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França - 16 dias - Paris, Val de Loire, S.Malo, M.Saint-Michel, Rouen e Giverny - outubro de 2011


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Este relato é uma cópia do que eu estou escrevendo no meu blog e continuação de uma viagem que começou na Grã-Bretanha e cujo relato eu já postei aqui no Mochileiros.com (por isso já começa do décimo sexto dia). As fotos dessa viagem eu só vou postar no blog. Quem se interessar pode dar uma olhada. O link está no fim do post, na minha assinatura.

 

Décimo sexto dia. Segunda-feira, 17 de outubro de 2011.

 

Acordamos cedinho, ainda estava escuro. Nosso trem saía exatamente às 08:02 da manhã (depois de 15 dias na Grã-Bretanha, comprovamos a história da pontualidade britânica). Claro que já tínhamos organizado tudo na véspera, então foi só tomar banho, pôr a mochila nas costas e passar na recepção para devolver o cartão do quarto. Como pagamos tudo no check-in, nem perdemos tempo acertando a conta.

 

Fomos caminhando até a Victoria Station, nossa estação de metrô, em meio a tranquilidade do início da manhã. O metrô estava vazio e depois de apenas cinco estações na Victoria Line, sem precisar fazer nenhuma conexão, chegamos a estação King’s Cross-St. Pancras, de onde sai o Eurostar.

 

Compramos a passagem de trem para a França ainda no Brasil, com dois meses de antecedência, pelo site da RailEurope. O site é em português, pois é voltado para o Brasil, e os preços são em reais. Compramos cada passagem por R$ 130, mas os preços variam bastante, podendo até dobrar ou muito mais que isso. Comprar com antecedência é a melhor coisa, tanto por garantir a vaga quanto por conseguir melhores preços.

 

No voucher que imprimimos dizia que deveríamos estar pelo menos meia hora antes na estação para fazer o check-in. Chegando lá tínhamos que imprimir os cartões de embarque em uma máquina, mas acho que o sistema não estava funcionando e a moça só carimbou no nosso comprovante de compra das passagens e entramos na sala de embarque.

 

Depois, passamos pela imigração. Colocaram um carimbo nos nossos passaportes com um trenzinho desenhado. Não fizeram nenhuma pergunta sequer. Aliás, só percebi que aquilo era o controle de imigração da França depois, quando vi o carimbo e percebi que estava escrito ”Londres” (em francês) e não ”London” (em inglês). Nesse processo de embarque todo não pegamos fila nem uma vez sequer, mas a estação e a sala de embarque estavam cheias. Chegamos bem em cima da hora e se houvesse filas talvez tivéssemos tido problemas. Para não correr o risco de perder o trem o melhor mesmo é chegar cedo.

 

Logo que entramos no trem, colocamos nossas coisas no bagageiro que fica perto das portas e nos sentamos. Não demorou e o trem partiu, pontualmente. Como não tínhamos tomado café, fomos até o vagão restaurante. O vagão estava cheio e enquanto esperávamos ficamos olhando a paisagem do sul da Inglaterra passar pela janela. Pedimos cafés, sucos e sanduíches. Os preços para comer no trem não são dos melhores. Aproveitamos para gastar as últimas Libras. Comemos no vagão restaurante mesmo e depois voltamos para nossas poltronas. Pouco depois o trem entrou no túnel que passa por baixo do Canal da Mancha.

 

Essa era a primeira vez que andávamos em um trem de alta velocidade, o tal trem-bala. Mas até que a viagem foi bem normal. Não dá para sentir a velocidade e o trem é muito estável e silencioso. A poltrona é confortável e até chegamos a dormir grande parte da viagem. Os 492 km de trilhos por onde passa o Eurostar foram inaugurados em 1994, encurtando a distância entre duas das mais importantes capitais do mundo, Londres e Paris. O trajeto também passa por Bruxelas, capital da Bélgica, e Lille, uma importante cidade francesa, quase na fronteira belga.

 

Nossa viagem entre Londres e Paris pelo Eurostar durou 2 horas e 15 minutos. Escolhemos ir de trem pois, comparando, é muito mais barato e prático do que ir de avião, por vários fatores. Além do valor da passagem, que não nos pareceu cara (R$ 130), podemos ir de metrô para as estações, que ficam bem no centro das cidades (e não afastadas como os aeroportos), economizando com taxi. Ainda por cima não precisamos despachar bagagens, muito menos se preocupar com uma franquia de peso tão pequena e com as exorbitantes multas por excesso de bagagem que as companhias aéreas cobram.

 

Chegamos em Paris, na Gare du Nord, às 11:17 da manhã, no horário francês, que é uma hora a mais que o da Grã-Bretanha. Como o controle de imigração é feito em Londres, em Paris estamos livres, é só pegar a bagagem e sair da estação, sem nenhuma burocracia.

 

Na Gare du Nord me lembrei da minha primeira aula de francês na Alliance Française de Belém. O diálogo dessa minha primeira aula se passava justamente nessa estação. Passados 10 anos desde que eu comecei a estudar francês, finalmente conheceria Paris.

 

Fomos logo procurar o metrô da estação para ir para o hotel deixar as coisas. Quando encontramos, procuramos nos informar como funciona o sistema de metrô. Vimos um cartaz que mostrava as tarifas e fomos para a fila para comprar no guichê de atendimento. Foi aí que um negócio estranho aconteceu.

 

Um rapaz de mais ou menos uns 18 anos e ascendência árabe nos abordou e disse que para comprar o bilhete do metrô deveríamos ir às máquinas automáticas. Nós nem tínhamos reparado nas máquinas então fomos lá com ele. Aí é que mora o perigo. Se deixar guiar por um desconhecido é um erro que ninguém deve cometer mas nós, ainda meio desorientados com a chegada e na pressa para ir para o hotel e se livrar da bagagem, acabamos dando essa vacilada.

 

Na frente da máquina, enquanto eu pegava meu cartão, o cara foi logo se adiantando na minha frente e falando muito disse que fazia tudo para mim com o cartão dele e começou a apertar os botões bem rápido e, quando eu vi, meteu a mão no compartimento da máquina e pegou dois bilhetes de metrô e quis me dar.

 

Se o meu erro foi ter seguido um estranho, meu acerto foi desconfiar a tempo do excesso de “boa-vontade” do cara e prestar muita atenção ao que ele fazia. O fato de ele achar que eu não dominava o francês fez com que ele me subestimasse. Enquanto ele apertava os botões eu lia tudo que aparecia na tela e vi claramente quando o cartão dele foi recusado e o aviso de que a transação não tinha sido concluída. Então como ele conseguiu os bilhetes? Provavelmente já estavam lá! Com a certeza de que havia alguma coisa errada, agradeci e disse que não precisávamos de ajuda e saímos de perto. Ele nem insistiu também e continuou por lá. A Dani ficou meio sem entender e fomos de volta para a fila do guichê de atendimento, onde eu expliquei para ela minha desconfiança.

 

Na fila, começamos a olhar em volta e perceber que havia vários desses caras, pelo menos uns três, todos jovens e de origem árabe, abordando várias pessoas que vinham da estação de trem com malas. Achamos aquilo muito estranho pois eles não faziam nem questão de ser discretos, como se não estivessem fazendo nada de errado. Tivemos uma sensação de insegurança, mas não conseguimos entender o que estava acontecendo com certeza.

 

Em Paris, eles não tem um sistema como o do Oyster Card de Londres. Ou melhor, até tem, o cartão NaviGo, mas pelo o que eu entendi é só para quem mora em Paris (ele é parcialmente financiado pelo empregador e também voltado para quem tem direito a descontos nas passagens, como os estudantes). Nós, que não moramos na cidade, temos que comprar uns bilhetes de papel pouco menores que um cartão de visitas (idênticos aos bilhetes do metrô de São Paulo). A gente tem que pôr o bilhete na catraca quando entra e pegar logo em seguida pois tem que colocar de novo na catraca de saída. Cada bilhete comprado individualmente custa 1,70 Euros (R$ 4,25). Há também outras opções, mas como estávamos com pressa de chegar logo ao hotel nem olhamos com calma e compramos dois bilhetes individuais mesmo.

 

A primeira impressão do metrô de Paris não foi das melhores, com a história do cara que queria ”ajudar”. Mas outros problemas nos chamaram a atenção também. O metrô de Paris está um pouco mal conservado, com sinalização confusa, pichações e lixo jogado em alguns lugares. Fora que não vimos um segurança sequer. Os vagões também são um pouco antigos (ou melhor, rétro hehehe), com uma maçanetazinha para levantar quando o trem chega à estação, senão a porta não abre.

 

É verdade que eles estão há algum tempo se preparando para uma Olimpíada e isso influencia muito, mas foi inevitável lembrar do metrô de Londres, com vagões novinhos, tudo muito limpo e reformado. Mas mesmo com os problemas é impossível negar o charme do metrô parisiense. As paredes revestidas de ladrilhos brancos e com propagandas emolduradas, o teto côncavo das amplas plataformas, a maciez dos pneus em lugar das barulhentas rodas de aço…

 

O metrô estava bem tranquilo, apesar de ser quase meio-dia de uma segunda-feira, o que foi bom pois estávamos com bagagens e não tem nada pior do que pagar metrô lotado quando se está com malas. Seis estações e uma conexão depois nós chegamos à estação mais perto do nosso hotel, a Richelieu-Drout, na linha 4. A saída da estação fica exatamente no cruzamento do Boulevard des Italiens com o Boulevard Haussmann, no coração do Segundo Arrondissement. Paris é dividida em 20 arrondissements que são zonas que se organizam em espiral a partir de um ponto central, que é o Primeiro Arrondissement.

 

Saindo da estação, nos vimos no meio de Paris (até então só tínhamos visto a Gare du Nord e o metrô). É meio inexplicável a sensação de estar ali, no meio daquelas avenidas ladeadas por largas calçadas e edifícios da mais elegante arquitetura. Paris tem um clima muito especial, capaz de renovar os ânimos.

 

Andamos menos de uma quadra para chegar ao nosso hotel. Ficamos no Peletier Haussmann Opera Hotel, um pequeno e simples hotel instalado em um prédio antigo da Rue Le Peletier, quase esquina com o Boulevard Haussmann. Fizemos duas reservas. Uma para esse primeiro período na cidade e outra para quando voltássemos da viagem pelo interior da França. Por essa primeira parte pagamos 781,20 Euros (R$ 1.953) por sete diárias, sem café-da-manhã, incluindo a taxa de estadia (1,60 Euros por dia). A localização do hotel é excelente, além de já ser em uma área muito bonita da cidade, com vários pontos de interesse bem pertinho, nosso hotel ficava quase em frente a estação Richelieu-Drout do metrô, muito fácil de ir para qualquer lugar. Apesar de antigo, o hotel é bem cuidado, muito limpo e bem confortável. E o preço foi um achado para essa área da cidade, onde a maioria dos hotéis é de luxo. Recomendo.

 

Quando entramos a Dani foi ao banheiro e eu fiquei fazendo o check-in. Conversando com o rapaz da recepção, contei a história do cara na Gare du Nord e ele me explicou o que aconteceu. Esses caras que ficam por lá tem direito a comprar passagens com desconto pois são estudantes. Então eles compram por metade do preço e vendem pelo preço inteiro para turistas, ficando com a diferença. É claro que é ilegal, mas pelo menos os bilhetes provavelmente eram válidos. O problema é se algum fiscal pegar um turista usando bilhete de estudante.

 

Aproveitei também para perguntar para ele qual era a melhor forma de comprar os bilhetes do metrô. Foi então que ele explicou que o melhor era comprar um carnet, um conjunto de 10 bilhetes individuais que custa 12,70 Euros (R$ 31,75). Assim, cada passagem cai de 1,70 Euros (R$ 4,25) para 1,27 Euros (R$ 3,17).

 

Depois de fazer o check-in, subimos para o nosso quarto, que ficava no quinto andar. Antes, passamos pelo elevador do hotel, que é um caso a parte, mas isso depois eu conto. No quarto tínhamos uma cama de casal, dois criados-mudos, uma mesa maior e um frigobar bem pequeno. O banheiro era espaçoso e todo novo. Mas o melhor mesmo era nossa sacada com vista para a rua.

 

Depois de guardar as coisas, só tínhamos mais dois planos para o dia. O primeiro era almoçar. O segundo, claro, ir ver a Torre Eiffel, passeando sem rumo pela cidade. Querendo ou não essa torre é um marco. Acho que não tem quem chegue a Paris pela primeira vez e não tenha a visão da Torre Eiffel como prioridade absoluta.

 

Descemos e fomos andando pelo Boulevard Haussmann em busca de um restaurante para almoçar. E nessa avenida são muitas as opções, de fast food a restaurantes refinados. Escolhemos um bistro de comida italiana, que nos pareceu mais informal. Pedi uma lasanha de carne gratinada no forno e a Dani uma salade niçoise. Para beber pedimos refrigerantes e de sobremesa uma tarte tatin para mim e um crème caramel para ela. Tudo saiu por 40 Euros (R$ 100) já com a gorjeta do garçom. A comida, é claro, estava muito boa, afinal, é Paris, onde até a comida mais simples é muito boa.

 

Saímos do restaurante quase 3 horas da tarde e fomos pegar o metrô para ir ver a Torre Eiffel pela primeira vez. Pegamos a linha 8 com destino à estação École Militaire, que nos deixa bem perto do Champ de Mars, aquele enorme gramado em frente à torre. Na estação compramos o tal carnet com os dez bilhetes por 12,70 Euros (R$ 31,75), ou 1,27 Euros (R$ 3,17) por bilhete.

 

Quando saímos do metrô eu peguei o mapa para nos localizar e fomos caminhando até avistar o famoso ícone da cidade. A sensação de estar ali olhando tudo aquilo que nós já vimos milhões de vezes por fotos e pela televisão é indescritível. Nem parece verdade. O sentimento é de encantamento, de estar pessoalmente em um lugar que na verdade sempre esteve nos nossos pensamentos, que não nos é totalmente estranho.

 

Sentamos no gramado do Champ de Mars e ficamos vendo o movimento e o tempo passar, tirando muitas fotos, claro, como se aquela fosse a nossa primeira e última vez ali. Depois levantamos e continuamos nos aproximando da Torre até ficar sob o gigantesco vão. a estrutura realmente impressiona pelo gigantismo. Deixamos para subir um outro dia. Hoje só queríamos dar uma volta por Paris, sem pressa.

 

Continuamos andando até ter nossa primeira vista do rio Sena, bem ao lado da torre. Atravessamos a Pont D’Léna em direção aos Jardins du Trocadéro, que são um pouco mais elevados, de onde poderíamos ter uma vista de toda a esplanada onde fica a torre. De lá temos a vista mais clássica da Torre Eiffel (se é que pode haver uma só vista clássica, sendo aquele monumento bonito de qualquer ângulo). Muitas fotos depois, fomos caminhando pelas margens do Sena e tivemos o privilégio de começar a ver o pôr-do-sol dourado refletindo na Torre Eiffel.

 

Sabíamos que íamos voltar ali ainda muitas outras vezes nessa mesma viagem, então resolvemos voltar para o hotel para descansar e estar bem dispostos para o dia seguinte, quando começaríamos a explorar cada um dos cantos da cidade conforme planejamos. Pegamos o metrô na estação Bir-Hakeim na linha 6, fizemos conexão para a linha 8 e depois de 9 estações chegamos ao nosso hotel.

 

Quando saímos do metrô já estava escuro. Caminhando pelo Boulevard Haussmann, encontramos uma loja Franprix, que é uma rede de pequenos supermercados que há em toda a França. Eu e a Dani adoramos visitar feiras, mercados e supermercados de todos os lugares que visitamos para conhecer os produtos e ter uma ideia dos preços. A variedade dos supermercados daqui é enorme (de queijos então nem se fala…). Compramos três queijos, duas baguettes ainda quentes, refrigerante, água e chá gelado para mais tarde (17,29 Euros – R$ 43,22).

 

Uma das coisas que eu me ressinto nessa viagem é ter que evitar tomar vinho. Justo aqui na França! Estou com uns probleminhas no fígado e mesmo as poucas cervejas que eu tomei na Grã-Bretanha não me caíram muito bem. Mas na próxima vez, se Deus quiser já curado, eu vou tomar de tudo, nem que seja para ficar doente de novo!

 

No hotel, lá íamos nós pegar o elevador outra vez. Mas esse não era um elevador qualquer. Quando chegamos, de manhã, até nos assustamos. Era simplesmente o menor elevador que já tínhamos visto. Tivemos que subir separados pois não cabia nós dois e mais as bagagens de uma só vez. Já tínhamos lido nos comentários do hotel no Booking.com que o elevador era pequeno, mas não imaginávamos que seria desse jeito!

 

Como o prédio é antigo, o elevador foi instalado tempos depois, no pequeno vão central da escada. Tínhamos que entrar e ficar na mesmo posição até sair. Era todo um processo: entrar, encaixar, se encolher ainda mais para a porta poder fechar e só se mexer outra vez quando fosse para sair! Lagrimamos de tanto rir! Até tirar uma foto para explicar a inusitada situação depois era difícil! Mas com certeza é melhor usar esse elevador hilário do que subir 5 andares com a bagagem pela escada!

 

Tomamos banho, usamos a internet e comemos a baguette com os queijos. Muito delicioso. Tanto o pão como os queijos são especialidades deles e realmente são muito bons. O pão é crocante e, ao mesmo tempo, macio. Os queijos é até difícil de explicar. E olha que nem compramos marcas caras.

 

Depois de lanchar e usar a internet fomos dormir. O dia seguinte seria cheio.

 

Em menos de um dia em Paris, já podíamos dizer que adoramos essa cidade. É tudo tão bonito, tão bem cuidado, são tantos detalhes, tanta história, o clima é tão agradável, as pessoas tão elegantes… enfim, tudo fascina por aqui. Até esquecemos o cansaço acumulado nos últimos 15 dias de viagem. Estávamos empolgados e dispostos a passear o dia inteiro.

 

Só depois de ver com os próprios olhos é que entendemos completamente porque Paris é conhecida como La Ville-Lumière. Essa cidade tem luz própria.

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Décimo sétimo dia. Terça-feira, 18 de outubro de 2011.

 

Já meio cansados depois de mais de quinze dias intensos de viagem, acordamos um pouco mais tarde e ao ver que estava chovendo ficamos enrolando para levantar, esperando que o tempo melhorasse. Comemos o que sobrou da baguette com os queijos que compramos na véspera e depois fomos tomar banho. Não teve jeito, tivemos que sair em baixo de chuva mesmo. Na verdade não era nenhuma tempestade, só um chuvisco que, às vezes, engrossava um pouco mais.

 

Hoje seria mais um dia de passeio “livre”. Logo ao chegar em Paris ficamos meio perdidos. Há tanta coisa para fazer, tantas paisagens bonitas para ver, museus para visitar que ficamos meio atordoados e sem saber por onde começar. E olha que eu e a Dani planejamos muito nossas viagens.

 

Nesse segundo dia em Paris decidimos só passear sem obrigatoriamente entrar em algum ponto marcado no nosso guia. Caminhar pela cidade, ver os monumentos, a arquitetura dos prédios, as pessoas, como os serviços funcionam. Paris é uma cidade que favorece esse tipo de passeio pois é tudo muito bonito. Infelizmente o tempo não ajudou e não parou de chover nem uma horinha do dia. Mas mesmo assim resolvemos não mudar os planos.

 

Ficamos imaginando aquele pessoal que vem naquelas viagens tipo 10 capitais europeias em 8 dias! Um dia de chuva como esse e lá se foi a tão sonhada foto de Paris vista do alto da Torre Eiffel ou do Arco do Triunfo. Eu e a Dani sempre nos planejamos para ter tempo de sobra para fazer tudo o que queremos e, se der vontade, refazer alguns programas.

 

Nosso hotel fica quase na esquina do grande Boulevard Haussmann, que ao longo de sua extensão muda de nome várias vezes, da Place de la République passa a ser Bd. Saint Martin, Bd. de Bonne Nouvelle, Bd. Poissonnière, Bd. Montmartre, Bd. Haussmann, Av. de Friedland, até chegar à Place de L’Étoile, onde fica o Arco do Triunfo, destino de simplesmente outras 12 (!) grandes avenidas.

 

Essas largas avenidas que Paris tem hoje são fruto do remodelamento urbano ordenado por Napoleão III (fundador do Segundo Império e sobrinho do famoso Napoleão) em meados do século XIX. O trabalho de mudar a cara de uma das mais importantes cidades do mundo ficou a cargo do famoso Barão de Haussmann, que foi prefeito de Paris de 1853 a 1870. Depois dessa reforma, Paris deixou de ser uma cidade com estrutura medieval, com um emaranhado de ruelas curvilíneas e ganhou novos parques públicos e um traçado mais reto com grandes eixos que captam o tráfego de outras vias menores e formam grandes cruzamentos estrelados. Esse traçado deu um ar monumental à Paris, colocando em destaque, no centro dos cruzamentos estrelados, alguns dos maiores ícones da cidade.

 

Mas, apesar do resultado mais visível ter sido o embelezamento, a ideia principal que motivou a reurbanização da cidade foi retirar do centro a população menos abastada, por meio das desapropriações que foram feitas para a construção das novas vias, e facilitar o trabalho da polícia de controlar os constantes protestos e rebeliões que aconteciam nas intrincadas ruelas, bem como instalar sistema de esgoto e regulamentar os edifícios da cidade, criando regras para altura, telhados, andares e fachadas. O fato é que essa reurbanização se tornou referência mundial, adaptou Paris às necessidades de uma metrópole moderna e fez com que a cidade se tornasse um conjunto harmônico e, claro, muito bonito.

 

Pois bem, já era mais de 10 horas da manhã quando saímos do hotel. Fomos pelo Bd. Haussmann e depois dobramos na Rue Tronchet e seguimos em frente até a Église de la Madeleine que fica no meio de uma praça. Foram umas dez quadras até lá. No caminho fomos apreciando a paisagem do outono parisiense, com as árvores todas amareladas, combinando com a elegância da arquitetura dos prédios, construídos no estilo que ficou conhecido por ”Segundo Império”.

 

A Église de la Madeleine é bonita, mas não parece muito uma igreja por fora. Retangular, sem torres e cercado por 52 colunas coríntias de 20 m de altura, a igreja parece mais um templo grego clássico. A igreja começou a ser construída em 1764. Durante a Revolução Francesa as obras foram interrompidas. Quando o edifício ficou pronto, devido a onda anticlerical da época, se tornou um panteão em homenagem ao Grande Exército Francês, que na época acumulava vitórias por toda Europa.

 

Somente com a construção do Arco do Triunfo, que assumiu a função de monumento militar, é que o prédio finalmente se tornou uma igreja católica, sendo consagrada à Santa Maria Madalena em 1842. Não há cobrança de ingresso e quando entramos percebemos que a igreja não atrai muitos turistas. Mesmo com os enormes lustres e as claraboias nas cúpulas, La Madeleine é bastante escura. A decoração é rica em mármores, colunas e pinturas. Vale a pena a visita, até porque não se gasta muito tempo lá.

 

Saindo da igreja temos uma bonita visão da Rue Royale até a Place de la Concorde, com seu obelisco e a Assembléia Nacional (Palais Bourbon) ao fundo. E foi para lá mesmo que seguimos, junto com a chuva, que estava ficando mais forte.

 

A Place de la Concorde é a maior praça de Paris, mas a maior parte do espaço aberto é pista para os carros, como uma rotatória. No centro da praça há um obelisco egípcio de 33 metros de altura e 3.300 anos de idade, que ficava no antigo Templo de Ramsés em Thebas e foi presenteado pelo Pashá Mouhammad Ali ao Rei Luís Felipe em 1836, em reconhecimento aos trabalhos de Jean-François Champollion, egiptólogo francês que decifrou os hieróglifos.

 

Com luminárias imponentes e dois grandes chafarizes representando o mar e os rios, todos em verde com detalhes dourados, a praça tem uma das mais bonitas vistas da cidade. Ao norte, La Madeleine. Ao sul, do outro lado do Sena, o Palais Bourbon, atual sede da Assembléia Nacional (câmara dos deputados deles). A leste, os Jardins de Tulleries e o Louvre. A oeste, o início da Av. des Champs Élysées, com o Arco do Triunfo ao fundo. Nos cantos da praça ficam oito esculturas de mulheres representando as oito maiores cidades francesas (Brest, Rouen, Lyon, Marseille, Bordeaux, Nantes, Lille e Strasbourg).

 

Mas não é no seu tamanho nem na sua beleza que está a importância desse lugar. A Place de la Concorde é um espaço muito significativo para a história da França. Foi ali que o Rei Luis XVI e sua esposa, a Rainha Marie-Antoinette, foram guilhotinados. Foi ali que Danton e Robespierre, dois dos mais importantes líderes revolucionários, também tiveram a cabeça cortada. Dos milhares de guilhotinados durante o período do Terror da Revolução Francesa, mais de 1.100 o foram na antiga Place de la Révolution, rebatizada depois do fervor revolucionário de Place de la Concorde. Até hoje a praça é um local de grandes manifestações e eventos públicos. Para quem gosta de história a Place de la Concorde é um lugar obrigatório.

 

A chuva começou a apertar e então resolvemos caminhar em direção ao parque que fica no início da Av. des Champs Élysées. O outono estava mais evidente em Paris do que na Grã-Bretanha e as folhas das árvores estavam todas alaranjadas. Ali comemos o nosso primeiro crepe francês (na verdade ele foi preparado por uma família de indianos, mas a receita era francesa!). Pedimos chocolate quente para acompanhar nosso crêpe fromage tomate. Comemos nos apertando embaixo do quiosque para fugir da chuva e do frio que aumentava. Acho que fazia uns 15 graus, mais ou menos.

 

Depois seguimos pela Champs Élysées em direção ao Arco do Triunfo. Mas a chuva não parava e então, para evitar ficarmos ensopados e acabar adoecendo e estragando o resto da viagem, procuramos um lugar para entrar e esperar a chuva melhorar. Para nossa sorte estávamos perto de dois prédios que são a cara da cidade: o Petit Palais e o Grand Palais. Tentamos primeiro ir ao Grand Palais. Dizem que vista de dentro, a cúpula que cobre praticamente todo o prédio é fantástica. É uma das maiores cúpulas de vidro Art-Nouveau do mundo. O problema é que estavam organizando uma exposição de arte contemporânea no prédio que ia ser inaugurada nos próximos dias e a visitação estava suspensa. Ficamos só com a foto da fachada mesmo.

 

Atravessamos a rua e finalmente fugimos da chuva entrando no Petit Palais. E que boa surpresa! Se por fora o edifício em estilo eclético já é muito bonito, por dentro ele impressiona. O teto é alto é cheio de baixos-relevos e coberto de afrescos. As paredes são de mármore, assim como o piso, todo em mosaicos. As enormes janelas envidraçadas permitem que a luz natural ilumine o interior do prédio. Os detalhes art-nouveau, como a escada curva toda em ferro forjado, são fantásticos. Eu e a Dani somos fãs desse estilo arquitetônico e decorativo. Outra parte bonita é o jardim interno. O teto das galerias que circundam o jardim é todo decorado, além de podermos ver mais de perto os detalhes da arquitetura do prédio, como a cúpula, as esculturas douradas do telhado e as colunas jônicas.

 

Tanto o Grand Palais como o Petit Palais foram construídos para servirem de pavilhões para a Exposição Universal de 1900, realizada em Paris, numa época em que o país anfitrião é que se responsabilizava em construir toda a estrutura do evento. Nessas exposições, que acontecem periodicamente até hoje, os países se apresentam ao mundo e mostram suas potencialidades e o que de melhor podem oferecer à humanidade em várias áreas (cultura, tecnologia, negócios, belezas naturais…). Paris já sediou a Exposição Universal seis vezes (1855, 1867, 1878, 1889, 1900 e 1937).

 

Desde 1902 o Petit Palais funciona como o Museu de Belas-Artes de Paris que dedica grande parte do acervo a peças de mobília art-déco. Há também pinturas, esculturas e peças de arte religiosa medievais, renascentistas e do século XIX. Não há muitas obras dos artistas mais famosos, mas a qualidade do acervo é indiscutível. E o melhor é que é tudo de graça, não cobram ingresso.

 

Passamos quase uma hora no Petit Palais e, com a chuva melhorando, era chegado o momento de seguir o passeio pois já era quase 2 da tarde e só tínhamos comido um pouco de pão com queijo no hotel e o crepe no parque, mas queríamos almoçar direito, em algum restaurante.

 

Recomendo muito a visita ao Petit Palais (o Grand Palais também deve ser bem bonito por dentro), mesmo que seja rápida. O prédio em si já é uma atração. Para quem gosta de compras, a lojinha tem coisas muito boas (livros de arte, souvenirs, objetos de decoração…) e os preços estão na média da cidade. Comprei um imã (faço coleção) comemorativo da Exposição Universal de 1900 e outro da de 1889, quando foi inaugurada a Torre Eiffel (3,70 Euros – R$ 9,25 os dois).

 

Continuamos andando até chegar ao calçadão da famosa Av. des Champs Élysées. Eu e a Dani não nos empolgamos muito com o “glamour” e lojas de luxo não nos fazem a cabeça. Comprar nunca é o nosso objetivo principal quando viajamos (ainda mais coisas caras). Aliás, depois que vimos a quantidade de lojas de luxo presentes na China, uma ao lado da outra, com todas as grandes marcas, já achamos meio banal e não ficamos eufóricos diante de uma loja da Louis Vuitton (tinha gente colocando os filhos para tirar foto em frente a loja da Champs Élysées).

 

Mas temos que admitir que aquela avenida é muito bonita, com suas largas calçadas, a rua de paralelepípedos e as árvores enfileiradas emoldurando o Arco do Triunfo ao fundo. Sem dúvida é um lugar “chic” e as pessoas que andam por ali se vestem muito bem (como aliás, por toda a cidade).

 

Com fome, resolvemos escolher logo um restaurante para almoçar. Até porque não podemos demorar muito pois os restaurantes por aqui não ficam abertos para almoço até mais tarde como no Brasil. Em Paris a concorrência é cruel. Muitos dos melhores restaurantes do mundo estão ali e há uma infinidade de bistrôs (restaurantes menores) também muito bem conceituados. Essa é nossa primeira viagem à Paris e preferimos deixar para fazer um minucioso e estudado tour gastronômico em uma outra oportunidade. O bom é que aqui não se precisa planejar muito para se comer bem pois a boa comida é a regra e não a exceção.

 

Encontramos um restaurante que parecia bom já bem perto do Arco do Triunfo, o Chez Clément. Na porta uma placa informava que ele não tem hora para parar de servir o almoço, o que é muito raro aqui na Europa. Por certo não é dos mais badalados restaurantes da cidade. Mas várias razões nos fizeram escolhê-lo. Primeiro a decoração chama logo a atenção, com apetrechos de cozinha pendurados por todo o teto. Segundo, olhando o menu exposto na porta, vimos que havia muitas opções e que não era nada muito caro. E por fim, a vista que tínhamos da varanda que avançava pela calçada, com o Arco do Triunfo a menos de cem metros. Não é a toa que o restaurante é muito procurado pelos turistas.

 

Entramos e pedimos para ficar na varanda, por causa da vista. O restaurante já não estava mais lotado. Quando fomos ao banheiro lavar as mãos vimos que o lugar é enorme e que lá para dentro há até outro andar, sempre com uma simpática decoração retrô com estantes cheias de livros, móveis antigos e as sempre presentes panelas de cobre e talheres cobrindo o teto, as colunas e os lustres. Muito bonito.

 

Pedimos a formule idée Clément, um combinado de prato principal, sobremesa e bebida. Eu pedi um Confit de Canard (pato) que veio acompanhado por batatas Charlotte e salada verde. A Dani pediu Aile de Raie (arraia) que veio com batatas no vapor e alcaparras. De sobremesa pedimos um suspiro flutuante em creme inglês e um creme de queijo com compota de frutas vermelhas. Para beber pedimos duas taças de vinho e água mineral. Tudo saiu por 41 Euros (R$ 102,50). Valeu a pena. A comida estava muito boa, fomos bem atendidos e não saiu uma fortuna.

 

Por fim era hora das primeiras fotos com o famoso Arc du Triomphe. Uma coisa que nos surpreendeu foi o tamanho do monumento. Muito maior do que pensávamos que era. E o lugar de destaque onde ele está, no meio de uma rotatória que é destino de 12 grandes avenidas, faz com que ele pareça ainda mais imponente (apesar de não podermos deixar de notar o trânsito maluco dali). Para atravessar para a Place de L’Étoile, o círculo central onde fica o Arco, é preciso ir por uma das passagens subterrâneas, mas sempre tem um maluco ou outro tentando atravessar pela rua (o que não nos pareceu muito inteligente).

 

Já era quase 17:00 horas quando vimos um aviso informando que nesse dia, excepcionalmente, a venda de ingressos para a subida ao topo encerraria às 16:00 horas. Com a chuva engrossando e o céu cinzento, esse não era realmente o melhor dia para subir e ver o panorama da cidade do alto do Arco (vou deixar para contar um pouco da história do monumento no relato do dia em que voltamos e subimos).

 

Como já era fim da tarde, percebemos que não adiantava lutar contra a chuva e resolvemos voltar para o hotel, dar uma descansada e talvez de noite sair para dar uma olhada na cidade iluminada. Pegamos o metrô lá mesmo no Arco do Triunfo, na estação Charles de Gaulle-Étoile e depois de sete estações e uma conexão, chegamos à estação mais perto do nosso hotel, a Richelieu-Drout.

 

Demos só uma cochilada e quando era umas 9 horas da noite nós saímos para dar mais uma caminhada e ver a cidade de noite. A chuva já tinha parado, mas agora estava mais frio. Pegamos o metrô e fomos até a estação Cité, na Île de la Cité, ilha no meio do Sena onde fica a Catedral de Notre Dame de Paris.

 

Saindo do metrô e caminhando um pouquinho pelas soturnas ruas da ilha, logo vimos a catedral iluminada. Era a primeira vez que víamos a tão famosa igreja. Mas não ficamos muito tempo dando sopa para o azar por lá. Foi só o tempo de tirar umas fotos e seguimos caminhando em direção ao Louvre. As ruas estavam tão desertas que ficamos meio preocupados. Eu sei que Paris é uma cidade segura (ainda mais comparada com as cidades brasileiras) mas é melhor não arriscar.

 

Em frente ao Louvre também tiramos umas fotos e resolvemos procurar um lugar para comer alguma coisa antes de ir dormir, mas não por ali por perto (contarei um pouco da história da Catedral e do Louvre nos relatos do dia em que os vistamos).

 

Pegamos o metrô na estação Tuileries, que fica bem ao lado do Louvre e voltamos para a Champs Élysées. Pelo menos lá sabíamos que era mais movimentado e com certeza encontraríamos um lugar para comer ainda aberto. Descemos outra vez na estação Charles de Gaulle-Étoile e vimos o Arco do Triunfo todo iluminado.

 

A chuva, nossa companheira do dia, resolveu voltar e tivemos que entrar no primeiro lugar que apareceu. Comemos uma pizza em um restaurantes italiano chamado Vesuvio que fica quase em frente ao restaurante onde almoçamos, o Chez Clément. A pizza e os refrigerantes que tomamos saíram por 25,70 Euros (R$ 64,25). A pizza estava muito boa, mas acho que fomos mal atendidos para um restaurante que nem estava cheio.

 

Já era quase meia-noite e não nos restava mais nenhuma opção a não ser voltar para o hotel e finalmente sossegar. Mais uma vez pegamos o metrô na Charles de Gaulle-Étoile e fomos embora rumo a estação Richelieu-Drout, com o consolo de saber que ainda teríamos muitos dias para aproveitar a cidade. Quando chegamos no quarto só fizemos desabar na cama. Estávamos muito cansados. E felizes.

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  • 2 semanas depois...
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Pois é, fui ver se já tinha no blog e, como não tinha, achei que você tinha desistido. Afinal, cansa, né. Mas vale a pena ... até mesmo pra você lembrar como foi a viagem, daqui a uns anos.

 

To querendo matar as saudades do Vale do Loire e ver sobre Rouen, Giverny, St Malo e MSM, que chegaram a fazer parte do meu roteiro e infelizmente não deu pra ver.

 

Abraços.

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Pois é, fui ver se já tinha no blog e, como não tinha, achei que você tinha desistido. Afinal, cansa, né. Mas vale a pena ... até mesmo pra você lembrar como foi a viagem, daqui a uns anos.

 

To querendo matar as saudades do Vale do Loire e ver sobre Rouen, Giverny, St Malo e MSM, que chegaram a fazer parte do meu roteiro e infelizmente não deu pra ver.

 

Abraços.

 

Pois é, Marcos, cansa um pouco. Ainda mais porque eu sou um pouco detalhista e não gosto de escrever meus relatos de qualquer jeito. Mas aos poucos eu vou postando. O bom é que eu guardo todos os ingressos, papéis, tiro foto e anoto tudo, então mesmo depois de um tempo da viagem eu ainda tenho todos os dados importantes para por no relato.

 

Esse roteiro que fizemos pela França é realmente inesquecível. São lugares que valem a pena fazer um esforço para conhecer. Quem sabe lendo e vendo as fotos tu não te animas a concretizar o teu roteiro também?!

 

Pode deixar que eu vou continuar postando até o fim.

 

Abraço

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Décimo oitavo dia. Quarta-feira, 19 de outubro de 2011.

 

O dia começou preguiçoso e foi difícil levantar. Estávamos cansados depois de muito andar e só voltar tarde da noite para o hotel. Pelo menos o tempo chuvoso tinha ido embora, o céu estava azul e a temperatura agradável, na faixa dos 15 graus. Quando saímos já era umas 10 horas da manhã. Fomos tomar café na rua. Sem saber onde, procuramos por uma das famosas boulangeries, as padarias francesas. Queríamos um café da manhã reforçado e variado, para provar um pouco de tudo.

 

No Bd. Montmartre na altura da Rue Montmartre há várias passagens cobertas que abrigam restaurantes, cafés e várias lojinhas interessantes, a maioria vendendo todo tipo de antiguidades (cartões postais, mobília, livros, brinquedos, arte, decoração…). São galerias comerciais que conectam avenidas paralelas e que também se comunicam entre si. Vale a pena dar uma olhada.

 

E foi na Passage Jouffroy que encontramos o que estávamos procurando. Pâtisserie, chocolatier, salon de thé… Le Valentin é um verdadeiro achado! Nessa tradicional confeitaria, com direito a chef com diploma na parede e tudo, encontramos uma infinidade de doces, bolos, chocolates, pães, tortas, quiches… tudo que poderíamos querer para um café da manhã no melhor estilo parisiense. As vitrines não nos deixam mentir.

 

O lugar estava vazio pois já tinha passado a hora mais movimentada da manhã. Pedimos um café completo com pães, leite, café, chocolate quente, suco, torradas, pain au chocolat, croissants, manteiga e geleias.

 

Tudo perfeito, mas não satisfeitos, pedimos também uma fatia de quiche lorraine (massa que derrete na boca, com recheio de queijo cremoso e pedaços de bacon) e outra de tarte au thon et a la tomate (a mesma massa, só que com recheio de atum e tomate). As duas fatias ainda vinham com uma saladinha (na verdade, esses são pratos de almoço e não de café da manhã!). No fim, a Dani ainda comprou macarons, um de pistache e outro de café.

 

Aliás, sem dúvida um dos maiores destaques do Le Valentin são os macarons, esses bolinhos que queriam ser biscoitos (ou o contrário) e tem uma infinidade de sabores. Foi ali que provamos pela primeira vez essa iguaria francesa. E foi amor a primeira mordida. Comemos macarons pelo resto da viagem, em vários lugares. A Dani se desesperava quando via uma vitrine cheia deles.

 

Tudo saiu por quase 40 Euros (R$ 100). Ficou um pouco caro, mas valeu a pena, ainda mais porque ficamos tão satisfeitos que nem almoçamos. Depois desse café-almoço pegamos o metrô em direção ao Quartier Latin, do outro lado do Sena. Essa região da cidade abriga a tradicional Universidade de Sorbonne, uma das mais antigas universidades do mundo, fundada em 1253.

 

Foi justamente por causa da universidade que a região ganhou esse nome pois durante a Idade Média o latim, idioma clássico dos estudos universitários, era a língua mais falada ali. Aqui a universidade está em toda a parte. Vários prédios do Quartier Latin são da Universidade de Sorbonne. Mas o que mais queríamos ver ali era o Panthéon.

 

O prédio, assim como La Madeleine, foi construído para ser uma igreja. Em 1755, por ordem do rei Luis XV, foi iniciada a construção de uma basílica em estilo neoclássico dedicada à Santa Genoveva, padroeira de Paris. Mas, pouco antes de sua sua conclusão em 1790, estoura a Revolução Francesa, com todas as suas ”reservas” à Igreja Católica, e o prédio acaba por se tornar um templo laico em homenagem aos grandes heróis nacionais e a serviço do Estado francês.

 

Sem dúvida é uma obra monumental, com sua enorme cúpula e suas imponentes colunas coríntias. No frontão está a a frase: Aux grands hommes, la patrie reconnaissante (Aos grandes homens, o reconhecimento da pátria). O ingresso no Panthéon custa 8 Euros (R$ 20) e dá acesso a cripta também. O interior é bem iluminado e ricamente decorado. O teto é muito alto e tudo é revestido de mármore. A gigantesca cúpula é muito bonita também vista de dentro.

 

Nas paredes há várias pinturas marouflées, técnica em que a obra é pintada em uma tela que depois é colada sobre outra superfície. As pinturas, executadas pelos melhores artistas franceses da época, evocam a história de Santa Genoveva, santa padroeira de Paris. Há também pinturas dedicadas à epopeia das origens cristãs e monárquicas da França, como o batismo de Clóvis, a coroação de Carlos Magno, a vida de Saint Denis, de Joana D’Arc e de São Luis.

 

As esculturas evocam a Revolução Francesa e seus líderes. No centro, onde provavelmente estaria o altar-mor se o Panthéon fosse uma igreja, fica em destaque a escultura La Convention Nationale, em homenagem à assembléia constituinte que declarou oficialmente a 1ª República Francesa e o fim da monarquia, com a deposição de Luis XVI.

 

Na cripta, no subsolo do Panteão, está a parte mais importante. Ali, em um ambiente solene mas que não é luxuoso como a parte de cima, estão sepultados os restos mortais de mais de 70 grandes homens da história da França (e há espaço para muitos mais). Entre os mais famosos estão Jean-Jacques Rousseau, Voltaire, Diderot, René Descartes, Marat, Alexandre Dumas, Victor Hugo, Émile Zola… A sensação é de estar bem perto da história, em frente ao túmulo de pessoas das quais lemos as obras e ouvimos falar a vida toda.

 

Na saída, passamos na lojinha, onde eu comprei um livro para colorir com os pontos turísticos mais famosos da França para dar de presente para a Giovanna, sobrinha da Dani. Comprei também um imã e alguns cartões postais de Paris (faço coleção e sempre compro de todos os lugares que eu visito). Quando saímos do Panthéon já era 2 horas da tarde. O melhor é que o clima continuava perfeito para passear pelo Quartier Latin, com céu azul, sol e poucas nuvens.

 

A vista na saída do Panteão é bem parisiense. Logo ao lado, à esquerda do Panteão, está uma igreja muito bonita, a de Saint-Etienne du Mont. As origens dessa igreja remontam à Abadia Real de Santa Genoveva que era a proprietária de praticamente todas as terras onde hoje está o Quatier Latin.

 

Essa igreja começou a ser construída em 1222 e partes foram sendo acrescentadas ao longo da história até o século XVII. Dentro temos vitrais e capelas laterais muito bonitas. Mas o mais importante são as relíquias de Sainte Geneviève (Santa Genoveva), ou melhor, do que sobrou dela pois o primeiro santuário dedicado aos restos mortais da Santa pegou fogo e só restam as pedras colocadas em um sarcófago dourado em frente ao atual santuário, que fica à direita de quem entra na igreja. A única parte que sobrou do corpo de Santa Genoveva é um ossinho de uma falange do seu dedo, que também fica em exposição na igreja, em um relicário bem ao lado do sarcófago.

 

A história de Sainte Geneviève é interessante e mescla religiosidade com nacionalismo. Quando Átila, o Huno, chegou às portas de Paris no século V, cercando a cidade, Sainte Geneviève se tornou uma líder, conclamando a população a não abandonar Paris e a resistir ao invasor. Ela ainda organizou a produção de pão para ser distribuído aos pobres que sofriam com a fome por causa do cerco. Com isso a cidade saiu vitoriosa e a Santa ganhou a devoção do Rei Clóvis e da Rainha Clotilde. Os franceses ainda são bastante católicos. Muitas pessoas rezavam perto das relíquias de Santa Genoveva.

 

Saindo da Igreja de Saint-Etienne du Mont, passeamos um pouco pelas ruas das redondezas e depois seguimos para os Jardins de Luxembourg. O bom de Paris é isso: não necessariamente a gente precisa entrar em algum lugar pois as próprias ruas da cidade já são um atrativo.

 

O início da construção dos Jardins de Luxembourg data de 1612, quando a Rainha Marie de Médicis, viúva do Rei Henrique IV e regente do trono em nome de seu filho, Luis XIII (o mesmo que trouxe o Cardeal Richelieu ao poder), mandou construir um palácio com jardins como os de sua terra natal, Florença. Com seus 23 hectares, o Jardim de Luxemburgo é um dos maiores parques públicos de Paris e atrai muitas pessoas, tanto turistas quanto parisienses.

 

Atualmente o parque pertence ao Senado Francês, que tem sua sede no Palácio de Luxemburgo. A parte mais movimentada é a que fica em frente ao Palácio de Luxemburgo, onde tem um grande espelho d’água. Centenas de cadeiras de ferro pesadas ficam espalhadas pelo parque à disposição das pessoas. Muita gente fica lá esparramada, pegando sol ou lendo um livro. É um parque bem familiar.

 

Fomos passeando pelos caminhos de terra do parque e vimos vários espaços para atividades, como uma área para pétanque, um jogo com bolas de metal parecido com bocha (não sei se é isso mesmo) e que os franceses gostam muito. Nesse dia havia muitas pessoas jogando, de todas as idades. Vimos também quadras de tênis, parquinho para crianças, restaurante, coreto com banda de música e tudo. Há áreas mais tranquilas, cobertas de árvores, que acho que seriam bons lugares para um pic-nic.

 

Por todo o parque estão espalhadas esculturas decorativas, a maioria em mármore. Uma delas nos chamou a atenção, o original em bronze que serviu de modelo para a Estátua da Liberdade de New York. Esta peça foi doada ao parque por Auguste Bartholdi, autor da obra, por ocasião da Exposição Mundial de 1900 e foi colocada no parque em 1906.

 

Também encontramos uma Orangerie (estufa) para guardar as plantas mais sensíveis ao frio durante o inverno e uma coisa inusitada, o Rucher-École, um apiário-escola bem no meio de Paris! Essa criação de abelhas com métodos antigos está instalada no Jardim de Luxemburgo desde 1856 e ainda produz mel, que é vendido durante a exposição de outono no parque (bucólico, não?).

 

Nos encaminhamos para sair pela lateral do Palácio de Luxemburgo e passamos pela Fontaine Médicis, uma antiga fonte que também foi mandada construir pela Rainha Marie de Médicis. Em volta do palácio, muitas flores. Vale a pena a visita ao Jardim de Luxemburgo. É gratuita e muito agradável!

 

Bem perto da saída dos Jardins há uma Starbucks. Paramos e pedimos águas e cafés (12,32 Euros – R$ 30,80) . Eu sei que Starbucks não é a melhor opção estando em Paris, mas não queríamos perder tempo procurando outro lugar.

 

Como no Quartier Latin há muitos estudantes por causa da universidade, na área há também muitas livrarias. Como sempre faço, procurei por livros de história do país. Em uma das livrarias me indicaram a livraria Gibert Joseph, na esquina do Bd. Saint Michel com a Rue des Écoles. É uma livraria gigante, com uns quatro andares e todo o tipo de livros, uma variedade enorme. Acho que aquela livraria deve ser um dos melhores lugares para quem busca algum título específico em Paris. Além do mais, achei os preços muito bons. Comprei um livro de história da França em geral, dois sobre a Revolução Francesa e um livro de fotografias de Paris (compro de todos os lugares que eu visito) e tudo custou 47,40 Euros (R$ 118,50). Quando saímos da livraria já era 16:30 horas e resolvemos ir para o hotel para dar uma descansada e decidir o que fazer à noite.

 

Pegamos o metrô na estação Odéon e depois de nove paradas e uma conexão, chegamos à nossa estação, a Richelieu-Druot. No quarto, deitamos um pouco e eu peguei o guia para ver onde poderíamos ir. Foi aí que vi marcada a Tour Montparnasse e seu observatório com uma das melhores vistas de Paris. Mas para ter essa visão panorâmica da cidade o melhor mesmo seria ir antes de escurecer para ver o pôr-do-sol. Foi o que fizemos.

 

Pegamos outra vez o metrô e descemos na estação Montparnasse Bienvenue. Chegamos em cima da hora e achamos que não conseguiríamos chegar ao topo antes de ficar tudo escuro.

 

O ingresso para o observatório da Torre Montparnasse custa 11,50 Euros (R$ 28,75). Compramos os nossos exatamente às 18:59! Chegamos a correr para pegar o elevador, que por sinal é o mais rápido da Europa, alcançando o 56° andar em apenas 38 segundos.

 

A Tour Montparnasse foi inaugurada em 1972 e, com seus 210 metros, foi o arranha-céu mais alto da França até 2011, quando foi ultrapassada pela Tour First, que fica em La Défense. O observatório fica no 56° andar e é todo fechado. Nesse andar ainda tem um café, uma loja de souvenirs e uma exposição com fotos e histórias de Paris.

 

Mas boa mesmo é a vista do 59° andar, onde fica um terraço a céu aberto que apresenta uma vista de 360 graus de Paris. O terraço é todo cercado por um vidro alto que faz uma barreira contra os ventos, mas ainda assim lá em cima faz bastante frio.

 

A Tour Montparnasse nem é muito alta, eu e a Dani já estivemos em prédios bem mais altos, mas a vista é realmente espetacular. Todos os pontos de interesse de Paris podem ser vistos dali, mesmo que alguns só bem de longe (Torre Eiffel, Arco do Triunfo, Notre Dame, Jardins de Luxemburgo, Invalides, Panthéon, Sacre-Coeur…). Vale muito a pena essa visita. Ainda mais para ver o pôr-do-sol avermelhando o céu da cidade. É uma lembrança que a gente leva para sempre.

 

Depois de muitas fotos, descemos de volta ao 56° andar. Enquanto olhávamos a exposição conhecemos um casal de brasileiros de Fortaleza que tinham acabado de chegar na cidade vindos do Brasil. Ficamos conversando e dissemos que estávamos indo ver a Torre Eiffel iluminada e convidamos eles para vir junto.

 

Descemos e pegamos o metrô até a estação Bir-Hakeim. Fomos conversando o caminho todo e comentando como é praticamente uma unanimidade gostar de Paris logo de cara, mesmo sem conhecer muito da cidade.

 

Caminhamos até a base da torre. Ali perto comemos crepes com chocolate quente para dar uma aquecida pois estava esfriando bastante. Depois nos despedimos e voltamos para o hotel, pegando o metrô na estação École Militaire. Eles seguiram para um bar que amigos deles tinham indicado.

 

Eu e a Dani quase nunca aproveitamos a vida noturna dos lugares que visitamos. Ficamos tão cansados dos passeios do dia que praticamente nunca estamos dispostos a sair de noite. Depois que a gente passa alguns dias seguidos andando uma média de 12 horas (e fazemos isso em todas as nossa viagens), chega uma hora que o melhor programa para a noite é dormir mesmo.

 

Já era quase 10 horas da noite quando chegamos ao hotel. Mais uma vez estávamos exaustos, mas tudo que tínhamos visto fazia todo o cansaço valer a pena. Foi só trocar de roupa e dormir. No dia seguinte tínhamos outra maratona pela Cidade Luz.

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Décimo nono dia. Quinta-feira, 20 de outubro de 2011.

 

Conhecer os museus da cidade para mim é uma forma de se aprofundar na cultura local, de conhecer melhor o lugar que visitamos. A qualidade dos museus de Paris e a importância dos seus acervos transcende o nível local. Além de suas famosas paisagens e monumentos, Paris também é conhecida mundialmente por seus inumeráveis e importantes museus, que abrigam algumas das mais importantes obras de arte e história da humanidade.

 

Escolhemos alguns para conhecer nessa nossa primeira estada na capital francesa. O primeiro que resolvemos visitar foi Les Invalides. O Hôtel des Invalides é uma referência na paisagem de Paris. Além de estar localizado em uma das maiores esplanadas no meio da cidade, possui uma cúpula dourada que se destaca no panorama e pode ser vista do alto dos principais miradores.

 

O enorme complexo planejado para ser como uma cidade dentro da cidade foi mandado construir por Luis XIV, o Rei Sol, nos idos de 1670. Foi uma das primeiras “instituições previdenciárias” do mundo, destinada a ser uma espécie de asilo para os militares feridos e mutilados do grande exército francês.

 

Além do abrigo aos militares ”inválidos”, o complexo também abrigou um hospital militar. Em 14 de julho de 1789 os revoltosos atacaram o Hôtel des Invalides e de lá levaram mais de 30 mil armas que foram usadas no ataque à prisão da Bastille, símbolo da Revolução Francesa. Até hoje a maior parte dos prédios funciona como asilo militar e essa parte é fechada à visitação. O restante do complexo atualmente serve ao Museu do Exército Francês (Musée de l’Armée).

 

O ingresso do Musée des Invalides custa 9 Euros (R$ 22,50) e inclui o Museu do Exército e a Tumba de Napoleão que também fica lá. Entramos no museu às 11 e meia da manhã. Logo na entrada há um grande pátio central com uma coleção de canhões antigos dispostos lado a lado.

 

Dentro, as exposições são organizadas cronologicamente. Começamos pela Idade Média, época do antigo regime. Vimos uma grande parte da seção onde estão armas e armaduras antigas do século XII ao XVII. A maioria das peças é de armas e uniformes. Em todas as salas há quadros informativos, mapas, maquetes e reproduções de documentos históricos.

 

É um museu bastante interessante e mostra o quanto o lado militarista francês foi (e ainda é) importante para a construção do sentimento nacional e como o exército deles foi (e ainda é) poderoso. Os uniformes são tão elaborados que nem parecem que eram usados na guerra. Muitos são também de outros exércitos, como os do exército alemão (prussiano) da época da guerra franco-prussiana.

 

Um dos destaques fica por conta de objetos pessoais que pertenceram a Napoleão. Aliás, tem uma seção que é só dele no museu. Ali estão uniformes, jóias, pinturas… Uma peça nos surpreendeu. Junto à sela e à águia que representava Napoleão no campo de batalha está o próprio cavalo dele empalhado. Ele está meio abatido, não é bem a imagem que temos do tão famoso cavalo branco de Napoleão, todo grande e musculoso, mas não deixa de ser impressionante ver de perto esse quase ”personagem” histórico.

 

Dois quadros famosos retratam o grande herói nacional francês em momentos bem distintos da sua vida: o auge como Imperador dos Franceses e a decadência como prisioneiro inglês exilado.

 

Do período medieval fomos ver o Historial Charles de Gaulle. Inaugurado em 2008, esta moderna exposição, cheia de elementos de interatividade conta a história de vida e o papel político do líder da Resistência Francesa na Segunda Guerra Mundial.

 

Vídeos, fotos, reproduções de documentos, gravações dos discursos de De Gaulle transmitidos pela BBC de Londres… São muitos materiais que o homenageiam e explicam a importância de De Gaulle para a França e os franceses. Em um período em que o sentimento nacional estava humilhado pela ocupação nazista, o general De Gaulle representou uma voz de esperança, de altivez e orgulho de ser francês. Esta exposição está incluída no preço do ingresso e é proibido tirar fotos. Vale muito a pena dar uma olhada.

 

Descemos até o pátio central e procuramos pela Tumba de Napoleão. O lugar é enorme e é muito fácil se perder lá dentro. Além dos pavilhões onde estão as exposições, no centro do complexo de Les Invalides está a Catedral de Saint-Louis-des-Invalides, ainda de uso exclusivo dos moradores do Hôtel des Invalides, fechada ao turismo. Ao lado está a Église du Dôme (Igreja da Cúpula) que serve como Panteão Militar.

 

Nesse Panteão Militar estão os restos mortais de vários importantes militares franceses desde a época da monarquia, passando pela época revolucionária, pela época imperial e também marechais e generais das duas grandes guerras mundiais.

 

Mármore e muitos detalhes fazem o lugar luxuoso. Os túmulos são todos diferentes uns dos outros, mas sempre muito decorados e pomposos. No centro de todos eles se encontra a tumba de Napoleão Bonaparte, se não o mais importante, ao menos o mais vitorioso militar francês de todos os tempos.

 

A tumba de Napoleão fica exatamente embaixo da grande cúpula dourada, em um plano inferior ao do piso da igreja, de modo que quando chegamos, temos que nos curvar diante dele para vê-lo. Podemos descer até o nível da cripta e, entrando por uma porta ladeada por duas figuras de homens esculpidas em mármore preto, ficar bem de frente para o túmulo.

 

Rodeando o sarcófago se encontram 12 esculturas de mulheres, as ”Vitórias”, representando as campanhas militares de Napoleão. No chão em volta do sarcófago estão inscritas 8 vitórias célebres lideradas por ele. Ornando as paredes da cripta estão 10 baixos-relevos que contam as principais façanhas civis de Napoleão como governante da França (e não foram poucas). Neles Napoleão é sempre representado vestindo uma túnica clássica, ao estilo greco-romano.

 

Já era quase 3 horas da tarde quando resolvemos ir procurar alguma coisa para comer. Não queríamos sair para não perder muito tempo procurando um restaurante pois ainda voltaríamos para ver o resto do museu.

 

Fomos à cantina do complexo. Como eles atendem não só ao museu, mas também aos moradores e visitantes do Hôtel des Invalides, o lugar é bem grande e tem muita variedade para escolher. Eu pedi uma quiche Lorraine (queijo e bacon), uma Coca-Cola e, de sobremesa, rosquinha e mousse de chocolate. A Dani pediu uma quiche de queijo e alho poró, uma Fanta citron frappé (não recomendamos) e, de sobremesa, um tiramisu. Ainda pedimos água e uma salada grande para dividirmos. Tudo saiu por 28 Euros (R$ 70). Caro, mas como sempre por aqui, muito bom! Ficamos satisfeitos.

 

Antes de entrarmos de novo no museu passamos na loja que, obviamente, foca a temática militar e tudo relacionado à Napoleão. Gastei 16 Euros (R$ 40) com dois pequenos livros que resumiam os acontecimentos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, assunto pelo qual sempre me interessei.

 

Voltando ao museu, era hora de visitar justamente a parte das duas Guerras Mundiais. Mas aí a Dani começou a se sentir mal e querer ir embora. Não culpo ela pois os últimos dias estavam sendo realmente cansativos. Estávamos aproveitando ao máximo a viagem e dormindo pouco. O problema é que ainda estávamos na primeira sala desse setor do museu! Contrariado, tive que ir também e acabei não vendo nada dessa parte.

 

Apenas passamos pelo meio das exposições pois a saída era do outro lado. Deu para perceber que essa é uma parte bem bacana do museu, com muitas peças, armas, uniformes, maquetes, vídeos, gravações, quadros explicativos… O jeito vai ser voltar lá em uma próxima viagem à Paris.

 

Pegamos o metrô na estação Varenne e voltamos para o hotel. A Dani ficou descansando e eu peguei nossa roupa suja e fui levar para lavar. Na recepção o atendente, David, marcou no meu mapa onde ficava a lavanderia (launderette, em francês) mais próxima. Fui caminhando mesmo pois era bem perto.

 

Chegando lá descobri que era uma lavanderia self service (em francês, libre service). Não havia ninguém para atender e as instruções estavam escritas na parede e nas máquinas (em francês e em inglês). Primeiro compramos uns tabletes de sabão em uma máquina (1 Euro / R$ 2,50 cada). Aí colocamos as roupas em uma das máquinas de lavar com o sabão e programamos o ciclo. Eu usei uma lavadora de 8 kg (4,60 Euros / R$ 11,50) para roupas coloridas e outra de 6 kg (3,80 Euros / R$ 9,50) para roupas brancas. Por fim, vamos até o outro lado da sala e pomos o dinheiro em um caixa eletrônico, digitando o número das máquinas de lavar, que começam a funcionar automaticamente.

 

Depois é só esperar a roupa ficar pronta sentado lá mesmo, como eu fiz. Quando a lavadora para, pegamos as roupas e pomos em uma das secadoras, pagando da mesma forma no caixa eletrônico (1 Euro / R$ 2,50, cada ciclo de oito minutos). No total, para lavar e secar roupas de seis dias de duas pessoas gastei 12,40 Euros (R$ 31).

 

Muita gente deixa as roupas lavando e vai embora, sem medo de alguém roubar. É um lugar sem nenhum controle de quem entra ou sai, com a porta completamente aberta para a rua, sem ninguém tomando conta. É impossível não pensar: ”Ah, se fosse no Brasil…”. Dificilmente daria certo. Já teriam levado tudo, como fazem com os caixas eletrônicos dos bancos!

 

O nome da lavanderia é Lav’ Club e fica na Rue Geoffroy-Marie, entre a Rue du Faub. Montmartre e a Rue de la Boule Rouge, bem perto da antiga casa de espetáculos Folies Bergère.

 

Quando voltei para o hotel já estava escurecendo. Eu e a Dani tomamos banho e saímos rumo ao Musée D’Orsay, aproveitando que às quintas-feiras ele fica aberto até as 21:45hs. Estava frio e pegamos o metrô, descendo na estação Invalides. Fomos andando até lá, margeando o Sena. Passamos em frente a Assemblée Nationale, equivalente à Câmara dos Deputados deles. No mapa parecia perto, mas é uma boa distância.

 

Chegando lá a notícia fixada no vidro do museu nos desanimou: “Museu fechado por causa da greve dos funcionários”. Greve aqui na França é o passatempo nacional (como no Brasil, talvez até mais). Nosso maior temor era que a greve não acabasse antes do fim da nossa viagem e não pudéssemos visitar esse que é um dos mais importantes museus da cidade. Deixamos para voltar outro dia.

 

Continuamos passeando e admirando a cidade iluminada. Voltamos pelo mesmo caminho, atravessamos pela ponte Alexandre III, uma das mais bonitas, passamos pelo Petit e Grand Palais e seguimos pela Av. des Champs Elysées. Fomos pela Champs Elysées até o dourado Arco do Triunfo, todo iluminado. A vantagem desse pedaço da cidade é que é sempre bem movimentado e parece muito seguro a qualquer hora do dia ou da noite.

 

Pegamos o metrô lá mesmo, na estação Charles De Gaulle-Étoile e voltamos para o hotel. Ainda passamos no Franprix do Bd. Poissonnière perto da estação Grands Boulevards do metrô. Compramos baguettes, pain au chocolat, iogurte de pistache (muito bom), queijos, água, chá gelado e refrigerante. Tudo saiu por 20,39 Euros (R$ 50,97). Mais uma vez o jantar foi no quarto do hotel mesmo.

 

Fomos dormir cedo, por volta das 10 da noite. Era bom descansarmos bem pois no outro dia íamos conhecer o Palácio de Versailles e sabíamos que íamos andar bastante por lá.

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Vigésimo dia. Sexta-feira, 21 de outubro de 2011.

 

Se existe um passeio que todo mundo que visita Paris deveria fazer acho que é esse de um dia em Versalhes, onde fica um dos palácios mais luxuosos do mundo (senão “o” mais luxuoso). Um dia inteiro é necessário pois o palácio é enorme (enorme mesmo!), mas pode ter certeza que vale a pena!

 

Acordamos tarde. Estávamos bem cansados depois de tantos dias intensos de viagem. Comemos umas besteiras no quarto mesmo, tomamos banho e saímos. Pegamos o metrô na estação na esquina do nosso hotel, a Richelieu-Drout (linha 8), e fizemos conexão para o RER (linha C) na estação Invalides.

 

RER é a rede de trens urbanos de Paris. Os trens de Paris são muito bons, os vagões têm dois andares e a rede é totalmente integrada com a rede do metrô. O RER é subterrâneo apenas quando cruza o centro da cidade. O intervalo entre um trem e outro é maior que o do metrô, podendo chegar a 15 minutos. O preço também é um pouquinho mais caro que uma passagem de metrô e depende do trecho que será percorrido (a não ser que o trajeto seja todo dentro da zona 1 de Paris, quando o preço da passagem é o mesmo da passagem do metrô).

 

A estação que descemos foi a Versailles Rive Gauche, que é a estação mais perto do Palácio. É bom ficar atento ao destino do trem nas placas das estações pois as linhas de RER se bifurcam. Do nosso hotel até a estação destino, em Versalhes, a viagem durou mais ou menos quarenta minutos. Chegamos em Versalhes às 11 e meia da manhã, um pouco tarde para visitar com calma um lugar tão grande.

 

Versalhes (Versailles em francês) é uma cidadezinha na região metropolitana de Paris. Está integrada aos subúrbios da cidade e é bem mais tranquila que o centro pois é uma região praticamente só residencial. O Palácio é a maior atração. Uma curiosidade é que aqui na França eles falam Château de Versailles, cuja tradução seria “Castelo de Versalhes” e não Palácio de Versalhes, como conhecemos.

 

Saindo da estação Versailles Rive Gauche fomos caminhando até o Palácio. Não é nem um pouco difícil achá-lo, mesmo para quem não tem um mapa da cidade. Primeiro porque ele é bem perto da estação. Segundo porque todos os caminhos nessa cidadezinha levam ao palácio. É só seguir o fluxo dos turistas (que são muitos) e as várias placas indicando a direção. No caminho, passamos no escritório de turismo da cidade, que encontramos por acaso. Pegamos mapas dos domínios de Versalhes e compramos nossos ingressos, que custam 20 Euros cada (R$ 50). Pode-se comprar os ingressos na bilheteria do palácio também.

 

Escolhemos um bom dia para visitar o Palácio de Versalhes. A temperatura estava agradável, em torno de 16 graus, e o céu estava sem nenhuma nuvem, bem azul. Logo avistamos a fachada do Palácio. Bem em frente está a estátua equestre de Luis XIV, o Rei Sol.

 

O Palácio de Versalhes era o pavilhão real de caça, uma espécie de casa de campo do rei Luis XIII. Seu filho e sucessor, Luis XIV, transformou o palácio em símbolo maior do absolutismo e da mais alta arte clássica francesa. Estima-se que cerca de 30 mil homens, os melhores artesãos da França, trabalharam na construção desse monumento.

 

Em 1682, Luis XIV tornou o palácio a residência principal da monarquia e para lá foram transferidos o governo e toda a corte da França, fugindo das pressões sociais de uma Paris cada vez mais tumultuosa, insalubre e superpopulosa. O Palácio foi sede da monarquia até a Revolução, em 1789, recebendo melhorias, ampliações e embelezamentos pelos sucessores de Luis XIV.

 

O projeto arquitetônico original deste que é um dos maiores e mais opulentos palácios da Europa é de Louis Le Vau. Com sua morte antes da conclusão das obras, o palácio foi terminado por Jules Hardouin-Mansart.

 

A fachada é imponente. A arquitetura clássica francesa é muito elegante. Não é a toa que ela foi copiada por todo o mundo. Estando lá é impossível não fazer uma viagem ao tempo em que morava ali um dos reis mais poderosos do mundo, com toda aquela pompa e ostentação. A sensação é de ver a história diante da gente.

 

O palácio estava todo em restauração, com uma parte inclusive coberta por um tapume. Outra parte já estava pronta e os detalhes em dourado estavam reluzindo. Ficou muito bom. Está em curso um grande programa de restauração do palácio, por dentro e por fora, que deve seguir até 2020 e custar cerca de 370 milhões de Euros.

 

Decidimos não entrar ainda no palácio e ir direto conhecer os jardins. Cheio de esculturas, lagos e chafarizes, os jardins também são muito bonitos, uma atração por si só.

 

Os jardins, que também são em estilo clássico francês, foram projetados por André Le Nôtre, por ordem de Luis XIV. Era passeando por esses imensos jardins que a corte socializava, um verdadeiro ponto de encontro da aristocracia francesa. Infelizmente eles não estavam tão bonitos por causa do outono. Muitas plantas estavam secas e sem cor. Mesmo assim a vista da esplanada atrás do palácio é fantástica. Luis XIV considerava os jardins tão importantes quanto o próprio palácio.

 

O domínio nacional de Versalhes mede quase 800 hectares, 430 só de jardins e parques. O restante são florestas e bosques.

 

Fomos passeando pelo jardim e resolvemos que era melhor almoçar logo pois os restaurantes têm hora para fechar. Muitas pessoas levam sanduíches e lanches de casa, mas há várias opções dentro do jardim mesmo, é só seguir as placas. Escolhemos o pequeno restaurante La Girandole, dentro do Bosquet de la Girandole.

 

A Dani pediu faux-filet et sa béarnaise (picanha com molho béarnaise, batatas fritas e salada verde). Eu pedi confit de canard (pato cristalizado, batatas salteadas e salada verde). Para beber pedimos duas taças de vinho e água. De sobremesa pedimos brownie e uma taça de sorvete, os dois com um creme de chantilly fantástico. A conta ficou em 55,10 Euros (R$ 137,75). Como sempre aqui na França, comemos muito bem, estava tudo muito gostoso. O serviço foi rápido e não perdemos muito tempo. Recomendo almoçar por lá mesmo.

 

Saindo do restaurante voltamos ao eixo central. Não tínhamos muito mais tempo para ver os jardins. O problema é que é tudo muito grande e distante. Há muito mais do que vimos nas laterais desse eixo central. Fontes, esculturas, jardins desenhados e simétricos… São mais de trinta jardins diferentes!

 

Passamos pelo Grand Canal, um enorme canal artificial que mede 1,6 km de comprimento e 62 metros de largura e é cortado por outro canal de 1 km de de comprimento, formando uma cruz. Esse canal foi criado para os passeios de barco da monarquia. Luis XIV gostava de dar luxuosas festas em barcos no canal. Seguimos logo para ver os dois Palácios do Trianon.

 

No caminho para lá uma comprida estradinha ladeada por altas árvores nos espera. Importante é estar com um tênis bem confortável pois se anda muito nos jardins. Existem bicicletas, uns trenzinhos elétricos e uns carrinhos parecidos com os de golf para alugar, mas achamos meio caros e não compensava. Fomos andando mesmo.

 

Quando chegamos encontramos primeiro o Grand Trianon. Este palácio foi construído pelo rei Luis XIV para servir de refúgio à família real do excessivo formalismo e rebuscamento do Palácio de Versalhes. O interior não deixa de ser requintado, mas é bem mais aconchegante que o gigante Palácio de Versalhes.

 

Já o Petit Trianon, palácio que faz parte dos domínios de Marie-Antoinette, foi construído para a amante do rei Luis XV. Quando Luis XVI ascendeu ao trono, sua esposa, Marie-Antoinette ganhou o palácio de presente como moradia, saindo da vida mais pesada da política que se passava no Palácio de Versalhes para viver uma vida de alienação em seu mundo privado. Marie-Antoinette não permitia que plebeus convivessem com ela na sua área privativa, exigindo ser servida por nobres inferiores. Ali nem o rei entrava sem sua autorização (e pensar que nós pagamos só 20 Euros para estar lá!).

 

Os dois palácios são realmente muito menores e menos luxuosos que o Palácio de Versalhes. Ainda assim são muito bonitos e a visita vale muito a pena. Podemos visitar vários ambientes com a mobília da época. Está tudo bem preservado e há quadros explicativos em cada sala.

 

Decidimos pular o restante dos domínios de Marie-Antoinette, conhecidos por Le Hameau, e dar preferência para ver o Palácio de Versalhes. Aliás, para ver Le Hameau temos que pagar um pouco mais no momento em que compramos os ingressos. Trata-se de uma réplica de um vilarejo francês que o rei Luis XVI (aquele que foi decapitado durante a Revolução) mandou fazer nos jardins do Petit Trianon para sua jovem rainha Marie-Antoinette brincar de camponesa (ela também foi decapitada), com direito a leiteria, moinho, cabras e vacas. Deve ser interessante para ver de perto até que ponto chegaram os exageros do Antigo Regime.

 

Em pouco mais de uma hora visitamos o Petit Trianon e o Grand Trianon. Voltamos à estradinha que nos leva ao eixo central dos jardins, onde está o Grand Canal. Já era quase 3 horas da tarde e ainda tínhamos todo o palácio para ver. E não era pouca coisa.

 

O Palácio de Versalhes mede exorbitantes 63.000 m², dos quais ”apenas” 10.000 m² estão abertos ao público. É onde está instalado o Museu de História da França, criado pelo último rei francês, Louis-Philippe I, em 1837. O palácio inteiro tem “apenas” 2.300 compartimentos! São números absurdos e que fazem a história do palácio tão rica em detalhes que talvez sejam necessárias várias visitas para se ver tudo com calma.

 

A função principal do Palácio de Versalhes, além de projetar todo o poder da monarquia francesa, na época em seu auge, era abrigar toda a corte, composta por nada menos que 6.000 pessoas. Os nobres mais importantes moravam ali, no palácio do rei. E essa característica tem fundamental importância para a França, uma vez que foi fator decisivo para a unificação do Estado Francês e para o fortalecimento do poder absoluto nas mãos do rei. Dali o reino era governado e, ao mesmo tempo, o rei controlava a aristocracia nacional, não dando espaço para o surgimento de um poder maior que o seu.

 

Entrando, há um circuito de salas, apresentadas por meio de quadros explicativos, que todos os visitantes seguem. E são muitos visitantes. Muito raramente eu e a Dani ficamos sozinhos em um salão (e olha que estávamos em baixa temporada).

 

As primeiras salas são menos luxuosas. Ainda assim estão a léguas de distancia da simplicidade. Os tetos sempre são altos e, juntamente com as paredes, cheios de detalhes. O Palácio foi atacado pelos revolucionários e muito da mobília foi saqueada. Mas o que ficou também é muito bonito.

 

Um dos ambientes mais grandiosos do palácio é a capela real, que tem o piso no primeiro andar e o teto no segundo. Quando começamos a nos aproximar dos salões mais importantes é que começamos a ficar realmente impressionados. Acho que se tem uma palavra para descrever o que vemos ali é suntuosidade. É realmente de cair o queixo.

 

Incontáveis lustres de cristal, candelabros, bustos, pinturas… e tudo enorme. O dourado é a regra. Os tetos são cobertos por afrescos com a temática clássica, as paredes são cobertas por mármores. É incrível. As fotos não traduzem o que vemos ali.

 

Uma coisa que me chamou a atenção foi a falta de corredores. Os grandes salões se conectam diretamente por meio de portas enormes. Os corredores ficam, na verdade, escondidos entre os salões e se comunicam com eles por meio de portas camufladas nas paredes. A existência desses corredores servia para o trânsito dos serviçais, que deviam ser vistos o menos possível.

 

A sala mais imponente é sem dúvida a Galerie des Glaces (Galeria dos Espelhos). Medindo 75m de comprimento, 10m de largura e 12m de altura, é um lugar que eu e a Dani nunca mais esqueceremos e que por si só já vale a visita ao Palácio de Versalhes. O teto abobadado é coberto de afrescos. As paredes são cheias de detalhes dourados entalhados e muito mármore. Os lustres gigantes e as luminárias douradas são uma beleza. É difícil até descrever.

 

O salão tem esse nome pois em uma parede possui 17 espelhos enormes, cada um formado por 21 espelhos menores que ficam de frente para um mesmo número de janelas com vista para os jardins do palácio, exatamente de frente para o pôr-do-sol. Os espelhos foram os elementos decorativos mais caros do palácio. Naquela época os melhores espelhos eram fabricados em Veneza, que dominava o monopólio da técnica de produção. E custavam caríssimo. Cumprindo a ordem de só utilizar materiais produzidos na França, Jules Hardouin-Mansart, o arquiteto responsável, trouxe artesãos venezianos para fabricarem espelhos em território francês exclusivamente para serem fornecidos ao palácio.

 

Aquela é por excelência a mais importante sala de Estado do palácio, local utilizado só para as mais importantes cerimônias e recepções. Foi ali que, em 28 de junho de 1919, foi assinado o famoso Tratado de Versalhes, que deu fim à Primeira Guerra Mundial.

 

Depois da Galeria dos Espelhos ainda conhecemos o quarto do rei e o quarto da rainha, ligados por uma porta camuflada para que o rei pudesse encontrar a rainha quando quisesse.

 

Muito satisfeitos por ter conhecido um lugar tão maravilhoso, deixamos o palácio no fim da tarde, perto da hora de fechamento. Não antes de passar na loja onde comprei um livro de fotografias do palácio e um outro de Paris (32 Euros – R$ 80).

 

Sem dúvida esse lugar é um dos mais bonitos que eu já visitei. O Palácio de Versalhes é um passeio para nunca mais se esquecer. Um dia voltaremos!

 

Nessa época do ano (baixa estação) o palácio abre às 9 da manhã e fecha às 5 e meia da tarde. Na alta estação ele fecha uma hora mais tarde. Os jardins têm outro horário de abertura e fechamento. Para planejar a visita sem risco de imprevistos é bom dar uma olhada no site oficial do Palácio de Versalhes.

 

Já na rua, vimos um ônibus passando com destino à estação Pont de Sèvres, a última da linha 9 do metrô e, num impulso, decidimos subir. O bilhete é o mesmo do metrô (ou seja, custa 1,70 Euro/R$ 4,25 ou 1,27 Euros/R$ 3,17 para quem como nós comprou o carnet com 10 bilhetes).

 

Depois de muitas voltas pelos arredores de Paris, que por sinal nos pareceu muito organizado e seguro, chegamos à estação e pegamos o metrô. A linha 9 é uma das que passa na nossa estação, a Richelieu-Drout. Depois de 20 estações, sem conexão, nós chegamos. Ir de ônibus e metrô leva mais tempo do que ir de RER e metrô mas, em compensação, temos paisagem na janela.

 

Quando saímos do metrô já estava escuro. Passeamos pelas galerias do Bd. Haussmann em busca de um restaurante (ali há restaurantes árabes, indianos…), mas acabamos nos rendendo ao cansaço e comprando algumas coisas no supermercado Franprix mesmo. Voltamos para o hotel e lanchamos baguettes com queijos. Depois demos uma olhada na internet e fomos dormir. No dia seguinte tínhamos muito mais lugares para conhecer em Paris.

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