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Peru, Bolivia e Chile - Março/Abril de 2012 (antes tarde do que nunca)


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31.03.2012

 

O onibus chegou cedo a Puno, as margens do lago Titicaca. A cidade não é das mais bonitas. Fora do centro, quase nenhuma casa possui reboco, deixando os tijolos expostos.

Decidimos comprar o pacote para visitar as ilhas flutuantes dos Uros na prória rodoviária, numa agencia recomendada pelo guia (KollaSuyo Tours, s/ 15 por pessoa). Apesar de um pouco receosos, deixamos nossa bagagem na agência. Também já compramos logo a passagem para Copacabana (Titicaca Tours, s/ 20 por pessoa), com saida para as 14:30.

O pacote incluia, além do barco, uma van para nos levar até o porto e também retornar a rodoviária após o passeio. No horário acertado, pegamos a van e seguimos cruzando a cidade em direção ao lago. O lago Titicaca está a 3809 metros acima do nível do mar, e é o lago navegável mais alto do mundo. Já havia ouvido falar bastante, mas me surpreendi com o tamanho e beleza do lago, que ocupa 8560km², o que dá aproximadamente 165km de comprimento por 60km de largura.

O barco possuia poltronas confortaveis, estofadas, como as poltronas de onibus. No inicio do passeio, é possivel perceber que a cidade descarrega no lago boa quantidade de esgoto, deixando a água bastante poluida. No nosso grupo havia mais uma brasileira. Poucos minutos de navegação e já se avistam as famosas ilhas e os barcos, construidos com Totora, planta que cresce no Titicaca. Mais outros poucos minutos e chegamos a primeira parada, onde um guia nos mostra detalhes da planta e da construção das ilhas, com encenações dos moradores e maquetes feitas de totora. Também exibem seus artesanatos aos turistas e nos levam para conhecer suas casas. Cada ilha possui um grupo de familias ocupando, com casas independentes. No final, insistem bastante para comprarmos seus artesanatos. Opcionalmente, pode-se comprar um passeio de barco de totora entre duas ilhas (s/ 8 por pessoa). Optamos pelo passeio, que não tem nada de especial, mas é legal para umas fotos. Além disso, havia três crianças dentro do barco, que colaram na gente, querendo ver as fotos.

Chegamos então em outra ilha, onde havia um patamar mais alto, semelhante a um observatório, dando vista para o "arquipelago" dos Uros. Após alguns minutos e outras fotos, seguimos de volta a Puno. A visita as ilhas é bacana, mas nada imperdível. Estando ali, vale a pena.

Chegando em Puno, resolvemos ficar pelo centro e conhecer melhor a cidade. O centro da cidade é até bem cuidado. Abrimos o guia criativo e buscamos alguns pontos turisticos: igrejas e praças, nada demais. A rua principal do centro é um calçadão restrito a pedestres, onde é possível encontrar diversos tipos de comércio. Já era hora do almoço e saimos em busca de um restaurante para comer. Depois de andar pelo calçadão e algumas ruas adjacentes, encontramos um restaurante (menu a s/ 7). Logo depois de almoçar, decidimos utilizar um transporte alternativo para voltar a rodoviária, o tuk tuk (s/ 2), que nada mais é que uma motocicleta cabinada, com duas rodas na parte de trás. Voltando a rodoviária, retiramos nossas bagagens, intactas, e trocamos o restante de nossos Soles por Bolivianos (s/ 80 por Bs 200). As 14:30 seguimos no onibus, margeando o lago, em direção a Copacabana.

Ao chegarmos a fronteira entre Peru e Bolivia, o onibus para em frente a um posto da policial peruana e todos desembarcam para se dirigir a imigração. Enquanto desciamos do onibus, fomos abordados por um policial peruano, que nos convidou a segui-lo até o posto da policia, alegando que queria fazer algumas perguntas. Ficamos surpresos e assustados com a atitude. Eramos os unicos brasileiros dentro do onibus. Seguimos para o posto, Renata ficou aguardando na primeira sala e fui com o guarda até uma segunda sala, onde o mesmo perguntou se eu falava espanhol. Respondi que não, mas que podia entender o que ele dizia. Ele pediu pra eu tirar tudo que estivesse no bolso: carteira, camera fotografica, passaporte e celular. Abriu minha carteira e viu que só tinha Bs 200 dentro. Afirmou que aquilo era muito pouco pra quem estava viajando a turismo e perguntou se eu tinha dolares. Respondi que sim, mas que não estavam comigo naquele momento. Pediu pra eu levantar a camisa, e em seguida me liberou. Chamou a Renata, solicitou também retornar tudo dos bolsos e logo em seguida a dispensou. Saimos querendo não entender, embora estivesse tudo claro: estavam atrás de dinheiro. O motorista do onibus, preocupado (e já conhecedor de outros eventos de extorsão), nos esperava de fora para orientar onde deveriamos nos apresentar para a imigração. Tivemos muita sorte, pois eu estava viajando com a doleira na cintura, mas pouco após sairmos de Puno, me senti incomodado e retirei a mesma, guardando na mochila. Quando desci do onibus, vi que ninguem ficaria e resolvi deixar a mesma na mochila mesmo. Isso evitou que parte do nosso dinheiro servisse a corrupção peruana. Parei para tirar uma foto na fronteira e o motorista me chamou a atenção, dizendo pra eu continuar andando. Passamos na imigração (eramos os ultimos da fila) e quando voltamos ao onibus, o motorista logo perguntou se tinham nos extorquido. Respondi que tentaram, mas não tiveram sucesso, e ele então revelou que é comum a perseguição aos brasileiros.

Ao partirmos, um homem entrou no onibus para oferecer um hotel em Copacabana. Pegamos o cartão, ainda sem saber onde ficariamos. Chegando em Copacabana, resolvemos conhecer o hotel oferecido, e acabamos decidindo ficar por lá. O preço era bom (Bs 200 para o casal, por duas noites), o quarto tinha vista frontal para o lago e para o local onde os barcos partiam para a Ilha. A cidade é pequena, então tudo é muito perto, e o comércio também estava bastante próximo. Trocamos alguns dolares em uma casa de cambio para as primeiras despesas na Bolivia (US$ 100 por Bs 680).

Saimos para comer com o tempo bastante encoberto e, assim que decidimos onde comeriamos, começou uma chuva de granizo, mas logo passou. Comemos a famos Truta do Titicaca e tomamos uma Paceña, cerveja famosa da Bolivia (Bs 53).

Também já verificamos sobre o onibus para La Paz, e decidimos que para a Ilha do Sol somente fariamos um dia de passeio, não permanecendo na mesma. Já compramos alguns petiscos para comer durante o passeio na Ilha, pois não sabiamos o que encontrariamos por lá (Bs 52).

Compramos o passeio de barco para a Ilha do Sol na própria recepção do hotel (Bs 30 por pessoa). A idéia inicial era descer no lado sul, fazer a trilha até o lado norte e então pegar o barco para retornar a Copacabana, e foi isso que a vendedora do passeio nos disse. Nossa primeira experiencia com as mentiras do povo boliviano estava por vir.

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01.04.2012

 

Acordamos cedo e descemos para o café da manhã, que apesar de simples foi suficiente. O tempo estava fechado e era possível avistar a chuva ao longo do lago Titicaca.

Como acordamos cedo, arrumamos a mochila, capas de chuva e lanches, e ainda antes da saida para a ilha, passeamos um pouco pela orla, seguindo para o porto perto do horario de saida. Surpresa a nossa quando, ao conversar com o barqueiro, descobrimos que o barco só iria até o lado sul (Yumani) da Ilha. Fato consumado, nos contentamos com ficar apenas por lá e não fazer a trilha que liga uma parte a outra. Como o tempo era curto, poderiamos também explorar melhor o sul.

Conformados, seguimos no barco pelo lago, embaixo de chuva, o que desanimou um pouco, pois não era possivel avistar as paisagens do caminho.

Depois de quase uma hora, atracamos na ilha, ainda com uma chuva persistente. Desembarcamos e, logo na chegada, conforme haviamos lido em relatos, a cobrança de "ingresso" pelos nativos ainda no pier (Bs 5 por pessoa). Após o pagamento, nos abrigamos um pouco e vestimos as capas de chuva para subir a escadaria que dá acesso a parte habitada. A escadaria é bastante longa e, estando um pouco acima dos 3600m de altitude, a subida é bastante exigente. Subimos de for modulada, parando para descanso e apreciar a paisagem, ainda bastante encoberta. Cerca de 30 minutos depois, chegamos ao topo e a chuva enfim mostrava sinais de diminuir. Logo a chuva passou e as capas de chuva puderam ser retiradas. Rodamos pela área habitada por um tempo, sem encontrar grandes atrações, mas com alguns pontos de ótimo visual. Decidimos então seguir em direção a ponta da ilha, pela crista, com visão dos dois lados. Tirando a chegada, quase não encontramos pessoas durante esse trajeto, apenas alguns pastores com ovelhas e lhamas.

Do alto, avistamos belas enseadas, o continente, que é bem proximo da ilha, e outras ilhas menores. Avistamos também algumas ruinas que ficavam as margens lago, então decidimos seguir até elas. Descemos vários terraços existentes na encosta, passando por lhamas e ovelhas que pastavam. Chegamos as ruinas, que ficam sobre uma lage de pedra, com um pier logo em frente, ótimo para fotos do lago. Nessa hora, o sol brilhava forte. Depois da visita e algumas fotos, seguimos subindo de volta para a area habitada. De lá, já descemos diretamente para o porto, pois o horario do barco se aproximava. Algumas crianças nadavam nas águas geladas do lago, muita animação. Em seguida, alguns turistas mais animados também deram alguns mergulhos.

O retorno foi ensolarado. O barco tinha uma boa área aberta, seguimos nela para fotografar e tomar sol. Uma parada no retorno nos estranhou um pouco: uma ilha flutuante, a distancia parecida com as ilhas de Uros, mas quando se aproxima nota-se grande diferença. A construção da ilha é bem mais artificial, dando a entender que existem outros meios de flutuação embaixo da Totora. Uma parada totalmente desnecessária, mesmo para quem não visitou Uros.

Chegando a cidade, fomos para o hotel, deixamos nossas coisas e seguimos para almoçar Pollo com Papas (Bs 58). Depois de satisfeitos, seguimos para a praça, onde compramos as passagens para La Paz (Bs 25 por pessoa), nosso destino do dia seguinte. Ainda seguimos para a catedral de Nossa Senhora de Copacabana. Uma coisa chama a atenção: a frente está oposta ao lago. Não encontrei uma explicação, pois normalmente as frentes de igrejas no litoral apontam para o mar.

Uma volta pela cidade, algumas compras de suprimentos e voltamos para o hotel, para descansar depois de um dia bem puxado.

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Riquíssimo seu relato, leo, parabéns!

Eu tenho vontade de fazer a trilha inca e as informações por vc passadas ajudam a minha convicção.

Um outro ponto que eu achei interessante é quando vc fala da abordagem policial diferenciada; também passei por situação similar e me solidarizo com vc, hehe. Escapuli de 3 tentativas e acho um absurdo, sobretudo por eu ser policial e ter aversão a corruptos.

Vou continuar acompanhando o tópico. Abs

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  • 3 meses depois...
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02.04.2012

 

Acordamos cedo e, como a viagem seria apenas as 13:30, resolvi subir os Cerros Santa Barbara e Calvário, de onde se tem uma ótima vista da cidade e do lago. Renata preferiu ficar e descansar, então segui sozinho para o café da manhã e para a subida. Poucas pessoas na rua, segui o caminho pelas ruas até o ponto em que a subida se inicia.

Evidentemente, o efeito da altitude limitava bastante minha velocidade de ascenção, e levei cerca de 20 minutos para subir. Mas valeu muito a pena essa subida, a vista é realmente espetacular. Foi possível avistar a parte sul da Ilha do Sol, a enseada da cidade com seus barcos, e diversos pontos de chuva no entorno do lago.

Depois de diversas fotos e contemplação, segui rumo abaixo do Calvário, desviando rapidamente para subir mais um pouco no Cerro Santa Barbara, e então de volta a cidade.

Novamente, poucas pessoas nas ruas. De volta ao hotel, já preparamos nossas bagagens e fomos dar uma volta pela cidade antes do check-out. Paramos em uma praça para ouvir, por um breve periodo, um discurso politico (parecia uma inauguração, não me recordo ao certo). Rodamos por outras ruas, fomos até a feira, onde compramos maiz tostado, uma versão gigante de pipoca doce normalmente vendida no Brasil. Durante parte do trajeto, um cachorro nos seguiu. Também aproveitamos para fazer um lanche, ao invés de almoço. Ai sim, voltamos ao hotel para o check out definitivo.

Saimos de Copacabana com destino a La Paz em um micro onibus, mais uma vez sem outros brasileiros. No caminho, o estreito de Tikina, em um dos braços do Titicaca, onde descemos do onibus, o qual atravessa em uma balsa, enquanto seguimos em pequenos barcos. O caminho é todo feito no altiplano. Atravessamos uma tempestade, e foi um grande susto quando um raio caiu muito proximo ao onibus, com um estrondo ensurdecedor. Chegamos em La Paz por El Alto, uma cidade na região metropolitana, que fica as margens da "cratera" onde a capital se localiza. A rodoviária não é tão ruim quanto imaginavamos, mas bastante movimentada, inclusive por mochileiros. Nossa primeira ação, ao chegar a rodoviária, foi procurar as empresas que fazem a viagem para Uyuni. Encontrei três, mas não nos passaram confiança. Sabiamos que havia uma empresa que faz o trecho, com um onibus mais confortavel e alimentação, bastante voltado para os turistas. Também pensamos em seguir até Oruro de onibus e depois continuar de trem. Deixamos para resolver isso até o dia seguinte. Tomamos um Taxi (Bs 10) para o hotel Torino. É relativamente perto e o transito não estava tão complicado naquele momento. Nos acomodamos no hotel, que tem uma boa relação custo x beneficio (Bs 140 para quarto com banheiro privativo), principalmente pela localização, bem ao lado da praça onde fica a sede do governo boliviano. Nesse dia já saimos para conhecer as redondezas.

Andamos pela calle Commercio, logo acima do hotel, onde há ambulantes e muito movimento. O nome da rua é bastante apropriado. Também fomos até a calle Sagarnaga, onde jantamos em um restaurante Cubano.

Mesmo a noite, em nenhum momento sentimos qualquer insegurança em La Paz. Voltamos então ao hotel, para um merecido descanso e preparação para o dia seguinte.

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