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  1. Nunca tinha ouvido falar de Pancas, a primeira vez que fiquei sabendo da existência dessa pequena e pacata cidade, que fica encravada no meio do Pontões Capixabas, foi num artigo que listava os melhores lugares para acampar no Brasil. A minha primeira reação foi duvidar daquela imagem, afinal, aquilo de nada parecia as terras tupiniquins que eu tanto conhecia. Depois da dúvida veio um misto de desapontamento e ignorância, pois já havia margeado aquela região por algumas vezes e nada sabia sobre ela. De onde nasce o desejo? No caso de Pancas, foi amor à primeira vista. Foi amor assim que meus olhos pousaram na imagem de uma corcova do camelo de pedra vista do sítio Cantinho do Céu. O céu estava azul. Azul que somente era cortado por pequenos pedacinhos de nuvens, mas a beleza do céu era ofuscada por aquela pedra de forma peculiar. Era uma maravilha. Aquela fotografia aglutinou na minha retina e se fixou em meus pensamentos. Por fim, o desejo havia sido criado dentro de mim. Agora era questão de necessidade estar naquela diferente cidade chamada Pancas. Era uma quarta-feira de setembro, dia da minha qualificação do mestrado. Os sentimentos se misturavam. O medo da apresentação mesclava-se com a ansiedade de liberdade que teria nos próximos dias. A intermitência entre medo e felicidade me dominava. Os ponteiros iam passeando pelo relógio levando convosco o medo até ficar apenas a ansiedade. Agora estava eu de frente com minha companheira de tantas viagens e depois de um longo hiato de quase uma ano, estava com minha mochila e juntos estávamos prontos para conhecer novos lugares e novas pessoas. Sentei na poltrona do ônibus e a ansiedade esvaziou-se por completo. Enfim, na estrada novamente, que saudades! No escuro do ônibus em direção a Vitória eu repassava os planos da viagem. As ambições de roteiro era Pancas, subir o Pico da Bandeira e tomar um banho de mar. Nada muito ambicioso, mentalmente eu separei uma porção de dias para cada lugar dos meus 11 dias de liberdade. Essa divisão de dias e um contato rápido com o sítio Cantinho do Céu foram o máximo de planejamento que tive. Há algum tempo tinha migrado de viagens meticulosamente planejadas para apenas ir e acreditar que as coisas aconteceriam naturalmente. Ainda no ônibus conheci um aspirante a jogador de futebol. De início calado com o tempo foi se mostrando uma boa companhia de estrada. O centro de todas as conversas era o futebol. Ele é volante da base do São Bento, natural de Baixo Guandu (cidade vizinha de Pancas), e por suas palavras parecia ter um futuro promissor no mundo da bola. Mundo que eu tanto quis e que hoje me causa um pouco de repulsa, apesar de gostar demais de jogar e assistir os jogos do tricolor. Assim que o ônibus estacionou em Vitória corri pela rodoviária ao encontro de alguma viação que rumasse para Pancas. Era 07h00 e às 07h15 subo no ônibus da viação Pretti com destino Pancas. Era a minha primeira vez no estado do Espírito Santo. Da janela do buzão eu ia conhecendo o entorno que se anunciava das sinuosas pistas do caminho. Muito verde e diversas colinas, morros, montes, pedras e montanhas cruzavam em minha direção e, pela mesma janela, desapareciam rapidamente dando lugar a novos verdes, colinas, montes, morros e montanhas. Tudo era novo pra mim. A novidade não deixava os meus olhos dispersarem do trajeto. Quase no fim, cruzando Colatina vejo o imponente rio Doce que fora tão judiado nos últimos anos. A irresponsabilidade humana somada a falta de chuva na região fez eu presenciar um rio Doce seco, com uma coloração estranha e cheio de ilhotas de areia por todo seu curso. De imponente parecia impotente. A viagem prosseguia e depois de mais algumas dezenas de minutos estava eu, finalmente, em Pancas. Peguei um ônibus circular até o distrito de Palmital e caminhei uns vinte minutos até chegar o sítio Cantinho do Céu. Foto 1 - Primeira foto em Pancas Foto 2 - Caminho para o Cantinho do Céu O sítio Cantinho do Céu tem como dono o Fabinho e sua família. O sítio é muito grande e fica na base da pedra do camelo, dentro de um vale lindíssimo. A estrutura do camping é ótima tendo diversos banheiros, área para cozinhar, churrasco, fogueira e uma extensa área de camping. O Fabinho está construindo alguns Chalés para poder acomodar todo o tipo de público, as obras estão em fase inicial. O valor do camping é de trinta reais a diária com direito a café da manhã. No sítio é oferecido almoço e janta no valor de vinte reais por refeição. Todas as refeições são feitas por sua mãe que é uma gentileza de mulher. Caminhei bastante por todo o sítio. Só de se estar no Cantinho do Céu você tem paisagens suficientes para sorrir o tempo todo. Caminhar e se deixar perder pelo vale é ser surpreendido a todo momento, ora por um ângulo novo das gigantescas pedras ora por uma imensidão de flores de todas as cores. Tranquilidade e paz é o que se recebe a cada passo por aquelas terras. Foto 3 - Lar do lar Foto 4 - Redondezas do sítio Cantinho do Céu Foto 5 - Redondezas do sítio Cantinho do Céu Foto 6 - Redondezas do sítio Cantinho do Céu Foto 7 - Redondezas do sítio Cantinho do Céu Foto 8 - Redondezas do sítio Cantinho do Céu Foto 9 - Redondezas do sítio Cantinho do Céu Num dos dias fui fazer a trilha para o topo da pedra do camelo. O Fabinho também é guia, dos bons por sinal. Ele cobra o valor de dez reais por pessoa para um grupo de tamanho, razoavelmente, grande. Nessa trilha tive a companhia da Ju e do Rodrigues, dois cariocas. Na maioria das vezes dispenso guias, mas nesse caso não vale a pena, existem trechos difíceis, que dependendo da habilidade de cada um, é necessário utilizar equipamentos de rapel e escalada Além de ter mais segurança com a presença do Fabinho você será presenteado com sua camaradagem. O início da trilha é bem tranquilo. Caminha-se durante uns 30 minutos diante de uma vegetação agradável.até chegar ao pé da pedra. Já no começo da pedra tem uma parte em que caminha-se com o auxílio de corda, por causa da inclinação lateral. Depois é só subida. Ora com caminhadas com grandes subidas e ora com pequenas escaladas. Assim se vai pelo caminho. Subindo pela pedra do camelo. Primeiro se conquista a primeira corcova, na sequência a segunda corcova e por fim a cabeça daquele camelo gigantesco feito de pedra. Acredito que levamos umas duas horas pra subir. Ao chegar no topo acima do camelo, o esforço é compensado com uma das mais belas que você poderá presenciar nessa vida. Estando lá só resta sentir e agradecer. Ficamos uns quarenta minutos no topo. Depois descemos tranquilamente e no meio da descida ainda adentramos numa espécie de “janela” alojada em uma das corcovas do camelo. Depois seguimos mais lentamente até voltarmos ao sítio Cantinho do Céu, ponto de partida da trilha. Foto 10 - Trilha Pedra do Camelo Foto 11 - Trilha Pedra do Camelo Foto 12 - Trilha Pedra do Camelo Foto 13 - Trilha Pedra do Camelo Foto 14 - Trilha Pedra do Camelo Foto 15 - Trilha Pedra do Camelo Foto 16 - Trilha Pedra do Camelo Foto 17 - Trilha Pedra do Camelo Foto 18 - Trilha Pedra do Camelo Foto 19 - Trilha Pedra do Camelo Foto 20 - Trilha Pedra do Camelo Foto 21 - Trilha Pedra do Camelo Numa tarde, de moto o Fabinho me levou até a pista de voo. A pista fica uns 30 quilômetros longe do sítio, meio que impossibilitando ir caminhando. Ao estar na pista de voo se tem uma visão panorâmica do monumento dos Pontões Capixabas, lindo demais. Minha visão favorita de Pancas é essa. Pena que o dia estava nublado e não tive a melhor cena do lugar, mas nada que me tirasse a excitação de presenciar aquela beleza com meus próprios olhos. Acredito que voar de parapente ali deve ser das melhores experiências, pena que o pessoal não estava por lá nesse dia. Foto 22 - Vista Pista de Voo Foto 23 - Vista Pista de Voo Foto 24 - Vista Pista de Voo No meu penúltimo dia fui até a cidade de Pancas caminhando. A cidade fica uns 10 km do sítio. Todo percurso é belo. Primeiro avista-se a pedra do camelo e fica difícil de acreditar, por aquele ângulo, que dias atrás tinha conquistado o topo. A caminhada é tranquila. E cada novo passo, novos cenários, novas belezas. O ângulo de incidência da luz do sol nas pedras fazem elas mudarem de cor constantemente. Passei o dia caminhando e em tom de despedida olhava tudo atentamente. Naquela noite arrumei minhas coisas e decidi ir para Guarapari no próximo nascer do sol, e tomar o imaginado banho de mar. Foto 25 - Caminho Cantinho do Céu até a cidade de Pancas Foto 26 - Caminho Cantinho do Céu até a cidade de Pancas Foto 27 - Caminho Cantinho do Céu até a cidade de Pancas Foto 28 - Caminho Cantinho do Céu até a cidade de Pancas Foto 29 - Caminho Cantinho do Céu até a cidade de Pancas Foto 30 - Caminho Cantinho do Céu até a cidade de Pancas Foto 31 - Caminho Cantinho do Céu até a cidade de Pancas No dia seguinte, logo cedo, o Fabinho me deu uma carona até a rodoviária e fui embora rumo ao litoral. Meus eternos agradecimentos ao Fabinho e sua mãe pelo acolhimento, companheirismo, simplicidade e por fazer dos meus dias em Pancas os melhores possíveis. Muito Obrigado! Guarapari foi uma passada rápida de dois dias corridos. Fiquei próximo a praia do Morro. Tomei o banho de mar, o tempo não era dos melhores e a água estava gelada, mas nada que me desanimasse de entrar no mar. O que vale comentar desses dias é o Morro da Pescaria, fiz a trilha que leva até a praia do Ermitão e depois voltei margeando as praias da reserva. vale demais a pena aquele lugar. De resto, caminhei pela orla da praia do Morro. Foto 32 - Guarapari Foto 33 - Praia do Ermitão Foto 34 - Praia do Ermitão Foto 35 - Praia do Morro De volta a Vitória, conheci um pouco do centro histórico. Vi a mostra de cinema do Espírito Santo. Posteriormente, segui meu caminho para o Alto do Caparaó. A estrada era companhia novamente. Viajar pelas estradas do ES é garantia de boas paisagens. Entretanto, esta linha de ônibus tem como uma das paradas a cidade de Domingos Martins e dias antes um grupo de dança da cidade havia morrido num acidente rodoviário próximo a Guarapari, enfim, o ônibus estava cheio de parentes das pessoas falecidas nesse desastre. A tristeza pairava naquela viagem. Não consigo expressar em palavras a perplexidade daqueles momentos. Todos vinham conversar comigo achando que eu também havia perdido um ente querido, e assim, ficava sabendo histórias das pessoas que haviam partido, com isso a tristeza aumentava pois cada vez mais me tornava mais íntimo daquelas pessoas que eu não teria mais chance de conhecer. A garganta secava e palavras de conforto não saiam da minha boca. Depois de passar Domingos Martins e sua Pedra Azul o ônibus esvaziou. Dormi um pouco enquanto a placas indicavam a proximidade da fronteira com Minas Gerais. Finalmente, o ônibus estacionou em Manhuaçu e de lá já peguei outro ônibus para Alto do Caparaó. Parece clichê ficar falando das belezas do entorno do caminho, mas é lindo demais aquele pedaço de Minas até chegar, por fim, em Alto do Caparaó. Desci no ponto final do ônibus. Andei poucos metros até a pousada Serra Azul. Conversei com a Lani, gente boa demais, e consegui um quarto, com banheiro e café da manhã por cinquenta reais. Deixei minhas coisas no quarto e fui reconhecer a cidade e obter informações sobre a subida noturna que iria fazer até o Pico da Bandeira. Antes do início do dia já estava na cama pronto para dormir. Foto 36 - Vista de frente a pousada Serra Azul Acordei tarde. Desci para tomar o café da manhã e lá encontro diversos tipos de sucos e o melhor era o suco de couve com limão. O café colhido e moído no próprio cafezal da pousada é bom demais também. A região do Caparaó é famosa pela qualidade de seus cafés, sendo considerado os melhores do Brasil. Depois fui no mercado comprar comida para levar para o acampamento e para a subida. Refiz a mochila e logo depois do meio dia segui para o Parque Nacional do Caparaó. Para quem faz a subida ao Pico da Bandeira por Alto do Caparaó (a outra possibilidade é por Pedra Menina - ES) a trilha (só ida) tem cerca de 7,5 km, saindo do Terreirão. Por esse trajeto encontra-se duas áreas de campings: Terreirão e Tronqueira. Terreirão está no inicio da trilha e há um espaço grande para camping, além de dar acesso a trilha para o Vale Encantado e ficar do lado do mirante. No meio do trajeto encontra-se o camping da Tronqueira, que na atualidade é proibido acampar. Para acampar no parque é necessário entrar em contato e pedir permissão. Cheguei no Terreirão e logo montei a barraca. A ideia era sair umas 11 horas da noite rumo o pico da Bandeira. Aproveitei que era dia e fui conhecer o Vale Encantado e fiquei por lá um bom tempo. Na volta encontro com o Sairo, guia local que estava guiando um casal para o pico, ele já havia me dado todas as dicas possíveis para a subida anteriormente. Sairo é gente boa demais (vício de linguagem, mas não consigo me referir de outra forma). Ele ia fazer a subida noturna também e me disse para subir até a Tronqueira e ficar por lá numa casa de pedra junto com eles e assim, descansar mais durante a noite. Peguei meu saco de dormir coloquei na mochila e deixei minha barraca montada no Terreirão e comecei a caminhada rumo a Tronqueira. A trilha demorou umas duas horas, é relativamente tranquilo a orientação e a dificuldade é moderada. Cheguei na Tronqueira recepcionado por um trio de guaxinins. Vimos o pôr-do-sol do mirante, jantamos e logo nos esticamos no chão da casa de pedra, na tentativa de dormir para a subida que estava tão próxima. Foto 37 - Vale Encantado Foto 38 - Vale Encantado Foto 39 - Vale Encantado Foto 40 - Vale Encantado Foto 41 - Por-do-sol Tronqueira O barulho do roer dos ratos dá lugar ao som grosseiro do despertador. São 3 horas da manhã, embrulhado no chão vou retomando os movimentos do corpo. Sem os limites do saco de dormir retomo a liberdade. O frio aumenta. As luzes das lanternas cortam a escuridão. As mochilas levitam em direção de suas respectivas companhias. Tudo pronto, hora de sair do abrigo. No abrir da porta o vento frio anuncia-se. Cada partícula do corpo se agita em movimentos frenéticos na tentativa frustrada de aquecimento. À volta quase tudo é escuridão, exceto por uma linha de luz que segue na direção do meu nariz. O céu está limpo e infinitas estrelas pintam o céu. O pescoço começa a doer de tanto olhar para cima e a luz da lanterna se perde no brilho daquele céu tão povoado. Inspira. Expira. Nariz para a esquerda. Inspira. Expira. Nariz para a direita. Inspira. Expira. Nariz para a esquerda. Ufa!. O toco de madeira pintado de amarelo é iluminado. Caminho certo. Descanso. Muito frio. Inspira. Expira. Olha pro céu. Toco amarelo. Frio. Inspira. Expira... Enfim, o topo. O relógio marca 04:37. Acima de 2852 metros o frio intenso frustra qualquer sensação de alívio. De volta a proteção do sarcófago de pano. Somente os olhos estão nus e eles miram o céu, logo o sol chega e aquele céu cheio de estrelas se desfaz. São 05:10 e os primeiros raios de sol surgem no horizonte. Num ritmo frenético o sol vai avançando e eliminando a escuridão ao seu redor. O frio diminui. As nuvens vão se acumulando na medida que o sol vai subindo. Não há mais fôlego, mas não por cansaço e sim pela paisagem. Tira o fôlego aquela beleza de lugar. Foto 42 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira Foto 43 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira Foto 44 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira Foto 45 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira Foto 46 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira Foto 47 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira Foto 48 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira Foto 49 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira Foto 50 - Nascer-do-Sol no Pico da Bandeira O Pico da Bandeira é o terceiro maior pico do Brasil com seus 2852 metros de altitude, e diz a lenda que tem esse nome pois na época do império brasileiro D. Pedro II mandou colocar uma bandeira em seu topo, pois até então imaginava-se que o Pico da Bandeira era o ponto mais alto do Brasil. O ponto mais alto do Brasil é o pico da Neblina (2995 metros) que localiza-se próximo a fronteira da Venezuela na região amazônica conhecida como cabeça do cachorro (por causa da sua forma no mapa) perto da cidade de São Gabriel da Cachoeira. A fronteira entre Brasil e Venezuela também abriga mais dois dos dez pontos mais altos do Brasil, o Pico 31 de Março (2974 metros) e o Monte Roraima (2739 metros), segundo e sétimo respectivamente. Já o Caparaó abriga também o Pico do Cristal (2769 metros) sexto mais alto do Brasil. Sairo e o casal logo se vão. Em contrapartida uma família que subiu pelo Espírito Santo havia chegado, porém vinte minutos depois vão embora. Estou sozinho no topo. Mentira está eu, o sol, o vento forte e aquele mar de nuvens. E assim ficamos eu, o sol e o mar de nuvens por mais de quatro horas, pois o vento já não tinha mais força. Perto das 09h30 dou inicio a descida. Foto 51 - Descendo Volto lentamente. Aproveito tirar um cochilo na Tronqueira, até ser acordado por um guaxinim querendo roubar minha maçã. Continuo a descida. Sigo bem devagar. Chego no Terreirão e conheço um casal que está de passagem pela cidade e estavam atrás do mirante. Começo a desfazer o acampamento e vejo que existe outra barraca. Os donos eram outro casal, e por coincidência o Rafael é da mesma cidade que eu (Rio Claro-SP), eles iriam subir o pico naquela madrugada. Conversei um pouco com eles e segui rumo a cidade, uns 10 km me separavam de Alto Caparaó. No meio do caminho o primeiro casal estava voltando e me ofereceu carona. Aceitei. Eles tinham boas histórias, afinal eles cuidam de uma pousada de aventura em Socorro. Chegamos em Alto Caparaó. Agradeci a carona e segui para o primeiro bar aberto para tomar a tão desejada cerveja pós subida. Enfim, o troféu. Foto 52 - Mirante No dia da partida, segui para os recantos do café. Acordei bem cedo e fiquei toda a manhã caminhando entre cafezais. Olhava tudo com atenção. Na hora do almoço refiz minha mochila, me despedi da Lani e de um pessoal que havia conhecido na pousada e segui para Manhumirim. Ainda tinha que voltar pra São Paulo e depois para Rio Claro. Foto 53 - Redondezas Alto Caparaó Foto 54 - Redondezas Alto Caparaó Foto 55 - Redondezas Alto Caparaó Foto 56 - Redondezas Alto Caparaó Foto 57 - Redondezas Alto Caparaó Nesses poucos dias de mochilão tive a oportunidade de conhecer dois lugares fantásticos: Pancas e Alto do Caparaó. Lugares esses que já são dos meus favoritos. Recordar esses dias me faz reviver as felicidades daqueles onze dias de longas caminhadas. Vou encerrar esse relato com um trecho de um dos meus livros favoritos que traduz bem melhor o que eu senti nesses dias que relatei. "Assovia o vento dentro de mim. Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara." O livro dos abraços, Eduardo Galeano Nos vemos pela estrada. Beijos na alma. Diego Minatel
  2. Fala Galera, Vou relatar parte de uma viagem ao Espírito Santo, que incluiu 2 destinos: Pancas, no noroeste do Estado, e Pedra Azul, distrito do município de Domingos Martins, um pouco mais próxima de Vitória. Nesse relato vou abordar somente Pancas. Pedra Azul procurarei contribuir em outros tópicos já criados. A explicação é simples, tem muito pouca informação sobre Pancas aqui no Mochileiros, e no meu entendimento os outros relatos existentes sobre esse lugar incrível foram um pouco diferentes da minha experiência por lá. Tudo começou quando eu e minha esposa, Priscila, paramos para pensar sobre o que fazer no Reveillon 2014/2015. Não tinhamos muitas opções, pois estava meio em cima da hora e as passagens aéreas já estavam bastante caras para os destinos mais turísticos. Por outro lado, nós buscávamos algum lugar mais tranquilo, sem muvuca. Eis que do nada, nos deparamos com uma foto de Pancas, tirada da Pedra da Colina (pista de Paraglider). Foi aquela sensação de "Temos que conhecer esse lugar!!!". (digite "Pancas" no Google Imagens). E um amigo nosso, que já morou no Espírito Santo, disse que Pancas seria um bom destino de isolamento. Ninguém iria para aquele fim de mundo. Foi aí que, pesquisando mais um pouco sobre o lugar e insistindo em tentar viabilizar a logística, consegui encontrar passagem para Vitória num preço bom, GIG - VIX por R$300 ida e volta. Sem poder parar para pensar direito, compramos. Com a passagem comprada, nosso destino estava decidido, exploraríamos o Espírito Santo. Teríamos 6 dias pra isso. A primeira abordagem de planejamento foi "Vamos passar os 6 dias em Pancas e vamos escalar pelo menos uns 2, o resto faremos trilhas". Como somos iniciantes na escalada, precisaríamos de alguém para nos guiar na escalada. Encontramos informações sobre a empresa Planeta Vertical, de Vitória, e fomos procurar saber se seria possível alguém nos guiar. Entramos em contato direto com o Oswaldo Baldin, dono da Planeta Vertical. Bom, ele demorou para nos responder, o que nos prejudicou um pouco no nosso planejamento, mas depois descobrimos o por quê. Ele era o único guia a atuar profissionalmente com escalada no Espírito Santo e estava tentando remarcar um outro compromisso para poder nos guiar em Pancas. O chato é que não deu, então melou as escaladas. Não há guias profissionais na região de Pancas. Agora, se você você não é iniciante na escalada, continue lendo o relato. Falarei um pouco mais das escaladas a frente. Diante da impossibilidade de praticarmos escaladas, tivemos que incluir um outro destino no roteiro, Pedra Azul. Ficou 3 dias "úteis" para Pancas, 2 dias para Pedra Azul e, no último dia, Vila Velha e um pulo em alguma praia de Guarapari. Depois de lermos tudo o que havia disponível sobre Pancas aqui no mochileiros (não é muito) decidimos que esse roteiro seria uma exploração motorizada. Alugaríamos um carro em Vitória e rodaríamos os 6 dias com ele. Agora vamos aos fatos. Dia 30/12 - Ida Rio de Janeiro >> Vitória >> Pancas Nesse dia fizemos a viagem Rio de Janeiro >> Pancas. Nosso voo para Vitória era as 16:30, +/-. Saí do trabalho um pouco mais cedo e lá fomos nós para o Galeão. O Vôo RJ-VIX é muito rápido, tipo uns 45 min. Bom, como saiu tudo nos conformes, 17:30 estávamos no aeroporto de Vitória procurando a agência da Localiza, onde retiraríamos o carro. Sobre a reserva do carro: Pela primeira vez utilizei um serviço online que se chama RentCars. Gostei, consegui um bom preço reservando com a Movida, carrinho classe A, ou seja, básico. Mas funciona assim, vc faz a reserva e a RentCars vai procurar saber se a empresa pode arcar com o compromisso. No nosso caso a Movida não poderia, então a própria RentCars providenciou outra reserva pra mim no preço próximo ao que eu havia selecionado anteriormente. Ficou reservado com a Localiza. R$99 a diária. Continuando. Pegamos o carro, tanque cheio, bagagem no lugar e fomos nós. Lá pelas 18:00 pegamos a BR-101 sentido Norte até a cidade de Fundão, depois pegamos à esquerda a rodovia ES-261, que leva a Santa Teresa, e de lá pega a ES-080 rumo a Colatina. Se tiver dúvidas, dá uma olhada no Google Maps. Atenção: Essa não é opção mais rápida para chegar em Pancas. A opção mais rápida é ir pela BR-101 até João Neiva e depois pegar a BR-259 até Colatina. Depois de Colatina só tem um caminho, continuando pela ES-080 e depois pegando a ES-341. Não fomos por esse caminho pois queríamos fugir do trânsito das BR 101 e 259. Deu certo, mas demorou muito mais, o caminho passando por Santa Teresa é muito mais montanhoso e subir serra com o carrinho 1.0 demora. Levamos umas quase 5 horas para chegar a Pancas. Já era quase 23h quando estacionamos na pousada Ninho da Águia. Chegamos cansados e com fome. Para nossa sorte, ainda havia uma lanchonete na cidade disposta a fazer uma última entrega de Lanche. Foi banho, comer, dormir. Mas antes de ir dormir, uma olhadela a partir da varanda, e a luz da lua revelava o contorno das montanhas que cercam a cidadezinha, só pra deixar a gente ansioso para o próximo dia. Dia 31/12 - Reconhecimento da cidade, em busca das trilhas a fazer + Fim de tarde na Rampa de Voo Livre Acordamos lá pelas 9h. Aprontamos e fomos tomar café. Só havia nós hospedados na pousada. O café da manhã é bem bonzinho. Tinha bolo, pão, queijo, presunto, suco, frutas. Esse seria um dia para sondar o que daria para fazer nos próximos 2 dias e, pelo menos, subir no alto da Pedra da Colina, onde fica a pista de voo livre. Começamos batendo um longo papo com a Nádia, proprietária da Pousada. Muito gente boa!!! Ela foi nos ouvindo e tentando nos colocar em contato com as pessoas certas. Fez umas ligações, explicou algumas coisas, alguns caminhos, etc. Ela nos passou o contato do Nilton, proprietário do "Cantinho do Camelo", que costuma fazer umas guiadas em algumas trilhas para o lado da Pedra do Camelo. E lá fomos nós bater um papo com o Nilton. O Cantinho do Camelo fica no córrego São Luiz, cujo acesso é na Primeira entrada de estrada de terra à esquerda de quem sai de Pancas sentido Colatina. Tem uma plaquinha indicando a entrada na estrada e depois que vc pega a estrada de terra também está tudo sinalizado. Não tem erro. O Papo foi bem descontraído. O Nilton é uma pessoa super disposta a ajudar. Ele propôs que fizessemos duas trilhas para aqueles lados: 1. Subir no cume da cabeça do camelo; 2. Subir na base da Pedra da Agulha, até aonde começa a via da escalada da maior chaminé do Brasil (500m), a chaminé Brasília. Gostamos da ideia. Em ambos os casos teríamos que acessar propriedades particulares e agora os moradores estão cobrando para permitir o acesso. No caso da trilha da cabeça do camelo, teríamos que entrar em 2 propriedades, pagar R$10 p.p, o que daria R$40 só de acesso. Porém, como uma das propriedades é o Sítio Cantinho do Céu, ele sugeriu que essa trilha nós fossemos guiados pelo Fabinho, proprietário desse sítio, o que diminuiria R$20 de acesso. Como fica próximo ele se dispôs (não pedimos para ele fazer isso) a ir conosco até o Cantinho do Céu para conversarmos com o Fabinho. Sobre o sítio Cantinho do Céu: O Sítio fica no córrego Palmital. Seguindo pela rodovia saindo de Pancas sentido Colatina, depois da entrada para o córrego São Luiz, alguns quilômetros a frente tem uma placa azul escrito "Igreja da Paz". Ali fica a entrada para o Palmital. Depois é só seguir até se deparar com a porteira da foto acima. O Sítio conta com área de camping e é muito utilizado pelos escaladores que frequentam a região. Há várias vias abertas no entorno do sítio. A área de camping é sombreada por árvores altas, não tem gramado, mas o chão de terra é bem plano e limpo. Tem banheiro masculino e feminino com chuveiro quente e uma ducha fria, para refrescar nos dias mais quentes. Sobre as escaladas: Um outro motivo para os escaladores ficarem acampados no sítio Cantinho do Céu é que ali há uma pasta contendo croquis da maioria das vias abertas na região. Uns bem feitos no computador e outros feito a mão mesmo, dependendo do capricho dos conquistadores das vias. Mas de forma geral, tudo muito legível e compreensível. Várias das vias foram abertas pelo Oswaldo Baldin, dono da Planeta Vertical, que eu citei lá atrás. A maioria das vias da região estão entre 3º e 5º grau, com níveis de exposição E2 e E3, mas há também vias de maior graduação, e exposição E4, E5, ou seja, menos protegidas. Uma coisa rara é que ali ainda há muito o que se explorar, então os escaladores dispostos a abrir vias terão um prato cheio a sua frente. O tipo de rocha não fornece muitas agarras, sendo a aderência muito utilizada. Tem via com diedro, tem vias que dá pra fazer Big Wall. Resumindo: Tem de tudo um pouco e ainda pode ter muito mais. É um paraíso da escalada subexplorado e subutilizado. A temperatura nessa época do ano não favorece muito. É quente pra chuchu e a rocha ferve. Ideal creio que seja no inverno, como de costume. O Fabinho, proprietário do sítio, fez o curso de escalada com o Oswaldo Baldin e tem plena condição de conversar sobre as escaladas usando os termos técnicos adequados e fornecer as dicas para as vias catalogadas na pasta de croquis. O Fabinho nos chamou para entrar e depois de um longo bate papo, fechamos a programação: Subiriamos a Cabeça do Camelo com o Fabinho no dia 01/01 e no dia seguinte iríamos com o Nilton na base da Pedra Agulha. Havia uns mineiros de Berzonte acampados no Cantinho do Céu que disseram que talvez iriam fazer a trilha da Cabeça do Camelo junto com a gente, dependendo de como fosse a passagem do ano (ressaca). Saímos de lá já era umas 15h. Esquecemos completamente do almoço. Era dia 31/12 e já não tinha nenhum restaurante aberto. Sorte nossa que os supermercados ainda estavam abertos, então conseguimos comprar coisas para montar um lanche. Depois do supermercado fomos direto para a pista de voo livre em busca da paisagem que tinha inspirado toda a viagem. O Caminho é muito fácil, embora um pouco longo. Boa parte asfaltado e tudo sinalizado. Também não tem erro. Chegando lá foi só disfrute. Dia 01/01 - Trilha da Cabeça do Camelo Acordamos cedo, tomamos café da manhã às 7:00 e partimos para o Cantinho do Céu. Chegamos lá, o pessoal já estava nos esperando. A minerada que estava acampada resolveu fazer a trilha junto com a gente. O grupo agora devia ter umas 10 pessoas. Começamos às 7:50, com quase 1 hora de atraso, em boa medida por nossa culpa, mas tranquilo, era primeiro dia do ano e ninguém estava com pressa. A trilha começa seguindo uma estrada pelo meio do cafezal que vai até um ponto onde há uma árvore alta no topo do cafezal. Dá pra chegar de carro até ali, mas não foi o nosso caso. O sol já "pocava" a essa hora. Nessa árvore grande, deve-se pegar a esquerda por dentro do cafezal em direção a uma matinha. A trilha atravessa essa matinha e você se depara com uma laje de pedra com uma inclinação razoável. Segue pela laje de pedra para cima e à direita. A partir daí, a trilha alterna trechos longos de laje de pedra bastante inclinada e trechos curtos de trilha de terra. Aqui vale uma observação: Não é fácil achar o caminho sozinho e não há sinalização, portanto o mais recomendado é mesmo ir guiado pelo Fabinho. Aliás, acho que eles não gostam que o pessoal suba sozinho, principalmente se passar direto sem o consentimento dos proprietários. A dica é, mesmo se quiser subir sozinho, procure o Fabinho ou quem estiver na casa, bata um papo, pague o acesso (caso necessário). Bom, depois do trecho de escalaminhada a trilha volta a entrar na mata. Vinhamos bem até que minha esposa manda um grito "Ahhh, uma cobra". A bichinha tava ouriçada, balançando a cauda e com a cabeça em pé, naquela posição de bote. Uma jararaca segundo o Fabinho. Ele tomou a providência de tirar a cobra da trilha para podermos prosseguir. Antes da Priscila gritar eu já tinha passado pela cobra, e nem notei, devo ter quase pisado nela. Sorte minha não ter acontecido nada. O Fabinho disse que foi a primeira vez que se deparou com cobra naquela trilha. A trilha segue pela mata até chegar em uma parte mais complicada, onde ou você sabe escalar e vai superara o trecho ou vai precisar de uma corda. O Fabinho instalou a corda e foi subindo um por um. Passamos com tranquilidade. Outras pessoas do grupo tiveram dificuldade, mas no fim todos conseguiram superar esse trecho. Mais um pouco de caminhada pela mata e CUME! Na descida as mesmas pessoas que empacaram na subida, empacaram de novo, mas era o primeiro dia do ano e estávamos a passeio. Então estávamos tranquilos. A única coisa que tava pegando em relação a demora é que a água já tinha acabado e o calor tava foda! Chegamos de volta na casa do Fabinho por volta de umas 15h e a mãe dele já nos aguardava com uma vasilha grande de água com gelo. Cada um deve ter bebido uns 4 copos d'agua. Antes de ir embora ainda resolvi dar uma entrada na ducha de água fria pra resfriar as engrenagens. No caminho tinha umas mangas recém caídas do pé. Mandei ver. Delícia. Considerações gerais sobre a trilha: Eu classificaria essa trilha como difícil, primeiro porque não é trivial encontrar o caminho, segundo porque é bastante íngreme, com trechos de laje de pedra onde a pessoa fica exposta a uma queda razoável, terceiro pelos obstáculos, como o trecho que necessita de corda. Não é uma trilha muito longa. Nós demoramos para atingir o cume pois estávamos num grupo grande com pessoas de diferentes níveis de prática/experiência, medo, etc. Tinha uma pessoa com uma ressaca braba, vomitando a cada curva (ela chegou ao cume, guerreira!). Uma pessoa com boa prática e bom condicionamento físico deve concluir a subida em umas 2 horas. Nós levamos o dobro. O Fabinho se mostrou um guia excelente: Gente fina, paciente, calmo e conhece a trilha como a palma da mão. Deu conta do grupo de 10 tranquilamente. Perguntamos para ele quanto seria a nossa parte pela guiada, ele disse que normalmente ele cobra R$50, mas que o valor seria rateado com o pessoal do camping, então era para darmos o que achávamos justo. Como achamos que R$50 é muito pouco pela guiada que ele acabara de realizar, demos R$50 para ele (por duas pessoas). Não sei quanto ele cobrou do pessoal do camping. Saímos de lá umas 16:00 e estávamos famintos. Sabíamos que não encontraríamos restaurantes abertos a essa hora. Fomos para a pousada, rezando para a Nádia ter alguma coisa para nos servir de almoço. Bingo. Ela tinha um peixe, salada e arroz, ovo frito e uma jarra de suco de abacaxi. Perfeito! Ela cobrou R$50 pela refeição. Ela tinha também a opção de carne de porco, que foi o que restou aos outros 3 hóspedes que chegaram na noite de 31/12 e naquele dia também tinham feito a trilha da cabeça do camelo, mas não subiram junto com o nosso grupo (encontramos com eles no cume). Claro que eles também estavam famintos e a Nádia seria a sua única salvação. Depois de almoçar e descansar brevemente resolvemos ir curtir o final de tarde na rampa de voo livre de Lajinha (distrito de Pancas com 80% da população descendente de Pomeranos). Valeu a pena. Dia 02/01 - Trilha da Base da Pedra Agulha Como no dia anterior, tomamos o café às 7:00. Às 7:40 estávamos no Cantinho do Camelo. O Nilton já nos aguardava e disse que o seu filho mais velho (acho que tinha 11 anos) iria conosco. Sem problema. Entramos no carro e fomos em direção a propriedade onde fica a trilha, que salvo engano está no córrego São José. O acesso é o seguinte: saindo de pancas pela rodovia sentido colatina, depois de passar as entradas do córrego São Luiz e do córrego Palmital (ambas à esquerda), haverá uma entrada à direita com um ponto de ônibus próximo. É ali que entra. Chegando lá o Nilton foi falar com os donos da propriedade dos nossos planos. Tudo na boa, seguimos com o carro até onde o uninho aguentou e eu quis encarar. Deixamos o carro parado numa entrada do cafezal e continuamos pela estrada dentro do cafezal. O cucuruto fálico bem à frente. No topo do cafezal começa a trilha pela mata. Essa trilha mescla trechos de mata com alguns trechos de laje de pedra bastante inclinadas, como na cabeça do camelo. Mas aqui é um pouco mais fácil e o caminho mais curto. A segunda laje de pedra permite uma visão formidável do Vale do Córrego São Luiz. Depois de caminhar cerca de 1hora e meia, chega-se a um mirante, com uma visão ampla da região de uma lado e a Pedra Agulha atrás. A trilha prossegue até a base da pedra Agulha até a base da via de escalada da chaminé Brasília. Dá para ver o primeiro grampo da via. Objetivo atingido! Da próxima vez que voltarmos aí será para escalar...rrsrsrs. Ficamos lá cerca de meia hora. A descida foi rápida e tranquila. Não podíamos demorar pois tinhamos que voltar a pousada para fazer o chekout até 12:00 e queríamos tomar um banho antes de ir embora, pois naquele dia ainda viajaríamos para Domingos Martins. O Nilton nos cobrou R$80 pela guiada + entrada na propriedade do cumpadre dele. Foi caro pelo que é a trilha, mas foi um passeio muito maneiro. No check-out a Nádia me presenteou com uma caixa de manga coquinho (aquela manga pequenina super doce) colhida no quintal dela. Comi tudo até o final da viagem!!! O almoço naquele dia foi mais tranquilo. Os restaurantes estavam abertos. Acabamos indo almoçar no Degas na saída de Pancas. O PF c/ arroz, feijão, frango, salada e ovo custou R$10. Sobre o Degas: Antes de ir embora o Seu Degas fez questão de perguntar o que estávamos fazendo em Pancas. Dissemos que já estávamos de saída, mas que tinhamos feito as trilhas da Cabeça do Camelo e da base da Pedra Agulha. Nesse momento ele pediu para esperarmos e trouxe uma pasta cheia de fotos em papel, soltas e completamente desorganizadas e começou a falar das coisas que tem para fazer em pancas. Citou algumas cachoeiras, uma trilha que começa na cidade e dá a volta nas montanhas que margeiam a cidade, saindo próximo da pedra do leitão (ou pedra da Rita). A Nádia também tinha nos falado dessa trilha. Não nos pareceu ser a melhor referência para trilhas e escaladas na região. O negócio dele é o paraglider, pois ele recebe muitos praticantes ali em seu restaurante e atua na associação de voo livre que há ali. Todas as vezes que passamos no restaurante ao longo do feriado estava fechado, com exceção desse último dia. Mas ele jurou de pé junto que abriu todos os dias. Almoçados, partimos para Domingos Martins, mas essa parte fica para outros tópicos. DICAS: Onde ficar na cidade: - Pousada Ninho da Águia (R$120 a diária p/ casal) - Link - Hotel Acácia (R$115 a diária p/ casal) - Link Camping: - Sítio Cantinho do Céu (Facebook) Hospedagem rural: - Cantinho do Camelo (o Nilton trabalha com grupos grandes, podendo receber até 150 pessoas, sendo o público de igreja o seus maiores clientes) - Link Onde comer: - Lanchonete Raio de Luz (ela salvou a nossa vida na noite em que chegamos e na noite de reveillon) - (27) 99600-0156. Serve lanches, panquequas, lasanhas e outras coisas. - Restaurantes no centro da cidade: tem umas 3 opções. Não comemos em nenhum deles, pois estavam fechados nos horários que voltávamos das atividades. - Supermercados: tem uns 3 ou 4, todos na avenida principal. RESUMO: O que encontramos em Pancas foi uma paisagem maravilhosa e única no Brasil. A atividade turística em Pancas está deveras subexplorada. Falta visão política e estratégica. Acredito que o histórico de criação do parque nacional na forçação de barra deixou o pessoal da região meio arredio aos ecoturistas. Apesar disso, não tenho o que reclamar das pessoas com quem estivemos lá esses 3 dias. Pessoas super educadas, atenciosas e receptivas. O ICMBIO está completamente ausente na região. Não há nenhum indício que a área é uma unidade de conservação (Monumento Natural). Precisa de um plano de manejo urgente. É preciso também um bom trabalho de envolvimento das pessoas da região que hoje trabalham com agricultura, para que se envolvam com o ecoturismo em parceria com o parque e assim obtenham uma fonte de renda extra. As pessoas que tocam o turismo na região hoje não tem apoio de ninguém, nem da prefeitura, nem do estado, nem do icmbio, verdadeiros guerreiros. Apesar da pouca estrutura, VISITAR PANCAS VALE A PENA!!!!! VÃO E VEJAM COM SEUS PRÓPRIOS OLHOS!!! É isso galera. Se tiverem alguma dúvida é só perguntar. Abraço Marcos
  3. Boa noite, amigos mochileiros! Sou novato no fórum, e vou começar contando um pouco da visita que eu e um amigo fizemos aos Pontões Capixabas, em Pancas\ES, um lugar lindíssimo e, estranhamente, pouco conhecido. Esse texto foi postado em um blog mantido por nós, que conta as nossas várias aventuras, entre viagens e participações nos campeonatos de trekking de MG. O endereço do blog se encontra na minha assinatura, caso alguém se interesse. Segue o relato (obs: pintassilgos é o 'nome de guerra' do nosso grupo): Eis que tudo começou quando alguns pintassilgos decidiam onde passar o Reveillón. A decisão foi ir para Vitória (ES), e acabamos por passar a noite do Ano Novo em Guarapari, na Praia da Bacutia em Meaípe. Na volta reservamos um dia para desbravar a belíssima cidade de Pancas, onde está o Parque Nacional dos Pontões Capixabas. Na manhã do dia 3 de Janeiro do novo ano acordamos cedo na cidade de Vitória e, em silêncio, para não acordar os anfitriões da casa em que ficamos, arrumamos as malas e partimos. São 180 km a partir da cidade de Vitória, seguindo para o norte, passando pelas cidades de Serra e Colatina. Partindo-se de Belo Horizonte, cidade “sede” dos pintassilgos, são 485 km indo pela BR-381, passando por Governador Valadares e indo até Central de Minas. De lá deve-se descer pela ES-164 até Pancas. Chegamos à cidade às 9h30min. Cidadezinha encravada no meio das pedras. Hospedagem: Hotel Acácia Capacidade do quarto: 3 pessoas Diária: 60 reais com café Opinião: simples, limpo e muito confortável, é aparentemente o maior prédio da rua. Tão logo se chega à cidade, você se vê cercado por altíssimas e belas pedras por todos os lados, é simplesmente deslumbrante. Tínhamos muitas idéias do que fazer, mas nossa maior pretensão era voar, é claro. Pancas é um ponto turístico obrigatório dos parapentes/paraglider’s, esportistas de todo o mundo visitam a cidade para voar. Para conseguir informações fomos rumo ao Dega’s Bar e Restaurante, visto que dentro do bar fica também a sede da Associação de Vôo Livre de Pancas (AVLP). Lá encontramos um sujeito que não parava de falar, mas era sábio e nos informou com precisão. Infelizmente, devido ao dilúvio que acometeu MG e ES na última semana, e de o tempo ainda não estar bom, descobrimos não ter ninguém na cidade para voar conosco. Seguimos com nosso roteiro. Primeiro rumo à Rampa da Colina, ou rampa de vôo Livre "Clementino Izoton". A rampa proporciona uma vista privilegiada da cidade e dos Pontões Capixabas, é de tirar o fôlego. Até a rampa são 13 km de carro partindo de Pancas, dos quais 7 km são em estrada de terra, tudo muito bem sinalizado com placas. Nesse dia a estrada de terra estava bem castigada pela chuva, com muito barro e galhos na pista. Na rampa De lá fomos conferir a Cachoeira do Breda. Cachoeira de fácil acesso, é só seguir até o trevo que divide as estradas de Alto Mutum Preto e Mantenópolis. Seguir rumo a Mantenópolis por aproximadamente 100m e entrar à direita. Esta cachoeira não despertou muita vontade de nadar, sendo classificada como uma low sliding waterfall level 1, por não ter uma queda propriamente dita, a água só escorre pela pedra. Cachoeira do Breda A esta hora chegava o momento de almoçar, já eram 13h da tarde. Encontramos poucos restaurantes, até toparmos com um que estava aberto e descobrirmos que já passava da hora do almoço em Pancas. Aparentemente lá as pessoas almoçam bem cedo, mas a moça disse que conseguiria passar mais dois bifes antes de encerrar. Reabastecidos e energizados, era hora de encontrar uma cachoeira para nadar. Foi aí que apareceu o desafio da Cachoeira do Bassani. Nos foi dito que ela estava abandonada e suja, e que só os franceses nadavam lá. Ainda assim não desistimos. Para chegar até essa cachoeira é só seguir pela via principal no sentido Pancas-Colatina e virar à direita após o Dega’s. Seguiríamos por uma estrada de terra com o carro por 3 km. Na metade do caminho uma ponte danificada bloqueava o caminho. Ao manobrar o carro para estacionar ali ainda conseguimos a proeza de atolar o carro. Felizmente dois homens bondosos que estavam trabalhando na ponte nos ajudaram a empurrar e liberar a roda. Dali, fomos à pé. Andamos mais 1 a 2 quilômetros tranquilamente na trilha, e já era possível avistar a queda da cachoeira. Foi então que, fascinados, seguimos direto para lá, atravessando portões da propriedade sem nem falar com o dono. Escalamos um morro bastante inclinado, onde havia uma plantação de café, atravessamos capim alto, terra fofa, e lama. Observação: Eu atolei o pé até o meio da canela. Quase perco o tênis. Finalmente uma belíssima master flow sliding waterfall level 3. Essa cachoeira é muito alta (por volta de 70m de altura) e bonita, porém, como a cachoeira do Breda, possui poço raso e pequeno, ruim para mergulho, e não tem uma boa queda para ficar debaixo. Cachoeira do Bassani Ainda não era hora de descansar, não antes de visitar a Pedra Agulha, uma rocha parecida com uma chaminé, é a segunda maior do Brasil com 500 metros de altura. Para isso, retornamos pela estrada de Colatina por poucos quilômetros e entramos à direita (tem placa). Uma estrada de terra, que piora cada vez mais, nos aproximou da pedra. Esta estrada segue indefinidamente até a base da pedra (não chegamos até o fim). Paramos o carro próximo a uma fazenda cheia de maracujás, e continuamos a pé. A julgar pelo nosso carro, fizemos o correto, mas com carros mais potentes e apropriados é possível ir mais além, vai do senso de cada um. A subida à pé é árdua, mas a recompensa é infinita. Queríamos avançar ainda mais. Apenas voltamos quando um mato infestado de carrapichos fechou a estrada já quase na floresta da base. Pedra da Agulha Carrapichos? Que nada! Outras pedras de destaque: Pedra do Camelo - Considerado o principal cartão postal da cidade, possui 720 metros de altura; Pedra do Camelo (fundo, à esq.) e Pedra da Agulha (fundo, à dir.) Pedra do Leitão - Está a 4,5 km do Centro da cidade; Pedra do Leitão Pedra da Gaveta - Está a 3,5 km do centro da cidade, ideal para escalada, rapel e montanhismo. Pedra da Gaveta Pedra da Cara - Está localizado na comunidade São Pedro, possui 600 metros de altura; Terminamos na Pedra Agulha ao fim da tarde, voltamos, e após o banho passeamos em Pancas durante o por do sol, lá pelas 19h. Foi esplêndido, comemos e tomamos um sorvete na praça da igrejinha. O tempo foi curto, mas já podemos escrever o livro: “Conhecendo Pancas em 10 horas”, ou então escrever o Post no blog! hahahhaha... [Lucas]A cidade vale muito a visita, e pode-se conhecer os principais pontos em um dia apenas, mas dois dias é a quantidade recomendada. Para quem gosta de trilhas, escalada, rapel e vôo livre, a cidade é um paraíso. Muitas das pedras proporcionam possibilidades de escalada, e o vôo livre, partindo-se da rampa da cidade, é conhecido por oferecer uma das mais belas paisagens para vôo no Brasil. Igrejinha de Pancas Abraços
  4. Pancas vista do cume da Pedra do Leitão O Monumento Natural dos Pontões Capixabas é um daqueles parques sem portaria, sem guarita, sem placa, sem sede, sem centro de visitantes e sem plano de manejo. É administrado pelo governo federal através do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e está localizado nos municípios de Pancas e Águia Branca. Como muitos outros parques brasileiros, passou (e ainda passa) pela questão da desapropriação das terras e a retirada das famílias locais, nesse caso descendentes de imigrantes pomeranos. Foi criado como parque nacional em 2002, mas em 2008 teve sua categoria alterada para monumento natural. Apesar de ambas as categorias serem classificadas como proteção integral, o monumento, segundo o ICMBio, pode ser constituído por propriedades particulares, desde que haja compatibilidade entre os objetivos da unidade e a utilização da terra e dos recursos naturais por parte dos proprietários. Se não houver compatibilidade, a área é desapropriada. O grande atrativo local é a paisagem de enormes pedras de granito, chamadas de pontões, algumas com possibilidade de subida por trilha e outras por algumas vias de escalada. Mas o que torna Pancas conhecida no mundo todo é o voo livre, praticado a partir de uma rampa a oeste da cidade. Cheguei à rodoviária de Pancas às 17h45 depois de quase 4 horas de viagem a partir de Vitória, apesar de serem apenas 180km. Há apenas dois horários diretos por dia (veja nas informações adicionais abaixo). Hospedei-me na Pousada Avenida e fui logo procurar o seu Degas, dono de um restaurante e uma espécie de anfitrião local, ótima fonte de informações para passeios e caminhadas já que não há posto de informação turística na cidade. Conversamos bastante tempo, ele me mostrou muitas fotos e folhetos de escalada e voo livre, anotei muitas informações e tracei um roteiro de caminhadas e subida a algumas pedras. Assinei seu livro de visitantes, que já está na terceira edição e recheado de assinaturas de europeus e até asiáticos, todos atraídos pela atividade de voo livre, como disse. 1º DIA: VALE DO CÓRREGO VARGEM ALEGRE E SUBIDA DA PEDRA DO LEITÃO (DA RITA) As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/PontoesCapixabasValeDoCorregoVargemAlegreEPedraDoLeitaoESSet12. Pancas e vale do Rio Panquinhas com a Pedra da Colina à esquerda, local da rampa de voo livre O dia amanheceu com garoa e muita neblina, razão pela qual demorei para começar a caminhar. Saí do hotel às 10h35 na direção do restaurante do seu Degas. Na lombada 150m depois do posto de gasolina Ale (e 200m antes do Dega's) desci a rua à esquerda e entrei na primeira à direita depois da ponte sobre o Rio Panquinhas. As casas logo terminam e cruzo uma porteira, passando a ter o Panquinhas à direita. Às 11h cruzo uma porteira de ferro e na bifurcação subo para a esquerda, me afastando do rio e adentrando um cafezal (o primeiro de muitos pelos próximos dias). A subida proporciona visão cada vez mais bonita do conjunto rochoso ao redor e o tempo colaborou para as fotos, dissipando as nuvens e mostrando o sol. Às 11h25 a rua-carreador encontra uma cerca e tenho opção de caminho à direita (sul) e à esquerda (norte). Desci à direita pois pareceu mais usada porém não era o caminho que eu procurava. Desci até uma casa sem morador e com vários pés de fruta (inclusive deliciosas goiabas) e estudei o caminho lembrando das orientações do seu Degas. Passei pela cerca da casa e peguei uma trilha logo abaixo que me levou de volta ao final da rua-carreador e continuou, apontando para um vale entre as montanhas de pedra. Portanto, deveria ter optado pela esquerda (norte) quando a rua-carreador encontrou a cerca. Mais cafezais e depois da porteira seguinte começo uma subida acentuada por um pasto, por trilha, com o Córrego Vargem Alegre rumorejando abaixo à direita. Segundo o site do ICMBio, esse córrego marca o limite do parque, que está além dele, ou seja, nesse dia eu não caminhei por nenhuma área do parque. Passo a contornar a grande pedra que vinha acompanhando desde o início da caminhada. Atingido o topo do pasto, desço suavemente pela outra vertente, cruzo outra porteira e paro para descansar e me abrigar do sol forte sob uma grande jaqueira às 12h23. A grande pedra que contornei mostra desse lado uma interessante agulha. Retomada a pernada cruzei outra porteira de ferro e alcancei a primeira casa desse lado às 12h50, a casa do seu Zé, que tem uma plantação de palmeira açaí ao redor de um grande lago retangular. Daí em diante passo a caminhar por uma estradinha de terra entre cafezais e sítios com visão de mais montanhas de pedra. Às 13h12 tomo a esquerda num pequeno trevo e passo a caminhar por outro vale (Córrego do Louro) passando por diversos sítios, até que a estrada sobe e depois desce por uma extensa mata alta, terminando numa estrada asfaltada bem em frente ao sítio do filho do seu Evaristo, uma referência que o Degas me deu. À esquerda eu voltaria para Pancas mas eram 13h55 e eu tinha muito a conhecer ainda. Fui para a direita em direção à fazenda de Oriente Zuchetto, no final do asfalto, aonde cheguei em 20 minutos. Ali peguei informações sobre a subida da Pedra do Leitão (ou da Rita) e demorei um pouco para decidir se subiria por causa do horário, da altura da pedra e do calor terrível. Por fim, decidi continuar. Eram 14h38 e tinha que acelerar se quisesse chegar ao cume. Deveria subir por um cafezal, o que às vezes é confuso, mas tinha toda a visão da pedra e da crista abaixo dela coberta de eucaliptos para navegar visualmente. Logo encontrei uma placa (308m de altitude) indicando o carreador que eu deveria tomar e nas bifurcações e cruzamentos seguintes sempre subia. Até que atingi o fim do carreador, sem saída, mas felizmente consegui chegar até o final de outro carreador e por ele subi até a crista, atingindo a ponta do reflorestamento de eucalipto, onde o carreador bifurcou. À direita começaria a descer, então fui para a esquerda acompanhando os eucaliptos e entrei na primeira rua à direita. A ruazinha rasgou todo o reflorestamento e virou uma trilha às 15h17. Em oito minutos de trilha pisei na primeira grande laje de pedra da montanha e às 15h29 cheguei aos restos do cruzeiro de madeira que existia ali, aos 646m de altitude. Mas ainda faltava bastante para o cume e, o pior, havia muita mata baixa e espinhenta na encosta íngreme de pedra. A aventura começaria agora. Fui procurando um caminho entre arbustos, bromélias e muitos cactos e parece que ninguém passa por ali pois estava bem ruim. Varei um pouco de mato e consegui chegar às rampas mais inclinadas para subir de vez. Foi demorado pois precisava estudar um caminho com menos vegetação e espinhos e ainda com inclinação mais suave. Cabras pastando na encosta, assustadas com a minha invasão, corriam para cada vez mais alto. Até que finalmente às 16h27 alcancei os 858m de altitude da Pedra do Leitão ou Pedra da Rita, com visão espetacular da cidade de Pancas e de mais de 180º das montanhas da região. Desnível de 550m desde a placa. Fiquei apenas 11 minutos no cume e já desci pois tinha uma hora e pouco de luz apenas. A descida pelas lajes não foi exatamente igual à subida pois a visão do caminho era diferente e fui encontrando outros pontos onde era menos inclinado e com menos vegetação. Vencida essa parte mais complicada, resolvi parar alguns minutos para assistir ao belo por-do-sol já que o restante seria por trilha e estrada, o que daria para fazer sem problema com a lanterna. E assim estava de volta à placa às 18h25, já noite. Dali foi seguir pela estrada de asfalto sem bifurcação até a rodovia ES-341, que corta o centro de Pancas, aonde cheguei às 19h22. Nesse dia caminhei 23,5km. Distância da Pedra do Leitão (topo) ao centro de Pancas: 8,2km. 2º DIA: VALE DO PALMITAL E PEDRA DA AGULHA As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/PontoesCapixabasValeDoPalmitalEPedraDaAgulhaESSet12. Pontões capixabas: pedras Cará, Garrafão e Pontão Para economizar uma pernada de quase 7km pela rodovia, peguei o ônibus das 9h para Colatina (viação Pretti, tarifa de R$1,70) e desci na placa que indica "Turismo rural - Córrego Palmital", bem próximo da cabeça da Pedra do Camelo. Dali a intenção era conhecer algumas pedras que estão dentro dos limites do parque e visitar o Sítio Stur, a 3,2km da rodovia. Para isso, tomei a estrada de terra à esquerda às 9h22, cruzei a ponte sobre o Rio Panquinhas e caminhei no sentido norte sempre pela principal. Passei pelo cemitério luterano e contornei a Pedra do Camelo até vislumbrar as grandes pedras que se alinham junto ao vale. Belo panorama! Ao redor, cafezais e plantações de cacau predominam. Passei pela entrada do Sítio Cantinho do Céu e 1,6km depois, às 10h20, cheguei ao Sítio Stur, seguindo as placas. O lugar é agradável, mas não encontrei ninguém em casa. Enquanto tirava fotos, chegou um casal, mas logo se ocuparam de um problema com as vacas e eu peguei o caminho de volta, chegando à rodovia às 11h20. Segundo o site do ICMBio, o limite do parque passa um pouco depois da entrada do Cantinho do Céu, portanto o Sítio Stur está dentro do parque. O segundo destino do dia seria mais recheado de aventura: a Pedra da Agulha, monumento de granito em forma de torre que se destaca na paisagem. Da placa de "Córrego Palmital" avancei mais 370m pela rodovia (sentido leste) até a placa "São Pedro" e entrei à direita para caminhar na direção desse bairro. O sol nesse horário já estava terrível e uma carona caiu do céu pois eu nem sabia ao certo quantos quilômetros teria de andar pela estradinha de terra megapoeirenta até o sítio onde está a pedra. Era um casal muito simpático, que me deixou no sítio (a 3,7km da rodovia, no bairro São José, antes do São Pedro) e me indicou o caminho que eu deveria seguir. Inicialmente na altitude de 118m, tomei o carreador às 11h45 entre os pés de café e subi bastante na direção da pontuda pedra. Tive de parar duas vezes para descansar pois não estava aguentando o forte calor e na segunda parada um funcionário do sítio me deu a informação de como atingir a trilha até a base da pedra, que é cercada de mata alta. Segui suas indicações e não encontrei trilha nenhuma, mesmo insistindo, indo e voltando por possíveis trilhas encobertas pelo mato. Voltei ao carreador principal e resolvi explorar um outro secundário que terminava diretamente na mata aos pés da pedra. Me aproximei da mata sem muita esperança de encontrar algo mas entrei um pouco e - bingo! - encontrei a trilha. Ela corre por dentro da mata alta, é bastante íngreme e está bem marcada, sem bifurcações. Porém ao atingir a parte rochosa, as rampas com bromélias e cactos, o caminho não é tão óbvio, mas a dica é procurar mais à direita, sem precisar varar o mato espinhento. Na sequência, mata com frondosas árvores, escalaminhada e trepa-pedra, mas nada exposto a abismos. Consegui colocar minhas mãos na parede leste da Pedra da Agulha às 15h10. Já que não podia escalá-la, pelo menos queria tocá-la. Altitude modesta de 512m, porém desnível de quase 400 metros desde a entrada no cafezal. O visual dali para o vale do Córrego São Luís, ao norte, é magnífico, emoldurado pela Pedra da Gaveta à esquerda e Pedra do Camelo à direita. A leste e sudeste, o pequeno bairro São José, lavouras, campos e mais um conjunto alinhado de grandes pedras, provavelmente sem nome. Comecei a descer de volta às 15h30 e às 15h46 subi numa pedra-mirante que não havia notado na ida, com vista para o bairro novamente. Desci as rampas, a trilha bem íngreme na mata e estava de volta ao cafezal às 16h24. Tomei a continuação do carreador para a direita e voltei ao mesmo ponto da minha primeira parada na subida, junto a uma bifurcação. Continuei descendo, saí do cafezal, do sítio, passei pelo bairro e mais 3,3km até a rodovia, aonde cheguei às 17h28. O primeiro ônibus da Águia Branca que passou não parou pois era o de Vitória e disseram que esse não para mesmo. Fiquei aguardando o que viria de Colatina por volta de 18h mas antes me ofereceram carona e eu aceitei. Nesse dia caminhei 17,3km, descontada a primeira carona de 3,4km. Distância da rodovia até o Sítio Stur: 3,2km. Distância da rodovia até a base da Pedra da Agulha: 5,5km. 3º DIA: PEDRA DA GAVETA E CACHOEIRA BASSANI As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/PontoesCapixabasPedraDaGavetaECachoeiraBassaniESSet12. Pedra da Agulha e Pedra da Gaveta A programação para esse último dia em Pancas era tentar subir a Pedra da Gaveta e, sobrando tempo, conhecer a Cachoeira Bassani. Peguei o ônibus das 9h novamente (R$1,70) e desci 5km depois junto à placa "Pedra da Gaveta - Pedra da Agulha". Entrei na rua à direita e caminhei na direção da casa do seu Geraldino Romais, aliás ali eu estava entrando no território dos Romais, descendentes de imigrantes pomeranos, como muitas outras famílias de Pancas. Deixei para conhecê-los ao final da caminhada e segui às 9h30 direto por uma estradinha bem sombreada e repleta de plantações, como de cacau, que começou a contornar a Pedra da Gaveta, em destaque à minha direita. Depois de algum tempo, a Pedra da Agulha surgiu à minha frente e, quando me aproximei, de formato de torre ela mudou para uma espécie de barbatana de tubarão. Mais uma vez estava caminhando entre pés de café e tinha então a Agulha à esquerda e a misteriosa Pedra da Gaveta à direita. Misteriosa porque em todo o contorno que fiz não vi nenhum ponto onde pudesse subi-la sem equipamento de escalada. Tentei encontrar alguma trilha na mata na parte mais alta do cafezal e até tive ajuda de um rapaz que trabalhava ali, mas nada. Ele me mostrou o lugar onde passava até uma estrada ali mas a mata tomou conta de tudo. Na impossibilidade de subir a pedra, resolvi voltar e ir conhecer o seu Geraldino. Ele e sua esposa são um casal extremamente simpático, conversamos na varanda de sua casa de madeira tipicamente pomerana com vista privilegiada da Pedra do Camelo, depois ele me mostrou as fotos de sua família e tomamos um suco de graviola do seu quintal. Ainda tocou oito baixos para eu ouvir. Sensacional! Tentei pegar o ônibus das 14h20 para voltar a Pancas mas o perdi. O jeito foi voltar a pé pela rodovia sem acostamento, mas aproveitei para mais fotos da Gaveta, Agulha e Camelo, as pedras mais famosas da cidade. Ao passar pelo restaurante do seu Degas entrei na primeira rua à esquerda e na bifurcação segui pela rua mais à esquerda, que logo deixa de ser pavimentada. Cerca de 1,2km depois tomei a esquerda na bifurcação, cruzei a ponte e fui para a esquerda novamente. Ignorei uma placa "trilha" apontando para uma subida à direita e continuei na principal em frente até chegar ao portão da fazenda dos Bassani. Pedi permissão para visitar a cachoeira e a mulher me indicou o caminho, sempre subindo. Cheguei à cachoeira às 16h38 mas foi uma decepção. Ela é bem alta porém estava com água barrenta e a parte onde deveria ficar o poço havia sido toda revirada e mal dava para andar. Fiquei pouco tempo e voltei pelo mesmo caminho até o restaurante do seu Degas para conversarmos e eu fazer um balanço do que deu certo e o que não deu das dicas e informações que ele me passou. Distância da rodovia até a Cachoeira Bassani: 2,2km. Dicas: . Um passeio quase obrigatório em Pancas e que eu não fiz foi subir à rampa de voo livre da Pedra da Colina. Pensei em ir andando da cidade até lá, mas o seu Degas achou que era um caminho confuso entre muitos sítios e plantações e que não valia a pena. . Outro passeio interessante que eu não fiz foi visitar o distrito de Lajinha, de tradições pomeranas e visual dos pontões dentro dos limites do parque. Há quatro ônibus diários (exceto domingo) de Pancas para lá (5h50, 11h, 12h30, 14h). . Caminhar pela rodovia ES-341, que atravessa a cidade, é bem ruim pois não há acostamento e é enorme a quantidade de carretas que trafegam diariamente com grandes blocos de granito extraídos das pedreiras da região, o que estremece as casas e causa rachaduras e até pequenos desabamentos. Dá até para ver no Google Earth as carretas. Informações adicionais: O site oficial do parque é www.pontoessustentaveis.com. Há informações como decreto de criação, mapa com os limites e um relatório com todos os dados do parque em www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade ... xabas.html. Horários de ônibus de Vitória para Pancas: . empresa Águia Branca (www.aguiabranca.com.br): somente às 14h (R$34,58) . empresa Pretti (www.viacaopretti.com.br): somente às 7h15 (R$34,90) Mas há horários frequentes de Vitória para Colatina e de lá 7 horários para Pancas durante a semana, 4 no domingo e 5 nos feriados. Hospedagem mais barata em Pancas: 1. Pousada Avenida - Av 13 de Maio, 278 - centro - (27)9971-4158 (Nivaldo) R$35 com café e WC privativo e R$30 com WC no corredor, sujeito a negociação dependendo do número de dias 2. Hotel Acácia - Av 13 de Maio, 298 - centro R$40 com café e WC privativo 3. Hotel Vitória - Av 13 de Maio, 390 - centro - (27)9971-4158 (Nivaldo) (não perguntei o preço) Não existem mais o Hotel São José e a Pensão Brasil que constam em alguns sites. Onde comer: 1. Dega's Bar e Restaurante - Rodovia José Alves de Souza, Km 1 (fica a 800m da praça da matriz; só almoço) 2. Restaurante e Pizzaria da Santina - fica na praça da matriz, é o único restaurante que abre à noite durante a semana Carta topográfica de São Gabriel da Palha (http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-24-Y-C-III.jpg). Rafael Santiago setembro/2012
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