Ir para conteúdo

Relato do primeiro mochilão (Chile) Bolívia e Peru


Posts Recomendados

  • Membros

Olá pessoal,

 

eu estive por aqui no ano passado e começo desse pedindo opiniões e ajuda, por isso volto pra contar sobre o nosso primeiro mochilão.

Deu tudo certo e amamos a viagem.

Foram 19 dias, incluindo ida e volta e 11 cidades. Nosso roteiro deu super certo!

 

Eu tenho um blog e estou escrevendo pra lá (www.viajesim.com) então vou postar aqui à medida em que for escrevendo pra lá, ok? Quem quiser ver as fotos aparece por lá (não sei postar aqui hehe)

 

Nosso mochilão foi perfeito!

 

Já estamos de volta do nosso primeiro mochilão. Foi tudo muito melhor do que esperávamos. Nosso roteiro funcionou, nos viramos bem com a pouca bagagem -(as duas mochilas totalizaram 20 kgs na ida) conseguimos ir a todos os lugares que queríamos, fizemos todos os passeios que exigiam força física e vivemos experiências maravilhosas e muito diferentes. Foram 19 dias fora de casa, 11 cidades e muito aprendizado. Aprendizado sobre nossa história, sobre outras culturas e sobre nós mesmos.

 

Os posts sobre a viagem virão ao longo dos próximos meses, com bastante detalhes, já que dessa vez eu fui anotando tudinho no meu Diário de Viagem. E esse tudinho foi muita coisa mesmo!

 

Paisagens naturais deslumbrantes, deserto de sal, de pedra, ilha com mar azul e com os tons mais lindos de verde, ilha abarrotada de aves, pinguins e leões marinhos, vales impressionantes. Sítios arqueológicos de civilizações pré-incas, muitos resquícios do grande Império Inca, construções do período colonial espanhol, um povo pré-inca que ainda hoje vive em ilhas flutuantes artificiais e cidades modernas. Meios de transporte de tudo que é tipo, desde aviões confortáveis a espremidos, um teco-teco, ônibus turísticos, ônibus leito melhor que muito hotel, ônibus locais caindo aos pedaços, lanchas espaçosas, barquinho cujo nome deveria ser Titanic, cavalo, bicicleta e muito pé, meu querido pé. Abrigos coletivos com hora para a eletricidade ser desligada e banho pago, hostals novinhos, hotéis honestos, hospedagem carinhosa e hotel de luxo. Muita Pringles e coca-cola, muita coca-cola, mais coca-cola e um pouco mais de coca-cola, e sabores novos e deliciosos, ceviche, tapas, sopas, sopas, sopas, cuy, muito frango, ají amarillo, a deliciosa cozinha fusión e vários drinks com pisco!

 

Vamos postar na ordem em que viajamos, que foi essa:

 

Iquique, Chile

Um passeio rapidinho na cidade no norte chileno, enquanto esperávamos nossa conexão para La Paz. Cenário para esportes radicais, estava abrigando uma etapa do rally Dakar

 

La Paz, na Bolívia

Dois dias e uma noite na cidade de altitude impressionante, população enorme e simpática, incluindo um passeio a Tiwanaco, civilização pré-inca

 

Uyuni, Bolívia

Uma viagem em classe "turística" de 12 horas, com direito a ônibus atolado no deserto e chegamos à base para a "Travessia", passeio de 3 dias em um carro 4x4. Apesar de ter chovido muito, conseguimos visitar o Salar de Uyni, diversas lagoas, desertos de pedras, gêiseres, águas termais e outras paisagens únicas

 

Copacabana e Isla del Sol, Bolívia

Uma maratona em ônibus locais, pingando de cidade em cidade nos levou à cidade às margens do Lago Titicaca, onde passamos duas vezes, na ida e na volta da Isla del Sol. E a Isla, onde dormimos, bem no topo, foi o local que mais amei na Bolívia!

 

Puno e Islas Uros, Peru

Primeira cidade Peruana, ponto de partida para as Islas Uros, ilhas artificiais habitadas por um povo fascinante

 

Arequipa, Peru

Depois de um ônibus leito noturno, Arequipa chegou antes do esperado e, linda e branca, nos reservou só surpresas boas. Até passeio a cavalo fizemos aqui. Claro, ficou na memória como cidade romântica e agradável.

 

Nazca, Peru

Outra noite em ônibus leito, esse melhor ainda, e conseguimos fazer o esperado sobrevôo sobre as famosas linhas, um mistério até hoje. E encaramos o primeiro dia de calor do mochilão

 

Paracas, Peru

Depois de um perrengue e de não conseguir ônibus para Pisco, acabamos pernoitando em Paracas. De lá partimos para as impressionantes Islas Ballestas.

 

Lima, Peru

Três noites e 2 dias bastaram para a capital nos conquistar. Já pode voltar? Cenários belíssimos, um super passeio de bicicleta, restaurantes e bares maravilhosos!

 

Cusco, Peru

Um vôo rapidinho nos levou a Cusco. Ficamos quatro dias na cidade mais turística do país, que conquista com seu cenário repleto de história e boa culinária, além do vale cheio de ruínas incas que a cerca

 

Aguas Calientes e Machu Picchu

Cidade bonitinha que nos presenteou com um maravilhoso restaurante francês-peruano e, finalmente, a famosa Machu Picchu, incluindo a subida de Wayna Picchu e o carimbo no passaporte!

 

Abs,

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Respostas 49
  • Criado
  • Última resposta

Usuários Mais Ativos no Tópico

  • Membros

Nossos destinos no Mochilão eram Bolívia e Peru, mas como emitimos nossas passagens com milhas não escolhemos o voo e acabamos tendo duas escalas no Chile. E uma delas era em Iquique, no norte do país, por 8 horas. Foi aí que nos fizemos a clássica pergunta que o Riq lá do VnV tanto ouve: o que dá pra fazer em Iquique em 8 horas? Quer dizer, contando as duas horas de antecedência em que deveríamos estar prontos para o próximo vôo, mais as quase duas horas para ir e voltar até a cidade, seriam na verdade 4 horas para passear, no máximo. Pouco, mas e a curiosidade de ver uma cidade nova? E aí fomos atrás de saber o que tinha para fazer com 4 horas em Iquique.

 

Pesquisando antes de embarcar

 

 

O que eu sabia sobre Iquique? Bem pouco. Sabia, pela região onde está, que tinha sido originalmente território peruano, perdido para o Chile na Guerra do Pacífico. Também pela região, sabia que tinha desertos e tinha a impressão de que era um lugar bom para o surf (acho que vi No Nalu pelo mundo).

Pelo Google descobrimos que suspeita-se que um episódio acontecido na cidade, o Massacre de Santa Maria , em 1907, teria inspirado a passagem do massacre na fábrica de bananas que aparece no livro Cem anos de solidão, do Gabriel García Márquez. E descobrimos que na cidade há uma Zona Franca, o Zofri, a maior da América do Sul. Como queríamos comprar um tablet para essa viagem, pronto, decidimos que nas nossas horas na cidade iríamos ao Zofri.

Daí toca a pesquisar como fazer para chegar lá, quanto tempo levaria, se sairia caro ir de táxi etc. E olha, não foi fácil. Achei dois blogs de gente que tinha passado por Iquique e pelo Zofri, mas ninguém que tivesse ido do aeroporto para lá. Mas as informações diziam que levaríamos entre 1h e 1h30m para ir e o mesmo tempo para voltar, já que o aeroporto fica em um extremo da cidade e o Zofri no outro.

Estávamos decididos a arriscar quando eu achei no site do Zofri o telefone de uma loja do centro que parecia ser bem grande, com algumas filiais por lá. Pelo gmail (adoro essa opção de ligar pelo email, é super barato!) liguei para as lojas para saber se haveria o tablet que queríamos e o preço. De fato, valeria a pena, era bem mais barato que no Brasil. Mas em nenhuma loja tinha. Liguei na véspera da viagem e mais uma vez, ninguém tinha o tal tablet.

 

 

Do aeroporto a Iquique

 

 

Bom, aí viajamos. Fizemos nossa primeira escala e o vôo saiu na hora. Chegamos em Iquique às 8h30m. E em 5 minutos já estávamos numa van rumo à cidade! Sim, o desembarque foi muito rápido, pois o aeroporto é bem pequeno. Como não tínhamos bagagem para pegar - despachamos direto para o destino final - bastou sair do avião, cruzar o pequeno salão de desembarque e entrar em uma das muitas vans que fazem ponto ali.

Escolhemos a van pelo preço, mas no saguão também tinha empresas de táxi. As vans vendem os tickets só de ida ou então de ida e volta, marcando uma hora e local para pegar os passageiros para trazer novamente ao aeroporto. Achei muito prático. Custou 18 mil pesos chilenos (mais ou menos R$ 65).

Essas mesmas vans fazem o trajeto para o Zofri, que leva cerca de 20 minutos a mais (levamos em média 40 minutos no trajeto Iquique-aeroporto).

 

 

Em Iquique

 

 

Bom, fomos então conhecer Iquique. O caminho do aeroporto até lá é bem bonito, só deserto, deserto, até que surge o mar à esquerda e lá ao fundo a cidade.

No caminho encontramos vários carros e caminhões do Rally Dakar, que tinha uma de suas etapas sendo realizada ali. O motorista da van nos contou que a cidade hoje é um balneário badalado no norte do país, que fica lotada no verão.

Achei linda a vista de Iquique com as montanhas ao fundo. E é dessas montanhas (uma delas se chama Cerro Dragón) que as pessoas saltam de parapente. A cidade é reconhecida como um dos melhores lugares do mundo para a prática desse esporte.

Desembarcamos no centro e fomos dar uma volta. Passamos em frente ao Museu Naval (mas não entramos, pra minha tristeza). O prédio abriga artefatos e objetos da batalha de Iquique, da Guerra do Pacífico. O Chile perdeu essa batalha, mas ganhou a guerra. Um dos heróis, Arturo Prat, dá nome à praça de Iquique, para onde seguimos. É uma praça bem bonitinha, com cara de cidade pequena, e tem até um bondinho aposentado. Ao lado da praça há uma rua cheia de barzinhos e restaurantes, indicando que ali devia ser o point à noite.

Depois do giro, visitamos algumas lojas como a Falabella e a Ripley, atrás do tablet (não tinha!) e também lojas de celulares (o marido é viciado nesses gadgets). Encontramos até uma loja com propaganda dos jeans brasileiros e de outro que promete levantar, digamos, o derrière (risos). Depois, pegamos um táxi para percorrer a orla e ir até o local de encontro com a van, o hotel Terrado Suites.

Foi aqui que realmente acreditamos no que o motorista da van havia nos dito. Nessa parte da cidade havia vários hotéis que pareciam estar, como o Terrado, lotado. Iquique parece mesmo ser point no verão chileno. Aproveitamos para dar uma chegada na praia e depois almoçar no restaurante do hotel, enquanto aproveitávamos a bonita vista.

Na hora marcada o motorista apareceu com a van e fomos para o aeroporto. Lá, o vôo ainda atrasaria e ficaríamos mofando sem ter o que fazer naquele aeroporto pequetito (e sem wi-fi!). Mas, depois de pouco mais de uma hora de atraso finalmente fizemos a imigração, pegamos nossos carimbos chilenos (mais um!) e embarcamos rumo a La Paz. Com uma ótima impressão de Iquique na bagagem.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Colaboradores

Jackeline, to adoraando seu relato, e é claro tive que dar uma espiada no seu blog hehe. As fotos estão lindas!!! Tb kero fazer uma trip parecida, mas não vou incluir o Chile nessa. Dps voltaa pra continuar o relaato, aaah vc tem alguma planilha com seus gastos? Bjoo

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros

Fiz um post contando tudo o que levamos, listando as roupas, porque eu tinha muitas dúvidas quanto a isso:

 

Uma das coisas que mais me afligiam antes do nosso primeiro mochilão era decidir que roupas levar. Eu não queria levar nada inútil, tinha medo de passar frio, de passar calor, a maior insegurança. Eu ficava olhando as fotos de todo mundo e reparando nas roupas, perguntava o número de peças pra quem já tinha ido, uma verdadeira pesquisa. E no fim, nossas malas, digo, nossas mochilas arrasaram! Usamos quase todas as peças dos nosso 20 kgs de bagagem. Sim, somados, tínhamos 20 kgs de mochilas e, vejam só, ainda dava para ter cortado alguma coisa.

 

 

Claro, lavamos tudo durante a viagem e é esse o segredo para levar pouca coisa. Não se importar em repetir roupa e nem em gastar uns tostões para lavar tudo. E ainda compramos, como prevíamos, uns itens na Bolívia, bem mais em conta que aqui, e outros itens em Lima e Cusco, esses só pelo consumismo mesmo, nada de necessidade =)

 

 

Coube tudinho nas mochilas, até porque eram peças pequenas e leves (tirando os casacos). Mas daria até pra levar menos coisas, se lavássemos as roupas mais vezes. Como nosso roteiro no início era super corrido, preferi garantir pelo menos uma semana de roupas limpas. Mas para uma próxima vez, acho que a mochila irá ainda mais leve.

 

 

Então, vamos lá, o que tinha nas mochilas? Primeiro, a feminina.

 

 

Roupas da Jackie

 

 

A estratégia era ter roupas "de baixo", camisetes, blusinhas e blusas de manga longa para trocar todo dia. As blusas "externas" poderiam ser repetidas. Essas eram blusas com gola alta e um casaco quentinho. Na Bolívia comprei o kit calça e casaco corta-vento, muito útil no deserto. Como teríamos dias mais "urbanos", levei também um vestidinho (que acabei não usando), uma camisa mais arrumadinha e um short/saia. Esse short/saia acabei usando muito durante a viagem e não só pra sair. Usei-o com meia-calça, pois era super confortável para viajar de ônibus, por exemplo, quando a legging estava suja. Adoro meia-calça e foram muito úteis para ter roupa limpa todo dia, revezando com as calças. Se fosse mudar algo, levaria mais uma legging e tiraria um sueter.

 

 

Roupas "de baixo"

2 Blusas de manga longa

4 camisetas/camisetes

4 blusinhas

3 meia-calças fio 80

Meias (compridas, para usar com a bota)

Roupa íntima

1 biquini (pra usar nas águas termais)

1 pijaminha

 

 

Roupa "externa"

1 camisa branca de manga comprida mais arrumadinha

1 blusa mais grossinha com manga 3/4

2 blusas largas e compridas

2 blusas de manga longa e gola alta

1 suéter sem gola

1 casaco quentinho

1 casaco corta vento (comprado na Bolívia)

1 vestido

1 shortinho/saia

1 calça jeans

1 calça legging preta

1 calça corta vento (comprada na Bolívia)

1 cachecol

1 xale (vira cachecol, xale, pashmina etc)

1 cinto

1 par de luvas

 

 

Sapatos

1 bota

1 sapatilha

1 havaiana (que teve que ser dividida com o Ro, porque esqueci a dele em casa, hehe. E sim, eu tenho um pezão)

 

 

+ Comprados em Lima e Cusco

+ 1 suéter preto

+ sobretudo impermeável (que usei à beça em Cusco)

+ blusinha de manga curta

 

 

Roupas do Rômulo

 

 

Para o Rômulo a estratégia era intercalar calças e bermudas, para não ficar com muito volume na mochila. Ele também comprou uma calça corta-vento na Bolívia, assim como uma calça térmica, para usar por baixo em dias mais frios. Blusas "de baixo", camisas, suficientes para uma semana e blusas "externas", apenas dois sueters e um casaco corta vento.

 

 

Roupas internas

 

8 camisas de manga curta (sendo uma mais socialzinha)

1 calça térmica (comprada na Bolívia)

 

 

 

Roupas externas

2 bermudas jeans

2 calças jeans

2 sueteres

1 casaco impermeavel e quentinho

1 calça corta vento (comprada na Bolívia)

1 par de luvas

 

Sapatos

1 bota

1 All-star

 

 

+ Comprado em Lima

+ 1 tênis

 

 

Outros itens

 

 

1. Além das roupas, nas mochilas tínhamos duas necessaires. Uma grandona, pendurável, onde ia tudo que era para ser usado no banho e outra, menor, com os outros itens. Deu super certo essa divisão.

Levamos itens básicos, só o indispensável mesmo. E depois farei um post sobre os cosméticos úteis para essa viagem.

 

 

2. Também levamos uma mochila "comum" (que os mochileiros chamam de mochila de ataque), que foi como bolsa de mão (jamais embarco sem uma bolsa de mão, com itens e roupas para passar pelo menos 2 dias) e usávamos no dia a dia e uma bolsa estilo carteiro, feminina.

 

 

3. Usei uma necessaire pequena só para os remédios, que assim ficavam fáceis de serem achados.

 

 

4. Uma toalha super absorvente (que usamos muito, especialmente na travessia do deserto).

 

 

5. Na mochila e na bolsa que usávamos diariamente iam a carteira de viagem, o Kindle (que tinha guias de viagem, nossas reservas etc), fones de ouvido, a bolsinha de remédios, um kit (para cada!) com papel higiênico e alcool gel, lenços umedecidos, a máquina fotográfica, o caderninho de anotações etc.

 

 

6. Levamos as doleiras - aquelas bolsinhas para usar por baixo da roupa e guardar dinheiro etc - e não usamos. Em nenhum momento sentimos necessidade.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros

Mais um post. Dessa vez sobre ir ou não para o Peru e Bolívia na época de chuvas:

 

 

Bolívia-Peru na época de chuvas. Vale a pena?

Recebi essa semana um email com essa pergunta e como li e ouvi muito sobre esse assunto antes da viagem, resolvi postar sobre a nossa experiência.

 

 

Bom, a época de chuvas na Bolívia e no Peru vai de dezembro a fevereiro, em Cusco se fala em até março, ou seja, durante o verão. Em alguns anos, como em 2010, já choveu tanto que Aguas Calientes, a cidade base para se visitar Machu Picchu, ficou isolada, com os turistas tendo que ser resgatados por helicóptero. Por isso, o verão não é uma boa época para viajar a Machu Picchu, porque você pode simplesmente não vê-la. Em fevereiro o caminho para a Trilha Inca fica fechado, então é impossível fazer a trilha nesse mês.

 

 

Na Bolívia as chuvas também incomodam nesse período para quem pretende visitar o Salar de Uyuni. As águas obrigam os ônibus turísticos a mudarem o trajeto entre La Paz e Uyuni, aumentando o tempo da viagem que já é, normalmente, de 9 horas. Dependendo do volume da chuva, as agências são proibidas de entrar no Salar, por conta do risco de atolarem no sal.

 

 

Isto posto, eu diria:

 

 

* Se você pode escolher outra época para viajar a esses paises, deixe para ir no inverno e garanta uma maior chance (o tempo é sempre imprevisível) de conseguir visitar todos os locais.

 

 

* Mas, se como a gente você só tem esses meses do verão para viajar e os dois países estão na sua lista de prioridades de viagens, não se desespere. É possível viajar e curtir, com uma condição: que você não esteja indo só para Cusco, para ir a Machu Picchu, ou só para fazer a Travessia do Salar. Nesse caso, o risco de frustração é muito grande. E aí, realmente, eu desaconselho.

 

 

Mas, se, como nós, você vai fazer uma viagem por vários lugares, entre eles uma ou essas duas localidades, eu te digo que vale a pena sim. Primeiro, porque você pode dar sorte de não pegar nada fechado (nós, iupi!) e conseguir fazer o roteiro completo que você tinha planejado. Em segundo lugar, porque caso você pegue um ou os dois locais fechados, você irá aproveitar sua viagem mesmo assim. Se você pensar assim, que não é um problema um ou dois lugares do seu roteiro ficarem para uma segunda viagem (ó a oportunidade de voltar), vale a pena (tudo vale a pena se a alma não é pequena, não é mesmo?).

 

 

A chuva e nós

 

 

E como a chuva nos afetou? Bom, quando estávamos ainda no Rio uma amiga que estava na Bolívia já nos informou que chovia à beça na região de Uyuni e que se continuasse assim, a entrada no Salar seria proibida. Quando chegamos em La Paz nos desaconselharam a ir pra Uyuni. Mas a empresa de ônibus, a Todo Turismo, manteve a viagem, apenas alterando o caminho e saindo mais cedo de La Paz, às 19h em vez das 21h. Depois de muitas dúvidas, decidimos ir.

 

 

Acabamos chegando em Uyuni bem cedo. Ao contratar o passeio (usamos a empresa Blue Line) nos explicaram que por conta da chuva o roteiro seria alterado. Mas a alteração seria apenas que não poderíamos chegar até a Ilhas dos Pescadores. Normalmente o passeio começa saindo de Uyuni e indo até a Ilha e de lá descendo, pelo Salar, até o Cementerio de Trenes. No nosso caso sairíamos de Uyuni, iríamos até o Hotel de Sal e iríamos para o Cementerio de Trenes margeando o salar. E só isso. Todo o resto se manteria igual.

 

 

Então esse foi o nosso "prejuízo" por conta das chuvas em Uyuni. Mas em compensação tivemos a linda vista do salar com uma camada de água (onde ainda por cima era uma delícia de ficar brincando descalços).

 

 

 

 

Rômulo posando numa parte com pouca água

 

 

 

 

Um senhor e sua bicicleta passam numa parte mais alagada do salar

 

 

Para mostrar as mudanças, no mapa abaixo (que eu peguei aqui) eu marquei em verde o caminho regular de La Paz a Uyuni e em roxo o caminho que fizemos. Em azul marquei o caminho regular do primeiro dia do passeio e em vermelho o nosso trajeto.

 

 

 

 

Depois dessa parada da viagem não pegamos chuva mais em nenhum dia até chegar em Cusco. Lá pegamos várias pancadas de chuva. O tempo era bem instável, mas nada que atrapalhasse os passeios.

 

 

E pegamos chuva, finalmente, em Machu Picchu. Por 2 horas inteiras. De 7h às 9h choveu, choveu e choveu. Mas aí parou, ficou nublado e depois abriu um sol lindão. E a chuva também não nos atrapalhou de andar pela cidade inka. Como parou antes de começarmos a subir Wayna Picchu, também não atrapalhou em nada.

 

 

 

 

Molhados bem cedinho em Machu Picchu

 

 

 

 

Vista de Machu Picchu a partir de Wayna Picchu, já sem nuvens

 

E isso foi como a chuva nos afetou.

 

Então, olhando para a nossa viagem, hoje, eu tenho que dizer que vale a pena sim. Mas preciso alertar para o fato de que nossa experiência pode não se repetir com você, caso você vá na mesma data ano que vem. Não há como prever o tempo assim com exatidão. Também fora da época de chuvas a natureza pode aprontar. O Peru é um país que sofre com terremotos, por exemplo. O grande terremoto de 2007 aconteceu em agosto, considerada a melhor época para se ir ao Peru. A vida é sujeita a imprevistos. E, claro, por favor, em qualquer época que você viaje, fique atento e respeite as orientações das autoridades locais.

 

 

O que eu posso dizer é que quando a gente encara a viagem inteira como uma experiência, tudo o que a gente vive vale a pena, até mesmo os planos mudados ou cancelados. E o modo como você vê e vai, ou não, a algum lugar, torna a sua viagem sua, única.

 

 

Espero ter respondido à nossa leitora e que o post ajude outras pessoas a tomarem suas decisões.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros

Primeiro post sobre La Paz, com impressões. O post mais prático ainda vou fazer.

abs,

 

As várias La Paz

Eu já tinha visto fotos de La Paz, claro. De amigos próximos inclusive. Mas nenhuma delas mostrava nem ninguém tinha me descrito a chegada pelo alto de La Paz. Por isso, apesar de ser um destino estudado, eu me surpreendi no primeiro momento. Saindo do aeroporto na van contratada com o hotel andamos pouco tempo em um terreno plano antes de iniciarmos uma grande descida. E aí sim lá veio a visão: uma cidade imensa, cravada num vale, com casas quase todas da mesma cor de tijolo cru.

 

 

 

 

 

Essa chegada por cima de La Paz me conquistou. Achei a vista impactante e pedi ao motorista para pararmos para admirar a cidade. Eu estava ansiosíssima para conhecer La Paz, afinal essa viagem já era sonhada há tantos anos. E mais do que a cidade eu queria ouvir as pessoas, saber como andava o país desde a eleição do Evo que eu, ainda na faculdade, tinha acompanhado com tanto interesse.

 

 

Comentei com o motorista que não sabia que a geografia da cidade era assim. Ele me explicou que na verdade La Paz é dividida em 3 áreas. El Alto, onde estávamos naquele momento, é hoje já um município emancipado e tem mais de 1 milhão de habitantes. Mas sua origem é de subúrbio de La Paz. Os terrenos das áreas mais altas eram, e são, mais baratos que lá embaixo na cidade, por isso a população mais pobre foi se concentrando ali. Naquela altitude toda, alguns metros abaixo significam alguns graus acima na temperatura, bem como mais conforto por causa do ar. Por isso ali em La Paz a lógica é que os de cima desçam e os de baixo subam.

 

 

Assim, as outras duas áreas de Nuestra Señora de La Paz eram a parte antiga, onde ficamos, e a parte mais baixa, onde chegamos a ir não fomos, e onde se concentra a população mais rica. De fato, enquanto circulamos em El Alto nesse e no dia seguinte deu para notar que era uma área em processo de urbanização, uma cidade nova, sendo posta em ordem ainda. Havia várias placas sobre programas de saneamento básico em andamento, por exemplo.

 

 

 

 

 

 

Na segunda área, onde ficamos, sentimos saudades do Detran. É, isso mesmo. Simplesmente porque já sentíamos dificuldades para respirar, devido à altitude, e ao caminharmos pelas ruas recebíamos várias baforadas de fumaça preta. A frota automobilística de La Paz é muito antiga. E composta, arrisco dizer, completamente por micro-ônibus coloridos (não lembram a Jabiraca?) e táxis.

 

 

Dentro dessa segunda La Paz também há diferenças. Nas proximidades do nosso hotel, na rua Illampu, era tudo muito movimentado, com muita gente andando pelas ruas já que as calçadas são tomadas por vendedores de tudo o que é coisa. Banquinha de doce, biscoito, frango, pão, papel higiênico, meias, casacos, batata desidratada.Também há muitas lojas, mas não supermercados. Lojas especialmente para turistas, com roupas esportivas e outros itens para os viajantes. No quesito gastronômico o frango frito impera. Pertinho dali, a umas duas quadras, fica o mercado das bruxas, com suas banquinhas vendendo fetos de lhamas. É dessas ruas da "área 2" que você provavelmente já viu fotos, ruas cheias e muitos indígenas circulando em suas tradicionais roupas coloridas.

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas, um pouco à frente, na verdade abaixo, La Paz ganha ares de grande cidade da América do Sul. Lugares históricos como conventos e igrejas se misturam aos prédios altos que abrigam bancos, empresas de telefonia, um burger king (é, UM só e McDonalds não tem, foi embora recentemente do país). Descendo a longa avenida quase não se vê mais a "turística Laz Paz colorida". Exceto pelo trânsito que continua intenso, louco, vomitando fumaça preta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Laja

 

 

Mas além dessas três La Paz, conhecemos ainda outra. Foi no dia do passeio à Tiwanaco. Antes de chegar a esse sítio arqueológico passamos por Laja, no altiplano. E Laja vem a ser a La Paz original. É que ali onde hoje há um povoado foi fundada em 1548 a cidade criada para servir de entreposto para o império espanhol, que tinha mais abaixo em Sucre e Potosí importantes produções de prata que precisavam ser transportadas para Lima e de lá para a Europa.

 

 

Acontece que dias depois os espanhóis encontraram a localização atual de La Paz, no vale, protegida do vento, com água disponível e mais fácil de ser protegida de ataques. Daí, mudaram a cidade de lugar.

 

 

Sin perder la ternura jamás

 

 

Mas como eu previa, apesar de La Paz estar na vantagem de ser várias, o que mais me atraiu foi o povo. Extremamente gentis os bolivianos. Conscientes da riqueza que a natureza, a Pachamama, lhes deu. E que lhes foi tirada. Extremamente esperançosos, não houve quem não mencionasse "que dessa vez vai ser diferente", referindo-se às descobertas recentes de gás natural e, especialmente, de lítio.

 

 

Mais uma vez a Bolívia se descobre assentada sobre algo muito valioso. Simplesmente metade do lítio do mundo está no país, em Uyuni. O lítio é usado na fabricação de baterias, para carros, por exemplo e o mundo todo está ávido por ele. Mas dessa vez a Bolívia não quer correr o risco de ser explorada. Por isso, o governo ainda não aceitou nenhuma proposta para explorar as reservas (estimadas em 2 trilhões de dólares). O cuidado é elogiado pelo povo, já escolado na posição de explorado.

 

 

Imaginam que se desde a ascensão de Evo e a nacionalização do gás natural tanta coisa pôde ser feita (perdi a conta dos benefícios, para nós tão básicos, mencionados por nosso guia como recém-implantados na Bolívia) com tamanha riqueza como o lítio, o país poderá finalmente sair da lanterninha do desenvolvimento da América do Sul.

 

 

Se eu já admirava o povo boliviano antes da viagem, voltei mais certa de minha opinião. Impossível não se solidarizar com quem recebe de forma tão gentil, com sorrisos e suas roupas coloridas, apesar de sua vida cinza e seu passado cheio de manchas vermelho sangue. Impossível não se solidarizar com quem abre as portas de sua casa para você e não perde a esperança de um futuro melhor.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.


×
×
  • Criar Novo...