Ir para conteúdo

USO do SISTEMA de CAMADAS


peter tofte

Posts Recomendados

  • Membros de Honra

USO de ROUPA TÉCNICAS para FRIO

 

Já temos bons tópicos de roupas para frio. Mas observo nas trilhas que algumas pessoas têm dificuldade no seu uso, especialmente no gerenciamento do sistema de três camadas. A prática vai levar a aproveitar bem a roupa. O que aprendi foi na base da tentativa e erro.

 

Costumo usar a seguinte combinação de roupas em climas frios (Patagônia e Ártico no Verão e Andes Centrais no inverno). Não são para frio extremo (vários graus abaixo de zero). Eu sou frioento.

 

No tronco:

 

Primeira pele: sintética, por baixo de tudo. Sempre usando ela.

Agasalho: fleece, polartec, podendo ou não usá-lo dependendo da temperatura do ambiente e da corporal.

Abrigo: corta-vento e impermeável. Na verdade tenho dois, um de Gore-tex, para chuva e vento fortes e outro levíssimo, corta-vento e para chuviscos fracos. Este último eu utilizo apenas quando o tempo está bom, mas tem um vento frio não muito forte. Ele é pouco impermeável, assim não o uso em chuva grossa.

 

Um agasalho de pluma (duvet /down). Apenas emprego no acampamento. Não visto na caminhada porque é muito quente!

Um agasalho de lã merino (normalmente uso apenas para dormir). Mas o fato de ter dois agasalhos torna meu sistema mais flexível do que se tivesse apenas um muito espesso e quente.

 

Nas pernas:

 

Calça convertível em bermuda, de supplex

Calça impermeável Precip da Marmot, com zíper apenas na altura do tornozelo.

Calça underwear de lã merino (apenas para dormir).

 

Para a cabeça (imprescindível):

 

Chapéu: dois, um gorro ou boné para frio/chuva, impermeável e forrado com fleece e um tipo australiano, para tempo bom, para proteger do sol e ventos fracos. Este último às vezes substituo por um boné legionário de supplex.

 

Acessórios;

 

Neck gaiter para o pescoço, com um tecido Wind Stopper.

Luvas de polartec, com reforço nas partes que tocam no bastão de trekking.

 

A relação acima pode parecer exagerada. É claro que se a previsão de tempo for boa e a mínima temperatura histórica para o local que vai trilhar não é muito baixa podemos adaptar o enxoval as necessidades! Mas repare que em alguns lugares o tempo muda rapidamente e radicalmente. A Patagônia é um deles!

 

1º ERRO - Usar as Três camadas sem necessidade

 

Vejo gente levantar acampamento e partir logo usando as três camadas, apenas para parar 10 – 15 minutos depois porque estão extremamente aquecidos e suados. Uma coisa é ficar parado, outra é mover-se, gerando calor.

 

O agasalho e abrigo de chuva são as últimas coisas que devemos guardar na mochila ao sair do acampamento. Elas ficarão a mão (mais fácil acesso) dentro da mochila se deixarmos para guardar por último. E impedem que esfriemos enquanto desarmamos o acampamento e ainda não estamos caminhando.

 

Costumo iniciar a caminhada apenas com a primeira pele se não estiver muito frio. Podemos até começar a andar sentindo um pouco de frio, mas logo passará. Se estiver demasiado vestido, iremos suar. Assim prefiro este frio inicial. Repare que se estiver muito frio e chovendo, lógico que devemos começar e manter o agasalho e o abrigo.

 

Ao iniciar uma subida vamos desprender mais calor devido ao esforço extra. Se estiver agasalhado, provavelmente é uma boa hora para tirar o agasalho ou o abrigo ou ambos.

 

Normalmente uso apenas a calça de supplex. Geralmente não sentimos frio nas pernas. Visto a calça impermeável apenas com chuva forte ou tempo gelado.

 

Ao entardecer, barraca armada, já fazendo frio. Usando todas as camadas e gorro. Quebrada de Matienzo, Mendoza.

 

DSC02504.JPG.debb341c70130e3d90e7646baa6c306c.JPG

 

De dia, ao amanhecer. Já não preciso da calça (convertida em bermuda). Mas na sombra das montanhas ainda faz frio (a água neste trecho ainda está congelada). Por isto ainda uso agasalho e o abrigo. Quebrada de Matienzo, Mendoza.

 

DSC02541.JPG.c4e4fce55529afda1119f8e0e55f79d5.JPG

 

2º ERRO – não fazer os ajustes de ventilação durante o esforço.

 

Às vezes não é necessário tirar o agasalho e o abrigo, apenas ajustar a ventilação.

 

Um bom abrigo tem zíperes e velcros em pontos estratégicos. Antes de decidir tirar o vestuário (sempre é um processo mais demorado, exigindo parar a caminhada) é melhor tentar regular a ventilação.

 

Costumo abrir o zíper frontal e subaxilar do abrigo de Gore-tex na hora que começo a sentir calor. Mesmo um tecido técnico respirável tem um limite. Não confie plenamente na eficiência deles para tirar e mandar embora o vapor/calor de seu corpo. Na verdade eles não são muito eficientes (talvez apenas o e-Vent, caríssimo, nunca usei, mas é bem elogiado). Abra também os velcros do punho do abrigo. Folgue o elástico na cintura do abrigo, se houver este ajuste.

 

O anorak tem um grande defeito: não tem um zíper frontal que possa ser aberto para ajudar na ventilação.

 

Também tiro o capuz da cabeça, porque diminui a saída de ar quente através do pescoço. Se estiver chovendo uso apenas o gorro. Acho que o capuz também incomoda e permite menos visão e movimentos com a cabeça. Mas se estiver muito frio e chovendo forte o capuz é extremamente útil.

 

Abro também o zíper do agasalho e da primeira pele, se houver.

 

Se sentir que está confortável, deixando de suar, sem frio, atingimos uma boa regulação da temperatura. Como o esforço e a temperatura externa varia durante a trilha, volta e meia devemos fazer nova regulagem. Ao chegar no topo de uma elevação normalmente é necessário repor o agasalho e o abrigo ou fechar os zíperes e velcros. O mesmo se dá durante uma descida ou andando na crista ou numa elevação exposta ao vento. Com muito esforço não tem jeito: é tirar o abrigo ou o agasalho ou ambos.

 

3º ERRO – não usar os acessórios quando necessário

 

Com vento frio costumo usar um neck gaiter, pois considero o pescoço uma área crítica (acho que minhas gripes e inflamações na garganta começam por uma exposição prolongada da garganta ao frio). Mas é uma das primeiras coisas que tiro e guardo ao iniciar uma subida. Boto no bolso da calça ou do abrigo, pois é pequeno.

 

Luvas: quando temos um vento frio e forte vale a pena calça-las. Costumo de vez em quando fechar o punho, tocando a ponta dos dedos na palma da mão, para sentir o frio na ponta dos dedos. Se a ponta estiver gelada, passou da hora de botar as luvas! É preciso muito cuidado porque, ao menos comigo, se não checar de vez em quando não sinto que minha mão está congelando. Outro sintoma é ver seus dedos azuis. Aí o negócio está feio.

 

4º ERRO - não usar o chapéu

 

Muito poucas vezes eu tiro o chapéu da cabeça. Se tiro é apenas para trocar pelo outro (o boné/gorro de frio/impermeável pelo chapéu australiano para sol e temperaturas amenas. Ou vice-versa). A cabeça é muito importante e é o ponto do corpo que mais dissipa calor, sendo importante protege-lo para evitar uma perda demasiada de calor. Mas, pela mesma razão, costumo tirar o chapéu da cabeça numa subida íngreme porque senão a nuca e os cabelos ficarão empapados de suor. O chapéu fica na minha mão porque logo que paro ou atinjo o topo volto a colocá-lo.

 

AO DORMIR;

 

Deixe as roupas de frio ao lado do saco de dormir. Eu observo que ao entrar no saco preciso tirar os agasalhos porque senão sinto calor. Mas à medida que passa a noite, a temperatura exterior e do corpo esfriam (acho que o corpo esfria após a digestão da janta e a conseqüente diminuição do metabolismo). Assim, às vezes, o saco de pluma não dá conta e preciso vestir algo.

 

Fiquem a vontade para contribuir no tópico ou corrigir algo.

 

Abraços, Peter

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Silnei unlocked this tópico

Arquivado

Este tópico foi arquivado e está fechado para novas respostas.

×
×
  • Criar Novo...