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Travessia Parque Estadual Serra do Tabuleiro - SC


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serra-do-tabuleiro.png.3b51be843a0e8a6c2f818a4e926845e4.pngTravessia Parque Estadual da Serra do Tabuleiro
São Bonifácio a Caldas da Imperatriz

Localizado em uma região estratégica, única e muito especial da Mata Atlântica, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro possui uma ampla diversidade de habitats. Cinco das seis grandes formações vegetais do bioma Mata Atlântica encontradas no Estado estão representados no Parque. Por essa razão, ele abriga uma biodiversidade ainda maior que seus 84.130 hectares poderiam sugerir.

O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro ocupa cerca de 1% do território catarinense. Abrange áreas dos municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. Fazem parte do Parque as ilhas do Siriú, dos Cardos, do Largo, do Andrade e do Coral, e os arquipélagos das Três Irmãs e Moleques do Sul. Fonte: Fatma

A ideia da travessia surgiu no início de julho de 2017, exatamente 3 meses antes, em uma das ascensões ao Morro do Cambirela, quando no cume, já praticamente na face oeste do Cambirela, avistei aquela imensidão de montanhas que sugeriam uma travessia muito interessante. Fiz algumas pesquisas na internet, e encontrei dois tracklogs que dariam uma boa base para a travessia. Um deles foi do Rafael Santiago, que acompanhava um breve relato da expedição. O outro era o do aventureiro Hendrik Fendel. Analisei exaustivamente as fotos de satélites, juntamente com os mapas topográficos da região e o tracklogs, mesclando as informações e criando uma trilha que para mim seria mais ideal. Nada muito diferente do que os outros fizeram, mas que de certa forma poderia facilitar um pouco a travessia, visto que existe muita vegetação densa na região, mata fechada mesmo, com poucas trilhas marcadas, e arbustos e capim alto e úmido, que dificultam muito avançar nessa região nessa época do ano.

Me preparei juntando alguns equipamentos que ainda não tinha, e fui em busca de um parceiro para a travessia. Tentei convencer dois amigos, mas sem sucesso. Já estava decidido a enfrentar sozinho, quando toquei no assunto da travessia com meu amigo Junior Borttoloto que surpreendentemente na hora comprou a ideia, e se dispôs a compartilhar essa aventura, mesmo com poucos recursos técnicos que dispunha até então. Sem muito tempo para correr atrás de equipamentos, juntou o que pode, e marcamos o dia da travessia. Seria dia 01 de outubro de 2017.

Dados da Travessia:
Distância Total: 37,5km
Tempo Total (não conta tempo acampado): 1 Dia, 19 horas, 3 minutos.
Tempo em movimento: 21 horas, 18 minutos.
Tempo parado: 23 horas, 03 minutos.
Velocidade Média: 0,87km/h
Velocidade Média em movimento: 1,76km/k
Altitude máxima: 1276 m (Morro das Pedras)
Subida: 3072m
Descida: 3111m
Arquivo do Tracklog: https://drive.google.com/file/d/0B8ysaVUguG6sNDVVZG9tcS1Wcm8/view?usp=sharing

Tracklog no Google Maps: https://drive.google.com/open?id=1OZgNa__mw1oh1GEJ94iPz_By8gQ&usp=sharing

 

Primeiro Dia, 01/10/2017

Saímos de casa perto das 8:30 da manhã em direção a São Bonifácio, onde seria o início da travessia. Esta se iniciaria perto do centro da cidade, aproximadamente 4km antes, em uma estrada de terra, onde há uma placa indicando “RIO MOLL”. Se preparamos, e iniciamos a caminhada por volta das 10:10 da manhã. Sol forte, pouco conhecimento do terreno, mas fomos avançando até a casa do Sr. Gilson, na fazenda Recanto das Pedras. Chegamos lá por volta de 11:50, após ter caminhado 4,2km em estrada de chão, numa temperatura média de 30°C.

Batemos palma, e ninguém atendeu. A casa estava toda aberta, janelas escancaradas, e para nossa surpresa não havia ninguém em casa. Foi quando avistamos um vizinho em uma casa um pouco antes; e então resolvemos retroceder para pegar informações a respeito do início da trilha que começava nos fundos da casa do sr Gilson. Este nos informou que o sr. Gilson não estava muito contente em liberar a travessia através do seu terreno, porque alguns aventureiros anteriores andaram deixando lixo espalhado pelas trilhas. Falou que ele não deveria voltar cedo para nos conceder autorização; foi então que começamos a pensar que a nossa travessia havia acabado no começo, porque não tínhamos autorização para entrar na propriedade particular. Foi quando o vizinho resolveu autorizar, e disse que poderíamos seguir tranquilos, que ele estava autorizando e iria informar o sr Gilson, que entramos em sua propriedade e sem previsão de retorno; já que sairíamos por Caldas da Imperatriz, e se comprometemos a levar todo lixo que fossemos a produzir.

Autorização concedida, o início da trilha foi relativamente fácil; mata fechada, porém com uma trilha bem marcada, seguindo o Rio Moll e cruzando ele por volta de 12 vezes até chegar num primeiro pasto, lugar planejado para o primeiro pernoite. Era 16:10, e resolvemos acampar ali mesmo, após ter caminhado um total de 7,7km.

Km total:  7,7km
Tempo em movimento: 02:46:15
Tempo parado: 03:17:50
Altitude inicial: 443m
Altitude final: 738m
Perda elevação: 42m
Ganho de elevação: 338m

Algumas fotos desse dia:

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Segundo Dia, 02/10/2017

Tivemos uma noite tranquila devido ao lugar isolado e cercado por montanhas; sem vento, temperaturas amenas, e o som do Rio Moll proporcionaram uma noite de sono recuperadora. Após o café, partimos as 8:55 do primeiro acampamento; cruzamos o Rio Moll mais algumas vezes seguindo seu curso rio acima, e rapidamente chegamos a outro pasto, que também seria um excelente local para acampamento. Nosso objetivo do dia era acampar no Morro das Pedras, próximo do Cânions onde se tem uma vista da Ilha de Santa Catarina. Continuamos avançando e as 10:00 cruzamos o Rio Moll pela décima sexta vez, seria a última; porque no pasto seguinte nossa direção passou de norte para leste, iniciando uma subida muito acentuada em meio a mata, passando de 780m para 1100m.

A visão do pasto lá embaixo deixava ainda mais evidente o quanto nós estávamos subindo. Nessa subida, após passar um colchete (porteira de arame), deveríamos ter coletado água num riacho que fica aproximadamente 50 metros após o colchete; mas na empolgação de avançar acabamos nos dando conta apenas lá em cima que estávamos ficando sem água. Foi quando começamos a racionar, até encontrar uma água parada e turva, próxima a um lamaçal e então usamos clorin para purificar. Já que não tínhamos previsão de encontrar agua tão cedo, resolvemos levar uma reserva para cozinhar.

Caminhamos por mais uma hora; quando de repente o tempo começou a fechar rapidamente. Era nítido que não escaparíamos de uma chuva nesse dia. E foi só pensar, que em menos de 5 minutos começaram os primeiros pingos. Foi nesse momento que avistamos no horizonte pela primeira vez o cume Pico do Tabuleiro. Apesar de ainda estar cedo, começamos a procurar um local para acampar e descansar. Não chegamos nos cânions como pretendido, mas já estávamos no Morro das Pedras. Armamos as barracas, jantamos, e em seguida começou a chover muito forte, fez muito frio, e o vento pegou em cheio até umas 2 da manhã.

Km total:  4,4km
Tempo em movimento: 02:04:47
Tempo parado: 04:24:45
Altitude inicial: 735m
Altitude final: 1195m
Perda elevação: 34m
Ganho de elevação: 494m

Algumas fotos desse dia:

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Terceiro Dia, 03/10/2017

Após uma noite muito fria e com muito vento, acordamos por volta das 7:00 com tudo molhado e úmido. Deixamos o café de lado, tentamos secar o máximo possível e levantamos acampamento partindo as 9:00 rumo ao norte no morro das pedras.

Ventava muito no local, e a temperatura por volta de 12°C naquela manhã nos dava uma sensação muito mais fria do que realmente estava. Por volta das 10:10 paramos para tomar café quando o sol já estava mais agradável, e abrigados do vento por alguns montes em volta.

Continuamos avançando; e 200 metros a frente e 1256m de altitude, encontramos um outro local de acampamento, com uma fogueira cercada por pedras, panelas, e até um par de sandálias abandonado. Por todo trecho dessa travessia encontramos muito lixo, e tudo que foi possível levar nós levamos. Havia muito papel de bala, band-aid, etc. O que era leve e possível de carregar nos levamos para dar um destino adequado em casa. Seguindo viagem, logo a frente cruzamos a nascente do Rio dos Porcos, aonde tivemos que atravessar uma pedra por onde a água escoava, muito lisa e com limo. Vale lembrar que é muito bem-vindo um par de bastões nessa travessia.

Eram 14:30 quando paramos para almoçar num trecho onde cruzamos um riacho, o local era ideal para o almoço. Lavamos algumas meias, secamos os pés, almoçamos, lavamos as louças e após uma hora e meia seguimos nosso curso na margem direita desse riacho, até encontrar nosso próximo ponto para acampamento. Chegamos no limite do pôr do sol, as 18:05 começamos a armar as barracas, e fomos coletar mais agua para fazer a janta. Este local é muito bom para acampar, tinha algumas pedras no centro do pasto, que permitem fazer uma fogueira se necessário - o que não fizemos - e um riacho bem perto para coletar água. Logo começou a cair um orvalho que molhou tudo rapidamente. Pegamos mais água, e fomos descansar.

Km total: 7,3km
Tempo em movimento: 03:46:55
Tempo parado: 05:37:04
Altitude inicial: 1191m
Altitude final: 951m
Perda elevação: 525m
Ganho de elevação: 288m

Algumas fotos desse dia:

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Quarto Dia, 04/10/2017

Nesse dia acordamos por volta das 7:30, e ainda muito cansados preparamos o café, levantamos acampamento e logo partimos. O objetivo era seguir a oeste partindo do acampamento, seguindo sem cruzar o riacho onde tem uma cachoeira. A ideia era não cruzar uma mata fechada, densa e sem trilha, que segundo Rafael Santiago é muito difícil de avançar, caso houvéssemos cruzando o riacho e seguindo o rastro dos bois. Foi nesse trecho que optamos pelo caminho do Hendrik, perdendo altitude, mas contornando essa mata difícil de atravessar. Na saída, acabamos saindo para sudoeste devido a um erro de interpretação e navegação, e acabamos perdendo 25 minutos.

Rumo certo, e seguimos em frente. Após 1 hora de caminhada, encontramos um espaço no pasto que havia sido usado como acampamento recentemente; talvez 3, 4 dias atrás. Paramos as 12:30 para almoçar, e continuamos as 14:00 rumo ao norte, subindo cada vez mais, até alcançarmos 1236m, tendo uma visão do imponente platô do tabuleiro a nossa frente, visto de sua face sul. Nesse momento parecia estar muito perto. Estávamos enganados! Nesse dia, o objetivo seria acampar no cocuruto vizinho ao platô, para no dia seguinte atacar o cume pela manhã. Quando percebemos que não conseguiríamos chegar, resolvemos acampar em um descampado próximo aos cânions a 1073m, no pé do cocuruto, e com uma bela visão da ilha de SC. Outra vantagem é que nesse local tem sinal de celular, bom para dar o ar das graças em casa.  Nesta noite ventou forte! Tão forte que achamos que as barracas não iriam aguentar, mas aguentaram!

Km total: 6,7km
Tempo em movimento: 03:29:10
Tempo parado: 04:33:00
Altitude inicial: 961m
Altitude final: 1073m
Perda elevação: 263m
Ganho de elevação: 374m

Algumas fotos desse dia:

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Quinto Dia, 05/10/2017

No último dia levantamos cedo, e partimos 7:40 logo depois de desmontar o acampamento. A caminhada logo começa em meio aos arbustos, e já enfrentamos dificuldades logo no início do dia. Tentando desviar um longo trecho de mata que havia entre nós e o cocuruto ao lado do pico, resolvemos seguir para oeste logo em seguida, contornando essa vegetação densa. Mas para isso precisávamos passar por outra área de uns 30 ou 40 metros de vegetação sem trilha, com arbustos e bambus que nos faziam andar dois passos para trás a cada um para frente. Não foi nada fácil passar essa mata estreita, porém sem trilha que tornaram essa manhã muito difícil. Cruzando essa mata, atravessamos um riacho, coletamos água e seguimos novamente para o norte rumo ao pico vizinho. Neste trecho há muito gravatás, uma planta de altura média com muitos espinhos que volta e meia raspavam nas pernas e espetavam mesmo por cima da calça. Nessa hora um facão faz toda diferença.

11:20 chegamos no pico do cocuruto vizinho, almoçamos e as 12:20 começamos a descer um pequeno vale no lado norte desse pico, afim de atravessá-lo para atacar o cume do platô pelo lado leste. Em meio a vegetação densa, uma descida muito íngreme, mas com uma boa trilha na primeira metade. Depois entramos em um trecho que não haviam trilhas visuais, e a vegetação dificultou muito por causa dos bambus que enroscavam de todos os jeitos.

Após uma hora e meia descendo, conseguimos atravessar a mata, e logo começamos a subir pela face leste do Pico do Tabuleiro. Caminho relativamente tranquilo, com vegetação baixa e de fácil navegação. Trinta minutos subindo, e caminho nos leva a uma pedra um pouco alta, que necessita bastante atenção na subida. Transpondo esse pequeno obstáculo, em seguida estávamos no cume. Era 14:30, e o GPS registrou 1260m de altitude! O fato curioso aqui, é que este platô não é o ponto mais alto. Conforme dados do GPS, chegamos a passar por trechos onde a altitude era de 1276m no Morro das Pedras.

Algumas fotos, descansamos um pouco, e uma hora depois começamos a descer. A trilha da descida do Tabuleiro para Caldas da Imperatriz é muito boa, mas não sei se devido a época do ano, havia muito bambu na trilha, que em alguns trechos a tornavam bem fechadas. Nessa hora os bastões auxiliaram para valer, afastando a medida que íamos andando, afim de abrir caminho sem ter que usar o facão. Chegamos no portal onde termina a trilha – na rua de concreto – as 19:40. Totalizando 4:10 de descida, onde pegamos por volta de 1:30 de trilha durante a noite.

Chegamos no final muito exaustos, pés e pernas doendo, mas com sensação de missão cumprida. Nossa carona já estava aguardando no começo da rua, e depois de alguns minutos já estava em casa, sentado no sofá, assistindo tv, navegando na internet, voltando ao cotidiano, e pensando na próxima aventura.

Km total: 10,0km
Tempo em movimento: 06:37:35
Tempo parado: 06:24:43
Altitude inicial: 1076m
Altitude final: 156m
Perda elevação: 1639m
Ganho de elevação: 574m

Algumas fotos desse dia:

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Primeiro Dia

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Segundo Dia

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Terceiro Dia

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Quarto Dia

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Quinto Dia

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Percurso completo

Algumas Dicas:

Se resolver fazer essa travessia, esteja preparado fisicamente e emocionalmente. Ela é muito mais difícil e complexa do que parece. As fotos, cartas, tracklogs e os próprios relatos nunca lhe darão uma ideia exata das dificuldades dessa travessia. Tenha pelo menos um amigo disposto a encarar essa travessia com você, porque faze-la sozinho pode não ser uma boa ideia, e a torna cansativa de mais por causa dos vara matos.

Lembre-se, é um local isolado, de difícil acesso, sem sinal de celular em quase todo trajeto. Não banque o Rambo, aproveite o passeio, e leve um rastreador pessoal para um caso de emergência (SPOT, inReach, etc).

 

Material Utilizado na Travessia:
Deuter Futura Vario 50+10 (muito boa, recomendo)
Barraca Azteq Nepal 2 (muito resistente ao vento, poderia ser mais leve, não levaria novamente )
Isolante Térmico EVA (não levaria pelo volume, aconselho um inflável pequeno)
Saco de Dormir Deuter Orbit -5 (Recomendo, mas muito volumoso)
Bota Homero Impermeável (Recomendo, muito boa)
Polaina anti-cobra Alpamayo (indispensável)
Fogareiro portátil (Comprei da China, Recomendo)
Refil de gás 230g (Recomendo 1 por pessoa)
Panela Portátil de Camping (Joguinho comprado da China, leve e cabe gás e fogareiro dentro)
1 Caneca (Recomendo de plástico)
Talheres de plástico
Sacos de Lixo
Refeições da marca “Comida Pronta” (Não recomendo devido ao peso, aconselho miojo ou outra comida desidratada, com calabresa, bacon e afins)
Café solúvel com leite
Biscoitos diversos para café
20 pastilhas de Clorin (Agua muito boa, mas em alguns casos usamos por precaução)
GPS com pilhas Reservas ( Leve pelo menos 1 jogo de baterias para cada dia)
Spot com pilhas Reservas (As originais duraram os 5 dias inteiros )
Capa de chuva Quechua (Boa, leve, e compacta)
Fleece Quechua (Recomendo)
Calça Bermuda Quechua
Gorro de lã
1 Par de bastões (indispensável)
1 Facão (indispensável)
1 Lanterna de cabeça (indispensável)
1 Lampião de LED (Recomendo)
1 Garrafa de 1,5lt pra coleta de água (indispensável)
Protetor Solar
Repelente
Óculos de sol

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Salve Aislan!

 

Belo relato!

Estivemos lá agora nos dias 28, 29 e 30/julho. Fizemos a travessia no mesmo sentido, saindo de São Bonifácio (casa do Sr. Gilson). Como deixamos o carro ali, onde iniciamos a caminhada, foram 33,75 Km percorridos até o Café do Tabuleiro, em Santo Amaro da Imperatriz, onde demos por concluída a Travessia, com 2 pernoites em acampamento.

Creio ser possível fazer em 3 dias sem muita dificuldade, como nós fizemos. Meu físico não está lá essas coisas e nosso ritmo não foi forte, além do que começamos a caminhar relativamente tarde todos os dias. Iniciamos a travessia por volta das 10h30 no primeiro dia e concluímos 17h20 no Café do Tabuleiro, no último dia. no segundo e terceiro dias iniciamos nossa caminhada, após o desmonte do acampamento por volta das 9h30, sendo que antes das 18h00 já estávamos com o acampamento montado.

O Sr. Gilson e família foram muito solícitos e não criaram obstáculos à passagem por suas terras para o início da travessia. Nosso agradecimento especial a ele, que além de muito simpático e acolhedor, demonstrou grande preocupação com o cuidado da área, recomendando não fazer fogueira e não deixar lixo pelo percurso. O início da trilha, cerca de 6 km até os primeiros campo altos estão sinalizados - iniciativa do ICMBio: Projeto Oiapoque-Chuí, trilha de longo curso que irá interconectar diversas unidades de conservação estaduais e federais em uma grande trilha de longo curso nacional.

Os trechos de mata estavam relativamente fáceis de transpor, lembro apenas de 2 pequenos trechos de mata densa com bambuzal mais fechado em toda a travessia. Como pegamos tempo bom, com visual todos os dias, dava para navegar tranquilamente até mesmo sem GPS, pois a trilha é relativamente evidente, confundindo-se em alguns trechos dadas as bifurcações e trajetos paralelos ou subidas em morros fora do eixo principal de caminhada da travessia. Com neblina, o que é comum na região na primavera e verão, contudo, GPS é fundamental ali para não se perder.

Felizmente quase não encontramos lixo no percurso.

Abraço!

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