Colaboradores pmichelazzo Postado Junho 28 Colaboradores Postado Junho 28 @Silnei de Deus, coloca logo o novo fórum no ar com galeria de fotos. Minha mão está doendo por causa do scroll. Daqui há pouco o post tem 3 metros de comprimento 1 Citar
Membros rafaelaneto Postado Setembro 24 Autor Membros Postado Setembro 24 (editado) EL SALVADOR O shuttle de Antígua para Santa Ana custava 55 dólares. Fazendo o trajeto com cinco chicken buses diferentes, saía por 12 dólares. Escolhi o chicken bus. Cheguei viva. E, para minha surpresa (ou não), a Anna resolveu me seguir. Achei que seria bom ter companhia para cruzar a fronteira, mas ela mais atrapalhou do que ajudou. Chegamos vivas em Santa Ana, El Salvador. Mais um país na conta. E… como eu amei El Salvador. País pequeno, e eu achando que não ia me marcar tanto. Que erro o meu. Até poucos anos, era um dos países mais violentos do mundo. Hoje, é um oásis de segurança na América Central. Claro que há quem critique a postura do atual presidente, mas são minoria. O país é seguro, organizado, tem boa estrutura, é o mais barato até agora, com comida deliciosa, atrações incríveis e um povo ABSURDAMENTE GENTIL. Talvez por não estarem tão acostumados com turistas, os salvadorenhos são de uma simpatia e hospitalidade impressionantes. Ninguém tentou me passar a perna, nunca me cobraram preço de gringo, e em várias situações fizeram questão de me ajudar sem pedir nada em troca. Usei apenas chicken buses pra me locomover. Baratos, organizados e muito fáceis de usar. Por sorte, peguei justamente a semana em que o transporte estava gratuito no país inteiro, por conta de uma rodovia interditada — decreto do presidente. Comecei por Santa Ana. Passei um dia explorando o centro: igrejas, parques e até assisti a um grupo de dança. No dia seguinte, fui visitar Joya de Cerén, um sítio arqueológico que preserva uma vila maia soterrada por uma erupção — tipo uma mini Pompéia. É importante historicamente, mas sinceramente foi meio sem graça. Poderia ter visitado ruínas no mesmo dia, mas estava exausta e, sendo bem honesta, acho que já vi ruínas o suficiente. Fiz também a trilha do Vulcão Santa Ana. Relativamente fácil, leva umas duas horas pra subir e uma hora pra descer. Não consegui ver a cidade do topo, mas a cratera com aquela água azul turquesa e o cheiro forte de enxofre compensaram totalmente. Que sensação surreal olhar aquilo. Depois, fui para Juayúa, onde me senti uma local de tanto pegar chicken buses. Foi uma das melhores estadias da viagem. Todo mundo do hostel virou amigo, saíamos juntos o tempo todo. Fiz o tour das 7 Waterfalls — que na prática são mais de sete. As cachoeiras não são super impressionantes, mas a experiência foi incrível. Algumas dava pra nadar, outras eram um banho delicioso, e em uma delas tivemos que fazer um mini rapel pra continuar — naquele jeitinho clássico da América Central: 0% equipamentos, 100% fé. Mesmo tendo medo de altura, fui tranquila. Foi maravilhoso e acessível (10 dólares). Juayúa faz parte da famosa Ruta de Las Flores. Me disseram que, na época certa, fica tudo florido. Ainda fora de época, vi poucas, mas mesmo assim já era lindo. Visitei várias cidadezinhas da rota, seus parques, igrejinhas e mercados. Em algumas, eu era literalmente a única turista. Fui também na Cachoeira Salto de Machuatipan, que, apesar de não ser esteticamente impressionante, tem um diferencial: águas quentinhas. Tava completamente sozinha lá. Água cristalina, hiper aquecida — em alguns pontos, tão quente que mal dava pra ficar. Adiei esse passeio mil vezes por causa do calor, quase desisti, mas foi simplesmente um dos melhores da viagem, e custou incríveis 1,50 dólares. Na volta, descobri que já não passava mais ônibus. As funcionárias do local me disseram pra ir até a estrada e tentar um táxi. Fui para a beira da estrada… e o primeiro carro parou. Perguntei se ia pra cidade e se podia me levar. E ele: “sim”. Passei os 20 minutos de viagem pensando se era táxi ou não. No fim, era a minha primeira carona (acidental) da vida mesmo, hahah. Não trocamos uma palavra, mas no final agradeci muito. No meu último dia, fui ao famoso Café Albania, aquele das tirolesas e brinquedos radicais que viralizou no TikTok. Fui com uma americana e uma canadense. Foi divertido, inclusive entrei no meu primeiro labirinto da vida. Depois, corri pro ônibus rumo a El Zonte, a cidade dos surfistas. O ônibus estava absolutamente LOTADO. Na América Central, usam aqueles ônibus escolares antigos dos EUA, super coloridos e enfeitados — feitos pra crianças, então já viu, né? Pequeno e desconfortável para quem tem mais de 1.60. Foi uma delícia. O hostel não era lá essas coisas, mas a localização compensava qualquer coisa: de frente pro mar, numa quina cercada pelas ondas, com piscina e uma vista surreal. O dono morava lá com a família, e por milagre fiquei sozinha no quarto por dois dias. Meus dias foram: comer, caminhar na praia, assistir ao pôr do sol e ver os surfistas. Perfeito. IMG_5275.mov Minha última parada no país foi San Salvador, a capital. A cidade é enorme, bem organizada, cheia de praças, parques e um centro histórico bonito e bem cuidado. Passei só uma tarde ali, mas foi uma grata surpresa. No dia seguinte, segui viagem de volta para a Guatemala. Em um dos 4 ônibus da volta vi pela primeira vez as tal « chickens » dos chicken buses hahah. IMG_5296.mov IMG_5375.mov Editado Setembro 24 por rafaelaneto 1 Citar
Membros rafaelaneto Postado Setembro 24 Autor Membros Postado Setembro 24 (editado) GUATEMALA: PARTE 2 Sim, eu já tinha ido para a Guatemala. Conversando com outras pessoas ao longo da viagem, descobri que o vulcão tinha voltado a ter erupções constantes. Também pesquisei e vi que a melhor rota para ir de El Salvador para Honduras era passando pela Guatemala. Então decidi aproveitar e realizar um dos meus maiores sonhos. Passei o dia inteiro viajando e dormi cedo para ter energia no dia seguinte. Optei por pagar mais caro e fazer o tour de carro. Isso significa que, em vez de caminhar 6 horas morro acima, fui de carro por cerca de 2 horas e depois caminhei apenas meia hora em terreno plano. Muita gente nem sabe dessa opção e alguns sobem de cavalos junto com o pessoal da trilha - que além de sair o mesmo preço do carro é péssimo pro bichinho. Pensei que seria um grupo cheio de pessoas mais velhas, famílias e crianças, mas, para minha surpresa, o grupo era formado todo por jovens — uns 12 israelenses, eu e mais duas meninas que viajavam juntas. Essas duas meninas fizeram comigo a trilha opcional, que levava ainda mais perto do vulcão. Essa trilha sim foi um pouco puxada. Levamos 5 horas para percorrer apenas 1,2 km. É extremamente íngreme e, pra melhorar, a volta é feita no escuro. Eu tive muita dificuldade na subida, parava a cada três minutos para respirar. Ouvi minha primeira erupção quando estava na metade do caminho, e isso me deu forças para continuar. O barulho é ensurdecedor. Parece uma explosão gigante, um trovão vindo de dentro da terra. Os israelenses disseram que é o mesmo barulho de mísseis. Lá no topo, conseguimos chegar a uns 200 metros da « boca » do vulcão. Vi umas três erupções dali de cima, mas infelizmente nenhuma no período noturno. As meninas ficaram com medo — tanto do vulcão quanto da descida no escuro — e, por isso, descemos bem antes do previsto. Por mim, teria ficado mais tempo. Não tive tanto tempo quanto queria para realmente aproveitar aquele momento, mas ainda assim valeu muito a pena. Fazer essa trilha opcional foi incrível. A vista é absurda, vi o pôr do sol lá de cima, com as erupções acontecendo ao fundo. Antes de ir, eu só pensava em como seria difícil ou no que eu veria, mas não tinha parado pra pensar no medo que se sente lá em cima. Porque, no fim, aquilo é um espetáculo da natureza, sim, mas também é um lembrete de que a qualquer momento uma erupção mais forte pode acontecer. E acho que é exatamente isso que torna a experiência tão poderosa. Você sente, na pele, o quanto a Terra é viva e poderosa. Voltamos pro acampamento e eu simplesmente apaguei. Dormi das 20h até as 2h da manhã. Me forcei a sair da cama quentinha pra tentar ver algo do lado de fora. Fiquei acordada por duas horas, mas consegui ver pouca coisa. Quando o céu estava limpo, o vulcão ficava calmo. E quando as nuvens cobriam, ele soltava pequenas erupções, como se estivesse brincando com a gente. A natureza tem dessas. Mesmo assim, foi surreal. Quero muito voltar um dia, em outra oportunidade, pra ver esse vulcão no seu máximo poder. E, sem dúvidas, faria do mesmo jeito: de carro até onde dá, e depois essa trilha opcional. O pessoal que foi de trilha chegaram no acampamento derrotados e poucos foram para essa trilha opcional Fuego que na minha opinião é a melhor parte do passeio. No dia seguinte, voltamos de carro pela manhã e, sem muito descanso, já peguei um ônibus direto pra Cidade da Guatemala. E olha… viagens fazem isso com a gente, né? Eu estava fedendo, suada, carregando peso, podre de cansaço e sono, e mesmo assim me obriguei a sair pra conhecer a cidade. E, pra minha surpresa, gostei ainda mais dali do que da capital de El Salvador. Caminhei pelo Distrito 3 e pelo Distrito 4, que são bem bonitinhos. A cidade tem a fama de ser uma das mais perigosas da América Latina. Mas, creio que nós brasileiros já somos programados para tomar cuidado com isso. No dia seguinte, já fui pra um novo país. IMG_5466.mov IMG_5484.mov IMG_5485.mov IMG_5504.mov IMG_5541.mov IMG_5544.mov IMG_5577.mov Editado Setembro 24 por rafaelaneto 2 2 Citar
Membros FCRO Postado Setembro 26 Membros Postado Setembro 26 (editado) Em 24/09/2025 em 15:28, rafaelaneto disse: GUATEMALA: PARTE 2 Sim, eu já tinha ido para a Guatemala. Conversando com outras pessoas ao longo da viagem, descobri que o vulcão tinha voltado a ter erupções constantes. Também pesquisei e vi que a melhor rota para ir de El Salvador para Honduras era passando pela Guatemala. Então decidi aproveitar e realizar um dos meus maiores sonhos. Passei o dia inteiro viajando e dormi cedo para ter energia no dia seguinte. Optei por pagar mais caro e fazer o tour de carro. Isso significa que, em vez de caminhar 6 horas morro acima, fui de carro por cerca de 2 horas e depois caminhei apenas meia hora em terreno plano. Muita gente nem sabe dessa opção e alguns sobem de cavalos junto com o pessoal da trilha - que além de sair o mesmo preço do carro é péssimo pro bichinho. Pensei que seria um grupo cheio de pessoas mais velhas, famílias e crianças, mas, para minha surpresa, o grupo era formado todo por jovens — uns 12 israelenses, eu e mais duas meninas que viajavam juntas. Essas duas meninas fizeram comigo a trilha opcional, que levava ainda mais perto do vulcão. Essa trilha sim foi um pouco puxada. Levamos 5 horas para percorrer apenas 1,2 km. É extremamente íngreme e, pra melhorar, a volta é feita no escuro. Eu tive muita dificuldade na subida, parava a cada três minutos para respirar. Ouvi minha primeira erupção quando estava na metade do caminho, e isso me deu forças para continuar. O barulho é ensurdecedor. Parece uma explosão gigante, um trovão vindo de dentro da terra. Os israelenses disseram que é o mesmo barulho de mísseis. Lá no topo, conseguimos chegar a uns 200 metros da « boca » do vulcão. Vi umas três erupções dali de cima, mas infelizmente nenhuma no período noturno. As meninas ficaram com medo — tanto do vulcão quanto da descida no escuro — e, por isso, descemos bem antes do previsto. Por mim, teria ficado mais tempo. Não tive tanto tempo quanto queria para realmente aproveitar aquele momento, mas ainda assim valeu muito a pena. Fazer essa trilha opcional foi incrível. A vista é absurda, vi o pôr do sol lá de cima, com as erupções acontecendo ao fundo. Antes de ir, eu só pensava em como seria difícil ou no que eu veria, mas não tinha parado pra pensar no medo que se sente lá em cima. Porque, no fim, aquilo é um espetáculo da natureza, sim, mas também é um lembrete de que a qualquer momento uma erupção mais forte pode acontecer. E acho que é exatamente isso que torna a experiência tão poderosa. Você sente, na pele, o quanto a Terra é viva e poderosa. Voltamos pro acampamento e eu simplesmente apaguei. Dormi das 20h até as 2h da manhã. Me forcei a sair da cama quentinha pra tentar ver algo do lado de fora. Fiquei acordada por duas horas, mas consegui ver pouca coisa. Quando o céu estava limpo, o vulcão ficava calmo. E quando as nuvens cobriam, ele soltava pequenas erupções, como se estivesse brincando com a gente. A natureza tem dessas. Mesmo assim, foi surreal. Quero muito voltar um dia, em outra oportunidade, pra ver esse vulcão no seu máximo poder. E, sem dúvidas, faria do mesmo jeito: de carro até onde dá, e depois essa trilha opcional. O pessoal que foi de trilha chegaram no acampamento derrotados e poucos foram para essa trilha opcional Fuego que na minha opinião é a melhor parte do passeio. No dia seguinte, voltamos de carro pela manhã e, sem muito descanso, já peguei um ônibus direto pra Cidade da Guatemala. E olha… viagens fazem isso com a gente, né? Eu estava fedendo, suada, carregando peso, podre de cansaço e sono, e mesmo assim me obriguei a sair pra conhecer a cidade. E, pra minha surpresa, gostei ainda mais dali do que da capital de El Salvador. Caminhei pelo Distrito 3 e pelo Distrito 4, que são bem bonitinhos. A cidade tem a fama de ser uma das mais perigosas da América Latina. Mas, creio que nós brasileiros já somos programados para tomar cuidado com isso. No dia seguinte, já fui pra um novo país. IMG_5466.mov 15.52 MB · 0 downloads IMG_5484.mov 8.85 MB · 0 downloads IMG_5485.mov 11.31 MB · 0 downloads IMG_5504.mov 5.71 MB · 0 downloads IMG_5541.mov 11.69 MB · 0 downloads IMG_5544.mov 14.86 MB · 0 downloads IMG_5577.mov 708.2 kB · 0 downloads qual frequencia de erupçoes do vulcao? fui pra guatemala em fevereiro e só peguei o vulcao com fumarolas estou pensando em ir denovo mas quero ter CERTEZA que ele esteja soltando fogo. e qual valor voce pagou no tour de carro até la? a 1a vez fiz a trilha, mas se voltar vou me poupar e ir de carro mesmo Editado Setembro 26 por FCRO Citar
Membros ThiagoHM Postado Setembro 26 Membros Postado Setembro 26 2 horas atrás, FCRO disse: qual frequencia de erupçoes do vulcao? fui pra guatemala em fevereiro e só peguei o vulcao com fumarolas estou pensando em ir denovo mas quero ter CERTEZA que ele esteja soltando fogo. e qual valor voce pagou no tour de carro até la? a 1a vez fiz a trilha, mas se voltar vou me poupar e ir de carro mesmo Fui na mesma época que você e ter certeza é bem difícil. Na época, acompanhei os boletins de um instituto da Guatemala: Boletim diário: https://insivumeh.gob.gt/?p=130961 Câmeras de vigilância: https://insivumeh.gob.gt/?page_id=118262 1 Citar
Membros FCRO Postado Setembro 26 Membros Postado Setembro 26 54 minutos atrás, ThiagoHM disse: Fui na mesma época que você e ter certeza é bem difícil. Na época, acompanhei os boletins de um instituto da Guatemala: Boletim diário: https://insivumeh.gob.gt/?p=130961 Câmeras de vigilância: https://insivumeh.gob.gt/?page_id=118262 excelente, não conhecia esse boletim tinha um outro que eu via, mas não era tão completo assim aproveitando, tenho um amigo que esta em antigua neste momento e ele falou que o vulcao só está soltando fumaças, por conta disso desistiu de subir o acatenango vamos torcer para que em algum momento volte a ter erupçoes como antes Citar
Membros rafaelaneto Postado Setembro 29 Autor Membros Postado Setembro 29 Em 26/09/2025 em 11:39, FCRO disse: qual frequencia de erupçoes do vulcao? fui pra guatemala em fevereiro e só peguei o vulcao com fumarolas estou pensando em ir denovo mas quero ter CERTEZA que ele esteja soltando fogo. e qual valor voce pagou no tour de carro até la? a 1a vez fiz a trilha, mas se voltar vou me poupar e ir de carro mesmo Eu consegui assistir umas 6 erupções e ouvir mais umas 10. Pelo que eu conversei com os guias e com outros mochileiros na viagem é bem imprevisível mesmo. Quem foi no dia anterior ao meu, viu diversas daquelas explosões mais bonitas, bem vermelhinhas. Quem foi no dia anterior a esse não viu e nem ouviu nada. O jeito é ter sorte mesmo e tentar marcar a viagem para a época de seca (nov-abril) para ter mais chances de ceu limpo. Ou comprar a viagem em cima da hora quando tiver um pico de atividade. Dá ainda para ficar uma noite extra no topo para ter mais chance de ver. O tour de carro foi 1500 quetzales ou 200 dolares, comprei com a Mayan Outdoors. Whatsapp +502 40664719. 1 Citar
Membros rafaelaneto Postado Outubro 19 Autor Membros Postado Outubro 19 HONDURAS Para atravessar a fronteira, fui por uma rota pouco divulgada para turistas atravessarem a Guatemala e Honduras. Fui de ônibus da companhia Litegua (+502 5200 1838) da capital da Guatemala até a fronteira por 120 quetzales e de lá tomei uma van de 1-2 dólares até o destino final. Minha primeira parada em Honduras foi Copán Ruínas, uma cidadezinha charmosa e tranquila. Na minha primeira hora no hostel já conheci uma australiana chamada Daniela, que mora na Europa. Descobrimos que estávamos fazendo rotas bem parecidas, só com alguns dias de diferença. No primeiro dia, demos uma volta pelo centro, conhecemos a pracinha e comemos um prato típico do México que vale muito a pena provar: os esquites ou elotes. No dia seguinte fomos juntas visitar as Ruínas de Copán, que ficam só 1,5 km do centro, então fomos andando mesmo. As ruínas não são tão grandiosas ou altas quanto outras cidades maias que já visitei, mas se destacam pelos detalhes nas esculturas e estelas. É um dos sítios arqueológicos maias mais artísticos e detalhados. Uma coisa que deixou o passeio ainda mais especial foram as araras , que ficam soltas por todo o sítio. A Dani estava um pouco apavorada com elas — engraçado ver ela se abaixando toda vez que uma voava por cima. O calor estava surreal. Assim como em El Salvador, o clima estava insuportável, aquele tipo de calor que te faz sentir mal, querer desmaiar. Tento não reclamar, porque era época de chuvas e ao menos estava fazendo sol. Depois de Copán, fui para o Lago Yojoa, o maior lago de Honduras. Fiquei na cidadezinha de Los Naranjos, uma vila bem simples e tranquila às margens de um canal que leva ao lago. O lugar tem um hostel bem famoso entre mochileiros chamado D&D Brewery, que fica no meio da natureza, todo rodeado por verde, passarinhos e borboletas. Percebi que em Honduras vem bem menos mochileiros comparado aos outros países da América Central — os hostels estavam bem vazios. A não ser em Utila, que é exceção total. O hostel era até bem legal, meio no estilo floresta, com chuveiros de teto aberto, mas a cidade em si tinha poucas opções pra comer. Passei dias indo no mesmo café, que parecia ser o único lugar decente. Mas até esse café me estressava: não tinha cardápio com preço nem na fachada nem no balcão e as atendentes não gostavam de atender e ficavam rindo umas com as outras. Parece ser algo cultural, em vários serviços (restaurantes e transportes) não me passavam o preço, ficavam me olhando como se eu tivesse que adivinhar quanto custava. Tentei achar um restaurante típico. Encontrei um de comida hondurenha e pedi uma baleada, que é tipo o pão na chapa deles — tortilha com feijão, queijo e ovos. Vi a mulher enfiar a mão na geladeira e pegar uma coisa suspeita, mas já estava lá, com fome, e comi assim mesmo. E claro… no outro dia passei mal. De passeio, aluguei um caiaque com a Dani e passamos algumas horas remando pelo lago. O lago em si é bem bonito, mas não tem muitos pontos pra descer e explorar, é mais pra relaxar e observar os pássaros. Descobri que é um destino renomado para isso. Também fiz uma trilha no Bio Parque Paradise, que fica pertinho do hostel. A entrada custava uns **US\$ 3** e foi uma ótima surpresa: poços pra nadar, rio, mirante, ruínas pequenas, várias trilhas… mas zero sinalização. Também visitei a Catarata Pulhapanzak, uma das maiores cachoeiras do país. Peguei um ônibus de 30 minutos, depois caminhei uns 15. A catarata é LINDA, super alta, com aquele visual de filme. Não dá pra nadar na queda principal, mas dá pra subir na parte de cima, onde tem poços com água cristalina. A estrutura é ótima, tem até redes pra descansar. De lá, fui pra San Pedro Sula, onde planejava pegar o ferry pra Utila no mesmo dia. Mas, surpresa, cancelaram o ferry. Tive que passar a noite na cidade, no único hostel que achei. E olha... que lugar esquisito. Era um hotel grande, mas com cara de que metade das pessoas moravam lá, incluindo algumas moças de programa. Dormi num dormitório só com uma cama além da minha — graças a Deus vazia — mas o clima era tenso, barulhos estranhos, gritaria no pátio… Não recomendo turistar em SPS e recomendo cuidado redobrado em relação a segurança em todo o país. No dia seguinte peguei um táxi até o porto. O motorista, mega estranho, ficou pedindo meu número, insistindo pra me levar pra conhecer a cidade, querendo que eu anotasse no telefone dele. Dei um número falso, ele tentou ligar na hora pra ver se tocava (óbvio que não tocou) e disfarcei dizendo que estava sem sinal. Ele ainda me cobrou mais caro do que o normal, mas preferi não discutir. Cheguei então em Utila, onde tudo mundo vai pra... mergulhar! Antes de viajar pela América Central, eu nem entendia o que era mergulho e nunca tinha pensado em fazer. Mas todo mundo que passa por aqui fala tanto que me convenci a tentar. E que decisão maravilhosa! Utila é um dos lugares mais baratos do mundo pra fazer o curso de mergulho e fica na segunda maior barreira de corais do planeta. Fiz o Open Water, um curso de três dias. No primeiro dia, tudo teórico. No segundo, aprendi a montar o equipamento, ajustar tanque, colete, regulador... Depois fomos pra água rasa, tipo 2 metros, pra começar os exercícios. Fizemos vários exercícios: tirar a máscara e colocar de volta (arde horrores o olho!), simular ficar sem ar, soltar o colete, praticar flutuação. Nos dois dias seguintes, foram quatro mergulhos em mar aberto. Vi arraias, tartarugas, tubarões, cardumes gigantes, corais lindos. Parecia estar no espaço, outro mundo. Só de estar lá embaixo, flutuando, ouvindo só a própria respiração, já é incrível. A partir de agora quero mergulhar em toda viagem que fizer! O clima em Utila, por outro lado, parecia episódio de Love Island. Gente pegando todo mundo, triângulos amorosos, tretas, muita festa e MUITA droga. Um cara de uns 50 anos (mas que dizia ter 35) que conheci no hostel fazia uns comentários mega esquisitos e, depois, descobri que ele estava vendendo uma experiência de velejar, levando uns mochileiros pra passar uns dias no barco. Resultado: a galera voltou revoltada — gastaram horrores, ficaram com tudo molhado, comeram mal, passaram a noite velejando sem dormir, e o cara simplesmente ficou chapado de cocaína o tempo todo. Quase nenhum mochileiro visita Roatán, a ilha vizinha, mais turística e cheia de cruzeiros dos EUA. Fui pra lá pra fazer uma pausa: só relaxar, curtir praia, não fazer absolutamente nada. E valeu MUITO. As praias, especialmente West Bay, são coisa de outro mundo: água cristalina, sem onda, cor de piscina, com vida marinha incrível. Na travessia de Utila pra Roatán, conheci um americano que veio pra Honduras passar férias, se apaixonou pelo lugar e decidiu largar tudo nos EUA pra viver aqui. Disse que fez muito dinheiro com sua empresa, se demitiu e agora ia viver uma vida simples na ilha. Conversamos muito sobre política, turismo predatório e como lugares como Roatán se transformam numa extensão dos EUA, com preços dolarizados, afastando a população local dos espaços turísticos. No porto, dispensei os táxis absurdos e parei na rodovia pra pegar um busão coletivo. Mas um taxista, todo trajado com bandeiras dos EUA, parou e ofereceu levar pelo mesmo preço. O cara passou a viagem inteira falando, misturando espanhol com inglês, declarando amor aos EUA, dizendo que a América Latina era cheia de comunistas e que só Roatán prestava porque era “gringolândia”. Meu hostel em Roatán era ótimo, bem familiar, com o dono super simpático que até fez jantar de graça pra gente. Fui andando pela praia até West Bay, parando de praia em praia, mergulhando, relaxando... delícia. No segundo dia, conheci um holandês chamado Angelo que chamou pra passear com ele. Alugou uma motinha e fomos explorar. O passeio, claro, teve emoção: um carro freou na frente, e ele demorou pra frear também e, por pouco, não batemos. Uns 10 minutos depois, um carro apareceu atrás de nós, acelerou e tentou jogar a moto pra fora da estrada. Paramos numa garagem, e começou uma discussão tensa: o homem dizia que tínhamos batido no carro dele e fugido. O Angelo jurava que não, que era um arranhão antigo. Eu, de garupa, não tinha como saber. A discussão ficou feia até que o Angelo ligou pro dono do nosso hostel, que, graças a Deus, conhecia o cara. Descobrimos que o tal motorista era um chefão do tráfico local, e só deixou barato porque viu que éramos hóspedes desse hostel. Depois desse estresse, seguimos pra praia, nadamos, aproveitamos um pouco. Meu último trecho em Honduras foi atravessar até a Nicarágua. Ao invés de pegar o shuttle direto de Roatán (15 horas, US\$ 80), fiz uma rota alternativa passando por Tegucigalpa, a capital que todos evitam. Uma das mais perigosas do mundo. Cheguei destruída, dormi num hostel onde, por milagre, me deixaram fazer check-in às 7h da manhã. No quarto só tinha eu e um homem, que logo se revelou uma das figuras mais bizarras que conheci na viagem. Com ele fui em um mirante e um museu na cidade. Assim terminou minha saga por Honduras: com muito calor, comida cara, vivendo de baleadas, poucos turistas, mas também experiências incríveis — especialmente em Utila, que foi definitivamente um dos pontos mais altos da minha viagem pela América Central. 1 Citar
Membros D FABIANO Postado Outubro 20 Membros Postado Outubro 20 Passei 15 dias em segurança em Honduras no começo do ano e voltaria lá, principalmente a Roatan, se fosse necessário. Mas,como o mundo tem muito a conhecer, faço outros planos, mas não senti medo nenhum em San Pedro (que nada turístico tem)nem em Tegucigalpa. Citar
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