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Textos ecológicos


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Se a Terra Falasse...

 

Eu me chamo Terra. Tenho 4,6 bilhões de anos e abrigo centenas de milhares de seres vivos. Possuo muitas riquezas e inúmeros ecossistemas. Os oceanos cobrem cerca de dois terços de minha superfície e sei que sou o único Planeta do Sistema Solar que permite tanta vida. Sou envolvida pela atmosfera que chega a algumas centenas de quilômetros acima da minha crosta. Estou mudando constantemente desde que nasci.

Por exemplo, na Era Glacial estive coberta por uma grossa camada de gelo. Houve o tempo dos Dinossauros que dominavam grande parte de meu ambiente, e que devido a mudanças naturais bruscas, não resistiram e acabaram morrendo. Apesar de todas estas mudanças, sentia-me bem pois sabia que tudo fazia parte de um ciclo natural.

Muito tempo se passou e hoje em dia sinto-me fraca, muito fraca... Minhas florestas estão sendo destruídas por queimadas e desmatamentos, provocando inúmeras perdas de espécies animais e vegetais. Meus rios e oceanos estão sendo poluídos com lixo, dejetos e rejeitos de indústrias, e minha atmosfera está sendo danificada. O lixo acumulado demora para se decompor provocando feridas em minha crosta. Tudo está sendo destruído e só porque sou muito grande, apenas poucos acreditam que estou correndo perigo de vida, bem como todos os seres vivos que abrigo.

Os próprios humanos (responsáveis por todo esse caos) sofrem de inúmeras enfermidades causadas pelo desequilíbrio ecológico, contaminação das águas, poluição, e nem por isso tomam as providências necessárias para reverter esta situação.

Eu sou o seu Planeta, o seu paraíso, presente de Deus, que lhes oferece tudo o que é necessário. Preciso da sua ajuda e peço que cuidem bem de mim plantando, reciclando, despoluindo, para que possamos viver em harmonia novamente, para que muitos animais e plantas continuem vivendo e para que as condições de vida humana melhorem, antes que seja tarde demais...

 

Berenice Gehlen Adams

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Do Cacique ao Presidente (1855)

 

Esta carta foi escrita, em 1855, por um índio norte-americano, de nome Seattle, cacique da tribo Duwamish, para o então Presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce.

"O Grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O Grande Chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa da nossa amizade. Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O Grande Chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz, com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas - elas nuca empalidecem. Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho. O homem branco esquece a sua terra natal, quando, depois de morto vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos das campinas, o calor que emana do corpo de um mustang, o homem - todos pertencem à mesma família. Portanto quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, não. Porque esta terra é para nós sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendemos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar da água é a voz do pai de meu pai. Os rios são irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas cargas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão. Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mais sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mão - a terra, e seu irmão - o céu, como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante.

Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto: Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende. Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende. O barulho parece insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo o pinheiro. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem. O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe seu último suspiro. E se te vendermos a nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado coma fragrância das flores campestres.

Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: O homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que nós, os índios, matamos apenas para o sustento de nossa vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si. Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de teus pés são as cinzas de nossos antepassados. Para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios. De uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama de vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo que ele fizer à trama, a si próprio fará."

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Lágrimas de um Rio

 

Água tu que me banhas

E me dá vida,

Que encharca meu leito

Das várias vidas

Que abrigo

Hoje já não vivo

Antes navegado

Agora recebo químicas

Que dissipa meu oxigênio

Vejam minhas lágrimas

Embaladas nas correntes

Sem vida que levo

Tu choras por me ver morrer

Quando mais preciso de você

Permitiu que minhas águas

Fossem completamente poluídas

O progresso velou minha existência

Tua poluição, consumiu minhas águas

E você calou-se quando

Viu-me entregue ao descaso

Pela sua negligência

E falta de amor

A vida que em mim fluía

Deixou de existir

Tornou-se conivente

Da minha dolorosa morte

Eu nasci belo

E por séculos te sustentei

Mas tu ser humano

Tirou de mim o sustento

E não grato pela minha ação

Tirou-me a vida.

 

Alexandre Magno

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Valeu, Xaliba, e aí vai mais um:

 

A PROFECIA

Caraíbas têm cabeça oca. Deviam ter aprendido muitas lições com o povo filho da terra mas não souberam enxergar, nem ouvir, nem sentir. E sofrerão por isso.

Dias virá em que ficarão com sede, muita sede, e não terão água pra beber: os rios e lagoas e valos e regatos e até a água da chuva estarão sujos e pobres. E chorarão. E continua-rão com sede porque a água do choro é salgada e amarga...

O tempo da fome também virá. E a terra estará seca, o chão duro. As sementes do milho e a mandioca não mais nascerão verdes. A caça e o peixe também terão fugido ou morrido. E a fome apertará o estômago do caraíba e ele não poderá comer nem sua riqueza, nem sua terra nua e estéril.

Os dias serão sempre mais quentes. E quando o caraíba procurar uma sombra como abrigo, descobrirá que a terra não tem mais árvores.

As noites serão escuras e frias. Sem lua, sem estrelas. E sem fogueiras quentes.

E o caraíba, o homem-branco, chorará. E quando acordar de sua imensa estupidez será tarde, muito tarde.

Eu, Tamãi, o velho pajé, falei.

(Werner Zotz)

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IMAGEM DO DESERTO

Aqui não há mais pássaros.

Todos foram embora,

em busca de novas florestas

para reconstruir seus ninhos.

Aqui não há mais chuvas.

Na terra gretada a fome avança

como um arado enferrujado.

No leito do rio seco os seixos resplandecem

entre cobras sonolentas.

E dos caibros dos galpões pendem pucumãs.

Aqui não há mais pássaros nem peixes.

Os defuntos são enterrados sem flores.

E nossos corações também secaram.

Não temos mais amor.

Ao anoitecer nossas sombras

deixam de rastejar

no chão duro que cega as enxadas

e olhamos com rancor o céu estrelado.

Mas fomos nós que derrubamos as florestas

e secamos o rio.

Este deserto já foi nosso reino.

(Lêdo Ivo)

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CAMINHEIRO

Caminheiro das estradas do mundo,

não turves a água da fonte

onde teus irmãos vão beber...

Não arranques das árvores

os frutos que sobram de tua fome...

Não poluas o ar

de que teus pulmões não precisam...

Não pises as flores

que teus olhos não podem ver...

(...)

Não roubes o amor dos que amam,

nem o sono dos que dormem,

nem queiras para ti,

Caminheiro das estradas do mundo,

o pão dos teus irmãos,

o suor dos teus irmãos,

a alegria dos teus irmãos...

(Renato Castelo Branco)

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O PÁSSARO CATIVO

Armas, num galho de árvore, o alçapão;

E, em breve, uma avezinha descuidade,

Batendo as asas cai na escravidão.

Dás-lhe, então, por esplêndida morada,

A gaiola dourada;

Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo:

Por que é que, tendo tudo, há de ficar

O passarinho mudo,

Arrepiado e triste, sem cantar?

É que, criança, os pássaros não falam.

Só gorjeando a sua dor exalam,

Sem que os homens os possam entender;

Se os pássaros falassem,

Talves os teus ouvidos escutassem

Este cativo pássaro dizer:

"Não quero o teu alpiste!

Gosto mais do alimento que procuro

Na mata livre em que voar me viste;

Tenho água fresca num recanto escuro

Da selva em que nasci;

Da mata entre os verdores

Tenho frutos e flores

Sem precisar de ti!

Não quero a tua esplêndida gaiola!

Pois nenhuma riqueza me consola

De haver perdido aquilo que perdi...

Prefiro o ninho humilde, construído

De folhas secas, plácido, e escondido

Entre os galhos das árvores amigas...

Solta-me ao vento e ao sol!

Com que direito à escravidão me obrigas?

Quero saudar as pompas do arrebol!

Quero, ao cair da tarde,

Entoar minhas tristíssimas cantigas!

Por que me prender? Solta-me covarde!

Deus me deu por gaiola a imensidade:

Não me roubes a minha liberdade...

Quero voar! voar!..."

Estas coisas o pássaro diria,

Se pudesse falar.

E a tua alma, criança, tremeria,

Vendo tanta aflição!

E a tua mão, tremendo, lhe abriria

A porta da prisão...

(Olavo Bilac)

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