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Andando na Linha e Fora Dela


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  • Membros de Honra

Pessoal: há outros relatos da mesma caminhada. Mas resolvi postar porque foi minha primeira trilha nos trilhos.

 

Tive que ir para POA a trabalho e liguei para o Edver para saber se ele tinha disponibilidade para um trekking no fds de 1 e 2/9. Sempre gentil, disse que sim e combinamos um trekking ferroviário, no trecho Muçum -Guaporé.

 

Ele ainda por cima saiu de Veranópolis para me buscar em Porto Alegre! Chegamos em Muçum as 22:30. Parecia que tinham soltado a onça, as ruas desertas numa sexta a noite. Ficamos no hotel Marchetti, no centro, R$ 40 o quarto individual, excelente custo-benefício (quartos bons, café bom, ar, tv, frigobar e wifi free). Tiago e Juliana recebem bem os hóspedes.

 

Dormimos logo depois de comer um sandubão na praça principal, em frente a matriz.

 

Dia seguinte pegamos um taxi, com o Nego, R$ 35 até o viaduto 13. A névoa se dissipava e dava lugar a um dia bonito, ensolarado. Economizamos 3 a 4 horas de andada. O viaduto é impressionante, o 2º mais alto do mundo. Uma das maiores obras e orgulho da engenharia militar brasileira. Alguns loucos usam ele para praticar base jumping. O lugar é bonito. Atravessamos o rio e começamos a subir uma ladeira, uma estrada de terra. Após 15 a 20 minutos chegamos na ponte. Não teríamos que atravessa-la, pois senão voltariamos para Muçum. Pegamos o 1º de uma sucessão de túneis.

 

O Edver já conhecia muito bem os macetes para atravessar os túneis e pontes. Pisar nos dormentes para evitar fazer barulho e escutar o trem. De vez em quando parava para ouvir se o trem vinha. Disse-me que a composição se escuta de longe. Ainda bem que ainda não há trem-bala no Rio Grande do Sul.

 

Tinhamos que usar a headlamp. Como era uma sucessão de túneis não valia a pena sequer tira-la da cabeça. A cada 25 metros havia um salva vidas, uma reentrancia na parede do tunel onde cabiam dois mochileiros agachados. Se viesse um trem bastava correr para um deles. Alguns eram tão largos que dava para montar uma barraca dentro (desaconselhável devido aos ratos). Em alguns túneis levamos meia hora para atravessar. A recomendação é não levar lanterna vagabunda e ter uma de reserva a mão.

 

Túneis e pontes um atrás do outro. Se no túnel não havia vista, era compensado pelas vistas magníficas das pontes. Alguns lugares pareciam fazendinhas na Europa, com pastos bonitos. Algumas belas araucárias lembravam que estavamos no RS.

 

Num dos primeiros túneis havia uma janela elevada onde entrava luz. Edver contou-me que no seu 1° trekking ele estava junto a esta janela quando escutou o trem. Para  escapar dele deu um salto para alcançar a janela. Com a mochila pesada teve que dar um bom impulso. Resultado: alcançou a janela, porém com o impulso acabou rolando e caindo do outro lado, externo ao túnel. Sorte que não era um precipício. Atravessei o túnel inteiro dando risada, imaginando a cena hilária.

 

Chegou a 1ª ponte metálica e enguli em seco. As pontes de cimento são tranquilas. Parecem passarelas de pedestre com trilhos. Mas nos metálicos os dormentes estão apoiados em vigas e há um vazio entre eles. Vemos o abismo entre os dormentes. Como temos que caminhar olhando para baixo, para pisar nos dormentes e não enfiar o pé no vazio, a sensação é desagradável para quem tem medo de altura, como eu. Mais fui em frente. É seguro. A questão é mais psicológica que racional. Suspirei aliviado no final. 

 

Ambos os tipos de ponte (cimento e metálica) tem salva vidas a cada 25 mts (plataformas que se projetam das laterais).

 

Depois o Edver me contou que teve vontade de gritar "olha o trem!" quando eu estivesse bem no meio. Ainda bem que ele não fez isto porque se eu não saltasse lá de cima com o susto, ia dar de pau nele no outro lado!

 

O Edver tinha muita tranquilidade para passar na ponte metálica. Ia inclusive pela borda para tirar fotografias. Esta era a 4ª vez que fazia o trajeto.

 

Com 15 km de andada, por volta de 16 horas, chegamos na maior ponte metálica, o Mula Preta. Havia turistas que chegaram de carro lá, apreciando a vista. Decidimos descer para o vale, para acampar a beira do córrego Mula Preta. Minha esperança era no dia seguinte atravessar o rio e subir o vale sem passar pela ponte!

 

A estrada descendo era arborizada e o chão coberto pelas folhas caídas no inverno. Bonito lugar. Lá em cima a ponte. Suas imensas colunas de  concreto brotavam do meio da floresta.

 

Achamos um ponto bom para acampar ao lado do riacho. Cheguei a subir um pouco as margens dele para procurar outro lugar. Haviam bonitos locais mas sem um terreno plano e limpo para montagem da barraca.

 

Ficamos mesmo no ponto onde a estrada encontrava o riacho. Ali dificilmente passava carro, pois a ponte foi carregada pela água fazia tempo. Montamos a TNF Mountain 25. Edver gostou da tenda, muito espaçosa. Era a 1ª vez que eu a usava fora de um camping. Foi comprada para Dientes de Navarino e Aconcágua, projetos que ainda não se concretizaram.

 

Jantamos e tentamos acender uma fogueira, mas a lenha estava molhada e verde. Assim o fogo não se sustentou muito tempo. Fomos dormir cedo.

 

Não vimos trem durante o dia. Em compensação, uma composição passou 22:30 e outra as 02:30 com um barulho ensurdecedor na ponte metálica. Pensei até que estava descarrilhando. O incrível é que Edver não acordou. Os trens levaram uns 5 minutos passando.

 

Dia seguinte acordamos 06:30. Edver me convenceu a atravessar o Mula Preta. Foi adrenalina logo cedo. O vale é bonito mas não fiquei muito tempo parado apreciando para não dar vertigem ou congelar.

 

A partir daí mais uns poucos túneis e pontes. A medida que nos aproximamos de Guaporé a ferrovia tem menos obras de engenharia porque o relevo fica menos acidentado. Em alguns lugares chega a ficar monótono.

 

Comi umas mexericas (bergamotas ou tangerinas) que colhi junto ao riacho Mula Preta, para distrair. O tempo estava bonito mas abafado e quente. Não é moleza andar nos trilhos com calor. Sempre que podíamos escapavamos para uma trilha ou estrada lateral paralela a linha.

 

Já teve gente que fez este caminho no verão e passou perengue porque não encontrou água. As fontes, agora abundantes, ficam secas naquela estação.

 

Aproveitei para experimentar a mochila que o Edver estreava, a Axios 50 da Arcterix. Ô coisa boa. Leve (1.250 gr) e com excelente adaptação as costas. Excelente material e acabamento. Minha velha Lowe Alpine era uma antiguidade junto a ela.

 

Chegamos a Guaporé antes das duas da tarde, exaustos devido ao calor. Edver ligou para um amigo e colega que nos buscou e levou para a rodoviária, pois vimos um ônibus chegando. Ou era uma carona ou o rabecão, porque estavamos mortos de cansaço.

 

Voltamos a Muçum onde devoramos uns sandubas no mesmo lugar. Em seguida Edver voltou para Veranópolis. Eu pernoitei lá porque meu vôo só sairia no dia seguinte de Porto Alegre.

 

Mais uma pernada com o Edver, que é um grande companheiro de jornadas, que além de excelente amigo é um trekker de primeira, com um grande senso de humor.

 

As fotos deixo para ele postar, porque ele foi o único a levar a máquina fotográfica. A minha morreu afogada em Nahuel Huapi e ainda não comprei outra.

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  • Membros de Honra

Legal Peter, já andei bastante em trilhos aqui no PR, sei bem como é. Pontes metálicas são o bicho, e por aqui somente algumas tem guarda corpo... ::ahhhh::

E tem também o cansaço; da passada do tamanho do vão dos dormentes e do caminhar na brita.

PS: Edver, posta as fotos!!! ::otemo::

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  • Membros de Honra

Olá Peter!

 

 

Bem vindo ao "ferrotrekking". Sempre há uma primeira vez! Não poderá dizer que ele não guarda lá umas emoções "fortes".

 

Vi algumas fotos do Edver no FB. Esta travessia que fizeram sobre os trilhos já é um clássico aqui no Sul. Recentemente protelei de novo fazê-la mas logo logo eu a risco do caderninho! Parabéns pelo relato!

 

Abraço!

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  • Membros de Honra

[align=justify]Pessoal,

 

Quero postar aqui algumas fotos da belíssima travessia que fiz na excelente companhia de meu grande amigo e experiente trekker, Peter. Não preciso acrescentar nada ao belo relato descrito por ele mesmo. Apenas um aviso: quem dormir com ele na barraca, não esqueça do plug auricular ::tchann::. Não acordei com o trem no viaduto, fui acordado pelo trem que estava ao lado :lol:. Peter, brincadeiras a parte, agradeço pelo relato, pela grande parceria e pelo chocolate, que fez uma diferença enorme ::otemo::. Agora é minha vez de lhe acompanhar em algum trekking pelos Veadeiros.

 

Sobre a mochila, vou deixar uma impressão lá no respectivo tópico. De antemão, posso adiantar o conforto e praticidade, mesmo tendo uma proposta minimalista. Gostei da barrigueira e ao contrário do que muitos falam, achei ela bem estruturada. Só acho que poderia ser mais confortável. Porém, percebi uma diferença enorme no conforto quando coloquei a sua! Quanto à sua tenda, que barraca! Perfeita para ambientes exigentes e remotos, alta montanha e regiões onde o clima impera sem piedade! Ótima para duas pessoas mais equipamento, três fica difícil. Fácil de montar e de bom peso (se divido em dois trekkers, como foi o caso). Bom espaço interno e bolsos bem distribuídos.[/align]

 

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Abraços,

Edver

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  • Membros de Honra

Valeu Edver! Seu relato fotográfico foi muito mais minuncioso que o meu relato escrito. Boas fotos!

 

Não posso acreditar que meu ronco é maior que o barulho da composição passando na ponte! É impossível!

 

Teve uma hora que eu ouvi vc também roncando.

 

Quando tiver um trekking interessante aqui no DF ou Goias, te aviso!

 

Abraços, peter

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  • Membros de Honra
Valeu Otávio, valeu Getúlio!

 

Edver deve logo postar as fotos.

 

No próximo inverno tentarei Urubici com o Edver. Ele soube que o Getúlio completou a pouco este trekking. Quem sabe vcs possam ir juntos.

 

Abs, Peter

Valeu o convite!!!

Será um prazer trilhar em tão nobre companhia, apesar de que acabei de fazer a travessia Urubici - Canion Laranjeiras com o Getúlio.

O Edver foi convidado mas não pode ir, uma pena. A caminhada é fantástica!!! Se preparem para visuais incríveis e chapinhar nos charcos...

http://www.mochileiros.com/serra-geral-travessia-morro-da-igreja-canion-laranjeiras-t71696.html

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  • Membros

Beleza Peter! Talvez eu vá fazer essa pernada no feriadão 07/09, pois faz tempo que ela também está na minha listinha. Estou só cuidando a previsão do tempo que não está lá essas coisas.

 

Quando forem pra Urubici sei que vão curtir muito. Se tiverem "sorte" talvez peguem um -11° como eu , o Otávio e o Getúlio e outros amigos pegamos. ::Cold::

 

Ah, e trilhas pela Chapada dos Veadeiros muito me interessa também!

 

Abração e boas trips!

 

Marcelo Juká

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  • Membros de Honra

Olá Peter! Olá Edver!

 

 

Valeu Otávio, valeu Getúlio!

 

Edver deve logo postar as fotos.

 

No próximo inverno tentarei Urubici com o Edver. Ele soube que o Getúlio completou a pouco este trekking. Quem sabe vcs possam ir juntos.

 

Abs, Peter

 

Peter, como disse o Otávio, seria uma grande honra. É só arredondarmos a ideia e sincronizarmos as agendas na próxima "temporada". Pretendo voltar àquela região, independentemente de ter feito a travessia Morro da Igreja - Laranjeiras recentemente. Aliás ando com algumas (na verdade várias) ideias de pernadas pelos Aparados da Serra, tanto por cima quanto por baixo...

 

Edver, as fotos estão ótimas e complementaram bem à altura o relato do Peter. Parabéns!

 

Vamos falando!

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