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Travessia do Carrasco... a pé!


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http://jorgebeer.multiply.com/photos/album/246/Travessia_do_Carrasco

 

 

A GRANDE TRAVESSIA DO CARRASCO

Uma das travessias menos conhecidas é a q atende pelo nome de Vista Alegre, divulgada pelo gde montanhista Sergio Beck, andarilho veterano q inspirou td uma geração a cair no mato, inclusive este aqui q vos agora escreve. À semelhança do caminho do Morro do Pinga, tem seu último trecho completamente tomado pela mata e devido a isso surgiram algumas variações do dito cujo q, em linhas gerais, parte do asfalto da BR-459 e percorre a crista da Mantiqueira sentido sudoeste, concluindo no Horto, em Cpos do Jordão. Algumas variantes a abreviam até o Bairro dos Pilões ou até na Faz. da Onça. Mas pq ao invés de encurtar não agregar outro pico com visu ao ilustre roteiro? Pois bem, foi o q fizemos em 3 dias bem andados, percorrendo boa parte da carta de Delfim Moreira, costurando a fronteira MG/SP e passando por tds os cumes acima de 2mil metros da região: Pico do Ataque, Carrasco e Alto do Cerco.

 

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Desde q estive pela primeira vez na região do Carrasco – coisa de dez anos atrás – sempre me limitei a programas batidos, como a subida do pico homônimo e a descida até o Vale dos Pilões, via Trilha do Frei Galvão (aquela dos romeiros). Entretanto, sempre alimentei a ideia de esticar o programa prosseguindo pela “medonha” crista do Carrasco, sentido sudoeste. Medonha pq a ultima vez q lá estive encontrei o aceiro q a coroa coberto de espesso bambuzal, à diferença dos tempos do Beck. Contudo, esse trecho restante despertava meu interesse não por terminar caindo ao sul da Faz. Lavrinhas - já no vale do Ribeirão Galvão - e dali ter conexão direta p/ estrada do Horto. Um gde amigo meu da OBB até já fez esse trajeto na raça e, francamente, me confidenciou q a ausência de visu não compensou td ralação. Ainda assim, pra mim interessava esticar a crista somente até o cume de outro gde pico próximo, o Alto do Cerco, 15m “maior” q o Carrasco. E não bastasse isso, tornar o programa diferenciado do habitual agregando outro respeitável pico na cota dos dois mil situado já logo no inicio da pernada, o Pico do Ataque, q o Beck provavelmente ignorou por desconhecer uma simpática vereda até seu cume, do outro lado da montanha. Ele até subiu o pico e, segundo suas próprias palavras: “era longe e a paisagem não valia o esforço..”. Afirmação da qual discordo pq decerto ele se valeu da precária via de manutenção das torres, à semelhança da enfadonha estrada q leva à Pedra Grande, em Atibaia. Mas pra q ir por aí se há uma interessante trilha galgando cocorutos sucessivos da abaulada crista serrana, à nordeste, proporcionando um visu inspirador e privilegiado do Marins, Itaguaré e Serra Fina??? Qq semelhança como seu próprio roteiro do Carrasco seria apenas mera coincidência.

 

Após madrugar afim de tomar o primeiro ônibus (o das 6hrs) no Tietê rumo Itajubá (MG) e dormir durante boa parte do trajeto, eu e a Lau desembarcamos no asfalto da BR-459 ao lado de um decrépito (e desativado) Posto Policial já no alto da serra, as 9:20hrs. Claro q foi preciso deixar o motora de sobreaviso de modo a não passar batido por ele, pois apesar do lugar ser marcado pelo já mencionado Posto Policial, ele é mto mais conhecido como “Ponto (ou Posto) do Ataque”, devido a uma lacônica placa assinalando o Pico do mesmo nome, no sentido contrário. Em tempo, é preciso vir com cantil cheio pq o precioso liquido so aparecerá dentro de 3hrs.

Logo após ajeitar as botas e colocar a mochila nos ombros, pudemo-nos imediatamente em marcha afim de otimizar a pernada programada praquele dia, q por sua vez amanhecera envolto naquela nebulosidade clara típica de verão, porém de previsão seca pela meteorologia. O vento frio q ali soprava contrastava duramente com o calor abafado do Vale do Paraiba, nos obrigando a trajar anorakes q no decorrer da caminhada seriam logicamente removidos. Tomamos então a precária estradinha de terra ao lado do posto e tocamos por ela indefinidamente, mantendo-nos sempre na principal e ignorando duas vertentes q dela derivam já quase logo no inicio. De cara tropeçamos com um terreno aberto, na verdade uma rústica rampa de asa delta q além de nos brindar com uma bela vista da cidade de Piquete, pequenina lá embaixo, tb oferece um visu da crista q bordejaremos naquele dia, esparramando-se elegantemente a sudoeste.

 

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A pernada inicial transcorre sem nenhuma intercedência, subindo e descendo suavemente pela serra, cruzando reflorestamentos de pinnus e eucaliptos q depois dão lugar a mata ciliar abundante, cuja folhagem parece se render aos uivos constantes do vento onipresente. Toras de madeira empilhada ao longo do caminho denunciam recente desmatamento q ali não havia dez anos atrás, o q não deixa de ser novidade em se tratando de Serra da Mantiqueira. No caminho, um punhado de amoras silvestres complementa nosso improvisado desjejum a base de bolachas.

Sempre serpenteando a encosta, eventualmente a vegetação se abre permitindo algum visu, mas logo torna a se fechar em meio a bosques de mata secundária. Mas as 10:50hrs nos deparamos com uma discreta seta amarela apontando pruma picada q se enfia na mata, à direita, nossa q nada mais é a trilha q leva ao Pico do Ataque. Pra ter mais agilidade, deixamos as cargueiras mocadas atrás de um bambuzal e tomamos a vereda em questão, subindo suavemente a encosta da montanha sem gde dificuldade. As vezes a vegetação alta parece ocultar a trilha mas ela ta lá, bem evidente, embora no caminho tb exista alguma mata tombada q demande desvios oportunos.

Em pouco tempo emergimos no aberto, onde a trilha aparenta não ter continuidade, mas observando bem ao redor percebemos estar num aceiro de manutenção de alguma coisa, q depois se revela ser de postes q seguem em direção ao pico. Pois bem, a partir daqui então basta tocar aceiro acima, sem gde dificuldade, as vezes por discreta trilha – na verdade, capim amassado - mas a maior parte do tempo é ralando as pernas em meio a arbustos baixos, secos, duros e espinhentos. A medida q ganhamos altitude as vistas se ampliam, permitindo avistar as cristas q nos acompanham, assim como a crista da Mantiqueira estendendo-se do Marins até bem pra trás., á nordeste.

 

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Ao ganhar um largo ombro serrano, já na cota dos 1933m, podemos então avaliar de fato o qto ainda falta ate o cume, onde é possível já avistar as torres de retransmissão da TV Bandeirantes nos servindo de referência. Mas antes é necessário descer um íngreme colo forrado de vegetação alta obstruindo o caminho. As mãos tornam-se necessárias tanto pra tatear como abrir terreno, ate q chegamos ao fundo do tal selado. Ali nos agachamos feito cachorrinhos pra atravessar um espesso bambuzal, e transposto este obstáculo a subida é retomada no mesmo compasso anterior.

Emergindo então novamente no aberto da continuidade da crista a picada parece ficar mais óbvia e clara, desviando dos focos vegetativos mais florestados e agrestes. E após um ultimo trecho íngreme, onde a trilha revela sujeirinha de animais selvagens e se orna em sua margem de belas flores, acabamos chegando finalmente nas torres q marcam os 2010m do cume do Pico do Ataque, pontualmente ao meio-dia. A vista é deslumbrante e proporciona uma panorâmica de td entorno: ao sul temos o caminho q virá pela frente, marcado pelo largo aceiro pelado q pontilha a continuidade da crista a partir de um morrote bicudo, q é o Alto da Lavrinha, com o o Carrasco destoando, elevando-se bem lá atrás; e ao norte temos td a crista percorrida, alem das casas esparsas da Faz. São Luis ao sopé dos picos q se sucedem uma atrás do outro nesta continuidade da Mantiqueira, com destaque pro Marins e Itaguaré. Das torres parte uma estreita estradinha precária, sentido sudeste, q intercepta abaixo aquela principal na qual já estavamos, e lamentamos não ter trazido as cargueiras junto afim de ter adiantado um tantão da pernada naquele dia, mas ai deixaríamos de passar pelo pto de água mencionado no inicio. Portanto fica a dica: traga mais água, suba o pico pela trilha e economize tempo retomando a pernada pela estrada de manutenção das torres.

 

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Após um bom descanso à sombra das torres, as 12:30hrs retomamos a pernada descendo pelo mesmo caminho em ritmo bem mais acelerado ate alcançar as mochilas e, claro, a estrada. Eram 13:15hrs, o calor estava forte e o sol espiava por entre as nuvens aumentando a sensação de temperatura, razão pela qual paramos novamente pra descansar e comer alguma coisa, à sombra do arvoredo na entrada da trilha do Pico do Ataque. A pernada so foi retomada dez minutos depois, em parte motivada por inconvenientes pernilongos q ali fizeram questão de nos expulsar.

Depois de passar pelo supracitado pto de água, na verdade um pequeno córrego onde reabastecemos os cantis as 14:20hrs, a estrada começa a descer forte sentido sudeste. Ignorando (agora sim) a estrada, à direita, vindo das torres do Pico do Ataque, nossa marcha se mantem um pouco em nível pra em seguida começar a descer rumo o sopé de um reflorestamento de pinnus, ao sopé de um enorme morro pelado e bicudo q nada mais é o Alto da Lavrinha, pto de partida pra prosseguir a pernada de cristas. Pra chegar até ela, abandonamos a estrada principal em favor de uma larga trilha em meio ao capinzal q vai em seu encontro, passando por um marco de concreto da divisa estadual.

A subida deste morro bicudo é forte, puxada e íngreme. O chão de terra seca aparentemente firme se esfarela ao menor contato, daí a necessidade de pisar nos sulcos e “degraus” já existentes pra auxiliar na ascenção. A subida é lenta, claro, e só não é pior pq o céu esta totalmente nublado, do contrario teríamos um sol escaldante estapeando nossas cacholas. E assim, de forma pausada, as 15:30hrs alcançamos os 1946m do Alto da Lavrinha, coroado pelo q parecia ser um mastro de bandeira sem a dita cuja e marcos de cimento com a inscrição “FPV-Imbel”. Uma pausa pra retomada de fôlego e contemplação da paisagem ao redor, por sua vez quase similar à do Pico do Ataque, com a diferença q o visu deste ultimo não tem uma cadeia de morros obstruindo parcialmente o quadrante norte.

 

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A partir daqui nosso caminho prossegue pra sul e sudoeste, se valendo do largo aceiro q - além de limitar a Fábrica Presidente Vargas - coroa uma larga e abaulada crista q se espicha nessa direção. E assim nossa marcha percorre vagarosa e sinuosamente pelo alto da divisa estadual SP-MG, enquanto belos panoramas vao se descortinando a cada paso dado: ao longe, vemos a oeste algumas torres de alta tensão q nos servirão de referencia e soa nosso destino; a leste vislumbramos tds as cidades do Vale do Paraiba, das quais destoam os domos reluzentes de Aparecida; enqto à sudoeste percebemos a crista do Carrasco, esparramando-se nessa direção, com pequenos véus alvos despencando de suas íngremes encostas mais ocidentais, denunciando pequenas e improváveis cascatas.

Após um bocado de sobe-e-desce-suave e a Lau já dando sinais de cansaço, as 16:30hrs chegamos num trecho do aceiro em q ele faz uma curva fechada pra esquerda e começa a descer forte. Mas é bem nesta curva q existem três marcos de cimento como referencia, discretamente dispostos no chão. Pois bem, basta procurar atrás deles (a esquerda), na florestinha mesmo, vestígios de alguma picada. Pois é, demorei pra encontrar essa maledita trilha, q há década atrás tava bem batida e obvia, sinal q esta travessia de fato tem sido pouco freqüentada. O fato é q depois q encontrei rastros da trilha passei a me guiar tb com auxilio da bússola, mas uma vez nela bastou tocar pra oeste e depois pro sul, em meio à mata. A vereda continua firme e forte mas é preciso prestar atenção pq tem mto bambuzinho obstruindo o caminho, o q nos atrasou um pouco. Emergimos, então, no alto de um morro, q de acordo a carta acredito seja o Pico do Cabrito (1817m), com vistas dos vales ao norte e o som de agua correndo farta logo abaixo, à oeste.

 

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Aqui a trilha se perde mas, busca aqui e ali, é reencontrada logo adiante pra então descer atraves do arvoredo e finalmente desembocar numa precária estrada de manutenção das torres de alta tensão, com as dita cujas bem a oeste, quase ao alcance dos dedos. Sim, eram aquelas mesmas torres q tínhamos visado hora antes. Ufa! Saimos daquele bambuzal infernal a exatas 17:30hrs, e agora temos q tocar pela estradinha à direita, ou seja, pra oeste, ainda por cristas cercadas de mata. A Lau não esconde seu cansaço e proponho estacionarmos de vez aqui, mas ela não arreda pé e diz pra dar continuidade ao nosso cronograma original. Digo q falta pouco e isso ao menos lhe dá um gás extra, embora o meu conceito de “falta pouco” seja algo bem relativo.

O caminho agora é pela precária estradinha de manutenção, acompanhando a linha das torres e repleta de mato rasteiro espinhento e outro bem alto nalguns trechos. Não demora e tropeçamos com duas decrépitas pinguelas q passam sobre dois pequenos córregos, cuja farta água era a q tínhamos escutado do alto do morro, hora antes. Pausa pra encher os cantis, de modo a garantir nossa janta e desjejum, pois a próxima água será apenas pela manha sgte.

A caminhada prossegue no mesmo compasso, porem mais lenta e trôpega por motivos óbvios. O sobe e desce constante já dá sinais de cansaço inclusive neste q vos escreve, mas já q tamo de pé vamo chegar ao local proposto, ne? Bem, a estrada nos leva outra vez ao alto dos morros onde as vistas se expandem e, a sudeste, aprecio o maciço conhecido como Pedra Focinho de Cão reluzir á luminosidade daquele final de tarde. E após contornar dois pequenos morros forrados de araucarias, ignorando uma saída a direita, reconheço o Pico do Vista Alegre, no qual percebo os mesmos dois sulcos da vez anterior subindo ao topo.

A Lau a esta altura já anda mais por inércia, zumbificada, e não vê a hora de largar a mochila. Bordejamos o sopé do Vista Alegre e logo caímos num larga clareira de capim ralo, q marca a bifurcação da trilha dos romeiros, além de ser nosso bem-vindo e tão almejado local de pernoite. São quase 18:30hrs e a Lau literalmente desaba ao pisar aqui, exultando de alegria. O campinho é bem simpático não fosse algum lixinho amontoado nos arbustos. Duas pequenas capelinhas servem de pequenos templos às graças alcancadas q o tal Frei Galvão deve prover pra iluminar seus devotos peregrinos. E observando bem, vemos claramente a trilha q nasce dali e se embrenha serra abaixo, rumo o Bairro dos Pilões.

 

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Montamos a barraca no mesmo momento em q a escuridão dá sinais de se debruçar em definitivo no alto da Mantiqueira, acompanhado de uma brisa suave q faz recorrer a nossos anorakes. Mas somos mais rápidos e ates mesmo do manto negro da noite cair já temos o fogareiro ronronando pra, enfim, cozinhar um suculento miojo q nunca ficou tão delicioso ao ser engrossado com fatias de calabresa. E após bebericar um suco, q rebate a janta de forma impar, é q nossos corpos moídos e doloridos q finalmente despencam sobre os aconchegantes sacos de dormir. As estrelas começam a pipocar no céu, assim como as luminiscencia das cidades do Vale do Paraiba resplandece maravilhosamente ao ser silhuetada pelas montanhas do entorno. De noite ventou um tanto de modo a remexer a estrutura da barraca, mas o sono coletivo profundo ignorou td e qq acontecimento ou fato q por ventura ocorresse aquela altura do campeonato. Estavamos hermeticamente isolados do mundo exterior, recarregando as energias nos braços de Morpheus.

 

 

Na manhã sgte despertamos preguicosamente assim q a claridade toma conta da barraca, por volta das 7:30hrs. O corpo dolorido reclama mas se encontra c/ mta melhor disposição pra jornada preparada praquele dia. Espio la fora e vejo um dia promissor, com algum vento dispersando as poucas nuvens no firmamento azul pra dar lugar a um sol radiante e acolhedor. E após um desjejum sem pressa – embalado em bisnagas, café e leite – as cargueiras engolem rapidamente o material de acampamento pra clareira ficar tal qual fora encontrada.

Antes de partir, porém, uma rápida subida ao alto dos 1747m do topo do Alto do Vista Alegre, logo ali do lado, pra começar o dia com paisagens inspiradoras. Num piscar de olhos o sulco rasga a suave encosta de capim e nos leva ao abaulado e pelado topo, coroado por uma pequena lajota de pedra. Do alto temos uma vista bonita do Vale do Paraiba, com destaque pros contrafortes serranos do entorno despencando do planalto pro Vale dos Pilões, logo abaixo.

 

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Comecamos nossa marcha daquele dia pontualmente as 9hrs, ainda pela precária estradinha de manutenção sentido oeste, acompanhando o vale do Córrego Boa Vista, q podemos ouvir correndo ao sopé das montanhas a nossa direita. No caminho, uma placa afixada numa araucária indica estarmos nos domínios da “APA Mantiqueira”. A estrada serpenteia uma encosta ate passar pela extremidade de larga uma crista de pasto, pra começar a descer rumo o rio em questao. A estrada então cruza o Córrego Boa Vista, as 9:20hrs, q marulha águas rasas e cristalinas, mas a gente não passa pra outra margem e sim faz um breve pausa refrescante pra lavar louça, escovar dente e, principalmente, encher td nosso estoque de água possível. Afinal, a partir de agora vamos ganhar as cristas e provavelmente o precioso liquido não sera encontrado nelas. Pra garantir nosso sustento levei quase 4L enqto a Lau encheu seu camel-back, alem de levar uma pequena garrafa na mochila por precaução.

Pois bem, é aqui q abandonamos a estrada, q após cruzar o córrego segue pra noroeste ate dar na Faz. Nova Esperança e, depois, desembocar no asfalto da MG-62, as margens de Venceslau Brás. Do rio, retrocedemos algo de 50m procurando o melhor lugar pra ganhar a encosta à nossa esquerda, totalmente repleta de terríveis bambuzinhos, de modo a ganhar o inicio pelado da longa crista q se projeta kms pra oeste. Lembro q da outra vez q aqui estive foi bem facil varar este bambuzal, q nesta ocasião mostrou-se mais fechado, cerrado e agreste. Indo na dianteira comecei a rasgar mato no peito, subindo vagarosamente, desviando das voçorocas maiores ou encarando o mto mato tombado no caminho. A medida q avançávamos fomos deixando um “túnel” de vegetação trás de nos, onde deixamos tb marcações pra nos auxiliar caso tivéssemos q retornar por aqui (evitando assim novo vara-mato), o q felizmente não foi necessário.

 

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Mas a ralação teve fim as 10:20hrs, qdo emergimos na íngreme encosta de pasto q a passos lentos tb foi vencida, pra em seguida a inclinação aparentar suavizar e o andar se tornar mais agradável. Ainda assim, a Lau vai devagar, obedecendo seu próprio ritmo nos trechos mais pirambeiros. Mas não há pressa, pois temos o dia inteiro pra ganhar a crista principal. A medida q ganhamos altitude, olhando por sobre o ombro vemos o q ficou pra trás: o vale do Boa Vista permaneceu la embaixo, ao sopé das enormes montanhas q agora disputam conosco a atenção de seus cumes. A flora tb é merecedora de mtos cliques, pricipalmente qdo a encosta é belamente ornada de vistosas sempre-vivas dançando ao vento, típicas do Espinhaço.

E dessa forma pausada vamos vencendo ombros serranos sucessivos atraves do pasto. Td parada é merecedora pra examiada do terreno a seguir, afinal a crista ascendente é visivelmente dividida por um trecho florestado e outro limpo, sendo q nossa caminhada se dá neste ultimo. A ascenção tb é repleta de “pegadinhas”, pois na hora q vc pensa ter alcançado o alto da crista logo percebe q atingiu apenas mais um cocoruto dela, um falso cume. Esta peça nos é pregada em duas ocasiões. Enqto subimos e subimos, o céu aparenta nublar de vez mas o calor daquelas horas da manha é felizmente abrandado por conta da brisa fresca vinda do leste. A vista, entretanto, compensa esta árdua, penosa e interminável subida: a leste temos a enorme crista da Mantiqueira, onde o Marins e o Itaguaré encabeçam uma serie de picos silhuetados na serra; e a sudeste apreciamos a série de paredões e cristas caindo em direção ao Vale dos Pilões. Com esforço, conseguimos até enxergar o Pico do Ataque e o Alto da Lavrinha, pequeninos à nordeste.

 

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Sempre andando pelo alto e na borda da mata, passamos por um pinheiro solitário e logo depois enfim, atingimos o primeiro gde cocoruto q nos prega a primeira peça, as 11:40hrs. Ráááá! Pegadinha do Mallandro! Uma pausa pra descanso no pasto é necessária e, enqto aguardo a Lau chegar, avalio o terreno a seguir, munido da carta e bússola. Desse cocoruto parte uma decrépita cerca q a partir daqui será nossa referencia durante td subida. Basta acompanhá-la, ora próxima ora afastada, evitando o mato alto, espinhento, duro e seco q as vezes se avulta em torno dela. Na ausência de trilha o jeito é ir onde o capim ralo é mais aberto e fácil de caminhar. As vezes surgem trilhos de vaca mas não conte com eles pois logo somem.

A subida prossegue agora com nova pausa nums rochedos a meio caminho, as 12hrs. A Lau sente bolhas se formando e a parada é necessária pra buscar sanar este incoveniente o qto antes, de modo a não compremeter o resto da trip. A ascenção então tem continuidade no mesmo compasso, sempre ao lado da cerca, à nossa esquerda. Nossa rota então deriva pra direita, adentra um trecho curto de mato, e então emerge no segundo gde cocoruto serrano, onde nos brindamos com uma parada mais demorada tanto p/ descanso como beliscar alguma coisa. São as 12:45hrs e daqui em diante já se avista o restante derradeiro de crista ate o pto culminante da crista, ou seja, o Pico do Carrasco. O sol e o calor ressurgem com força total mas os arbustos são insuficientes pra nos providenciar a sombra necessária. A sede tb pega nestas horas mas a hora é de racionar o precioso liquido. Beber com moderação, até na montanha.

Retomamos a marcha no mesmo compasso, as 13:40hrs. Surge um trilho de vaca coberto de pasto q nos ajuda de inicio mas q logo depois desaparece. Uma pequena florestinha se interpõe no caminho, mas o sentido a seguir é meio q intuitivo já q alguns sulcos de vaca mostram o rumo a seguir. Mas no meio dessa língua de mato a vereda fica confusa ate se perder por inteiro. O facão, enfim, é colocado a prova pra mostrar q não foi trazido apenas pra ocupar volume na mochila. Bambuzinhos e cipós espinhentos vao então abrindo caminho ate q após um tempo emergimos do outro lado do bosque cerrado.

 

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A pernada prossegue no aberto ate dar noutra florestinha, desta vez contornada facilmente pela esquerda. A cerca é reencontrada e por ela a subida desta suave crista ascendente tem continuidade em seus trechos finais, pra alivio da Lau. Ela se ressente de não estar em forma e de não me acompanhar de acordo, mas eu busco encorajá-la afirmando q não há pressa e q basta ela seguir seu próprio ritmo, sem exigências. E a animo dizendo q ela ta de parabéns pelo simples fato de chegar ate ali, numa pernada em q mto marmanjo q conheço sequer guentaria sair ileso no primeiro dia. E chorando. Eu tb não vejo a hora de terminar e procuro esconder meu cansaço, já q como vou na dianteira mostrando (e abrindo) o caminho pra ela termino com as canelas quase q insensíveis de tão raladas e maltratadas pelo ageste mato rasteiro rasgado. O céu mostra nuvens acizentadas se acumulando trazendo perspectiva de chuva q, felizmente, se limita apenas a alguns respingos q tanto fustigam qto refrescam nossos rostos suados, pra depois sumirem tão subitamente como apareceram, deixando o firmamento apenas numa tonalidade opaca clara.

Mas as 15hrs a pernada no aberto termina nos limites da floresta q recobre o restante da crista. Aqui é preciso buscar a entrada, pois ela ta bem fechada. Via de regra, basta acompanhar um discreto sulco q acompanha a cerca, um pouco antes. Mas pra bom observador e farejador de trilha basta reparar num pequeno terreno nivelado (plano) no meio da encosta inclinada. É uma larga trilha, coberta de campim e mato alto!! Na verdade este é o aceiro de divisa de terreno de propriedade da Eletropaulo, já a mto em desuso pela cia. E é por ele q adentramos na floresta ate com relativa facilidade. Mas não demora a trilha começar a fechar e o estalar dos bambus pisados no caminho tornar-se o som recorrente da caminhada, embora existam algumas marcações de velhas fitas amarelas no trajeto. Este trecho me recordo q estava relativamente mais aberto da vez anterior q aqui estive, e já daqui partia uma estreita picada rumo Fazenda da Onça, num fundo vale a noroeste, picada da qual nem vi sinal.

 

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O fato é q bem q tentei buscar a continuidade do aceiro em questão, sem sucesso. Decerto o desuso o fechou por inteiro, e portanto qq tentativa de seguir por ele seria algo estéril e infrutífero. Tentei então voltar minhas energias á procura da trilha rumo o pto culminate da crista, ou seja, o Pico do Carrasco. Enqto a Lau descansava em meio ao bambuzal fui me enfiando encosta acima de modo a rastrear vestígios de acesso ao cume, desviando do arvoredo espesso e da vegetação de altitude, q aqui começa a dar as caras. Não demora e encontro a maledita, meio q fechada e coberta de alguma mata facil de transpôr. Uhúúú. Bem, e se não era trilha agora passou a ser.

E assim, a exatas 16hrs emergimos no amplo e largo cume q marcam os 2013m do Pico do Carrasco. O topo da montanha é marcado por dois aspectos bem marcantes: um generoso mirante com vista soberba do td quadrante noroeste, com destaque pro Vale do Rio da Onça, e norte, q contempla td trajeto feito até então; e por um respeitável cruzeiro de metal ornado por uma caixa de madeira q guarda o livro de cume, em sua base, além do já tradicional marco geodésico local. O livro é datado de 2007 e pertence a André Luis Silveira, militar aposentado e proprietário da Faz. da Onça q roçou uma larga e ótima trilha até o cume, picada esta q inexistia década atrás e só tomei conhecimento pelo relato recente de amigos q perambularam pela região. Outro detalhe do livro de cume é q em sua maioria ele foi assinado por milicos das mais variadas patentes, desde cabos, soldados e sargentos vindos de tds lugares do país (Manaus e Recife, inclusive!), indicio q a Faz. da Onça é “point” da galera q calça coturno e traja roupa camuflada, e faz da ascenção ao pico programa obrigatório.

 

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Com o sol caindo no horizonte e sua ultima leva de seus raios iluminando o final de tarde, armamos acampamento no amplo gramado disponível (deve caber umas 5 barracas protegidas, com folga!), p/ depois ficar a tóa descansando até q o manto negro da noite pousou definitivamente sobre os ombros daquelas terras altas da Mantiqueira. Antes, porém, pusemos o fogareiro pra cozinhar nosso suculento macarrão engrossado com fatias de calabresa e pedaços frescos de tomate. Pra rebater e facilitar a digestão, bebericamos um refrescante suco de laranja q hidratou nossos corpos fatigados. A Lau ainda deu um trato nos pés, enfaixando com trocentas gazes os locais q reclamavam a presença de bolhas. Exauridos pelo árduo dia, pra desfalecer em definitivo não houve mta esforço pois bastou entrar na barraca q automaticamente apagamos sobre os aconchegantes sacos-de-dormir pra so levantar na manha sgte. A noite transcorreu de forma bastante agradável e sem nenhum vento. Parcialmente nublada e com poucas estrelas espiando por entre as nuvens, o destaque mesmo era ver as trocentas luzes de quase tds as cidades do Vale do Paraiba faiscando aos nossos pés, a leste.

 

 

Os estridentes resmungos de um gavião nos despertam logo cedo, quiçá incomodado pela nossa intromissão em seus domínios. Amanhece levemente frio e encoberto por brumas espessas q impedem visibilidade além dos 50m. Cientes q o dia será longo e de trajeto incerto, levantamos prontamente as 6hrs, arrumamos as coisas e bebericamos nosso rápido café-da-manhã afim de otimizar ao máximo o período de luminosidade, ainda mais se tiver alguma perspectiva de chuva. A idéia naquele dia era prosseguir pela crista rumo sudoeste nos valendo da picada vinda da Fazenda da Onça até onde desse, e dali em diante tomar decisões em função das condições do terreno mostrasse. De qq forma, teríamos como rota de fuga a íngreme baixada até o Vale do Ribeirão da Onça como referência.

E assim fizemos. Partimos pontualmente as 7hrs tomando a obvia e larga picada sentido sudeste, q inicialmente desce suave pra depois mergulhar na mata fechada. O caminho é tranqüilo e agradável, não fosse o fato q íamos enxugando td vegetação umedecida pelo orvalho no caminho. Ao avançar temos a perfeita noção q percorremos a crista serrana pois ao observar pra ambos lados vemos a vegetação caindo pra se perder nos fundos vales opostos. No caminho, algum mato tende a invadir a trilha como vegetação tombada pelo vento surge como únicos obstáculos, felizmente fáceis de transpôr. Qq coisa basta se guiar pelas simpáticas marcações vindas da Faz. da Onça, cuja inscrição “P.C” numa minúscula placa azul-claro não deixa dúvidas do sentido a tomar.

 

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O caminho sobe a um morrote florestado da crista q julgo ser o Alto da Bocaina (pela carta), mas como a trilha ta bem óbvia, batida e permanece no sentido desejado nos mantemos nela. Entretanto, um pouco mais adiante a picada passa batido por outra q nasce dela, perpendicularmente, e desce pra direita, piramba a abaixo. Mas como nossa intenção é permanecer sempre na crista ignoramos esta saída e seguimos reto. A vereda então aparenta contornar uma suave encosta e ao ganhar outra vez a crista percebo um caminho, totalmente tomado pelo mato, vindo pela esquerda. Seria aquela via a continuidade do antigo aceiro vindo do Carrasco ou seria a famosa trilha q parte dali e desce pros campos abaixo, a caminho dos Pilões atraves de sucessivos cocorutos pela serrote do mesmo nome??? Mistério.. Tai algo pra conferir noutra ocasião. Fica a dica.

Mas não demora pra finalmente a tão obvia trilha palmilhada começar a sair da rota proposta pra então desviar suavemente pra direita, começando a descerde forma suave pro fundo vale ao lado, ao norte. Mas se prestar atenção, antes deste desvio podemos observar, com um farejo de trilha e olhar apurado, q outra “picada” ainda se mantem pela crista. Basta saber não deixar passar esta saída. Ela ta meio q coberta de mato logo no inicio, mas uma vez nela não tem mto erro. Só seguir por ela. No entanto, a vereda esta bem suja de mato, o q novamente me obriga, pela segunda vez na trip, a fazer uso do facão pra limpá-la da exuberância de arbustos q se interpõe na frente, principalmente bambuzinhos chatos q se agarram qm qq saliência da mochila, retardando o avanço.

 

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Sempre nos mantendo na crista florestada, nossa rota alterna rumo sudoeste ou oeste, onde o avanço segue ora vagaroso ora desimpedido durante um bom tempo, ate finalmente subir mais um degrau serrano q sai no capim ralo de um pequeno cocoruto rochoso. Pela carta e pela bussola, estamos nos 2029m do topo do Alto do Cerco, mas o tempo ta tão fechado q infelizmente nada se vê a não ser uma camada opaca e espessa de nuvens, embora a vista acredito seja espetacular. Mas é ao reentrar na mata q a tal precária “picada” acompanhada ate então começa a fugir da crista principal, derivando pro norte. Bem q busco formas de me manter nela, sem sucesso. O mato é bem mais fechado (bambus finos e grossos de tds tamanhos!) a partir deste trecho em diante e, francamente, tava sem saco e mto menos paciência de me desgastar com facão em punho. Outra questão era nossa água, quase no limite. Resolvemos então seguir a picada pra ver onde ela vai dar, afinal, estando bem batida e roçada ela deve nascer de algum lugar interessante. E la vamos nos, fazendo uma espécie de “ferradura” q aparenta voltar td palmilhado naquela manhã ate então, porem atraves da encostas florestadas da crista do Carrasco, sentido norte/nordeste., perdendo altitude num piscar de olhos.

Dito e feito, após um tempo a tal picada desemboca noutra maior e mais batida q bastou acompanhar. Esta era nada mais nada menos q a trilha oficial q sobe da Faz. da Onça ao Carrasco!! Dali cheguei a conclusão q a vereda em q estávamos hora atrás devia ser um acesso facilitado (e pouco utilizado) da fazenda ao Alto do Cerco. E pelos indícios q observei, parece q o dono está roçando aos poucos o resto da crista. Q seja então. Vai ser um trabalhão e tanto, mas dou mó apoio. Pois bem, agora q estavamos no caminho da roça bastou apenas tocar pra baixo, afinal a missão dos cumes tava mais q cumprida.

Após cruzar um trecho descampado e ornado de belas araucárias, tivemos um belo vislumbre do Vale do Rio da Onça a nossos pés. Abaixo da grossa camada de nuvens, q agora tomava conta dos cumes serranos do entorno, tínhamos agora uma perspectiva melhor do qto ainbda faltava ate dar no fundo do vale. E assim, após mergulhar novamente na mata, tropeçar com mais bambuzais infernais e cruzar um simpático bosque, q finalmente caímos na tal Fazenda da Onça, quase as 10hrs da matina! Daqui em diante teríamos pela frente um bom chão atraves de estradas de terra ate nosso destino final, campos do Jordão. Esperança de carona? Nula, claro.

 

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E la tomamos direção leste, serpenteando o sopé das montanhas vagarosamente, buscando matar o tempo em apreciar a bucólica paisagem semi-selvagem do entorno e bebericando das varias bicas ao largo do caminho. Ao deixar os domínios da Faz. da Onça q a estrada se tornou mais simpática, ornada por belos canteiros de hortênsias em suas margens e atravessando reflorestamentos de pinnus boa parte do trajeto. Mas devagar e sempre, as 11:20hrs conseguimos finalmente chegar na Fazenda do Charco, outro pequeno bairro rural dali, onde descansamos um tanto e beliscamos alguma coisa antes de prosseguir marcha. Afinal, ainda tínhamos 20km respeitaveis nos separando do Horto Florestal, situado na perifa de Campos do Jordão.

Mas mal pusemos pé-na-estrada q conseguimos uma bem-vinda e oportuna carona no trator de Seu Luiz, q fazia a manutenção da precária estrada ate a divisa. Q sorte! Nos acomodamos no reboque do empoeirado e trepidante veiculo e la fomos nós, economizando uma boa kilometragem daquela sofrida pernada serpenteando a morraria sentido sudoeste. Ao meio-dia nos despedimos do Seu Luiz, q nos deixou exatamente na divisa MG/SP, mais precisamente os limites de Venceslau Brás e Campos do Jordão, e q nos poupou quase metade do trajeto na sola. O dia estava nublado-claro, pra variar, mas estava quente e com mormaço típico de verão.

Após passar um portal q nosa dava as boas vindas ao Parque Estadual Campos do Jordão é q tinha inicio da segunda parte desta longa e interminavel pernada de estrada de terra. E la fomos nos, agora descendo permanentemente a serra, serpenteando sinuosamente a morraria ao redor e cruzando vários vales no caminho, com direito ate a dois porcos-do-mato cruzando a estrada, bem na nossa frente! O tempo passa e a Lau não esconde seu cansaço estampado no rosto, o q nos obriga, as 13:40hrs, a uma parada mais prolongada às margens de um convidativo e borbulhante afluente do Rio Sapucaí-Guaçu, onde nos presenteamos com um refrescante e merecido tchibum. A pernada interminável tem continuidade ate q reparamos já estar em meio às atrações do Circuito Turistico do Horto Florestal, como o Bosque Vermelho e o Córrego Pedra Mármore. Uma rápida pancada de chuva apenas refresca nossos semblantes exaustos neste trecho tortuoso e sem fim, as 15hrs. Mas é mesmo qdo tropeçamos com o largo e manso Rio Sapucaí-Guaçu, as 15:40hrs, q acompanhamos ate o final, é q temos ciência q nossa camelação esta quase chegando ao fim!

 

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Cambaleando tropegamente, chegamos enfim ao ponto de ônibus situado na entrada do Horto Florestal, as 16:20hrs. Sem cerimônia alguma e na frente dos poucos turistas presentes, atrás das moitas próximas trocamos nossas vestes sujas e ensopadas por outras mais secas e limpas. O coletivo não demorou pra passar e imediatamente nos vimos no centro de Campos do Jordão, cidade rasgada ao meio pelo barrento e sujo Sapucaí-Guaçú, q aqui passa a se chamar Rio Capivari. Mal saltamos na rodoviária as 17hrs e conseguimos tomar o busao daquele mesmo horário, não dando nem tempo pra bebemorar a empreitada. No entanto, ela havia apenas sido adiada, pois mal desembarcamos no Terminal Tietê, já no inicio de noite, q estacionamos num dos muitos botecos-moquifos - repletos de getne simples recem-chegada de tds os cantos do pais – q foi mesmo naquela “babel nordestina” q mandamos ver td sorte de salgados de origem duvidosa, embalados numa deliciosa cerveja gelada. Saldo final da pernada: bolhas nos pés, ralados pelo corpo, pele tostada pelo mormaço, um maledito carrapato colado assanhadamente à virilha e mtas lembranças desta travessia inesquecível.

 

 

 

Finalizando, Sergio Beck cunhou seu roteiro - aquele q serviu de base à trip relatada aqui - de Vista Alegre por julgá-lo mais simpático e agradável. Entretanto, pelas dificuldades, declividade e distância impostas pra mim o nome mais apropriado deveria ser mesmo “Travessia do Carrasco”, afinal as adversidades do trajeto são verdadeiros “algozes” e “verdugos” testando a cada momento os limites de superação do andarilho disposto a enfrentá-las. Antes de nada, q fique claro q a idéia não é de forma alguma desmerecer o roteiro do Vista Alegre. Pelo contrario, a idéia é agregar e “melhorar” o ótimo legado deixado pelo Beck. O q não deixa tb de ser, á minha maneira, uma pertinente homenagem a este renomado veterano andarilho. Quem sabe assim este relato inspire as novas gerações e, futuramente, alguém o emende a algum outro canto ou acrescente mais picos a esta interessante e estimulante travessia por uma Mantiqueira menos conhecida.

 

 

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