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Caronando America do Sul sem destino final


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S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L! Tá tudo muito bem contado, tá com uma leveza, sabe? Coisa de quem tá escrevendo exatamente o que tá sentindo e relatos assim dá gosto de ler (com aquele plus bacana de saber que vocês continuam na estrada!). ::otemo::

Há quanto tempo estão "andando"? E quanto gastaram até agora?

Obviamente 9 em cada dez apaixonados por viagens mochileiras, perrengueiras,etc, tem vontade de fazer o que vocês estão fazendo e claro, que eu faço parte dessa massa sonhadora. O grande empecilho é o medo de começar. Eu não sei se vou ter medo, tenho uma data pra começar (no fim da faculdade, o "ano sábatico" como as pessoas gostam de chamar, eu sei é um pouco clichê, mas infelizmente as pessoas nomeiam tudo, mania chata, rs) e quando chegar essa hora torço pra que eu tenha a coragem de vocês. ::hahaha::

 

Parabéns, de novo! E por favor, não parem! Contem mais!!! ::love::::kiss::

 

E sorte no restante da trip, muitas caronas bacanas pra vocês! ::mmm:

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Deixamos o camping de Paysandu as margens do rio Uruguay. Um antigo ônibus municipal nos leva de volta a ruta 3. Um caminhão deixou-nos em uma parada de onibus longe de qualquer coisa, ali procedeu-se outra das maiores esperas, os escritos na parada revelaram que não eramos os primeiros a sofrer a maldição daquela poronga, e exatos 3 anos depois; Hernan Rodriguez o sentiu e quem sabe mais quantos... Deixamos também nosso testemunho. Antes do fim do dia um caminhão parou e levou-nos próximo de Salto. A cidade é maior do que esperava e a noite se aproximava, a rodoviária fecharia as 11 e ninguém sabia sobre algum lugar possível de acampar. Pegamos um ônibus de linha até Bella Union na divisa com o Brasil. Chegamos a 1:00 da manhã com medo de encontrar um lugar ameaçador, cidades de fronteiras costumam ser estranhas, mas bem, estávamos no UY e a cidade parecia muito com alguma cidade da campanha gaúcha, tranquila, pequena e aparentemente segura. Perguntamos sobre lugar para acampar e nos foi indicado o parque Gral Fructuoso Rivera na beira do rio UY. Indentifico-me com o The Modern Nomad que em seus relatos afirma sentir-se melhor dormindo perto da água. Acordamos e pegamos um bus urbano para atravessar a ponte para o Brasil, na fronteira nenhuma fiscalização e o colectivo passou direto. A cidade de Barra do Quaraí é pouco mais que uma rua e há apenas uma estrada que parte dela rumo a Uruguaiana, não havia carros nas ruas. Uma carona ali seria um desafio com pouca retribuição já que o ônibus é barato. Já em Uruguaiana deixamos as mochilas na rodoviária e fomos direto a um buffet livre comer muito feijão A tentativa anterior de reproduzir o prato nacional para nosso amigo de Punta del Este com os porotos negros ( ou frijoles )vendidos no mercado resultou num caldo ralo repleto de grãos duros, no que se refere aos feijões os exportados para o UY parecem aqueles que você separa antes de fazer. Por essa época adquiri o hábito de sempre olhar a procedência dos produtos nas prateleiras dos mercados sudamericanos, assim descobri uma grande quantidade de exportações Brasileiras quase que exclusivamente oriundas de São Paulo, algumas delas em competição direta com os produtos nativos, isso somado a presença regular de postos da Petrobrás e fábricas de marcas BR insinuam uma forte presença imperialista brasileira na região, sendo o caso mais impressionante o que vi no meio das terras devastadas do chaco paraguaio.

 

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A ideia inicial era caronar pela região argentina de Corrientes rumo a Assunción. Rachamos um táxi para atravessar a ponte até a cidade de Paso de Los libres, passamos a aduana e encontramos um cenário bastante ameaçador, crianças descalças nos cercando e tipos mal encarados olhando e seguindo, pessoas avisaram para ter cuidado. Era isso, o UY e sua calmaria agradável haviam ficado para trás. Checamos o terminal, a passagem para Corrientes estava barata. Assim que saímos para a ruta, a milhares de km das ilhas disputadas, uma placa cravejada de furos de bala ostentava os dizeres " Las Malvinas son Argentinas". A estrada era de um tipo bastante complicado para caronar, sem acostamento, rodeada por mato alto ou barrancos dando em alagados, o sol brilhava forte e o interior do colectivo parecia o lugar certo a se estar. Ao entardecer chegamos no terminal após diversas escalas em pequenas cidades decadentes. Na tv do bar em frente ao terminal propagandas do governo recheavam os intervalos. Já estava escuro e não me sentia bem naquele lugar. Para caronar é preciso ter algo em mente: essa é uma atividade que exige uma abordagem positiva. Inúmeros foram aqueles que pararam quando menos esperava, imerso em conversas ou risadas, qualquer um quer estar perto de alguém alegre, na estrada isso pode definir tudo, a regra de ouro é apreciar o que está fazendo. Com isso em mente e levando em conta nosso estado mental, resolvemos pular por completo a Argentina e seguir de ônibus naquela noite. No dia de domingo amanheceríamos na capital paraguaia.

 

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A cidade surpreendeu num primeiro momento, esperava encontrar algo similar a famigerada Ciudad del Este, pelo contrário, de cara ficou claro que havia muito a ser explorado. Resolvemos achar um hostel em conta para descansar alguns dias. Paramos no Black Cat, um lugar aconchegante com clima caseiro e muito bem organizado pela dona e sua filha que ali trabalham todos os dias, totalmente recomendado, no mundo mercadológico dos hostales é raro encontrar um lugar ainda tratado com amor. O custo de vida do PY é baixo em relação ao brasileiro, o povo é amigável e as empanadas são deliciosas. Um clima interiorano ronda as praças e é sempre ótimo ouvir pessoas falando em guarani, idioma que a maioria aprende junto com o espanhol. A noite é repleta de bares, boliches e karaokes, nunca fomos à rua das baladas para gringolandia na parte mais rica da cidade, em contrapartida descobrimos a uma quadra do hostel um lugar que mistura casa de arte alternativa, bar, jazz ao vivo e um amplo terraço legalize com almofadas e vista para o Rio paraguay.

 

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Em Assunción decidimos caronar através do chaco paraguaio até a Bolívia, algo que a hitchwiki não aconselha; péssimas estradas, tráfego quase inexistente, um ambiente inóspito habitado por mosquitos colossais, mutucas sedentas, carrapatos e muita poeira. Mal sabia que essa era a decisão que levaria a um lugar fantástico e inusitado numa das melhores caronas da viagem. Antes de partir, contudo, passamos pelas eleições presidenciais sendo vencedor o partido colorado, o que governa o país a décadas e agora volta ao poder. Uma enorme festa invadiu as ruas e é claro que fomos participar. Era visível qual a índole ideológica dominante dos vencedores, com seus eleitores comemorando de dentro de carros importados com sistemas de som potente, de qualquer forma a festa estava boa, e os coxinhas estavam felizes em fornecer a bebida.

 

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Em Assunción a trágica história de uma nação destroçada repousa em suas praças e museus, fragmentos de um passado exuberante. Marcos de guerras perdidas exaltam figuras militares assassinadas. Da grandeza ao declínio com a investida brasileira e argentina a mando de interesses ingleses que não podiam permitir um país livre, culturalmente autônomo e independente do mercado externo e de seus banqueiros ambiciosos, já que antes da guerra o Paraguay não possuía um centavo de dívida com a máquina bancária estrangeira. O primeiro empréstimo com bancos ingleses ocorreu dias após o fim da batalha.

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Deixamos Assunción num ônibus urbano que nos levou até Benjamin Acerval, a última cidade antes de Filadelfia já no meio do chaco. O ponto é excelente para caronar, há um pedágio e um quebra molas enorme, ali levantamos o dedo e logo ficou claro que nossa carona não tardaria a chegar, muitos motoristas que passavam pediam desculpas e justificavam com " não vou longe ", "não há espaço", etc. Em pouco tempo um bitruck ganadeiro encostou. No mundo da estrada são conhecidos como difíceis de dar carona os caminhões tanque e os bitrucks e como impossível os cegonhas e os SUV's de velhos pretensiosos. A prova da exceção estava ali parada esperando nosso embarque. Seguimos rodando e bebendo tererê, substituído por cerveja com o passar do dia. Assim começou nossa jornada com Eliezer, sujeito muito simpático e bem humorado, fala espanhol, guarani, inglês, alemão e entende português; nasceu em colonia alemã, morou em colonia inglesa e tem muitos amigos brasileiros. Eliezer rumava para uma estância 250km para fora da estrada, encravada no meio do pantanal paraguaio perto da fronteira com o Mato Grosso do Sul. Perguntou-nos se gostaríamos de ir junto... Nessas horas que surge o prazer indescritível de não possuir prazos, reservas, passagens, cronogramas, limites, barreiras, impedimentos ou todas essas infinitas paredes com as quais nos aprisionamos sem perceber. Anoiteceu e uma caixa de cerveja havia sido consumida, paramos para jantar em um mercado de um pueblito na beira da estrada, o cardápio: Espetinho de carne, chorizo e cerdo com aipim feito na chapa, arroz e farofa, tudo pago por nosso anfitrião. A noite era abafada e estrelada, os insetos faziam coro na escuridão, apenas um ponto de luz, contento uma churrasqueira fumegante no interior esquecido de um país esquecido, na cia de caminhoneiros e moradores locais, apreciando uma inusitada comida de beira de estrada, uma das melhores jantas da minha vida.

 

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Eliezer adquiriu mais 2 caixas de cerveja e seguimos. A esta altura eu já estava borracho, e o motorista designado havia bebido o dobro, nos tranquilizou dizendo que normalmente naquela hora estaria bebendo whisky, mantinha-se na cerveja pois estávamos com ele. Chegamos na entrada da estrada de terra perto da meia noite. Na noite escura apenas a luz do caminhão iluminava a estreita estrada de terra. As 4 da manhã eu já estava a 2 horas pescando no banco do passageiro e Karine já dormia profundamente, por sorte a borracheira ou o sono fizeram Eliezer parar até o amanhecer. O processo de dormir por si não foi o ponto forte do passeio, fazia calor dentro da cabine e abrir os vidros estava fora de questão devido aos mosquitos pré-históricos. Duas horas depois acordamos e seguimos até a fazenda. Naquele dia vi o sol nascer no pantanal.

 

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Chegando na estância fomos recebidos com um café da manhã feito no fogão a lenha. O cardápio, pão, café e carreteiro. Sentamos a mesa com outros caminhoneiros que estavam ali para carregar, dois são brasileiros, viajam com suas companheiras.

 

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No meio da manhã os gáuchos paraguaios apareceram reunindo o gado. A essa altura conhecemos a senhora que cozinha e sua filha que sabe português, a proximidade com a fronteira brasileira permite que o sinal de tv atravesse para o lado paraguaio e isso foi o bastante para a mocinha aprender nosso idioma. Sim, os paraguaios tem muita facilidade em aprender novas línguas, especulo que sua alfabetização dupla no espanhol e no guarani contribua para isso. Descobriram que o caminhão de Eliezer tinha um feixe de molas deslocado do berço. Iniciou-se a comoção de todos os companheiros de estrada para arrumar o estrago, tarefa que prosseguiu pelo início da tarde. No almoço comemos carreteiro de charque preparado no caminhão de um dos brasileiros.

 

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O gado foi carregado e partimos para a longa viagem de volta ao asfalto. O dia estava seco e quente e a abundante poeira da estrada entrava pela janela grudando em tudo. Nossas mochilas estavam amarradas em cima do reboque e sofreram a viagem. Para mim estava ótimo, começava a parecer uma mochila de verdade.

 

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Eliezer deixou-nos próximo a Loma Plata. Desci do reboque mochilas sepultadas pela poeira, nos despedimos e atravessamos a rodovia. Antes de tirarmos as mochilas das costas já parava uma carona, uma pick-up, na caçamba seguimos até a oficina mecânica do dono do carro, ofereceu os fundos para passarmos a noite. Montamos a barraca e tomamos um banho providencial para lavar a poeira que nos cobria por completo. Numa viagem assim manter-se limpo é uma preocupação constante, porém é com satisfação que lembro nunca ter passado mais de 3 dias sem banho, seja em chuveiros, rios, cachoeiras, tanque, mangueira ou pia, há sempre uma possibilidade.

 

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No outro dia pela manhã uma carona nos levou até Mariscal Jose Felix Estigarribia, a última cidade antes da Bolívia, 350 Km de distância. É ali que fica a aduana paraguaia e ao contrário do Brasil, mesmo os nativos devem registrar sua saída do país, assim todos os carros em direção ao chaco devem parar nesse posto. A princípio parece uma carona fácil, todavia poucos carros saem do país, em muitos dias nenhum. Duas horas de espera e um carro chega, o motorista é japonês, pergunto em ingles se ele poderia nos levar, faz sinal para que eu olhe dentro do carro, o banco traseiro tem coisas amontoadas até o teto, nada feito. O dia quente vai passando e nós já estamos esparramados na entrada da aduana, o funcionário sai muito pouco de dentro da casa com A/C, quando sai dá uma rápida olhada para fora nos lança um sorriso e volta para dentro. A noite chega, 1 carro foi o saldo do dia. Com a noite surgem os mosquitos, não podíamos montar a barraca pois uma improvável carona poderia chegar de madrugada, repelente não fazia nenhum efeito, qualquer cm de pele exposta era atacada. Durante a madrugada passa um ônibus que sai de Assunción e vai a Santa Cruz na Bolívia, só pretendíamos chegar na fronteira, resolvemos tentar barganhar uma passagem barata com o bus para nos tirar daquele inferno de sugadores de sangue, um grande erro.

 

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As 4 da madrugada partimos chaco a dentro a bordo do expresso desconforto, nas primeiras 3 horas segui sentado no corredor esperando alguém que ia desembarcar. No ônibus conhecemos os menonitas, colonos alemães que moram nessa parte do Paraguay, todos usam a mesma roupa e o modelo feminino é algo de 60 anos atrás. Perto do meio dia com o sol calcinando o terreno desolado o expresso desconforto quebrou. Entrou em ação o motorista/mecânico, as horas foram passando e diversas tentativas de conserto resultaram apenas no motorista completamente coberto de óleo, graxa, terra e poeira. Sem nada para fazer fiz uma pequena incursão de poucos metros para dentro dos arbustos, o que depois descobri me rendeu 2 carrapatos no corpo. Posso imaginar a situação dos soldados bolivianos e paraguaios na hedionda guerra do chaco.

 

El monte [chaqueño] es el absurdo materializado en árboles. Es el terrible mundo de la desorientación. En todas partes es el mismo, bajo, sucio, verde terroso. […] Sus árboles, no son árboles, son espantajos de formas torturadas, en cuya corteza rumian su miseria fisiológica espinas y parásitos [que] crecen prendidos a una tierra estéril e infecunda, por eso viven y mueren sin adornar sus ramas con la verde caricia de la hoja ni el milagro luminoso del fruto.

Carlos Arce Salinas, excombatiente y político boliviano

 

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Eventualmente o colectivo foi arrumado e partimos, o motorista, oficialmente a pessoa mais suja que já vi na vida, ainda tinha uma longa viagem até Santa Cruz. Chegamos na fronteira ao anoitecer, fizemos os papéis de entrada e a máquina fotográfica recusou-se a tirar uma foto da bandeira boliviana. A enorme quantidade de poeira dos dias anteriores cobravam o preço no aparelho de 8 anos, o zoom óptico já havia desistido há alguns anos e a partir desse dia no chaco o maldito eletrônico adquiriu vontade própria recusando-se a funcionar nos momentos mais inoportunos. O ônibus ainda foi parado diversas vezes pelo exército boliviano, mas todos tinham muita preguiça de fazer alguma busca minuciosa contentando-se em cutucar as malas com a ponta dos fuzis. A noite chegamos em nosso destino, Villa Montes.

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Ser deixado a noite em uma cidade do sul da Bolívia pode ser algo aterrorizante. Algumas menonitas também desceram em Villa Montes, tentamos falar com elas, recebemos em troca olhares assustados. Seguimos informações até o terminal ainda cheio de pessoas, comida em todas as esquinas ao redor, o cheiro de frango tomava tudo, a boca salivou e o estomago roncou, achamos um barato ( 10 bol ) pollo, arroz, salada e papas. Na saída nos disseram que poderíamos dormir no terminal. Entramos na pequena rodoviária ainda cheia de gente e a sensação foi de que iríamos acampar no meio de uma feira. Saímos ainda descrentes da possibilidade de ficar por ali, Karine foi falar com um policial que garantiu que era um bom lugar para ficar e que ele iria dar uma espiada de tanto em tanto para ver se estávamos bem. Era o sinal verde, com a insegurança emocional combatida apenas esperamos as horas passarem e a rodo esvaziar. Não era meia noite quando ficamos nós e mais 2 bolivianos ( esses dormindo improvisados nos bancos ). Armamos a barraca e a noite passou sem nenhum problema. Ao amanhecer quando abri a porta a primeira coisa que vi por entre as construções foram as montanhas ao longe, era a primeira visão delas na Bolívia. Banho a 1 bol na rodo, descobri outra carrapata importada do chaco ( o primeiro tinha pegado ainda no PY ) Arrumamos os trapos e partimos rumo a rodovia, no caminho refrescos de cereais e empanadas, passamos por um mercadão, frutas bonitas, frescas e baratas, ainda ganhei de brinde ameixas e 1 tangerina da simpática tiazinha. Como sempre, alcançamos a estrada muito depois do horário pretendido, ali era possível ver as montanhas, ainda modestas, cobertas de verde. Um micro levou-nos à saída da cidade, já na estreita estrada de terra chamada ruta 11.

 

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