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Travessia da Ilha Comprida - 10:30h de caminhada “non-stop”


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Para quem gosta de trilhas praianas segue o breve relato:

 

Às 5:30h o som do alarme ecoa pelo quarto, me desperto e arrumo a mochila desfeita desde o dia anterior. O objetivo do dia é cruzar a Ilha Comprida desde a Balsa até o Posto do Corpo de Bombeiros, totalizando mais ou menos 49,5 km, de acordo com medição realizada pelo programa de um famoso site de pesquisa.

Às 6:00h, em ponto, já estava na praça de Cananéia à espera da 1º balsa com destino à Ilha Comprida. Havia cerca de 10 pessoas aguardando o embarque, o único turista era eu. Ainda escuro, as correntes foram abertas e todos embarcaram, sem cerimônias. Passados 2 minutos, as correntes foram levantadas e iniciou-se o procedimento de “desatracamento” para a travessia do canal.

Cerca de10 minutos, após o embarque, já estávamos do lado oposto. Sim a travessia é curta, porém agradável e um pouco fria, devido à brisa e à escuridão que ainda dominavam o ambiente.

Desembarcamos, do outro lado está Cananéia e eu pela primeira vez colocando os pés na Ilha Comprida. Todos os moradores da região, companheiros desta travessia expressa, embarcaram no ônibus que aguardava a chegada da balsa. O único que não optou pelo ônibus fui eu! Isto porque a “oficial” Travessia da Ilha Comprida iniciava-se naquele momento.

 

 

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Cananeia do outro lado.

 

A estrada da Balsa até o Boqueirão Sul é totalmente plana e reta. Atualmente, a rua ou estrada está em obras, para o bem ou para o mal da ilha e seu “desenvolvimento”. Dá-se a entender que a estrada será asfaltada.

 

Sozinho, e ainda, com resquícios de escuridão dou os primeiros passos, afinal toda jornada inicia-se com o primeiro passo. Durante todo o trajeto pela estradinha é possível ouvir diversos e variados cantos de pássaros, provavelmente, devido à aurora. Além dos pássaros, também, encontrei várias aranhas pelo caminho.

 

 

 

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Finalmente, o caminho pela estrada chega à outra extremidade da ilha. Já com o dia claro, porém nublado, chego ao Boqueirão Sul e por volta das 7:00h coloco os pés na praia, quase deserta. O que impediu o título de praia deserta àquela hora da manhã foi a presença de uma mulher que caminhava e mediava sobre a areia.

 

No início da praia há alguns quiosques. Centenas de metros à frente, encontro uma placa na praia, até aí tudo bem, mas a instrução dizia ser proibido o trânsito de veículos :?: . À primeira vista achei estranho, mas com o decorrer do dia entendi o motivo da presença de tal alerta.

 

 

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Mais adiante me deparo com uma reunião de urubus, os quais me encaravam sisudamente ::ahhhh:: . Não senti o típico odor da morte, vulgarmente denominado de carniça, todavia pude ver que estava lá, estendido no chão, um corpo de uma tartaruga gigante, provavelmente trazido à noite pela maré.

 

Alguns quilômetros, primeiro sinal de vida: um pescador recolhendo, tranquilamente, sua rede. Cumprimento-o e sigo minha jornada.

 

Continuando o trajeto... nenhum vestígio de vida humana pelo caminho até que, de repente, vejo um carro vindo pela praia. Passou por mim, buzinou e seguiu seu destino.

 

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O pontinho na foto é o carro.

 

 

Mais adiante, novamente, outra reunião de urubus, mas desta vez não foi preciso muita imaginação para saber qual era a vítima fatal do destino, visto que o odor fúnebre se fez presente, anunciando que era um peixe. Próximo vejo mais dois pescadores, contudo não eram caiçaras, mas pescadores de final de semana.

 

O som das ondas é interrompido pelo ruído de um motor, quando olho para trás vejo um caminhão vindo em minha direção e, para meu espanto, digo que não era miragem era um caminhão na praia mesmo!

 

Cruzo o primeiro curso de água, o qual mal se molha a sola do calçado.

Eu estava tão desligado e observando o mar, que em determinado momento me assusto com a aproximação de um carro a parar do meu lado. Nele havia dois pescadores e um terceiro no barco que estava à reboque, perguntaram para onde eu seguia. Informei de minhas intenções, eles arregalaram os olhos e disseram que eu era doido. Ofereceram carona, até o ponto onde iriam pescar. Recusei, dizendo que meu objetivo era cruzar a ilha caminhando, me desejaram sorte e cada qual seguiu seu caminho.

 

O tempo que até aqui estava nublado mudou totalmente, o sol apareceu e a caminhada começou a ficar mais “caliente”.

 

Neste ponto encontrei um “tubarão” na praia, mas isto final para o final do relato..... :wink:

 

Meia hora após passar por uma pousada, chego a uma lagoa. Pelo que observei o local era o “point” dos pescadores de final de semana. Todos estavam a tentar a sorte no mar, porém metros adiante encontrava-se o “point” dos surfistas, meia dúzia deles aguardavam a onda perfeita.

 

11:00h um quiosque anunciava que eu já estava na praia de Ubatuba e às 12:20h, apesar de estar longe do centro de Ilha Comprida, a orla da praia já fica mais urbanizada com a presença de casas, clubes, condomínios e gente para todos os lados.

 

A partir deste ponto dificilmente andei mais de trinta minutos sem encontrar um ser humano, contrastando com o trecho anterior, no qual fiquei até uma hora caminhando sem encontrar viva alma.

 

A partir daqui, em minha opinião a travessia fica meio sem graça, pouca alteração de paisagem e sol forte o tempo todo, nenhuma sombra.

 

 

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Mais além de trechos monótonos, começo avistar antenas de celular próximo à orla, significando que o fim está próximo. Exatamente às 16:30h chego ao trecho totalmente “urbano” da praia, mais precisamente o Posto do Corpo de Bombeiros. Local onde há diversos quiosques para recepcionar com todos os tipos de porções aqueles que vieram de uma longa caminhada :wink:. E, em um dos quiosques, decidi finalizar oficialmente a Travessia da Ilha Comprida, totalizando aproximadamente 49,5 Km feitos de forma em 10:30h de caminhada.

 

 

 

Ah! Lembra do “tubarão” que encontrei na praia... taí foto dele :lol:::lol4:: !

 

 

 

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É isso aí pessoal!!!

 

 

Considerações:

 

A paisagem da travessia, à esquerda de quem vai para Ilha Comprida, varia somente no começo, entre restinga plana, dunas e restinga novamente. A partir de determinado trecho torna-se “urbanizada”. Enquanto à direita, obviamente, estará o sempre onipresente oceano.

 

Durante todo o trajeto, exceto próximo ao Posto do Corpo de Bombeiros, a areia é compacta (“dura”).

 

Antes de fazer a travessia verifique o nível da maré para evitar surpresas desagradáveis.

 

Travessia realizada na segunda quinzena de ago/2012.

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  • Membros de Honra

Legal o relato, tenho curiosidade por esse pedaço pouco divulgado do litoral, planejo fazer o trecho Paranaguá>Superagui>Ilha do Cardoso>Cananéia>Ilha Comprida>Iguape, mas de bike, porque apé é coisa pra doido... :wink:

O problema é que eu planejo muitas coisas, e falta tempo pra fazer todas elas... ::putz::

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  • Membros

Otávio,

Seu projeto de travessia de Paranaguá :arrow: Superagui :arrow: Ilha do Cardoso :arrow: Cananéia :arrow: Ilha Comprida :arrow: Iguape é muito massa, tomara que dê certo ::cool:::'> . Eu também sofro do mesmo mal, a falta de tempo, então às vezes eu utilizo o "Método Jack", uma parte da travessia de cada vez. Sempre que sobra um tempinho faço um trecho. ::otemo::

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  • Membros de Honra

Olá Marcelo!

 

 

Já fiz este trajeto de jipe mais de uma vez e é muito bacana, mas andando nunca me animei justamente pelo fato de achá-lo um tanto monótono. A praia não tem qualquer acidente geográfico (pelo contrário, é um baita retão, como você mostra nas suas fotos) e aquilo ali já dá sono dirigindo, imagino então caminhando, ainda mais num sol escaldante.

 

Particularmente, comparando, prefiro andar em Superagui, achei mais interessante. Mas não deixa de ser uma baita caminhada, como disse - para quem curte caminhar na praia, este sem dúvida é um bom lugar.

 

Abraço e parabéns pelo relato, muito bom!

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  • 8 anos depois...

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