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Primeiro mochilão? Atacama e Santiago em 10 dias - Fev/2012


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[t1]Primeiro mochilão? Vamos lá...[/t1]

 

Viajar de mochila e sozinho é sempre um assunto controverso em mesas grandes com amigos e familiares.

É só trazer o assunto para logo notar as mais diferentes reações.

Umas de reprovação imediata - "você vai dormir 'naqueles' albergues?" -, umas de total ignorância - "vai ficar sem tomar banho?" - e outras tantas de uma simpatia distante - "meu sonho é conhecer esses lugares como no Discovery Channel".

 

Inegavelmente, nalgum momento antes do primeiro mochilão você vai ter dúvidas - "vou passar frio?", "vou me virar bem?", "o dinheiro vai dar?".

Por isso trago aqui um relato pessoal, no qual passei pelas mesmas dúvidas que muitas pessoas podem ter, e quem sabe, sirva como o empurrão final para você conhecer mais do que o Discovery mostra. Porque sim, tem bem mais.

 

Primeiramente, a escolha do destino: o Chile é o país com IDH mais elevado da América Latina, tem boa infraestrutura, segurança e educação.

E claro, tem o Atacama. O mais alto e árido deserto do planeta, com algumas paisagens que nem as fotos vão contar bem...

 

 

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Caminho para os Gêiseres El Tatio - 10/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

 

[t1]A viagem[/t1]

 

Vamos aos fatos:


  • só 10 dias de viagem, bem ao estilo brasileiro
    anexei uma planilha com gastos e itens a levar (primeira viagem, certo?)
    a viagem toda custou por volta R$ 3.500 (já incluso R$ 1.100 do vôo pela Lan)
    não se iluda com o câmbio chileno (1 dólar = 480 pesos em média), uma cerveja custa 4 dólares
    e alguns número estarão aproximados, pois estou escrevendo este 1 ano após a viagem

 

Dia 1 - 05/02/2012

 

Vôo saiu de Guarulhos às 10:30h com destino a Santiago. No aeroporto de Santiago troquei alguns doláres (US$ 1 = 470 pesos) e peguei a escala com destino a Calama, pequeno aeroporto a uma hora de San Pedro de Atacama. Da janela do avião se vê o tamanho da Cordilheira dos Andes, que faz parecer que voamos baixo.

 

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Do avião dá pra ver pequenas lagoas coloridas na Cordilheira dos Andes - 05/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

Por volta das 19h do horário local desembarquei em Calama. Peguei a mochila na única esteira de bagagens e fui no primeiro guichê pegar um transfer até San Pedro. Comprei a ida e a volta para 6 dias depois por US$ 30,00. Às 20:30h fiz o check-in no Backpackers Hostel.

Um bom hostel que fica a 5 minutos de caminhada das 3 ruas centrais de San Pedro, por US$ 20,00 a diária no quarto com 4 camas.

Para quem nunca ficou num hostel internacional, a maioria tem: banho quente, computador, wifi, geladeira pra deixar algum lanche, água, cerveja, agência de viagem com os principais tours da região. Tudo compartilhado. E espera-se o bom senso de todos.

 

Verifiquei minha cama, deixei a mochila no armário e tranquei com cadeado. Do lado de fora do quarto, uma área de descanso com redes e cadeiras e uma grande mesa de jantar. Alí, pessoas de toda parte do mundo trocam idéias sobre o roteiro, indicam bons lugares nesta ou naquela cidade, e compartilham experiências enquanto tomam uma cerveja ou vinho da região. Estranhos conversando com sinceridade admirável.

 

Vou até a recepção buscar uma cerveja e descubro que acabou, teria que ir até o mercado mais próximo. Já caminhava para dormir sem aquela cerveja, quando dois locais conversando em espanhol me convidam para tomar com eles o engradado que haviam trazido. Respondi, em inglês, que aceitava desde que pudesse pagar a cerveja deles mais tarde. Apesar do meu sobrenome, não falava uma palavra de espanhol (comecei a estudar assim que voltei). Um deles era na verdade alemão, o chileno não falava inglês, e eu não falava espanhol. No meio da bagunça de um tentar entender o outro, conversamos desde futebol até particularidades do país de cada um. Uma boa primeira impressão.

 

 

Dia 2 - 06/02/2012

 

Como havia lido aqui no fórum que os tours vendidos nos próprios hostels costumam ser mais caros que nas agências, acordei cedo e fui até a cidade para fechar todos os passeios que faria. Depois de tomar banho gelado (foi o único dia que a água quente não apareceu), cheguei no centro às 7:30h. Os passeios saíam por volta das 8h e eu esperava conseguir fechar um passeio já pra aquela manhã. A cidade era deserta. Pelo menos estava deserta. Perguntei a um local - no pior espanhol possível - que horas abria o comércio. "A las nueve".

O dia não havia começado bem.

 

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Calle Caracoles deserta pela manhã - 06/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

Depois de procurar mais um pouco, encontrei uma agência pequena abrindo, conversei com a senhora que me vendeu um tour até Termas de Puritama, o único tour disponível pra aquela manhã, por US$ 45, sendo que US$25 eram referentes à entrada no local. A maioria dos tours possui alguma taxa de entrada, melhor sempre perguntar se já estão inclusas. O tour sairia às 8:30h então tive tempo de tomar o desayuno (café da manhã ou no caso, desjejum), numa lanchonete que estava abrindo.

As Termas de Puritama são águas termais, ideais para descansar e relaxar num banho quente. Talvez fosse melhor para o último dia antes de pegar o avião, mas depois do banho frio da manhã foi muito bem vindo.

 

De volta às 14h, passei no mercado e comprei dois pêssegos gigantes para almoçar. Ainda tinha que fechar todos os tours, o que estava me deixando preocupado. Para minha surpresa, a cidadela agora parecia outra, com as ruas lotadas. Pesquisei preços por umas três agências das mais famosas, citadas aqui no fórum, todas com valores similares, iguais até aos praticados pelo hostel. Troquei os doláres por mais pesos, no melhor câmbio que encontrei na viagem, US$ 1 = 480 pesos (preço praticado em todo o Atacama). Fechei passeio para todas as manhãs e tardes ao custo de quase 400 dólares. Pronto, a dúvida de novo, será que o dinheiro vai dar?

Consegui até um tour para o final da tarde, que sairia às 16h para Laguna Cejar. Antes fui verificar a multidão que se aglomerava na esquina:

 

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Lhama dando beijinho na chilena ao olhar de reprovação das pessoas. - 06/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

O dono de duas lhamas as levava à cidade para tirar algumas fotos em troca de alguma propina (gorgeta). Colocando uma espécie de avelã na boca da menina ele dizia: - Olha o beijinho da lhama.

 

O tour para Laguna Cejar é sem dúvida um destino obrigatório. Passando pelos Ojos del Salar, lagoas subterrâneas onde paramos pra um megulho, Laguna Tebinquiche, um pequeno deserto de sal, e Laguna Cejar, uma lagoa com 30% de concentração de sal. Para efeito de comparação, o oceano tem em média 3%, segundo o guia. Inclui lanche com Pisco Sour, a caipirinha deles. Tudo por US$ 35 .

Chegamos à Laguna Cejar às 21h, começava a escurecer ainda, mas já fazia frio. Os outros turistas da van, na maioria europeus de 60 anos, preferiram não entrar na lagoa. Mas pra um brasileiro de 22 anos viajando pela primeira vez sozinho, e com 9 dias restantes, não tem lagoa gelada demais, certo? Ao entrar, mais do que o frio, a flutuação é o que chama a atenção. Flutua-se tanto que, ao boiar deitado, o corpo parece quase não tocar a água.

 

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Laguna Cejar ao fim da "tarde" - às 21:17h do dia 06/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

 

Dia 3 - 07/02/2012

 

Às 7h o guia para as Lagunas Altiplanicas bate à porta do hostel. O dia inteiro de tour com café da manhã e lanches inclusos por volta de US$ 90. Primeira parada é o Salar de Atacama, que fica na Reserva Nacional Los Flamencos. Ali é possível ver as diferentes espécies de flamingos andinos de uma distância relativamente pequena.

 

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Salar de Atacama - 07/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

Como em todos os tours do Atacama, as estradas são ótimas mesmo quando de terra. Dá pra ver no acostamento as máquinas pesadas utilizadas para limpar as estradas. Aparentemente, os altos preços das entradas nestes parques nacionais são utilizados da forma correta.

 

Próxima parada são as Lagunas Miscanti e Miñiques, duas lagoas que beiram os vulcões de mesmo nome.

 

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Laguna e vulcão Miscanti - 07/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

Durante o caminho, uma parada para um rebanho de lhamas cruzar a pista, e mais um par de paradas para lanchar.

As paisagens são incríveis, mas caso queira economizar, pode se escolher outro tour mais barato.

 

No hostel, depois de um lanche, saímos num pequeno grupo pra conversar e tomar uma garrafa de Pisco sentados na única praça da cidade.

 

 

Dia 4 - 08/02/2012

 

Saindo ainda escuro, às 8:00h, para o tour chamado de Rock Art. Primeiro uma visita a petróglifos (gravuras em pedra) de povos sulamericanos antigos, e depois o Valle del Arco Iris, conjunto de montanhas coloridas por conta da sua formação mineral. Passeio custou por volta de US$ 45.

 

Os petróglifos não chegam a ser impressionantes, já que segundo o guia, são do século XV. Já o Valle del Arco Iris é incrível, com montanhas inteiras coloridas. Vale a pena conferir um pedaço das pedras com as próprias mãos, para verificar as suas diferentes cores de perto.

 

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Valle del Arco Iris - 08/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

De volta do tour por volta das 15h, fui almoçar um prato típico, pela primeira vez. No restaurante La Casona, na Calle Caracoles, pedi uma parrilla com purê picante e uma cerveja. Muito bons. 22 US$, sem gorgeta. Se você for bem atendido, pague alguma gorgeta. Paguei 10% como de praxe no Brasil.

 

Às 16h saí para o tour da tarde: Valle de la Muerte e Valle de la Luna. Aproximadamente US$ 20 com os tickets de entrada.

Primeiro caminhamos pelo Valle de la Muerte, que segundo nosso guia, o nome se deve a um erro de entedimento, que na verdade seria Marte, por similaridade do terreno com o planeta vermelho, e não Muerte. Porém é possível ouvir outras versões.

Depois de uma caminhada de pouco mais de uma hora, pegamos a van novamente e chegamos ao Valle de la Luna, com todo seu o solo com sal incrustado. Parece que todo o chão foi salpicado com sal, assim como numa salada, porém de perto se vê que o sal esta grudado ao solo. Ambos os vales tem paisagens um pouco extraterrestres mesmo. Valem a pena.

Dalí partimos caminhando por mais uma hora até o ponto mais alto do Valle para assistir ao pôr-do-sol, exatamente às 21h:

 

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Pôr-do-sol no Valle de la Luna - 08/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

Chegando no hostel à noite, o pessoal estava preparando o jantar, que já cheirava bem. Fui buscar mais algumas batatas para a janta. Jantamos em quase 10 pessoas de pelo menos 5 nacionalidades, com cerveja e vinho, todos comprados no mercadinho ao lado. Novamente uma mistura de espanhol com inglês tomou conta da conversa, que se prolongou até tarde.

 

 

Dia 5 - 09/02/2012

 

Às 7h da manhã chegou o Mitsubishi 4x4 para o tour do Salar de Tara. Passeio imperdível, embora caro, cerca de US$ 95. Neste tour é possível ver todos os tipos de paisagem do Atacama: vulcões, montanhas nevadas, desertos de sal, formações rochosas, além da fauna. Ainda antes do café-da-manhã, paramos um par de vezes para ver de perto as paisagens que mudavam abruptamente. Pelas 9h o guia preparou a mesa para o desayuno:

 

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Visual incrível com pães torrados e chá de coca - 09/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

Em determinado trecho a estrada simplesmente acaba (ou saímos dela) e o guia dirige com o próprio senso de direção, nada de mapas, muito menos GPS. Aparentemente chegamos ao lugar correto, quiçá ao lugar errado, mas de qualquer forma não há de que reclamar:

 

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Salar de Tara - 09/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

De volta ao Backpackers todos estão comentando sobre uma tal de carreta (ainda não sei se a palavra existe), aparentemente uma palavra usada pelos chilenos para uma festa privada, algo como uma "festa no apê". Compramos algumas bebidas no mercado e saímos a procura da tal festa. Não fazíamos ideia de onde ficava, mas como a cidade de San Pedro é minúscula não deve ser difícil encontrar um monte de gente com som alto, pensamos.

Andando na cidade num grupo de 8 pessoas, paramos uma pickup L200 que dirigia para fora da cidade, dissemos que íamos para a festa e subimos na caçamba. Logo depois que a cidade acabou vimos vultos de pessoas se mexendo em meio ao breu da noite. Acenamos para o motorista parar e descemos. Fomos na direção do movimento, passando o portão entreaberto achamos uma pequena concentração de pessoas, e nenhuma música. Decepcionados, voltamos à cidade.

Numa das ruas encontramos uma pequena multidão, na maioria de chilenos carregando violões, e nos juntamos. Na porta da casa da tal carreta estava o guia do tour do dia anterior, um canadense que estava convencido que a vida certinha e pragmática do Canadá não era pra ele. Divertia-se muito mais com a vida sem planos que levava no Chile, dizia. O guia nos conseguiu um desconto na festa, e pagamos 2 doláres para entrar. Havia música, fogueira para fugir da friaca e muito Piscola, mistura de Pisco com Coca-Cola. O dia seguinte seria meu último dia no Atacama e ainda faria o tour do Geysers El Tatio, que saía às 4:00h do hostel. Melhor não dormir.

 

 

Dia 6 - 10/02/2012

 

Cheguei no hostel às 3:30h, apenas a tempo de colocar uma roupa na mochila e já bateram na porta perguntando por mim. Entrei na van já meio estragado e capotei. Acordei com o motorista falando que o trecho da estrada estava ruim devido ao temporal do dia anterior (saiu nos jornais da região: "maior chuva em X anos"), então tivemos que utilizar um trajeto alternativo, o que pra mim, foi ótimo, mais tempo dormindo. Chegamos aos geiseres por volta das 8h, enquanto o previsto era às 6h.

Este é um lugar que nem foto nem documentário consegue ser fiel o suficiente. Os geiseres são inconstantes, por vezes sobem muito, outras ficam apenas borbulhando. O local é todo coberto por vapor e cheiro de enxofre. O passeio também não é dos mais baratos, por volta de 45 dólares, mas vale a pena.

 

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Paisagem escondida pelo vapor em Geyser El Tatio - 10/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

Existe uma piscina termal que se pode mergulhar, mas dessa vez preferi ficar do lado de fora, tomando água e comendo um pouco. O café-da-manhã foi esquentado na fonte de uma das águas termais. Não só esquentou como os ovos foram cozidos:

 

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Ovos cozidos no geiser El Tatio - 10/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

De volta ao meio dia, almocei um lanche rápido no centro e voltei para arrumar a mala. No dia seguinte pela manhã estaria chegando em Santiago.

Enquanto arrumava a mala, lembrava de tirar alguma coisa da mochila cargueira e colocar na mochila de mão, ou vice-versa. Toda vez que o fazia, abria e fechava os cadeados novamente. Depois de fechar tudo umas três vezes, e olhando ao redor todas outras mochilas abertas fora do armário ou sem cadeados, você começa a pensar: "só eu estou trancando o armário?". Durante a viagem você vai se dando conta destas diferenças culturais, algumas pequenas, outras bem maiores. Não que você vá largar os seus hábitos assim tão fácil, mas começa a questioná-los.

 

 

Dia 7 - 11/02/2012

 

No horário marcado - desde o dia 1 de viagem -, a van chegou ao hostel para finalizar a viagem em Santiago. Enquanto dirigia o motorista parou a van assustado. Lá fora um rio corria forte. Nada demais, num fosse o rio ter se formado alguns dias atrás no deserto mais árido do mundo.

Chove bastante em Fevereiro no Atacama. Tanto que carregava na mochila duas camisetas encharcadas por tê-las deixado no varal do hostel no dia anterior.

Despeço-me do deserto chileno com a certeza de que voltarei. Graças ao céu nublado e a lua cheia não pude visitar o observatório espacial onde se pode ver até os anéis de Saturno. Para quem não conhece: http://www.spaceobs.com. Sem dúvida um destino obrigatório no Atacama, para quem o visita em condições ideais: céu sem nuvens e pelo menos 6 dias antes ou depois da lua cheia (devido à luminosidade desta).

 

Já em Santiago, fiz o check-in no Bellavista Hostel, localizado no coração do bairro boêmio de mesmo nome. Com café-da-manhã, telão pra assistir ao futebol, terraço com churrasqueira e uma mesa de sinuca com as tabelas todas quebradas. A fechadura dos quartos chama a atenção. Cada quarto possui uma senha que é digitada num pequeno painel e libera a porta. Fiquei num quarto de duas beliches por 15 dólares a diária. Nem preciso dizer que recomendo a todos que passarem pela cidade.

 

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Mesa de sinuca com a tabela à direita toda quebrada resultava em jogadas engraçadas - foto por Pedro Blanco

 

Reservei o passeio para o dia seguinte às 8:30h para a maior vinícula chilena: Concha y Toro. Aproximadamente 50 dólares.

 

Fui jogar uma sinuca no hostel, e pela primeira vez na viagem, todos falavam português. Cada um com seu sotaque: mineiros, cariocas, gaúchos e paulistas. Um total de quase 10 brasileiros. Depois de algumas cervejas todos já eram melhores amigos e já ensinavam os gringos a falar português.

Saímos todos juntos pra balada (ou night ou boate, dependendo da região). Voltamos todos separados. Na ida levamos uns 10 minutos andando. Na volta, levei uns 45. A cada esquina parava, olhava as placas, abria o mapa, e tinha certeza de andar na direção certa. Até chegar na próxima placa e virar na direção oposta.

Quando finalmente cheguei, todos já estavam lá cantando músicas brasileiras, ao violão e voz de uma argentina! Assistimos o verdadeiro show da argentina até nos avisarem que estávamos atrapalhando o sono de alguém. Como ainda eram 7h da manhã, dava tempo de dormir um pouquinho antes do próximo passeio, certo? Precavido que sou, coloquei o celular para despertar às 8h.

 

 

Dia 8 - 12/02/2012

 

Claro que a bateria do celular acabou antes de despertar. Acordei num pulo às 8:30h, quase cai de cima da beliche, peguei a mochila e sai correndo. Cheguei a tempo no Patio Bellavista, onde sairia o ônibus. Enquanto esperava o ônibus que atrasou um pouco, pude dar uma olhada rápida na vizinhança.

 

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Vizinhança da Bellavista pela manhã - foto por Pedro Blanco

 

Fiz o tour pela Turistik, uma empresa que faz aqueles city tours bem comerciais mesmo, por isso paguei caro no passeio. Já li que é possível ir por conta própria e somente pagar a entrada à vinícula, mas como não tinha muito tempo para pesquisar na cidade foi mais prático assim.

 

O tour possuía dois grupos, um com guia falando em espanhol e outro em inglês. Como era brasileiro já me colocaram o adesivo no peito de "grupo espanhol". Tive de pedir para trocar o adesivo, para espanto da moça com os adesivos.

O tour em si é também muito comercial, é possível se sentir numa propaganda da marca. Sempre exaltando a marca e "explicando" como eles se tornaram a maior vinícula do país.

Por vezes tinham algumas explicações interessantes também, como da uva Carménère que teria sido extinta da Europa e hoje só existiria no Chile. OK, pode ser mais propaganda, mas há alguma verdade aí...

 

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Degustação do vinho Gran Reserva da uva Carménère - 12/02/2012 - foto por Pedro Blanco

 

Ao final do tour, sim, lojinha de itens da marca. Vendiam camisetas, bonés, chaveiros e até vinhos. Comprei uma garrafa do Gran Reserva Carménère numa bela caixa de madeira por 37 doláres. Não chega a ser um grande negócio, mas era um presente para os pais, tudo bem.

 

No hostel pela noite, todos brasileiros foram buscar algumas bebidas numa espécie de liquor store, que ficava fechada e o vendedor passava as garrafas pela grade. Enquanto saía da loja bebendo uma garrafa, um dos brasileiros me impediu. "Quer ser preso já?" - ele me disse. Na porta da loja havia parado um carro dos carabineros. A Polícia local. Não se pode beber álcool nas ruas do Chile. Algum conhecimento das leis locais é sempre útil. Guardei a garrafa na sacola e depois paguei uma cerveja pro camarada que evitou uma dor de cabeça desnecessária.

 

Fizemos uma festinha no próprio hostel junto com os gringos com direito a sinuca, música e jogamos sueca (jogo de bar com baralho).

 

 

Dia 9 - 13/02/2012

 

Dia seguinte acordei por volta das 11h e consegui tomar o final do café da manhã. Cereais e pão. Depois de comer decidi que iria para praia. Viña del Mar fica a 1:30h de Santiago de ônibus. Mesma distância de São Paulo x Santos, trajeto que estou acostumado. Fui até a área comum e encontrei a galera acordando da festa do dia anterior. Disse que estava indo para a praia e logo já éramos 5 indo para a rodoviária. Um catarinense, uma paulista, uma argentina (a cantora de música brasileira), um holandês e eu.

Fizemos uma mochila apenas com uma roupa de praia e uma toalha e partimos. A linha vermelha da estação de metrô é próxima do hostel.

 

Na rodoviária o caos costumeiro. Várias empresas faziam o translado para Viña del Mar ou Valparaíso saindo quase que a cada 20 minutos. Tomamos um ônibus da empresa Condor por 8 dólares. Chegamos em Viña del Mar por volta das 16h e fomos até a praia caminhando seguindo o forte barulho do Pacífico. Seguimos o mapa também, o que facilitou um pouco.

 

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Existem várias mensagens escritas no quebra-mar de Viña, maioria passagens bíblicas - foto por Pedro Blanco

 

Viña del Mar é uma cidade bonita, claramente de população mais abastada. Com jardins floridos e organizados, mais parece um grande condomínio.

Chegando na praia algumas coisas chamam a atenção. As pessoas parecem se amontoar em cima das outras, embora não pareça tão necessário. As ondas formam ao estilo quebra-coco, só ficando altas e fortes já bem próximo à beira. Até aí tudo normal. O engraçado são os chilenos amontados na água (mais que na areia talvez), gritando e pulando para pegarem jacaré na onda, de forma digamos, desesperada.

 

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Praia cheia - foto por Pedro Blanco

 

A água é bastante gelada, mas o primeiro mergulho no Pacífico é indispensável. Como no Chile não se pode beber nas ruas e praias, é praticamente impossível encontrar um tio do isopor vendendo uma lata bem gelada. Digo praticamente pois não andei a praia toda procurando, só parte dela. Triste mesmo.

 

Nossa ideia era voltarmos no mesmo dia, mas depois do banho de mar precisávamos tomar uma cerveja e conhecer um pouco mais a cidade. Decidimos dormir em Viña naquele dia e saímos à procura de um hostel. Encontramos a pensão de uma senhora com o preço de 40 dólares pelo quarto. Duas camas de solteiro e uma cama de casal. Éramos cinco então arrumamos mais um colchão. 8 dólares pra cada. Ah, arrumamos uma divisão justa para a cama de casal também.

 

Tomamos banho e saímos pra conhecer a cidade. Não tínhamos levado muitas roupas, mas tudo bem usar a mesma camiseta ou bermuda né?!

Jantamos num restaurante todo em vidro frente ao Pacífico, com piano e tudo mais, chamado Tierra de Fuego. Nós cinco morrendo de fome e maltrapilhos. Ainda assim fomos bem atendidos e comemos muito bem: entrada, prato principal e garrafas de vinho. A conta deu 38 dólares para cada sem a gorjeta. Demos alguma gorjeta que conseguimos. Depois fomos ainda a mais dois bares pela cidade. No final da noite, quase amanhecendo já, fomos ao Cassino também em frente à praia. O dinheiro já tinha ido noite a fora, então ficamos só olhando mesmo...

 

 

Dia 10 - 14/02/2012

 

Último dia livre de viagem. Deixamos a argentina e o holandês no ponto de ônibus para voltarem a Santiago e continuar a viagem deles. Antes, trocamos contato com os gringos e ficamos de tomar uma cerveja nalgum lugar da América ou Europa.

Ficamos os três brasileiros caminhando pela cidade até decidirmos dar uma passada rápida por Valparaíso antes de voltar a Santiago.

 

Em Valparaíso tomamos o bondinho morro acima para ver a cidade do mirante. Alí vê-se: o museu da marinha, a zona portuaria da cidade, a feira de lápiz lazuli, as dezenas de cães e gatos vira-latas e o contraste em relação a Viña del Mar. Valparaíso é uma cidade portuária, mais suja, e dizem, mais perigosa.

Descemos o morro a pé mesmo, pelas vielas. Chegando lá embaixo, um local nos disse que morava na cidade havia 20 anos e não tinha coragem de descer aquele morro a pé.

 

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Vista do alto do mirante de Valparaíso ao lado de armamento da marinha - foto por Pedro Blanco

 

Tomamos um ônibus circular para visitar a antiga casa e atual museu do prêmio Nobel de Literatura de 1971, Pablo Neruda. Poeta chileno.

Os ônibus da cidade são pequenos para manobrar pelas vielas e os motoristas se sentem como se estivessem num kart, mas com um rádio. Quando começou a tocar Metallica na rádio o nosso piloto logo se apressou em colocar no volume máximo. Bom meio de transporte!

 

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Placa do ônibus marca os diferentes preços para cada ponto de descida - foto por Pedro Blanco

 

em construção...

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Oi Pedro blza?!

Depois quero saber o quanto vc gastou nessa trip, tirando passagem aérea. Pretendo fazer Bolívia, Puno (PE) e Chile, em Junho deste ano, e tenho medo da minha grana ser pouca...

 

 

Abraços,

Gy.

 

Oi Gizelly!

Essa trip foi bem rápida, só 10 dias, e pelo que me lembro gastei uns R$ 2.500, tirando passagem aérea (quando terminar o relato devo ter o número mais exato).

Mas o Chile, principalmente o Atacama, é um pouco caro e eu acabava bebendo umas cervejas ou vinho quase todo dia, o que encarece um pouco.

Eu voltei faz pouco tempo da Bolívia e Peru, se precisar posso te passar algumas dicas também...o seu roteiro é só Puno no Peru?

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Oi Pedro,

Pois é, no Peru pretendo fazer só Puno msmo, pq quero conhecer as Ilhas Flutuantes...e o ano passado eu fiz uma trip em algumas cidades do Peru; Lima, Cuzco, Vale Sagrado Incas e cia...daí este ano vou fazer só Bolívia e Chile. Pretendo levar o mínimo de 3.000 para essa trip... Oq vc acha?? Eu li alguns relatos de pessoas q fizeram os três países, levando o referido valor e ñ passaram aperto... Help!!! :shock: rsrs... Abaixo segue o roteiro q pretendo fazer...com possibilidade de sofrer alterações... ::dãã2::ãã2::'> , novamente.

 

-Sta Cruz de La Sierra (BO)

-Cochabamba (BO)

-La Paz (BO)

-Copacabana - Lago Titikaka (BO)

-Puno - Lago Titikaka - Ilhas Flutuantes (PE)

-La Paz (BO)

-Uyuni - Salar de Uyuni (BO)

-Callama (CH)

-San Pedro do Atacama - Deserto do Atacama (CH)

-Viña Del Mar (CH)

-Valparaíso (CH)

-Santiago (CH)

 

Depois regresso ao Brasil :roll: !

 

 

Abraços,

Gy.

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Relato da viagem muito padrão, brother! Bacana demais você retratar os detalhes e os preços e as características de cada passeio do qual você realizou. Meu trajeto e quantidade de dias está sendo mais ou menos igual ao seu, dispondo apenas de 7 dias, inclusos os voos de ida e volta e translado entre Calama e San Pedro.

 

Gostaria de tirar uma dúvida com você a respeito se é melhor levar tudo em dolar ou já está com pesos trocados para uso lá? Penso em trocar em média uns 1300 reais para os dias gastos lá para cobrir passeios, alimentação e hospedagem; mas irei levar um cartão para uso em caso extremo. E aí? Será que é suficiente tal quantia para realizar passeios como Laguna Cejar, Lagunas Altiplanicas, Valle de la Muerte e Valle de la Luna, Salar de Tara?

 

O meu roteiro está assim:

 

1º Dia 09/03– Voo Brasília- Calama - San Pedro (Hora chegada em Calama: 17:05)

2º Dia 10/03- San Pedro do Atacama (Laguna Cejar)

3º Dia 11/03- San Pedro do Atacama (Lagunas Altiplanicas)

4º Dia 12/03- San Pedro do Atacama (Valle de la Muerte e Valle de la Luna)

5º Dia 13/03– San Pedro do Atacama (Salar de Tara)

6º Dia 14/03– Voo San Pedro do Atacama - Calama - Brasília (Voo às 22:45h).

 

 

Está bemm igual ao que você realizou, brother. Será que os planos de gastos estão na linha certa?

Detalhe, vou chegar na city sem fazer reserva em nenhum albergue!

 

 

Gracias, bro!

 

::otemo::

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Oi Gizelly,

 

Aparentemente R$ 3.000 será o suficiente para a tua viagem, mas isso sempre depende do nível de exigência que você tem né (comida, bebida, transporte) hahaha...

 

Fui para La Paz, Uyuni e Copacabana em Novembro/2012 - já estou juntanto as figurinhas pra esse relato - e posso te dar algumas dicas:

 

De La Paz p/ o Uyuni existem dois ônibus, um que eles chamam de turístico e o convencional. O turístico custa 230 bolivianos, uns 33 dólares, e sai às 21h. O convencional sai as 19h, se não me engano. Na ida de La Paz p/ Uyuni fui com o turístico e na volta voltei com o convencional mesmo, os dois são quase iguais, a volta custou uns 15 dólares.

 

O tour de 3 dias e 2 noites pelo Uyuni custou 800 bolivianos ou 115 dólares (uma pechincha, em vista que no Atacama passeio de 1 dia pode custar isso), e eu comprei no próprio hostel, o Wild Rover.

 

Em Copacabana sugiro fazer o passeio somente pela Isla del Sol, que é mais bonita que a Isla de la Luna, mas só se você gostar de caminhada e trekking, pois eu fiz o trajeto Norte-Sul andando e parei só uns 15 minutos pra comer uma Pringles e quase que perdi o barco na volta (ele sai extamente no horário marcado). No barco ainda uma suiça chegou a desmaiar por ficar sem comer e debaixo do sol escaldante. O preço é igual em todo lugar para este passeio, se não me engano são 5 dólares.

 

O problema vai ser começar a viagem na Bolívia onde tudo é barato e terminar no Chile que as coisas são muito mais caras, mas acho que você esta bem planejada já!

 

beijo e boa viagem!

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Ae Luiz, valeu, brother.

Acho que nunca ouvi a expressão "padrão" hahaha.

 

Os tours que você está prevendo custaram mais ou menos uns 250 dólares na época. Só precisa ver como está o câmbio agora e se houve muito aumento dos preços, mas parece que esta tranquilo com esse valor.

 

No meu caso, foi melhor levar tudo em dólar pois a melhor cotação de câmbio que achei foi em San Pedro, 1 dolár = 480 pesos. E existem inúmeros lugares para trocar dinheiro lá. Troque somente o necessário para um sanduíche e um taxi no aeroporto de Santiago, o restante deixe para trocar no Atacama mesmo.

 

O que eu tentaria incluir no roteiro seria o Geiser El Tatio no dia do Valle de la Luna e o Valle del Arco Iris (também chamado Rock Art) no dia da Laguna Cejar. Isso porque não há o que fazer em San Pedro, e à noite os bares fecham logo depois da meia noite, expulsando os clientes.

 

Acho melhor você reservar algum hostel pelo hostelworld.com porque dependendo da época as coisas podem estar lotadas. O Backpackers é um bom hostel, mas acho que o Vilama é mais legal além de melhor localizado.

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