exemplo. São uma opção agradável porém mais cara de entrar no país vizinho. Como havíamos selecionado outras duas ilhas para visitar, fomos de ônibus mesmo através de uma agência, com saídas às 7h e 18h para Atenas por 30 euros. Queríamos ir apenas até Ioanina, onde faríamos conexão para Trikala e visitar os fabulosos monastérios de Meteora, portanto o valor era de 10 euros. Mapa completo aqui.

 

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Atenção: em alta temporada os ônibus enchem rápido e a agência (que pareceu ser a única) é uma bagunça. Não havia passagem para o mesmo dia, nem para a manhã do dia seguinte, apenas à noite. Conformados, saímos para trocar dinheiro, achar um hostel e tentar descobrir se havia outra maneira. Retornamos mais tarde e dessa vez disseram que sim, havia lugar de manhã, como não? Pedimos duas passagens, apenas anotaram nossos nomes e disseram para chegar até 6:30. Às 6:15 estávamos lá, fomos informados para aguardar um pouco e enquanto isso vejo pessoas entrando e saindo, as atendentes preenchendo os bilhetes e entregando e nos fazendo esperar. Me pareceu um jogo para tentar encher o ônibus com pessoas indo para Atenas por 30 euros e nos empurrar para o da noite. Insisti e fechei o caminho até ser atendido e sair com o bilhete em mãos. Antes de sair da cidade, o ônibus parou, confusão, sobe e desce, algumas pessoas foram trocadas pra uma van, outras subiram… E de fato, fomos os únicos a descer em Ioanina, ou melhor, no meio da estrada, a uns 6km da cidade… O motorista esqueceu que alguém ia descer por lá (ou ignorou…), não pegou a entrada e nos largou num cruzamento a partir de onde precisamos arranjar uma carona. Aventuras dos próximos posts…

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Muito legal! Pretendo fazer uma viagem Grécia, Macedônia e Albânia num futuro não tão próximo (há outras prioridades na minha interminável lista), e ouço muitos elogios de todos que já visitaram esse país.

 

Valeu pela contribuição, é com certeza o primeiro relato exclusivo à Albânia aqui no mochileiros!

 

Oi João !

 

Pois é, o Mochileiros é uma das minhas primeiras fontes de informação, mas pra alguns lugares ainda é difícil. Pela Macedônia infelizmente não passei, mas fomos por terra pra Grécia, fizemos Meteora, Atenas e algumas ilhas. Depois publico também. De qualquer modo pra lá info é mais fácil de achar.

 

E é isso, Albânia além de ser bacana, é um país se descobrindo para o turismo. A hora de aproveitar é agora que ainda tem muitos lugares a serem explorados :D

 

Abraço!

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  • Colaboradores

Espetacular. Parece um livro não um relato. Parabéns.

Eu já tinha ideia de visitar a Albânia numa viagem entre Itália e Grécia... Agora estou totalmente convencida. Vc sabe se ha algum tipo de transporte marítimo vindo da Itália?

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  • Colaboradores

Oi Juliana, que bom que gostou, lá no site tem mais desse gênero, mas estamos super atrasados com posts lá e cá, nem no Facebook tá sincronizado, hahahaha

 

Tem ferry sim entre Itália e Albânia. Sei que os portos italianos de Ancona, Bari, Brindisi e Trieste viajam pra Vlora e Durres na Albânia. Não sei se tem outras rotas...

 

Você pode simular algumas viagens por aqui ó: http://ventouris.gr/en/

 

Mas essa é só uma empresa, deve ter outras!

 

Até!

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  • Colaboradores

Obrigada Enrico... achei uns outros sites de simulação tb... duro é chegar em Brindisi! Pela minha ideia eu estaria em Nápoles e não estou achando, na internet, formas de chegar em Brindisi. Deve ser baldeando de cidade em cidade, rs!

Mas esta minha viagem é pra daqui algum tempo, terei tempo sobrando pra achar os caminhos, haha!!

 

Vou acompanhar o blog!

:)

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Olá!

 

Fiz uma busca aqui no site da Trenitalia.com e achei uns esquemas por lá.

 

Na página inicial, primeiro de tudo, escolhe Tutti i Treni na caixa de busca ali da esquerda.

 

Bota só "andata" na seleção.

 

Da: Napoli (Tutte le stazione)

A: Brindisi

 

Coloca uma data de partida em até 7 dias de hoje. Buscar.

 

Ele acha algumas opções, entre elas essa ó:

 

Napoli Centrale / Intercity

08:45

Taranto

12:50

 

Taranto / Regionale

14:20

Brindisi

15:17

 

23. 90 €

 

No site da Commune de Brindisi explica também como ir de carro > http://www.comune.brindisi.it/turismo/index.php?option=com_content&view=article&id=23&Itemid=15&lang=it

 

In Auto: provenendo da Nord sull'Autostrada Adriatica A-14 (Bologna-Taranto) o dalla A-16 (Napoli-Canosa di Puglia) prendere l'uscita Bari-Nord per entrare in A-14/E55 verso Bari Centro/Brindisi, immettersi sulla SS16 e continuare sulla E55/SS379 in direzione Brindisi fino ad arrivare al capoluogo. Provenendo da Sud dalla SS106 Jonica (Reggio Calabria-Taranto) entrare nella E90/SS7 attraverso lo svincolo per Grottaglie/Brindisi e proseguire fino al capoluogo.

 

Bjs!

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