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Parabéns pela caminhada. Com 22 anos aproveitando a vida da melhor forma possível, IMHO.

Aguardando cenas dos próximos capítulos...

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No aguardo! Especialmente na subida do Acatenango! Estive na Guatemala no começo do ano e peguei bem o período que o Fuego estava com pouca atividade.

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MÉXICO

Para quem se pergunta como fiz para viajar por quase três meses sem trabalhar, esse início da viagem é a resposta. Saí do Brasil em novembro e trabalhei até março em uma estação de ski nos EUA. Aprendi a esquiar, me diverti demais e ainda guardei o suficiente para viajar por um ano (sendo cuidadosa com o dinheiro). Saí de Chicago em um voo direto para Cancun para começar minha viagem na América Central.

Como já tinha saído do país há um tempinho, primeiro reencontrei minha família em Cancún e fizemos uma viagem de férias. Ficamos uns 12 dias no México viajando de carro por Cancún, Valladolid e Playa del Carmen. Visitamos Chichén Itzá, uma das sete maravilhas do mundo, e vários cenotes, que pra mim foram a melhor parte da viagem. A energia desses lugares é surreal, difícil até de explicar. O Suytun foi o que mais me marcou — ele é fechado, com uma abertura no teto que deixa passar só um feixe de luz bem no meio, onde tem uma passarela que leva até lá. Parece cenário de filme ou de algum ritual maia. Me pergunto se aquela passarela é original ou se colocaram depois pra atrairem turistas - não achei informação sobre. Fomos também no Ik Kil (achei cheio demais), no Dos Ojos e no Jardín del Edén. Todos com água super agradável, até os fechados, o que me surpreendeu muito.

A gente também passou um dia no Xcaret, um parque bem famoso por lá. Aproveitamos o rio, praia, várias atrações culturais, vimos animais, comemos muito bem e terminamos assistindo um show que conta a história e cultura do México. O show é enorme (umas 3 horas), mas vale muito a pena. E claro, também fomos pras praias da região. Algumas estavam bem cheias de algas, o que já era esperado, então nem me frustrei. Mesmo assim, deu pra curtir bastante.

Minha viagem sozinha começou em Playa del Carmen. Consegui enfiar minhas coisas na mochila, mas sigo carregando mais do que deveria rsrs. Saindo do hotel, já levei um choque de realidade: um taxista tentou me cobrar 40 dólares por uma corrida de cinco minutos. Obviamente fui a pé, debaixo de 35 graus. Nessa parte do México gostam de meter a faca nos turistas. Minha primeira parada foi Bacalar. Fiquei em um party hostel que não tem nada a ver comigo. Aprendi minha lição e passei a reservar hostels sociais, mas sem muita festa. Lá conheci a Anna, uma influencer de viagem da Polônia (spoiler: ainda vou reencontrar ela). Amei Bacalar. A laguna é linda, com aquela água azul surreal. Fiz passeio de lancha, fui nos balneários e em Los Rápidos. É muito gostoso nadar numa água doce que parece mar. Imagino que, daqui uns anos, Bacalar vai estar bem mais turística e cara. Depois de comer muitos esquites e marquesitas, segui viagem pra Belize.

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Editado por rafaelaneto
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Em 22/06/2025 em 15:09, D FABIANO disse:

Essa é a parte do México que não conheço por causa de visto. Deduzo que você usou o do Norte,acertei?

Demorei um pouquinho para entender, mas acho que está falando da questão do visto para entrada. Se não for isso me corrija, mas acho interessante passar essa informação aqui de qualquer forma. Eu voei dos EUA para o México e usei o visto americano de turismo para entrar no país. Hoje o México exige visto para brasileiros. Recomendo quem for pro México, já tentar tirar o visto americano ao invés do mexicano. E também para quem planeja ir pra América Central, principalmente a rota “subindo” pro México, ter um visto americano ou se preparar para questionamentos. Eu tenho visto americano válido e mesmo assim fui questionada algumas vezes se estava tentando ir/sair ilegalmente para os EUA.

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BELIZE

Acordei às 5h da manhã e saí correndo pra pegar o ônibus ADO (ótimo para viajar no México e dá para comprar online). Tive que andar 20 minutos sozinha, no escuro, pra chegar no ponto. Cheguei três minutos antes da saída e o ônibus já partiu assim que me sentei. 

Em uma hora cheguei em Chetumal. Vi um grupo de meninas e perguntei se estavam indo no mesmo ferry que eu. Elas disseram que sim, então dividimos um táxi até o porto e depois ficamos juntas até o horário da saída. Aproveitei pra gastar meus últimos pesos mexicanos em água e comida num mercadinho. Bem… esse ferry nunca chegou a sair. Nem naquele dia, nem nos sete dias seguintes. O vento estava muito forte e, quando avisaram do cancelamento, tivemos que correr atrás de outra forma de chegar em Belize.

Tinha escolhido essa rota (Chetumal-Caye Caulker) por ser a mais rápida e segura, mas não ia rolar. Tinha comprado aqui e sugiro ir por essa rota. Eu e as meninas — todas australianas — pegamos um táxi até a fronteira (uns 10 minutos) e lá encontramos um shuttle pra Belize que a companhia do ferry tinha nos ajudado a encontrar. A parte complicada foi a imigração mexicana. Passamos três horas lá, lidando com policiais extremamente corruptos, que cobravam quase 50 dólares como “taxa de saída”. Já sabia desse esquema — as próprias empresas de transporte avisam, só não falam abertamente que é propina.

O problema: eu não tinha mais dinheiro. Nem pesos, nem dólares. Me chamaram pra salinha. Uma senhora me atendeu rindo, super simpática. Expliquei que já tinha pago a taxa na entrada, mostrei minha passagem aérea, mas ela logo ficou séria e disse que, mesmo assim, eu teria que pagar. Me mandou esperar do lado de fora. Fiquei lá por uma hora, vendo todo mundo entrar e sair com o passaporte carimbado. As meninas australianas ficaram com pena e até me deram dinheiro australiano, “just in case”.

Eu já estava focada em não pagar nada indevido. Me juntei a outras duas meninas que também não tinham mais dinheiro para pagar. Entramos juntas na sala. A senhora nem olhou pra mim. As meninas, com inglês super básico, disseram que não tinham dinheiro. Ela respondeu, bem séria, que então teriam que pagar na próxima vez que entrassem no México, e carimbou os passaportes delas. Aproveitei o embalo e, sem pensar muito, entreguei meu passaporte. Ela carimbou sem falar nada.

Quando saí da sala, todo mundo ficou olhando, curioso pra saber se eu tinha conseguido. Confirmei que sim e, quando falei que não tinha pago nada, deu pra ver a mistura de alívio e raiva nas pessoas — perceberam que aquela “taxa” era, na verdade, pura propina.

Seguimos viagem até Belize City. A partir dali, as placas passaram a estar todas em inglês. Belize foi colônia britânica por muito tempo. Não andei pela cidade, que é uma das mais perigosas do mundo. Apenas peguei o ferry direto pra ilha de Caye Caulker. No fim, gastei uns 2 dólares a mais (isso que me livrei da propina) e demorou 3x mais do que aquele ferry original, por isso recomendo ele.

Meu hostel era super simples: um quarto com quatro camas e sem espaço pra colocar as malas. Se chama Tropical Oasis. Parecia aquele poema do Vinícius de Moraes — não tinha piso, nem paredes completas. Só uma meia-parede de 1,5 metro, e o resto era fechado por uma tela. Eu estava na beliche de cima e como ventava bastante na ilha, acordava todos os dias cheia de areia, folhas e terra — na cama, nas roupas e na mochila. Paciência. Sabia que era bem simples, mas era o que tinha disponível, e não me arrependo de ter ido. Nessa viagem, reservava os hotéis 2-3 dias antes, mas para Caye Caulker sugiro reservar antes. Conheci várias pessoas que não chegaram a conhecer por não achar acomodação.

Caye Caulker é uma gracinha. Cheia de vida: iguanas, pássaros e muita vida marinha. Nadei com cavalos-marinhos, peixes e arraias. Só não vi mais bichos porque não fiz o passeio mais famoso da ilha, que é de mergulho ou snorkel. A ilha é pequena, toda andável, cheia de restaurantes gostosos (e caros — assim como tudo em Belize) e gente super carismática. Talvez até carismática demais para mulheres.

Não me senti exatamente em perigo, mas foi bem desconfortável. Era impossível andar na rua sem ouvir cantadas de uns 20 homens diferentes. Alguns me seguiram até dentro de estabelecimentos e meu próprio hostel. Como a ilha era pequena, via os mesmos homens várias vezes e às vezes questionavam porque não parei para conversar e etc. Conversei com outras mulheres durante a viagem e todas também passaram por isso. Não desaconselho nenhuma mulher a ir, mas é bom saber o que esperar. O famoso lema “slow down” da ilha definitivamente não é pra mim. Mesmo assim, tive dias bons por lá. Até estendi minha passagem por mais um dia.

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Visitei a Stingray Beach algumas vezes, andei por toda a ilha, passei um dia no Lazy Lizard. A comida é cara, comi Fryjacks do Errolyn's House Of Fryjacks todos os dias para economizar. É tipo um pão frito com ovo, queijo e molho picante. Custava 2-3 dolares. Esses preços do menu são de um restaurante mais arrumadinho e estão em dolares belizenhos. Pra saber o valor em dolares americanos, dividir por 2.

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Minha segunda parada em Belize foi San Ignacio. Peguei um shuttle no Get Your Guide ou no Viator por uns 15-20 dol. Poderia ter pegado um chicken bus por um valor bem melhor e não era difícil de achar. No caminho, deu pra perceber como o país é pobre. Pouquíssimo comércio, geralmente pequenas mercearias com preços tabelados. As casas são super simples, no lindo estilo caribenho, infelizmente mal conservadas. Não vi esse estilo de construção em nenhum outro lugar na viagem.

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Ao chegar em San Ignacio, minha primeira impressão foi o cheiro ruim. O esgoto corria na beira das ruas. Segui explorando o centrinho. Em um dos dias fui para Pine Ridge Mountain com um americano de NYC que falava português. Ele me levou de carro para visitarmos um pointview de uma cachoeira e depois nadamos em outra cachoeira. Vale a pena conhecer em carro próprio. O valor do passeio por agências já é o valor do carro que dá para dividir em até 5 pessoas. Nos hostels sempre tem alguém querendo dividir.

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À noite, conheci uma menina alemã no bar do hostel. Resolvemos sair pra comer. Uns meninos do nosso quarto ouviram e quiseram ir junto. A ideia era ir no mercadinho do lado, mas acabamos indo mais longe, num restaurante que eles queriam. A alemã ficou bem nervosa com a decisão quando, na volta, caiu uma chuva absurda. Tentamos nos proteger debaixo da barraca do restaurante, sem sucesso. Então saímos correndo.

O problema é que a água já estava subindo. Uns 60cm de água na rua — e tudo que eu conseguia pensar era nas valas de esgoto. Me encharquei inteira e a coitada da alemã chegou a cair em uma das valas.

No dia seguinte, saí para explorar a cidade com essa mesma menina. Fomos nas Cahal Ruins e, por um bom tempo, ficamos sozinhas lá, o que foi bem bacana. Nas ruínas mais famosas sempre tem muita gente. Queria ter ido também no centro de resgate de iguanas, mas não cheguei a ir. Visitamos o mercado local, bem simples, e depois me apressei pra trocar de hostel.

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Fui pra um eco-lodge chamado Lower Dover, perto dali. Foram dias maravilhosos. Comi super bem, nadei no rio, fiz trilhas, visitei ruínas maias que ficam dentro da própria propriedade e tive uma das melhores noites de sono da viagem. Recomendo ficar nesse local. Todos os passeios da região você consegue fazer se hospedando aqui.

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De lá, fiz o famoso **ATM Cave Tour**, que custou 135 dólares e, sem dúvidas, foi um dos melhores tours da minha vida. Não é permitido levar celular, então minha única lembrança é esse relato.

Fomos em um grupo de seis pessoas, guiados pelo Michael. Começamos com uma trilha tranquila de uns 40 minutos, precisando atravessar um rio nadando seis vezes. Chegamos na entrada da caverna, que já é linda: cheia de estalactites, estalagmites e um rio cristalino passando por dentro, no meio de uma escuridão total.

Lá dentro, precisei nadar, escalar, passar por frestas bem estreitas e deslizar por pedras durante cerca de um quilômetro, até chegar na parte mais surreal. De todos os lados, objetos maias usados em rituais há mais de mil anos: centenas de panelas, todas exatamente no lugar onde foram deixadas, sem nenhuma proteção.

E então começam a aparecer os ossos: crânios, fêmures de bebês e até um esqueleto quase completo, todos vítimas de sacrifícios. Os arqueólogos optaram por não remover nada, porque tudo desmoronaria. Ou seja, vi tudo exatamente como os maias deixaram há séculos. Caminhei pelo mesmo trajeto que eles faziam para realizar os rituais.

O guia explicou tudo muito bem. Entendi por que faziam os sacrifícios e no que acreditavam. As sombras das pedras parecem rostos de deuses, a água que evapora dá impressão de uma fonte mágica, e o fogo que usavam pra iluminar causava alucinações. Tudo fazia muito mais sentido estando lá. Foi uma das experiências mais lindas da minha vida. Vou colocar umas fotos da internet aqui, mas não fazem justiça ao lugar.

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Nesse hostel, conheci a Liz, uma americana que ama o mar, mergulhos e vive viajando. Curiosamente, o local que eu trabalhei nos EUA era há um hora de distância de onde ela mora e ela já tinha visitado algumas vezes. Conversamos bastante, e ela acabou decidindo passar uns dias em Flores comigo.

 

 

Editado por rafaelaneto
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@rafaelaneto Isso mesmo, entendeu a pergunta, eu não vou a esses 3 lugares por me recusar a tirar visto.Sou cidadão como todos,só que tenho idade e,consequentemente, dinheiro para não abaixar a cabeça para ninguém, principalmente para yanki. 

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