Colaboradores StanlleySantos Postado Setembro 17 Colaboradores Postado Setembro 17 Saudações, mochileiros! O conto da vez é uma pequena andança de um mês que fiz entre a terra do queijo e da pamonha! Apesar de ter ido em lugares conhecidíssimos, notei que o fórum carece de relatos recentes de tais lugares, então, informação a mais não vai doer, não? O período escolhido foi o mês de agosto de 2025, como em vários anos, pois considero agosto um mês frio e seco em muitos lugares do país, além de não ser alta temporada. O roteiro original era ficar apenas em Goiás, e fazer o caminho de Cora Coralina, porém não levei em conta que agosto é o mês mais seco em Goiás, inclusive com o sumiço de algumas cachoeiras e várias queimadas de época, o que poderia comprometer esta caminhada. Como estava devendo uma viagem a Minas, resolvi que andaria entre os dois estados. A sequência foi: BH, Alto Caparaó, Ouro Preto, São João del Rei/Tiradentes/Bichinho, Pirenópolis, Goiânia e Caldas Novas. Sem maiores delongas, vamos lá. Belo Horizonte. Após aproximadamente 14 horas de viagem de ônibus de Goiânia, chego de madrugada na capital mineira, com a manhã inteira para conhecer um pouco do centro da cidade antes de procurar o hostel onde iria dormir nos próximos dias. Chegando em BH, já tive a impressão de que se tratava de uma selva de pedra ENORME e cercada por pequenas serras. Decidi que me hospedaria na região do Santa Efigênia, que junto com o Savassi, é conhecida por ser uma região de bares e restaurantes para aquele happy hour básico (embora eu não beba). Andando pelo centro, passei pela praça da liberdade, uma das referências locais. Infelizmente, como estava muito cedo, e por ser sábado, não tinham museus abertos. Na verdade, a praça estava bem vazia. Por medo de cruzar com nóia (sim, a cidade também tem muito morador de rua na região central, problemas de capital), fiquei por pouco tempo ali. Passei pelo museu da moda (que à primeira vista parece mais uma capela), pelo Santuário São José (muito bonito, por sinal), e pelo mercado municipal, um dos MELHORES lugares para conhecer! Muitos produtos regionais para quem ama o famoso queijo/leite mineiro e boas opções de comida, com alguns estabelecimentos tradicionais por lá. Comi várias vezes no ponto da empada, por lá. A empada recheada deles é uma coisa divina, além do bolo com queijo e coco e claro, o pão de queijo. Quase chorei com a empada com frango/catupiry. Descobri também que por lá eles comem bastante jiló. Está aí um trem que não gostei, amargo demais para meu paladar nortista. Achei bem legal a personalização de alguns semáforos de pedestre. Depois do almoço, resolvi bater no principal parque da região, o Américo Renné Giannetti, considerado o patrimônio mais antigo da capital. Um grande espaço cercado com flora nativa e exótica, alguns lagos com barquinho e pedalinho, espaços para a prática de esportes e ainda por cima um parque de diversões cheio em pleno meio-dia! Fiquei surpreso de forma positiva com a beleza e grandeza daquele espaço! Sentei-me embaixo de uma árvore e fiquei contemplando aquele movimento todo. Aprende, Manaus, aprende Depois de fazer o check-in no hostel, tirei um cochilo, e para fechar o dia fui no museu mineiro, que conta com um acervo de peças de arte sacra e espaços que contam parte da história do estado. A propósito, este faz parte do circuito liberdade, que envolve vários museus da região, onde o visitante pode fazer uma sequência de visitas. No domingo, era dia da famosa feira hippie de BH. Posso dizer que a feira é IMENSA, ocupando vários quarteirões. Entretanto, achei ela meio fraca de variedade, sendo a maior parte dela, roupas. Reparei em como o belo-horizontino aparentemente gosta de um acarajé, pois vi vários quiosques dessa iguaria. Tirei a manhã toda aqui e no parque Américo. Após isso, peguei um bus para o rumo do bairro mangabeiras, para conhecer os dois parques vizinhos que lá se encontram. Primeiramente, visitei o parque da serra do curral. O ambiente é bem agradável para uma trilha matutina, mas fiquei um pouco desapontado ao saber que a trilha era limitada até uma parte não muito distante do portão. Há trilhas mais longas que só podem ser feitas “com agendamento” (ou na clandestinidade, imagino). Mas o mirante de BH não deixa de ser um belo atrativo. Uma visita rápida. Após isso, conheci o Parque Municipal da Mangabeiras propriamente dito, esse um dos grandes queridões da cidade! O espaço é ENORME! Tanto que há um micro ônibus que faz uma volta em alguns pontos para pegar ou deixar visitantes. O parque é muito legal, com vários espaços lindos e bem organizados para a família, grupos de amigos, ou mesmo forasteiros solitários como eu. Uma manhã ou uma tarde inteira são facilmente dedicados a este parque. Infelizmente a praça do papa, outro ponto turístico badalado de bêagá, estava em reforma, logo não pude conhecer ou tirar fotos. Fica para a próxima. Entretanto, não muito longe dali, há o Mirante do Mangabeiras, um point do final de tarde que LOTA de gente querendo assistir o pôr do sol. É um lugar interessante pro final de tarde. Diz que dá quati, mas não vi nenhum na ocasião. Na segunda, praticamente tudo estava fechado para a manutenção de rotina, e como estava sem nada para fazer, arrisquei um pulinho na lagoa da Pampulha, outro cartão-postal da cidade. Apesar de tudo fechado, ao menos deu para dar uma corridinha na beira do lago, pensar na vida e tirar algumas fotos. BH -> Alto Caparaó Após alguns dias conhecendo a capital mineira, era hora de animar de verdade minha viagem. Precisava de trilhas e serras. Dito isso, parti para o município de Alto Caparaó, na divisa leste entre Minas e Espírito Santo e lar do grandioso Pico da Bandeira, um dos pontos mais altos do país (atualmente o terceiro). Enfim, era o que queria. De BH não há bus direto: é necessário pegar um ônibus ou para Manhuaçu, ou para Manhumirim, e de lá pegar uma linha urbana que vai até Alto Caparaó. Blablacar direto para Alto Caparaó é quase inexistente. Cheguei ao anoitecer, e apesar de haverem muitas pousadas, hotéis e afins, não tinha feito reservas. Por boas recomendações no google, resolvi ficar no Camping da Inês, e cara, a escolha se provou muito acertada! A Própria Inês e seu filho foram muito gente boa e prestativos durante meus dias na cidade, inclusive ao me emprestarem um colchonete para o chão frio e ao compartilharem um pouco de café em pó. O lugar é bonito, agradável, tem um pequeno riacho do lado, uma cozinha compartilhada, água quente e redes/balanços. Não queria mais nada. Se quer uma estadia barata e não faz questão de quarto, esta é uma ótima opção. Antes de enfim subir o parque do Caparaó, tirei um dia para descansar, organizar a mochila e conhecer a cidade (até pq na quarta o parque fecha). O município é bem pequeno e passa uma vibe tranquila, com belas vistas dos grandes cumes que me cercavam, imponentes, e vários campos de cultivo cafeeiro (pelo que vi a cidade tem se destacado pelos seus premiados cafés). Também haviam várias agências turísticas com roteiros para atrações vizinhas (que acabei não indo desta vez). A cidade literalmente se recolhe depois das 19:00, uma coisa bastante curiosa e comum de pequenos municípios de “interiorzão”. No dia seguinte, enfim era hora de começar a pequena jornada até o Pico da bandeira. Primeiramente precisei ir para a portaria do parque, onde fiz o cadastro de visitante e peguei uma “senha” (que deve ser entregue na volta). Por MUITA sorte, o porteiro convenceu um casal a me dar uma carona de carro até a base da Tronqueira, e aqui vai uma informação importante: se você estiver sem meio de transporte, ARRUME um, pague carona, peça na portaria, qualquer coisa, pois o ramal de acesso tem mais ou menos 6 fucking KM num desnível contínuo de quase 700m! Parece pouco, mas não é, as pernas serão bem judiadas se você for andando. Ah, eles não deixam moto subir, o motivo, esqueci de perguntar. Ah, minas e suas paisagens... A tronqueira é a primeira opção de acampamento para quem sobe o parque pelo lado mineiro. Depois tem o terreirão, alguns km mais acima (e pessoalmente acho a melhor alternativa). No caminho há o vale encantado, e como era bem cedinho, não dispensei um bom banho de água Gelada (o gê maiúsculo foi proposital). Cacetada, bote Gelada nisso! Mergulho de 10, 15 segundos e o corpo todo já ficava dormente, isso com sol! Apesar disso, a linda e transparente água de montanha. Apesar do pico da bandeira ser alto para os padrões brazucas (2892m), o seu acesso é por uma trilha bem tranquila, mais de boas do que as trilhas de montanhas paranaenses, por exemplo. Só o cume importa Cheguei mais ou menos meio-dia no Terreirão, e este vazio, graças a Deus! Poderia armar minha barraca onde quisesse e ter um pouco de tranquilidade (ao menos até os primeiros grupinhos chegarem). Uma pena, pensei que iria subir sozinho. Ali há uma curiosa casa de pedra onde alguns podem dormir dentro para fugir do vento e frio. Aquele trem de noite me lembrava a casa da bruxa de Blair, isso sim. O sol misturado com o friozinho, os tico-ticos esmolando comida, a paz, e o silêncio daquele recanto permitiram que eu desse um cochilo ali, no gramado da frente da casa de pedra. Inacreditável. Como sabia que dormiria pouco pela parte da noite, esta siesta foi mais que bem-vinda. Ao passar da tarde, foram chegando os primeiros grupos que iriam pernoitar para subir de madrugada. Como estava fora da alta temporada e era um dia de semana, não foi tanta gente. O tempo fechou pela tarde, o que gerou certo receio, mas estava consultando a previsão do tempo, e para aqueles dias pegaria o céu majoritariamente limpo. Estava torcendo para um pouco de geada no gramado e barracas, pois estava fazendo negativo de madrugada. Noite em curso, não havia mais nada a fazer a não ser recolher-me na barraca e tentar dormir. O frio, somado à barulheira dos grupos preparando a janta e enchendo o rabo de álcool, não ajudou muito. Cochilava e acordava, tentando aquecer onde estava incomodando. Para passar o tempo, lia um pouco nos livros que tinha no smartphone... 3 da matina. Hora de levantar e começar a subida. A noite estava linda, céu aberto e lua cheia, o que permitiu que eu andasse boa parte da trilha de lanterna desligada. Aparentemente eu era o segundo a subir (uma iniciante subiu mais cedo com um guia, e cheguei até a ultrapassá-la), e ver as luzinhas da fileira de lanternas mais embaixo era bem legal. A trilha em si é bem demarcada, com fita refletora em todo o caminho. Seja com luz vermelha ou branca, o caminho magicamente aparece para você como um corredor de pontos luminosos. Demais! Cheguei mais ou menos às 5 horas nas dependências da famosa cruz. Cheguei cedo demais! O Frio e vento eram bem intensos ali em cima, e logo me arrependi de não ter levado o saco de dormir. Mas era suportável. Observar o “lado” de Espírito Santo e as luzinhas dos pequenos municípios do vale embaixo foi uma agradável experiência. Aninhei-me entre algumas pedras para tentar fugir do vento, fiquei quietinho e mil coisas passaram pela cabeça naquele tempo sozinho... O ato 1 do astro-rei foi divino! Por alguns minutos deixamos de lado nossas dores, preocupações, tremedeiras e problemas para admirarmos aquele pequeno pedaço da existência em si e toda a sua beleza. Muito bonito! Como estava ventando muito, era quase impossível armar o tripé na pedra para tirar fotos, fazendo-me esmolar umas mãozinhas dos que ali estavam presentes. O próximo papel de parede do meu PC já estava garantido! Natureza contemplada, registros feitos, e um praise the sun realizado, era hora de descer. Mesmo com sol e céu aberto, fazia mais ou menos 1, 2 graus. Para completar, uma bela cólica se manifestando lá em cima. Motivação a mais para descer até o terreirão um pouquinho mais rápido (mas admirando os cumes vizinhos). Infelizmente não teve tapetão de nuvens naquele dia. Ploft feito no banheiro do terreirão, banho tomado, era hora de enfim desarmar a barraca, arrumar a mochila e descer. Foi tudo às mil maravilhas até o DESCIDÃO da tronqueira, pois como estava sem carro, precisei descer na “primeira marcha” por 2 horas até a entrada. Um porre! Mas com bom humor, sabendo que tinha conhecido mais um lugar que namorava por anos pela tela do PC 🚧🚧🚧 EM CONSTRUÇÃO 🚧🚧🚧 1 Citar
Membros schitini Postado Outubro 22 Membros Postado Outubro 22 Se algum dia vc resolver voltar no pico da bandeira, te deixo 02 dicas: 01 - sobe em noite de lua nova. Vc vai ver um céu parecido com aqueles do Atacama, lotado de estrelas, com a via lactea bem definida; 02 - faz a travessia MG - ES. É uma experiência diferente, e o lado capixaba é também bem bonito, até mais que o mineiro. E vc tem uma vista do pico da bandeira que vc não tem do lado mineiro. Citar
Posts Recomendados
Participe da conversa
Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.