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Mochilão Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro.


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E aí galera, vim relatar à vocês sobre essa alucinante mochilada que fiz por dois meses. Depois de viver por 5 anos em Manaus resolvi me mudar para Florianópolis e fazer um mochilão pela viajem. Passando um pouco rápido por alguns lugares, saindo de Manaus/AM contornando a costa até Ilha Grande/RJ. Depois fui para o interior de São Paulo na casa de parentes e amigos, Minas Gerais e hoje estou aqui, em Florianópolis.

Quero salientar que estarei expondo minhas opiniões em relação ao que pude perceber de cada local, procurei fazer uma viajem bem alternativa, com sérias restrições orçamentárias, evitando as grandes metrópoles tumultuadas. Não fiz nenhum roteiro, saí ao vento e pegando dicas de lugares legais com as pessoas que conhecia pelo caminho.

A saída foi do porto de Manaus com destino à Santarém, fim de janeiro, R$60 conto a passagem, no local das redes. Vale a pena dormir na rede, o camarote custa quase 3 vezes mais e normalmente você terá que dividir com mais alguém.

O esquema das redes é você chegar bem antes do horário de partida do barco para pegar um bom lugar (no andar de cima, longe do barulho do motor). Você arma a rede lá e já era, pode sair pra dar um rolê pelo centro de Manaus enquanto não dá a hora de saída do barco. Rola uns boatos de furto das coisas no barco, eu mesmo fiquei meio cabrêro antes da viajem, mas é só ter cuidado com suas coisas. Não deixar celular, câmera, essas coisas soltas dando sôpa e sair de perto. São dois dias de viajem até Santarém e durante o trajeto o barco para em diversas cidadezinhas onde entram e saem pessoas, nessas paradas é aconselhável você ir para perto das suas coisas, depois que o barco sair pode ficar sussa e ir lá pro "terraço" contemplar a natureza exuberante do Rio Amazonas, é coisa de loko viw, bonito demais. Em dois dias acontecem muitas coisas, você conhece muita gente, gente simples, gente sofrida, gente engraçada, uma cultura singular dessa região, é uma boa experiência de vida. A comida é cobrada à parte, normalmente o café da manhã custa cerca de R$5, almoço e janta R$7.

Chegando em Santarém peguei um taxi do porto até o ponto de ônibus que vai para Alter do Chão, R$5 conto. Paguei pq tava carregando uma mochilona bem pesada, 29kg (roupas, panela, fogareiro, 5 cartuchos de gás, colher de pau, coador de café, rede, barraca, saco de dormir, e outras coisitas más) senão até rolava ir a pé. O busão pra Alter do Chão passa de 1 em 1 hora (ou mais ou menos por aí), a passagem não custa mais que R$3 pila. Alter do Chão, conhecida como o Caribe da Amazônia, cidadezinha pequena banhada pelas águas claras do Rio Tapajós, parece cidade de litoral. Para hospedagem barata tem algumas opções: Albergue da Floresta (R$15 pra armar a rede ou barraca) e Pousada Por-do-Sol (R$10 pra armar a rede) e tem mais outros lugares que não tive paciência de procurar. Fiquei na Pousada Por-do-Sol, paguei uma diária de R$10 pra armar a rede, local coberto, com banheiro, cozinha, geladeira e fogão, de frente pra praia. A praia mais bonita fica do outro lado do rio (tão grande que parece mar). Têm uns tiuzinhos lá que te atravessam, R$3 reais o barco, se vc arrumar mais duas pessoas cada um paga R$1, ouuuu, você pode atravessar nadando, mas só se souber nadar, nadar bem! Eu fui numa dessa e quase morri afogado, cheguei bem cansado do outro lado. Na época de baixa do rio se atravessa caminhando com água no joelho, a variação do nível das águas dos rios na região amazônica é extraordinária. Só mais uma dica, nas águas do Rio Tapajós existem arraias, criaturas dóceis e inofensivas, desde que você não pise em cima delas! Se for caminhar pelo rio tome cuidado, preste atenção e caminhe arrastando os pés. Além das praias tem a trilha até o Morro do Picão. Vale a pena ir, a caminhada dura uns 40 minutos pela mata e lá de cima pode-se visualizar toda a região. Fiquei por uns 10 dias em Alter do Chão depois por R$90 fui de barco até Belém/PA, mais 3 dias navegando pelo maior rio do mundo, viajem bem tranqüila. É comum durante a viajem presenciar os nativos atracando suas canoas no barco (em movimento!) para venderem frutas, coco gelado, açaí, palmito, castanhas, etc. Aconselho a não comprarem o açaí, pois não se sabe se a água que usam para dissolvê-lo é potável, e uma caganeira durante a viajem seria algo bem desagradável. Chegando perto de Belém o barco passa pela Baía do Rio Amazonas, é muita água, não se pode ver as margens do rio, tem-se a sensação que está navegando pelo mar, com águas calmas e barrentas. Pouco antes de Belém o barco passa pelo estreito de Breves, o rio começa a estreitar e a paisagem muda completamente. Durante a passagem pelo estreito de Breves muitas mulheres e crianças nativas vêm com canoas remando para perto do barco e os passageiros jogam sacolas com comidas, roupas, brinquedos, etc.

Chegando no porto de Belém paguei R$5 para ir de Kombi-lotação até a rodoviária, único lugar que conheci, não quis ficar muito tempo por lá. Muitas pessoas me alertaram que se for andar por Belém ter muita cautela, assaltos nas ruas são normais. Da rodoviária peguei o busão até São Luis/MA por R$115 e cerca de 10 horas de viajem.

São Luis é uma cidade diferenciada pela arquitetura local, as casas são antigas e interessantemente revestidas externamente com cerâmicas estampadas. Como qualquer metrópole do norte e nordeste, as ruas são sujas, cheiro forte de urina por todo canto e é comum nas ruas mais estreitas você encontrar fezes humanas, (isso mesmo, cocô de gente). Existem grandes centros culturais para se visitar como praças, museus, etc.. mas eu preferi partir outra vez, por R$20 peguei uma Van e fui para Barreirinhas, cidadezinha pequena por onde se partem para as dunas dos Lençóis Maranhenses. Em Barreirinhas passei a noite numa pousada (Pousada Ladeira), R$20 com café da manhã caprichado, depois no dia seguinte peguei um barco de linha que sai normalmente às 8 da manhã, por R$8 com destino à Atins. O caminho é lindo, passa por grandes dunas na beira do Rio Preguiça, Vassouras, Mandacaru e enfim Atins.

Atins é um pequeno vilarejo construído no meio das dunas onde parece que o tempo parou. Muitas casas feitas de pau-a-pique, telhado de palha e água de poço. No barco conheci o Zé Arteiro, um morador de lá, pescador, guia turístico, figurassa muito humilde e boa gente. Perguntou-me se eu estava à procura de pousada, eu disse que procurava um camping, e como por lá ainda não existe camping, ele me ofereceu o quintal de sua casa para acampar (de grátis) e por lá mesmo eu armei minha barraca. Em Atins violência é uma palavra que eles não conhecem, não tem nem delegacia. As pessoas são muito carismáticas e o lugar é lindo. Fiquei uns dias por lá, e por R$20 fui com o Zé fazer umas trilhas pelas dunas e vilarejos. O passeio durou o dia todo e valeu muito a pena.

De Atins parti para Caburé, pequeno vilarejo nas dunas com poucos habitantes, a maioria das construções são pousadas. De um lado o Rio Preguiça, no meio as dunas, e do outro lado o mar, lugar fascinante. As pousadas são caras (ao menos para meu orçamento), e também não há camping por lá. Existem muitas casinhas de pescadores onde pode-se conversar e pedir para armar a barraca ou rede. Conheci Juan, um artesão El Salvadoreño que tem uma casa muito legal onde me ofereceu um espaço para armar minha rede e ficar por lá.

Para sair do Caburé ou você volta para Barreirinhas de barco, ou então vai de 4x4 pela praia para outras cidades. Normalmente cobram de R$150 a R$300 para te levarem de 4x4 até o Ceará. Eu estava com sorte, consegui uma carona até Parnaíba/PI, e ajudei com gastos do combustível, R$40.

De Parnaíba/PI consegui uma carona no posto de gasolina com um ônibus de excursão até Camocim/CE. Galera jovem, juntaram uma turma e alugaram o ônibus e uma casa para passarem o carnaval por lá. Chegamos de noite em Camocim, e me ofereceram para passar a noite com eles na casa, foi bem divertido, todo mundo bêbado e feliz. No dia seguinte fui procurar condução para ir até Jericoacoara/CE. Não existe ônibus de linha, somente os buggys e uma Toyota que leva até 12 pessoas. A Toyota não tem horário certo de partida e custa cerca de R$35, os buggys custam cerca de R$80 a R$100 por pessoa. Depois de tentar muita carona conheci um bugueiro loko lá com um nome esquisito, ele ia vender roupas pelas comunidades e ofereceu pra me levar por R$40. Por R$5 a mais que a Toyota (que estava demorando a chegar), fui com ele e aproveitei para dar um role pelos pequenos vilarejos escondidos nas dunas. Paisagem muito bonita.

Bem vindo a Vila de Jericoacoara! É o que diz a placa na entrada da cidade, em frente ao estacionamento. Não entra carro dentro da vila, eles vêm com uma caminhonete e te levam pra lá. Um pequeno vilarejo à beira mar, cercado pelas dunas e com lindas praias. A mais famosa é a Pedra Furada, vale a pena a caminhada de 20 minutos. Para visitar as praias de Jericoacoara só se vai caminhando e são todas perto. Outro lugar bonito para se conhecer é a Lagoa do Paraíso, uma lagoa com águas cristalinas que fica no meio das dunas. Gastei cerca de 1 hora e meia de caminhada de Jericoacoara até a Lagoa do Paraíso, ou então rola ir de buggy, eles cobram cerca de R$30 para te levar até lá. Depois de pechinchar vários campings, encontrei o Camping do Natureza. Natureza é o maluco que toma conta do Camping, ele é jardineiro, ex-viciado em crack e evangélico, um cara super gente fina e trabalhador, não para um segundo, está sempre cuidando do jardim. O camping é muito bem cuidado, tem dois banheiros que estão sempre limpos, cozinha, fogão, geladeira, árvores, coqueiros e um jardim muito loko. Diária de R$8, a mais barata que paguei por toda a viajem.

Fiquei por uns dias em Jeri depois parti com destino à Canoa Quebrada/CE. Em Jeri existe uma pousada chamada Pousada Norte, lá paguei R$38 e tomei um ônibus até Fortaleza/CE, cerca de 10 horas de viajem. Direto da rodoviária de Fortaleza sai o busão para Canoa Quebrada por cerca de R$17 (Viação São Benedito). Canoa Quebrada é bem menos que tudo aquilo que todos falam e em época de temporada as diárias são caras, paguei diária de R$20 para ficar em um camping. O lugar é bonito, mas se resume em uma praia com falésias à beira-mar, um parque de geradores eólicos (plantação de cata-ventos gigantes), e a duna do pôr do sol, onde todos vão pra lá ver o sol se pôr. Ah, tem também a Broadway, a rua principal do centro com barzinhos, restaurantes e lojinhas com coisas caras de marca para a alegria da playboyzaiada. Pra quem procura lugares badalados é um bom lugar.

De Canoa Quebrada dei um pulo grande, mais umas 12 horas de viajem e R$120 de passagem, partindo da rodoviária de Aracati/CE, fui direto para Porto de Galinhas/PE. Porto de Galinhas sem dúvida está entre as mais belas praias do Brasil, e deve ser uma das mais caras também hehe. Chegando lá fui para Maracaípe, fica ao lado de Porto de Galinhas, cerca de 30 minutos de caminhada pela praia. Em Maracaípe fiquei no Camping da Alzira, diária de R$15, em frente a praia, com banheiros masculino e feminino, cozinha, fogão e geladeira. Dona Alzira é a senhora dona do camping, gente finíssima também, tem pinta de brava, mas é um amor de pessoa. Além das lindas piscinas naturais da praia de Porto de Galinhas, recomendo a caminhada até o Pontal de Maracaípe. Outro lugar loko é a praia do Muro Alto, tem um arrecife gigante, que é melhor visto no horário em que a maré estiver baixa. Para se chegar até lá são umas 2 horas de caminhada pela praia (partindo de Porto de Galinhas), ou então rola pagar um bugueiro para te levar, nem imagino quanto custa. Com sorte, consegui uma carona de carro com um casal de Minas Gerais e fui na faixa. No dia seguinte, aproveitando a companhia dos novos amigos, fomos fazer um passeio turístico, desses pagos, meu primeiro e único de toda a viajem. Por R$25 fomos para um passeio de catamarã até a Praia dos Carneiros. Compramos um pacotão de pão de forma, apresuntado, mussarela, cocão de 2lts, e vumbora sô! O mais divertido de fazer esses passeios caros é ver a cara dos turistas acreditando e fazendo tudo o que o guia turístico fala, como por exemplo, se encherem de lama fedida acreditando ser afrodisíaca. Valeu a pena o passeio, todo o caminho e toda a praia são lindos demais.

Depois de um monte de dias em Porto de Galinhas, Maracaípe e arredores, decidi dar uma esticada na viajem, a saudade da família tava apertando, já se fazia alguns anos que não nos víamos. Resolvi partir para o sul da Bahia. Esse trajeto não me lembro pra onde nem quanto paguei, fui pingando de kombi, van, taxi, até chegar em Maceió/AL. Taxi ali naquela região é barato, pois eles utilizam GNV como combustível e sai bem mais em conta. Passei por Maragogi/AL, outro lugar lindo de se ver, mas não parei muito tempo por lá, queria chegar até rodoviária antes de anoitecer. Chegando na rodoviária de Maceió uma surpresa, não existia busão direto pro sul da Bahia, depois de passar por vários guichês de companhias o vendedor da Itapemirim me disse que se eu fosse para um posto que existe na beira da BR-nãoseioque, rola um busão que passa lá que vai até Eunápolis/BA, cidade próxima a Trancoso/BA. Esse trajeto foi divertido, seguindo as instruções do vendedor, com uma mochila enorme pesando 29kg peguei um busão circular lotado na rodoviária até um ponto perto de um supermercado, e lá peguei outra van lotada até esse tal posto. Bom, isso já era umas 8 da noite, o busão passaria lá pelas 23:30 e teria que confirmar se ia ter uma vaga para mim. Estava bem cansado naquele dia, e depois de esperar um monte de tempo chegou o tal ônibus, por sorte tinha vaga para mim. R$130 de passagem, 23 horas de viajem. É longe viw, e quanta gente maluca se conhece nessas viajens... Chegando em Eunápolis tive que descer na rodovia, o ônibus não podia entrar na cidade. Fui até um ponto de mototaxi e por R$4 ele me levou para a rodoviária da cidade. Cheguei na rodoviária umas 22h e ônibus para Trancoso somente no dia seguinte. Consegui uma pousadinha atrás da rodoviária por R$15 para passar a noite. No dia seguinte acordei cedo e fui caminhando até o centro de Eunápolis pegar uma grana no banco. Ali eu comi a melhor coxinha de frango com catupiry do mundo! Depois retornando para rodoviária peguei o busão até Trancoso, R$15, 2 horas de viajem.

Trancoso é uma cidadezinha pequena muito legal e bem aconchegante. As casinhas coloridas do “Quadrado” são umas das principais atrações do local, ali não se vê o tempo passar. Em Trancoso me hospedei na Pousada e Camping Cuba, o mais barato que encontrei. Um estilo bem alternativo, local arborizado, área coberta para camping, vários quartos para casal na faixa de R$30 a R$40, dependendo da época. Eu fiquei acampado e paguei diária de R$15. Lá também tem um barzinho bem legal, com som, mesa de ping-pong, cozinha, geladeira, fogão, banheiros, e também área para atar rede. Dependendo do humor do Aloísio, o dono, ele dá umas boas dicas sobre passeios alternativos para fazer. Seguindo as dicas dele, aluguei uma bike, R$10, e fui pela praia até Arraial d’Ajuda, umas 3 horas de pedalada parando para desfrutar das belas praias. Se for fazer passeio de bike não se esqueça de verificar a situação da maré (horário de cheia, influência da lua), pois só rola pedalar na praia com a maré baixa, pois com maré alta a água invade a praia e só sobra a parte com areia fofa, daí não rola pedal. Arraial d’Ajuda também é bem legal, mais badalada que Trancoso, e maior concentração de turistas, playboys e cocotas hehe. A volta é mais sossegada, se pedala à favor do vento (se não tiver rolando vento sul). Se não quiser ir de bike dá pra ir a pé e depois voltar de busão, o caminho pela praia é sem duvida muito mais bonito que qualquer estrada.

Depois de alguns dias em Trancoso, seguindo mais uma dica do amigo Aloísio, aluguei outra bike e fui encarar uma pedalada à beira mar até Caraíva. Essa caminhada foi meio foda, maré alta, difícil pedalar, caminhei a maior parte do caminho. Saí às 8 da manhã de Trancoso, enchi a mochila com frutas, legumes cozidos, água e o essencial para não levar muito peso, fui chegar em Caraíva quase 7 da noite. Valeu a pena? Claro, é longe, mas foi um dos trajetos mais lokos que fiz, inesquecível. Cada praia mais linda que a outra, e a maioria deserta, até caminhei pelado pra dar uma homogeneizada nas bi-cores que estavam nas minhas pernas de tanto caminhar de short. Se passa uma praia depois da outra, é difícil julgar qual a mais bonita, mas sem dúvida as praias Dos Namorados e Praia do Espelho ficam marcadas na memória, não é atoa que são consideradas umas dais mais bonitas do país. Faltando pouco antes de chegar em Caraíva tem uma parte que não dá para ir pela praia, tem que subir pelas falésias para atravessar um abismo, tem uma placa, quase imperceptível indicando Caraíva ->, foi nessa parte que eu não vi a placa, estava distraído vendo as tartarugas marinhas no mar, e acabei passando reto e fui sair na beira do buraco. Se passar, é só voltar e tá tudo beleza! Subindo o caminho sobre as falésias que consegui pedalar um pouco e chegando lá em cima do precipício se encontra o prêmio pela caminhada, emocionante, dá pra ver toda a praia lá embaixo com as águas coloridas que não se misturam, branco (por causa do barro branco das falésias), vermelho escuro (água que desemboca do rio) e o azul do mar. Coisa de loko o visual! Depois descendo as falésias, caminhando mais um pouco pelas praias, chega Caraíva, até que enfim! Estava exausto, porém muito satisfeito. Se tivesse ido de busão não teria desfrutado da paisagem maravilhosa do caminho. Caraíva fica do outro lado do rio, existe uma associação de moradores que cobra R$4 para atravessar, mais uma vez com sorte, consegui carona na faixa com uma família que foi buscar água, ajudei a carregar os galões e atravessamos todos juntos na pequena canoinha lotada, numa dessa quase perco a bike alugada. Chegando do outro lado do rio de águas negras, fui procurar um camping, tem uns 3 ou 4 campings por lá, fiquei no Camping do Carlito, simpatia de pessoa, um carioca de Itaipava que vive há mais de 20 anos ali, muito querido por todos. Depois da longa caminhada, foi o melhor banho quente que tomei por toda a viajem. A diária do camping tava R$10, mas como eu tinha deixado a barraca em Trancoso para não carregar muito peso, só tinha o saco de dormir para deitar, me dei o luxo e paguei R$20 em um quartinho super confortável com uma cama gigante e macia só pra mim. Mas que lugarzinho bacana, pequeno vilarejo à beira do rio de um lado e mar do outro, pessoas hospitaleiras, bares e restaurantes aceitam cartões de crédito, casinhas coloridas com traços históricos, e a tranqüilidade sempre presente em todos os lugares. Tem turista o ano todo, mas dizem que nas épocas de férias é mais movimentado, mas mesmo assim é sempre tranquilo. No dia seguinte peguei a bike e fui pedalando até a aldeia indígena dos Pataxós, fica a uns 5km dali. Os índios estão modernizados, luz elétrica, antenas parabólicas e são todos muito simpáticos e prestativos. Na volta para Trancoso fui de busão, R$4 para atravessar o rio, mais R$10 do busão, tive que pagar (chorando) mais R$5 para por a bike no bagageiro e 2 horas de busão pela estrada. Passei mais uns dias em Trancoso, depois resolvi partir para Ilha Grande/RJ.

Busão de Trancoso até a balsa de Porto Seguro/BA (R$12). Depois de atravessar a balsa, mais R$2,5 de busão circular até a rodoviária. Chegando na rodoviária de Porto Seguro, peguei outro busão até o Rio de Janeiro, R$180, e mais umas 10 horas de viajem. Chegando à rodoviária do Rio, peguei outro busão (R$17) até Angra dos Reis, onde sai o barco para Ilha Grande. Cheguei atrasado na rodoviária, tive que correr até o cais, com a mochila pesadona nas costas, antes da saída do último catamarã. R$25!! Pooota facada atravessada, mas é só o começo. Em Ilha Grande a maioria das coisas são bem caras. Toda a infra-estrutura da ilha se concentra na vila do Abraão, pousadas, hotéis, restaurantes, mercados, farmácia, sorveteria, etc. Não tem caixa eletrônico, e a internet lenta a R$12/hora, isso mesmo, 12 pila uma hora de internet, e os dados vão navegando à remo. Porém, o visual do lugar não permite que você se revolte, foi outro lugar que marcou a viajem, é tudo lindo demais, parece filme, e faz jus ao nome, a ilha é grande mesmo.

Em compensação ao preço, achei um camping bem bacana por R$10 a diária, Camping do Bicão. Bem localizado, banheiros masculino e feminino, chuveiro quente, cozinha com fogão, geladeira e uma galerinha gente boa. Como a ilha é bem grande, é difícil conhecer todos os lugares sozinho, tem muitas praias que só se chega de barco, e os passeios turísticos lá são caros. Conheci duas argentinas, Nana e Paula, e fomos juntos fazer a trilha para a famosa praia de Lopes Mendes. A trilha leva cerca de 3 horas, caminhando tranquilamente, se deslumbrando com a paisagem e tomando água de cachoeira para se refrescar. Coisa de loko a chegada em Lopes Mendes, é linda demais. Praia grande, águas claras, areia branca e fina, que quando a gente pisa, ela canta. Ficamos tão encantados com a paisagem que nos esquecemos do horário para voltar. A noite caiu, e com uma lanterna de celular decidimos voltar pela trilha no escuro mesmo, até que o tempo fechou feio, e começou a cair uma chuva tremenda. Conseguimos um camping numa prainha deserta para passar a noite, que a propósito saiu bem caro, R$25 por pessoa. Como não tínhamos outra opção, foi por ali mesmo que ficamos. Em Ilha Grande, em todas as praias da Ilha se encontra alguma pequena pousada ou camping, e tudo muito bem preservado. Os próprios moradores se organizam para manter a ilha limpa e preservada. No dia seguinte, acordamos cedo e decidimos ir para a Praia do Santo Antônio. Santo Antônio fica depois de Lopes Mendes, ou seja, tivemos que voltar à trilha novamente. Prainha pequena, águas cristalinas, pedras gigantes, tudo se combina em um cenário que não se vê nem em televisão, não dá pra explicar a sensação que se sente ao estar num lugar desse. Atentos com o horário, regressamos mais cedo para evitar imprevistos à noite. Depois dessas trilhas baixou uma frente fria com muita chuva na ilha, ficamos dois dias entocados no camping sem poder sair. No meu penúltimo dia na ilha fui conhecer a Praia Preta, 10 minutos de caminhada saindo da vila do Abraão. O nome Praia Preta vem da cor da areia, parece que foi tingida. Lá se encontra um antigo presídio, utilizado para manter as pessoas que tinham doenças epidêmicas em quarentena, normalmente ficavam lá até morrer pela própria doença ou então afogados quando a maré subia.

Pra se fazer uma viajem dessa, mesmo com sérias restrições orçamentárias, se gasta bastante dinheiro, e infelizmente minha cota estava no fim. Queria poder ficar mais e ir conhecer outras praias, mas isso vai ficar para minha próxima visita à ilha. E por aí vai terminando minha viajem, voltei depois para Angra, dessa vez pelo barco de linha R$10, depois de Angra segui para São Paulo, onde passei um tempo com minha família e hoje estou em Florianópolis.

 

Espero ter colaborado com informações úteis, e me desculpem se escrevi demais.

 

Se alguém quiser alguma dica a mais pode me escrever para o mail: contato@andrebrandao.net

 

E se alguém quiser ver as fotos da viajem, dá um bizu no álbum do meu yorkute: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=7793162219349662131

 

::otemo::

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  • Membros de Honra

Olá André!!!

 

Que fantástica esta viagem ou melhor esta expedição!!!

 

Muito bacana mesmo! adorei a parte do Amazonas até o Pará, principalmente sobre os a população ribeirinha q atraca a canoa nos barcos para vender lanches etc.!!! também gostei muito da parte de Alter do Chão! maravilha, parabéns pelo relato e pela aventura!!!

 

Abraços!!! ::otemo::

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  • 1 ano depois...
  • 3 semanas depois...
  • Membros

Adorei os comentarios sobre Alter do Chão, sou parense mas ainda não conheço esse paraiso, já quanto a Belem, onde vc desceu e pegou a lotação é uma área de vigilancia 24 horas, eu mesma desci ali umas 19:00 horas, quando voltava da Ilha de Cotijuba (tabm um verdadeiro paraiso) e fui andando aaté o hotel Amazonia,(uns 10 minutos andando) que fica proximo da praça da republica, e eu fui puxando as malas, e durante os 3 dias que estive em Belem todos os dis eu descia para o Ver o Peso pq é uma ds areas mais seguras para turistas e tambem porque o Centro histórico da cidade tbm é muito bonito, só necessitava ser mais bem zelado. Belem é uma grande capital e como muitas do Brasil tem seus altos e baixos, mas não chega a causar panico. Ah e deixo aqui o aviso, gente Cotijuba -Pará é linda, paz, tranquilidade, e uma natureza com praias em um rio imenso com ondas iguais as do mar.

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  • 3 anos depois...

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