Membros CaCa_MG Postado Agosto 8, 2016 Membros Postado Agosto 8, 2016 Muito timidamente venho fazer meu primeiro relato de trilha, incentivado pelo meu grande companheiro de aventuras – meu marido - e por toda grande ajuda que já consegui com tudo que os colegas escrevem aqui. Digo timidamente porque, tendo acompanhado o Mochileiros.com há vários anos, já vi por aqui muitos relatos magníficos de trilhas e travessias maravilhosas, e minha experiência humilde é uma trilha de um dia só no Santuário do Caraça/MG. Mas, como há poucos relatos dessa trilha especificamente na internet, achei que seria bacana vir aqui e compartilhar com vocês. Fiz o contato com o Guia João Julio pelo whatsapp, com o número que está na página do Santuário. Importante contextualização: já fizemos alguns trekkings no passado, mas fazia um tempo que estávamos totalmente sedentários. Como queremos fazer Salkantay no ano que vem, achamos melhor voltar à ativa e, por morarmos em BH, escolhemos as trilhas do Santuário do Caraça, pela praticidade (e, de quebra, pernoitar na linda Catas Altas/MG). Pois bem: enganados pela altitude, pretendíamos fazer o Pico do Sol ou do Inficcionado (“quem já foi ao Bandeira, com 2.892m, sobe tranquilo os 2.072m do Sol). Sorte nossa que o Sr. João é guia experiente, 49 anos de Caraça, e nos alertou que os Picos do Sol e do Inficcionado não são para principiantes. Com juízo, acatamos a orientação dele, o que nos salvou de um belo perrengue. Pois bem, agendamos para o dia 09/07, sem definir a trilha (são 7 Picos no Caraça), esperando chegar e conversar com o Sr. João para ver o que ele acharia melhor (ou, no caso, menos sofrido). Saímos de BH por volta das 4h50 e, em duas horas, estávamos na Portaria do Santuário. Para chegar até lá, pegamos a BR-381 sentido Espírito Santo, entrando à direita no trevo de Barão de Cocais (cerca de 80 km). Em seguida, pegamos a MG-436 por uns 25km até o trevo da Estrada do Caraça, à direita. Dali até o Santuário são mais uns 20 km de uma linda e sinuosa estradinha, muito bem conservada. Também é possível pegar o trem que faz a linha BH/Vitória, saindo às 7h30 de BH e descendo na primeira estação (1h30min de viagem). Da estação até o Santuário, seria preciso pegar um táxi, mas é uma viagem gostosa e que vale a pena. Na volta, o trem passa na Estação Dois Irmãos por volta das 19h. É possível adquirir as passagens com antecedência na internet mesmo. Como a Portaria do Santuário só abre às 8h, aguardamos no carro até termos o acesso. Paga-se R$10,00 por pessoa para ingresso ao Santuário, que está numa RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) – motivo pelo qual trilhas longas não são permitidas sem guias credenciados. Encontramos o Sr. João na recepção da Pousada do Santuário e, conversando um pouco, decidimos pelo Pico da Carapuça. Imponente, ele “guarda” o Santuário, mas sua proximidade não torna a trilha mais fácil – é um desnível grande e para quem está sem um bom preparo pode ser bem puxado. Logo de cara fui aconselhada a deixar meu bastão para trás, pois haveria muitos trechos de escalaminhada, e ele poderia me atrapalhar. Insisti, mas acabei realmente deixando ele no meio da trilha, para pegar no retorno. Pico da Carapuça visto do Museu do Santuário: Começamos a trilha por trás da Pousada, às 8h45, e logo chegamos à Capelinha (construção do século XIX). Dali a visão já é linda, mas era uma trilha que já conhecíamos, pois fomos até a Gruta de Lourdes em 2012. Da Capelinha em diante começam as primeiras subidas, mata mais fechada, mas trilha bem definida. Nada que roubasse nosso fôlego. Em menos de uma hora já estávamos de frente para a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, tão escondida em meio a tanta vegetação. Capelinha: Pausa para descanso antes da Gruta de Lourdes: Gruta de Lourdes: A trilha segue à direita da gruta, e aí começam os intermináveis degraus. ãã2::'> Uma leve pausa numa subida pela pedra para apreciarmos duas rochas que parecem duas pessoas falando uma com a outra. À direita, é possível avistar o vale e, bem ao fundo, os imponentes Picos do Sol e do Inficcionado (naquele dia, ainda encobertos pelas nuvens). À esquerda/frente, já era possível ver o Carapuça, numa subida íngreme que me fez pensar “Será que consigo?” inúmeras vezes. Deste ponto em diante, não há mais descanso - degraus e mais degraus em meio à vegetação bastante fechada, o que ajuda muito, pois a trilha quase toda é feita na sombra. O Sr. João subia como se fosse escada rolante, o meu marido também não teve muita dificuldade, mas eu comecei a atrasar a galera porque obviamente estava sofrendo muito com a subida puxada. Após algum tempo de subida, o Sr. João deixou uma garrafinha num ponto onde a água marejava das pedras, gotejando suavemente em meio à mata. Pegamos à esquerda e continuamos subindo, até um pequeno platô de onde já era possível avistar o santuário lá embaixo, além dos outros picos ao redor. Daí começa o ataque ao cume, por mais uns 45 minutos, mais degraus "Casal discutindo a relação": Tão perto, mas tão distante... Capelinha no primeiro plano e Santuário ao fundo Ali de mineiro: Chegamos ao cume às 12h15. Logo pudemos avistar uma casinha em ruínas. Dizem que foi destruída por raios há alguns anos. A vista é maravilhosa. O Santuário, bem abaixo, parece de brinquedo. Do cume é possível ver os 7 Picos do Caraça. Em dias limpos, é possível ver as cidades de Santa Bárbara e Catas Altas, mas havia muitas nuvens naquela direção no dia que fomos. A estada no cume permite momentos maravilhosos de meditação, sem ouvir praticamente nenhum som. É uma paz inexplicável. Vista do Cume - Santuário ao longe: Abrigo parcialmente destruído: Pico do Inficcionado (esq.) e Pico do Sol (centro): Após um lanche rápido, juntamos nossas coisas para iniciar a descida. Na maior parte do tempo, desci como se fosse um escorrega, no chão, pois alguns degraus são muito altos e eu não dava conta (tenho 1,57m). No fim, eu desci de todos os modos possíveis exceto de cabeça para baixo. É a hora em que você começa a sentir falta da subida. Além disso, mesmo já tendo um pouco de experiência, cometi um erro de principiante e não estava com a unha do dedão tão curta como poderia. Bom, três horas e meia de degraus depois, vocês podem imaginar a dor que eu estava sentindo, né! No sábado seguinte precisei tirar a unha, pois ¾ dela estavam soltos. Acontece. Inacreditável pensar que dá pra subir/descer aí: Chegamos de volta ao Santuário às 16h25, cansados, mas com a deliciosa sensação de missão cumprida. Antes de mais nada, a região é maravilhosa e o Santuário merece uma visita, mesmo que seja para fazer as trilhas mais curtinhas (ou trilha nenhuma). Algumas pessoas pernoitam na Pousada, e, com sorte, dá para ver o famoso Lobo Guará, que é alimentado pelos padres. Como esse não era nosso objetivo, de lá, fomos para a cidade vizinha de Catas Altas/MG, que adoramos! Tomamos umas cervejas e comemos um pouco para comemorar mais essa conquista a dois. Dormimos e voltamos para BH no dia seguinte, com a certeza de que voltaremos para fazer alguns dos outros 6 picos! Citar
Membros de Honra Otávio Luiz Postado Agosto 9, 2016 Membros de Honra Postado Agosto 9, 2016 Show de bola!!!! É uma região belíssima e pouco divulgada, obrigado pelo relato. 1 Citar
Editores Claudia Severo Postado Agosto 17, 2016 Editores Postado Agosto 17, 2016 Muito legal Camila! Obrigada por dividir a experiência com a gente 1 Citar
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