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Bolívia, Peru e Chile (com trilha Salkantay) - 27 dias - Agosto/2013


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Há alguns anos pensava em fazer meu primeiro mochilão pela América do Sul, e o Mochileiros.com foi minha fonte de pesquisa durante todo esse tempo. Li e reli inúmeros relatos de viajantes que me foram muito úteis e agora quero retribuir contando como foi a minha viagem por Bolívia, Peru e Chile (Chile na verdade apenas por algumas horas, mas mais pra frente explico) e, quem sabe, ajudar outros futuros viajantes.

 

Roteiro: São Paulo / Santa Cruz de la Sierra / Sucre / Potosi / Salar de Uyuni / San Pedro de Atacama / Arequipa / Cusco / Trilha Salkantay / Machu Picchu / Puno / Copacabana / La Paz / Santa Cruz de la Sierra / São Paulo

 

Duração: 27 dias (05/08 a 31/08)

 

05/08: São Paulo / Santa Cruz de la Sierra

06/08: Santa Cruz de la Sierra / Cochabamba / Sucre / Potosi / Uyuni

07/08: Salar de Uyuni

08/08: Salar de Uyuni

09/08: Salar de Uyuni / San Pedro de Atacama / Calama

10/08: Calama / Arica / Tacna / Arequipa

11/08: Arequipa

12/08: Arequipa

13/08: Canyon del Colca

14/08: Canyon del Colca / Arequipa

15/08: Arequipa / Cusco

16/08: Cusco

17/08: Cusco

18/08: Cusco

19/08: Trilha Salkantay

20/08: Trilha Salkantay

21/08: Trilha Salkantay

22/08: Trilha Salkantay

23/08: Aguas Calientes / Machu Picchu / Cusco

24/08: Cusco / Puno

25/08: Puno / Copacabana

26/08: Copacabana / Isla del Sol

27/08: Isla del Sol / Copacabana / La Paz

28/08: La Paz

29/08: La Paz

30/08: La Paz

31/08: La Paz / Santa Cruz de la Sierra / São Paulo

 

Gastos: levei US$ 1200 em dinheiro (gastei tudo) e fiz um saque de 300 bolivianos em um caixa eletrônico, já nos últimos dias de viagem. Não usei VTM nem cartão de crédito, levei tudo em espécie mesmo e não tive nenhum problema nem senti perigo em ser assaltado em nenhuma das cidades.

 

Cotação:

1 dólar = 2,35 reais = 6,90 bolivianos = 2,80 soles = 450 pesos chilenos

1 real = 2,90 bolivianos = 1,10 soles

 

Como seria meu primeiro mochilão tive que comprar praticamente tudo o que levei. Pra quem mora em São Paulo recomendo a loja Decathlon. Mesmo não tendo os melhores preços em todos os produtos lá você encontra tudo o que precisa, pois a loja é imensa. Tem em vários shoppings e acredito que tenham em outros estados também, qualquer coisa entrem no site e procurem os endereços :)

 

O que comprei (preços em reais):

 

- Mochila 50L: 200,00

- Moneybelt: 29,90

- Blusa 3 em 1: 199,00 (bem pesada mas extremamente útil, creio que se eu não tivesse ela teria passado muito mais frio do que passei)

- Segunda pele (blusa e calça): 100,00

 

O restante das coisas que levei foram camisetas (8), cuecas (8), meias (4 pares), bermudas (2), calça jeans (1), calça tactel (1), calça de moleton (1), blusas de frio normais (umas 3 acho), chinelo (1) e só. Isso tudo são roupas que uso no dia a dia, então nada de gastos.

 

Como estava planejando fazer a trilha Salkantay resolvi ir com uma bota velha que tinha aqui em casa e não levei outro tênis. Algumas vezes fez falta, principalmente pra sair a noite nas cidades porque ficar com a bota o dia todo, pra mim que não estou acostumado, às vezes incomodava, mas nada absurdo. Se preferirem, leve um tênis pra sair a noite ou pros passeios mais leves.

 

De resto, levei itens de higiene daqui de casa mesmo. Sabonete, pasta de dente, escova, lenços umedecidos (muito úteis, comprei aqueles de bebê, da Johnson e Johnson, e me salvaram várias vezes), uma cartela de Advil (pra dor de cabeça, com 2 comprimidos que tomei logo no início da viagem, depois não precisei mais), uma cartela de Benegrip (voltou fechada pro Brasil), protetor solar (perdi no primeiro dia e achei escondido num bolso quando tava desfazendo a mala já em casa), protetor labial (útil, mas eu sempre esquecia de passar), desodorante (útil pra você não ficar fedido), caneta, bloquinho de anotações e cadeados.

 

No Brasil comprei a passagem São Paulo-Santa Cruz de la Sierra ida e volta pela Gol, por R$ 550,00. Comprei também Santa Cruz de la Sierra-Sucre, só ida, pela BOA, por 420 bolivianos (R$ 120). Também comprei a passagem La Paz-Santa Cruz de la Sierra, só ida, pela Aerocon, num vôo horroroso mas que me fez ganhar um dia em La Paz (explico lá no final do relato). Esse vôo custou 520 bolivianos (uns R$ 170). De resto não reservei nada, nem hostel, nem passeio, nem transfer, nem nada. Todas as passagens aéreas comprei pelo site das companhias, com cartão de crédito.

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# 1º dia - 05/08 - São Paulo/Santa Cruz de la Sierra

 

O vôo de São Paulo para Santa Cruz de la Sierra saía às 11h05 do aeroporto de Guarulhos. Como moro em Guarulhos mesmo, acordei umas 8h, tomei café e fui pro aeroporto. Fiz o check-in, despachei a mala sem problema e fui pra sala de embarque. Havia combinado de encontrar o Alan, um baiano que conheci aqui no Mochileiros. O problema é que a foto dele no perfil do Facebook só dava pra ver uma parte do rosto, então eu precisaria encontrar alguém que eu não sabia quem era e nem sabia como era, bem fácil! Na sala de embarque dei uma volta e não encontrei ninguém que lembrasse aquela parte decifrável da foto do Facebook. Embarquei já com receio de ter que iniciar a viagem sozinho mesmo. O avião decolou de Guarulhos pontualmente às 11h05 e menos de 3 horas depois já estávamos pousando na Bolívia.

 

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Como estava nas primeiras poltronas desembarquei bem rápido e fui pra fila da imigração, eu era um dos primeiros da fila. Quando olho pra trás, a fila estava imensa e vi um doido lá no fundo acenando. Não sabia se era pra mim ou pra outra essoa, mas desconfiei que fosse o xarope do Alan. Acenei de volta e fiz um sinal de que esperaria lá depois da imigração, pois ele era um dos últimos da fila. Passei pela imigração sem problemas, achei que iam fazer um monte de perguntas, mas o rapaz nem olhou na minha cara. Ganhei meu primeiro carimbo no passaporte e fiquei esperando o Alan no saguão do aeroporto. Uma hora depois e ele saiu, junto com o Leandro, outro baiano gente finíssima. Logo, éramos três brasileiros que tinham acabado de se conhecer fazendo pela primeira vez um mochilão pela América do Sul.

 

Confesso que eu tinha um certo medo em viajar por quase um mês na companhia de dois desconhecidos, mas felizmente todos os meus medos foram por água abaixo. O Alan e o Leandro se tornaram praticamente meus irmãos durante toda a viagem. Perdi as contas de quantas vezes rimos de coisas bestas, ficamos bêbados, passamos mal por conta da altitude, negociamos preços, etc.

 

Ainda no aeroporto de Santa Cruz, o Leandro precisava comprar a passagem de avião para Sucre pro dia seguinte. Eu e o Alan já tínhamos comprado do Brasil, pela BOA (Boliviana de Aviación). Não havia mais vagas no mesmo vôo que o nosso, então o Leandro comprou na TAM (TAM boliviana, não é a mesma daqui do Brasil) pelo mesmo preço que pagamos na BOA. Também trocamos dinheiro no câmbio do aeroporto. Passagem comprada e dinheiro trocado, hora de pegar um táxi pro centro de Santa Cruz. O aeroporto Viru-Viru é bem afastado do centro. Negociamos e pagamos 50 bols pro taxista nos deixar num hotel. Ele indicou um próximo a praça principal e acabamos ficando lá mesmo, num quarto com 2 camas de casal por 50 bols por pessoa. Deixamos as malas, colocamos um chinelo porque tava bem calor e fomos dar uma volta na cidade, afinal só ficaríamos lá aquele dia. Tomamos umas cervejas num bar (umas 5, 6, 7, sei lá) e o efeito começou a bater, afinal não tinha comido nada desde o Brasil, só o lanche safado que a Gol oferece no avião. Lá pelas tantas, já de noite, paramos em um supermercado pra ver que cervejas tinham. Achamos uma chamada Judas, uma lata preta com teor alcoólico de 7%. Foi a escolha dos três, péssima escolha por sinal, porque a cerveja era horrível. Já um tanto quanto embriagados resolvemos comer gastando pouco. Paramos em outro mercado e compramos uma pizza congelada sabor borracha, que a mulher do mercado esquentou lá mesmo num microondas. A pizza parecia um chiclete mastigado, mas pra quem só bebeu o dia todo tava uma delícia. Ainda levei uma bronca da atendente porque eu não sabia dizer garfo e faca em espanhol. Ela me disse com cara de poucos amigos: "se eu fosse ao Brasil aprenderia a falar português".

 

Já era umas 11h da noite quando resolver voltar pro hotel e dormir, afinal acordaríamos às 5h da manhã pra ir pro aeroporto pra pegar o avião pra Sucre.

 

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# 2º dia - 06/08 - Santa Cruz de la Sierra/Sucre/Potosi/Uyuni

 

Acordamos às 5h, arrumamos as malas e fomos pra recepção do hotel. Havíamos combinado com o taxista que nos levou do aeroporto até lá para ele nos buscar às 5h30, mas é óbvio que ele não apareceu. Então andamos uns poucos metros e pegamos um táxi na rua mesmo, que nos deixou no aeroporto Viru-Viru por 50 bols. O Leandro fez o check-in na TAM e já foi pra sala de embarque, porque o vôo dele sairia 1 hora antes do meu e do Alan. Combinamos de nos encontrar no aeroporto de Sucre. Eu e o Alan comemos uma porcaria qualquer no saguão do aeroporto e logo embarcamos. A princípio o vôo da BOA seria Santa Cruz-Sucre sem escalas. Decolamos pontualmente e uns 40 minutos depois o comandante anuncia "Bienvenidos ao Aeropuerto de Cochabamba". Eu já pensando "cacete, pegamos o avião errado". Fomos falar com o comissário e ele informou que teríamos que descer em Cochabamba e pegar outro avião para Sucre. Meio a contra-gosto desembarcamos, praticamente saímos do aeroporto e já fomos tentar entrar na sala de embarque novamente. Como nosso bilhete era Santa Cruz-Sucre o rapaz que fazia o controle não queria nos deixar entrar. A medida que foram chegando mais passageiros da BOA ele resolveu liberar todo mundo, acho que com medo de apanhar. Mais uma hora de espera e decolamos de Cochabamba rumo a Sucre, onde chegamos em menos de 30 minutos.

 

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Desembarcamos em Sucre, pegamos as malas e encontramos o Leandro, que estava lá nos esperando. No saguão tinha um mapa de Sucre bem grande, então fui ver como fazia pra chegar no terminal de ônibus, para irmos a Potosi. Um policial se aproximou e perguntou se eu precisava de ajuda. Expliquei a ele que queríamos ir a Potosi e ele disse que não compensava ir de ônibus, pois como estávamos em 3 era mais vantajoso pegar um táxi. Resolvemos seguir o conselho e logo que saímos do aeroporto um batalhão de taxistas nos abordou. Negociamos com o Fausto, que nos levou até Potosi por 150 bolivianos (50 de cada). Antes de pegar a estrada ele ainda parou no centro de Sucre, a pedido nosso, para trocarmos mais um pouco de dinheiro. Três horas de viagem e chegamos no terminal de ônibus de Potosi. O Fausto disse que por mais 350 bolivianos nos levava até Uyuni. Fomos ver quanto custava a passagem de ônibus e o de uma empresa que sairia em 15 minutos custava 30 bolivianos. Então dispensamos o Fausto e fomos de ônibus mesmo.

 

Até então eu não estava sentindo nenhum efeito da altitude. Estávamos em Potosí, a 4000 metros acima do nível do mar e eu estava bem, então pensei "que bobagem essa coisa de soroche, eu tô aqui alto pra cacete e não tô sentindo nada". Mero engano. Na estrada de Potosi para Uyuni, não sei se pelas curvas infinitas ou se pela altitude mesmo, comecei a passar mal. Estômago revirando, dor de cabeça, parecia que estava de ressaca mas sem ter bebido nada. Umas duas horas depois chegamos em Uyuni, já anoitecendo. Descemos do ônibus e já fomos abordados pelo batalhão de pessoas das agências de turismo oferecendo o passeio para o Salar. Acabamos fechando com a Joias del Sur, com uma mulher chamada Paty, que nos atendeu muito bem e explicou o roteiro umas 18 vezes, porque toda hora esquecíamos algum detalhe. O pacote de 3 dias com todas refeições e alojamento inclusos, além do transfer para San Pedro de Atacama, saiu por 750 bolivianos por pessoa. A Paty ainda pagou o hotel para passarmos a noite em Uyuni e avisou que o guia passaria às 10h no hotel para nos buscar. Deixamos as tralhas no hotel e saímos pra procurar alguma coisa pra comer. A Paty nos indicou um restaurante e resolvemos ir. Sentamos e vimos o garçom servindo um prato com um bife gigantesco pra mesa ao lado. Resolvemos pedir dois daquele para os três. Depois de muito tempo o prato chegou, e depois da primeira garfada os três chegaram a conclusão que foi uma péssima escolha. Até agora eu não sei de que animal aquele bife era. Só sei que quando chegamos havia um cachorro circulando pelo restaurante e depois que o prato chegou o cão sumiu (dizem que até hoje nunca mais foi visto). Então fica da imaginação de cada um. Comemos bem pouco, pagamos meio caro, tomamos uma cerveja quente e voltamos pro hotel, afinal em Uyuni não há nada pra se fazer a noite (nem de dia). Nessa altura os três já estavam sentindo os efeitos da altitude e o frio intenso. Nessa noite dormi muito mal, ou melhor, cochilei mal, porque dormir mesmo não consegui em nenhum momento.

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# 3º dia - 07/08 - Salar de Uyuni

 

Acordamos às 09h e fomos procurar a migração para carimbar os passaportes de saída da Bolívia. Fica perto da praça principal e foi bem rápido, um rapaz do exército perguntou o dia em que saíriamos da Bolívia e por qual agência faríamos o tour do Salar e então carimbou. Não é obrigatório fazer isso em Uyuni, mas nos fez economizar tempo dois dias depois quando atravessamos a fronteira Bolívia-Chile. Tomamos café da manhã ali na praça mesmo, o chamado desayuno continental, com pão, manteiga, geléia, chá, café e suco. Mal sabia eu que esse tal desayuno continental iria nos acompanhar o resto da viagem. Às 10h voltamos pro hotel e aguardamos o guia da agência. Lá pelas 11h não havia chegado ninguém, então o Alan decidiu tentar ir até a agência pra ver o que tinha acontecido. Logo depois ele voltou dizendo que se perdeu e não achou a agência. No recibo do tour tinha o telefone, então pedimos pro rapaz da recepção do hotel ligar lá. Ele ligou e a Paty disse que estava esperando a gente, mas pelo que combinamos no dia anterior ela deveria nos buscar no hotel. Uns 10 minutos depois o jipe da agência chegou e enfim embarcamos rumo ao Salar. Nós 3, um casal de espanhóis e um rapaz sueco, além do guia Miguel.

 

A primeira parada foi no cemitério de trens. Lugar legal pra tirar fotos e nada mais. O Miguel nos deixou lá e disse que voltava em 20 minutos porque ia preparar o almoço. Saímos do cemitério e paramos em um vilarejo onde tinham algumas barracas e lojas pequenas de artesanato. Mais 10 minutos e enfim chegamos ao dito Salar de Uyuni, naquela imensidão branca sem fim. O Miguel nos alertou para usarmos óculos escuros, porque o sol bate no sal e reflete no rosto, o que é perigoso. E realmente é impossível ficar mais de 10 segundos sem óculos. O Salar impressiona pela sua imponência e por parecer não ter fim, denifinitivamente um dos lugares mais bonitos que já vi na vida. Tiramos várias fotos naquele oceano sem água e paramos uns 30 minutos depois pra almoçar. Ficamos tirando mais fotos, daquelas em perspectiva e logo o Miguel nos chamou pra encher a pança. É impressionante como o guia consegue preparar o almoço com tão pouca estrutura, afinal estamos no meio do nada. A comida estava muito boa, tinha arroz, pedaços enormes de frango, legumes, Coca-Cola quente e banana de sobremesa. Depois de forrar o bucho fomos pra Isla del Pescado, onde pagamos 30 bolivianos para entrar. Lugar muito bonito, com cactus milenares enormes. Do alto da Isla podemos ver o quão grande é o Salar. Ficamos lá por uma hora e partimos rumo ao alojamento.

 

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Depois de mais uma hora chegamos ao hotel de sal, lá pelas 6 da tarde. Ficamos eu, Alan, Leandro e o sueco em um quarto, e o casal de espanhóis em outro. O hotel era muito bom, tinha até banheiro privativo no quarto, mas sem água quente. Pra tomar banho teríamos que pagar 10 bolivianos. Nós brasileiros resolvemos tomar e o sueco deu a desculpa de que não tinha sabonete. Eu disse que emprestava o meu e aí ele teve que tomar banho meio a contra-gosto. No final ele ficou insistindo em pagar o banho dos quatro e acabamos aceitando. Depois do banho foi servido um lanche com bolachas, café e chá. Ficamos comendo e conversando e logo em seguida serviram o jantar: sopa, quinoa (eu comi achando que era arroz e só fui descobrir depois), frango, legumes e uma garrafa de vinho. O vinho parecia mais um vinagre, mas como o mal da altitude tinha nos largado por um tempo, bebemos a garrafa inteira. Depois do jantar, fomos dormir. Nessa noite consegui dormir bem, mas o Alan e o Leandro não. O Alan acordou no meio da madrugada assustado porque o Leandro parecia que tava sem ar, respirando com dificuldade. Nos dias seguintes ficávamos lembrando e rindo da cena de quase-morte.

 

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# 4º dia - 08/08 - Salar de Uyuni

 

Acordamos cedo, tomamos café no hotel e o Miguel arrumou as malas em cima do jipe. Saímos do hotel umas 8 da manhã. Paramos em uma pequena vila onde havia um mini-mercado para fazer compras. Como eu não ia comprar nada fiquei andando pela vila e tirando fotos. Em seguida fomos pra um mirante que dava pra ver o vulcão Licancabur. Logo depois começaria o circuito das lagunas. Laguna verde, laguna branca, laguna colorada, laguna cor-de-burro-quando-foge, etc. Uma mais bonita e incrível que a outra. Paramos pra almoçar na beira da Laguna Hedionda. O almoço foi o mesmo do dia anterior, apenas com a banana sendo substituída pela mexerica (bergamota, tangerina, sei lá, cada lugar tem um nome). Mexerica que ganharia um destaque na viagem nos dias seguintes, mas já já conto. O ruim de comer ao ar livre no frio e com vento é que você põe a comida no prato e um minuto depois tá tudo frio. Logo depois fomos pra Laguna Honda, que tem uma infinidade de flamingos. Depois a famosa Arbol de Piedra, detalhe que lá há uma placa escrito "Baño" (banheiro) e quando você segue na direção indicada na placa vai dar atrás de uma outra pedra enorme, sem banheiro nenhum. Em seguida a Laguna Colorada, que na minha opinião é a mais bonita e fascinante. O Miguel disse que a água da Laguna Colorada era vermelha por conta de algum elemento químico, o borax (algo assim), mas em toda laguna ele dizia isso "a laguna verde é verde por conta do borax... a laguna branca é branca por conta do borax". Então eu deduzi que o tal do borax fosse um arco-íris que podia assumir qualquer cor que bem entendesse.

 

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No final do dia a altitude começou a martelar minha cabeça de novo, acho que por causa do frio que estava mais intenso a medida em que íamos subindo. Já anoitecendo paramos em um posto de controle onde tivemos que pagar 150 bolivianos para adentrar a Reserva Nacional. Logo depois chegamos ao alojamento (mais conhecido como pulgueiro ou cativeiro) em que iríamos passar a noite. Ficamos os 6 no mesmo quarto. Não tinha luz e tava um frio de pelo menos uns 10 graus negativos. Logo que cheguei já me enfiei embaixo dos cobertores (na minha cama tinham 5) pra ver se passava a dor de cabeça. Com os 5 cobertores, 3 blusas, 2 meias e 2 calças eu ainda estava morrendo de frio. Um outro rapaz brasileiro disse que um quarto ao lado não estava ocupado, então fui lá e peguei mais 2 cobertores. Com sete cobertores o frio deu uma amenizada, mas eu ficava sufocado pelo peso de 1 tonelada de cobertores em cima de mim. Então tinha que escolher, ou morro de frio ou morro sufocado. Resolvi ir revezando a causa da morte. Foram no quarto me avisar que o jantar estava pronto, mas eu tava tão mal que não consegui comer nada. Logo voltei pra cama e vendo que minha cabeça estava prestes a se desintegrar de tanta dor, resolvi tomar um Advil. O espanhol que tava no mesmo jipe que a gente ainda me deu uma pílula contra o soroche e também tomei um chá de coca. Sei lá se podia misturar tudo isso, mas pensei igual o Tiririca: "pior que tá não fica". Nem preciso dizer que banho esta noite estava fora de cogitação. Frio polar, sem luz e dor de cabeça fenomenal contribuíram pra minha escolha em permanecer sem banho. Durante a noite, quase não dormi. O Alan e o Leandro também passaram mal durante a noite.

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Muito bom!

"Então tinha que escolher, ou morro de frio ou morro sufocado. Resolvi ir revezando a causa da morte." - Fantásticoooo!

Velho, é isso aí!

Ano que vem quero fazer um roteiro extremamente similar a esse seu(com pulgas e tudo mais), então estou ansioso pelas próximas partes...excelente a riqueza de detalhes...ao final de tudo, se possível, gostaria que vc colocasse uma espécie de 'reflexão' sobre o que faria diferente, para otimizar custos ou aproveitar bem mais(tipo a dica do carimbo), valeu?

Abraço

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Muito bom!

"Então tinha que escolher, ou morro de frio ou morro sufocado. Resolvi ir revezando a causa da morte." - Fantásticoooo!

Velho, é isso aí!

Ano que vem quero fazer um roteiro extremamente similar a esse seu(com pulgas e tudo mais), então estou ansioso pelas próximas partes...excelente a riqueza de detalhes...ao final de tudo, se possível, gostaria que vc colocasse uma espécie de 'reflexão' sobre o que faria diferente, para otimizar custos ou aproveitar bem mais(tipo a dica do carimbo), valeu?

Abraço

 

Valeu cara!!

 

O principal conselho é o seguinte: vá e viaje! Vale muito a pena, tanto pelos lugares incríveis por onde você vai passar quanto pelas pessoas que irá conhecer ao longo da viagem. Isso tudo não tem preço!

 

Vou tentar escrever mais esse fim de semana. É bom porque vou lembrando das coisas que aconteceram e rindo sozinho aqui :D

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# 5º dia - 09/08 - Salar de Uyuni/San Pedro de Atacama/Calama

 

Acordamos ainda de madrugada. Fiquei feliz que minha cabeça tinha dado um tempo, acho que tava tão frio que ela se esqueceu de doer. Tomamos café, desta vez mais caprichado, tinha pão, panqueca, iogurte, granola, café, chá, bolachas. Saímos do hotel ainda com o céu escuro e logo chegamos aos gêisers, aqueles buracos no chão que soltam uma fumaça. O Miguel disse que lá estava fazendo 15 graus negativos. Perto da fumaça dos gêisers fazia um pouco mais de calor, mas tinha um cheiro bem fedido. Ficamos um pouco lá e logo voltamos pro jipe. Em seguida fomos pras águas termais, uma poça de água quente no meio do deserto frio. Como eu não tinha levado roupa de banho, fiquei só olhando. O Alan e o Leandro também não se animaram a pular na água, afinal fora dela estava fazendo lá seus 5 graus negativos, fora o vento. O casal de espanhóis até ensaiou entrar na água, mas só a menina teve coragem. Ainda passamos pela Laguna Branca, um lugar muito bonito e última parada de tour. O Miguel disse que a partir de lá iríamos trocar de carro, pois nós 3 (eu, Alan e Leandro) iríamos pra San Pedro de Atacama e ele voltaria pra Uyuni com os espanhóis e o sueco. Nos despedimos do grupo e fomos pro carro de outro guia. 20 minutos depois já estávamos na fronteira Bolívia-Chile. Como já tínhamos carimbado o passaporte em Uyuni não precisamos pegar a fila na imigraçao boliviana. Embarcamos num ônibus que estava nos esperando e meia hora depois chegamos a San Pedro de Atacama, lá pelo meio-dia. Como já estávamos bem mais baixo em relação a altitude, já não me sentia mal.

 

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Na entrada de San Pedro precisamos pegar outra fila pra carimbar a entrada no Chile. Aí é que a mexerica começou a ganhar destaque na viagem. Teríamos que passar em uma máquina de raio-X e é proibido entrar no Chile com plantas, frutas ou vegetais. O Alan estava com a mexerica no bolso desde o segundo dia do Salar, sabe-se lá porque. Pouco antes de passar pelo raio-X ele lembrou e perguntou pro motorista do ônibus se tinha problema. O motorista disse que se alguém da imigração visse poderia dar problema e ele receberia uma multa. Eu dei a idéia de ele ir pro final da fila, disfarçar e jogar a mexerica na rua, mas o motorista falou que se alguém visse isso ia ser pior. Então, ele resolveu tentar e... passou! Os funcionários da imigração tavam mais preocupados em botar o papo em dia do que olhar quem tava passando. A partir daí a mexerica se tornou o mascote da viagem (pena que ela não sobreviveu até o fim, mas isso é história mais pra frente).

 

Voltamos ao ônibus e andamos mais uns 10 minutos até a entrada de San Pedro. A cidade é minúscula, com ruas de terra e poucos carros circulando. Fomos pesquisar preços de passeios e hotéis e percebemos que as coisas estavam um pouco caras por lá. O Chile por si só é um país caro comparado com Peru e, principalmente, Bolívia. Porém, San Pedro é ainda mais, por se tratar de uma cidade predominantemente turística. Conversamos os três e decidimos ir embora pro Peru no mesmo dia. Trocamos 100 dólares por 45.000 pesos chilenos e fomos até a rodoviária pra comprar passagens para Arica, fronteira com o Peru. Pagamos 17.500 cada um e ônibus sairia às 19h30. Como não havia outra alternativa voltamos ao centro de San Pedro pra procurar um lugar pra beber até a hora de ir embora. Encontramos um bar chamado Chelacabur, com camisas de futebol decorando o teto e cerveja de 1 litro (chamada Escudo) a 3.000 pesos. O dono era bem simpático, ele tava vestindo uma camisa do Flamengo. Falei que torcia pro Palmeiras e ele foi correndo nos fundos buscar uma camisa do Palmeiras pra me mostrar. Bebemos umas 3 garrafas, fomos almoçar no restaurante em frente (3500 pesos um prato com arroz, batata frita, carne e ovo) e voltamos ao Chelacabur pra tomar a saideira. Quando chegamos tava bem vazio mas na hora de ir embora começou a encher de gente.

 

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Umas 18h30 fomos pra rodoviária, 10 minutos andando do Chelacabur ate lá. O ônibus partiu às 19h30. Até então imaginei que ele fosse direto pra Arica. Maaas... não foi bem assim. Duas horas depois de sairmos de San Pedro o ônibus parou num terminal em Calama. Imaginei que fossem entrar outras pessoas e logo partiríamos. Vi que todos desceram e que estavam tirando as malas do bagageiro. Como o Alan e o Leandro estavam roncando, decidi descer pra ver se estavam mexendo nas nossas malas. Ao descer descobri que teríamos que trocar de ônibus e que o próximo pra Arica iria sair às 22h30. Voltei pro ônibus, acordei os dorminhocos e descemos todo mundo pra esperar o próximo ônibus. Logo chegaram dois ônibus no terminal e o rapaz da rodoviária disse que os dois iriam pra Arica às 22h30. Aí começou uma luta pra descobrir em qual iríamos, cada um falava uma coisa e tava a maior confusão na rodoviária. Até que decidimos nós mesmos escolher o ônibus, simples assim. Vimos que o segundo estaria mais vazio, porque a maioria das pessoas embarcou no primeiro, acho que com medo de não ter lugar no outro. Nessa bagunça o ônibus acabou saindo de Calama depois das 23h, mas pelo menos fomos no ônibus vazio e com um banco inteiro pra cada um. Dormi e só acordei de manhã já em Arica.

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