Membros de Honra Jorge Soto Postado Janeiro 26, 2012 Membros de Honra Postado Janeiro 26, 2012 http://jorgebeer.multiply.com/photos/album/241/Trilha_dos_Grampos UM DIA QUALQUER NA SERRA A idéia era descobrir uma picada q me foi soprada a um tempo e emendar algum outro programa junto pra tornar o feriado produtivo. A “Trilha dos Grampos” era uma vereda q apenas ouvira comentar de leve, mas agora com alguma info mais concreta decidi tentar encontrá-la. Ah, sim. A picada em questão supostamente interligaria o asfalto (q ruma sentido Paranapiacaba) diretamente à Cachu dos Grampos, situada no Rio Vermelho, sem necessidade de percorrer td leito pedregoso (como costumo fazer) deste sinuoso e simpático regato, localizado na borda de planalto da Serra do Meio. Por se tratar de uma busca até relativamente breve e simples, decidi estica-la indo até o Poção da Garganta, pra depois subir o rio até a Cachu dos Grampos e então retornar pela suposta misteriosa picada. 6hrs: A quarta-feira mal clareou e cá estou, tomando um pingado na frente da Estação da Luz, mais precisamente na barraca de um ambulante cercado de fregueses pitorescos e boêmios. Entre eles, o “Bin Laden”, um velho mendigo bem conhecido q apoiado em sua muleta conta causos dos “nóias” da região. Encontro por coincidência o Carlos, parceiro de antigas roubadas, q igualmente estava indo fazer uma trilha em Mogi das Cruzes. Trocamos algumas palavras e prometemos marcar algo em breve. 6:30hrs: Encontro a Clarissa na catraca da estação e imediatamente embarcamos na lotada composição, da qual ainda faríamos uma baldeação da Estação Brás. Estava decidido a ir sozinho na empreitada, qdo de última hora ela surgiu igualmente ressoluta a me acompanhar. A viagem transcorre de forma imperceptível, mais rápido q o normal, quiçá devido a nossa animada conversa repleta da causos de viagens, e regada principalmente pela peripécias da minha amiga pela Amazônia. 7:40hrs: Após saltar em Rio Gde na Serra, mastigamos o delicioso pão-na-chapa da padoca Barcelona enqto presenciamos o estabelecimento lotar de trilheiros q tal qual a gente, tb se dirige pra Serra do Mar q circunda Paranapiacaba. Boa parte deles conheço apenas de vista; alguns aceno cordialmente, enqto outros não. “Rambos” de praxe com faca na cintura e inconfundiveis calças camufladas estufam o peito afirmando q vão pro... Lago Cristal! Caramba, o Stallone deve estar bastante orgulhoso com suas crias. 8:30hrs: Saltamos no asfalto e imediatamente nos pusemos em marcha pela conhecida “Trilha dos Tenis”, buscando nos afastar o máximo possível da horda de moleques q desceu junto, certamente indo pra Cachu da Fumaça. A esperança de manter os pés secos é logo diluída qdo nos deparamos não com uma trilha e sim um pequeno rio, pelo qual chapinhamos com agua até a canela durante um bom tempo. 8:45hrs: A água cede lugar à lama, na qual chafurdamos atraves de misto de brejo, capim, terra preta e clara até o tornozelo. O terreno so fica firme e mais compacto mais tarde, qdo a picada enfim mergulha na floresta. 9:00hrs: Alcançamos as margens do manso Rio das Areias, q lavam provisoriamente nossos pés, e por ele seguimos na tradicional picada q o acompanha até a borda da serra. Imponho um ritmo mais forte à pernada e a Clarissa responde a altura, sem reclamar. 9:40hrs: Primeiros a chegar naquele dia na Cachu da Fumaça, nos presenteamos com um breve pit-stop pra descanso e vislumbre da fantástica paisagem q se abre diante da gente. O dia está competamente claro e limpo, e é possível avistar td baixada santista além do horizonte. 10:00hrs: No metade da descida da Cachu da Fumaça, paramos varias vezes pra clicar a paisagem das trocentas quedas formadas tanto pelo Rio das Areias como o Rio da Solvay. A desescalaminhada constante e continua prossegue num ritmo mais ágil e forte, sem percalços, e não tarda pro suor começar a escorrer farto pela ponta do nariz. 10:15hrs: O “Portal” – confluência dos três rios - é transposto sem nenhuma dificuldade. O volume daas águas dos regatos permite a passagem pelas ardilosas rochas q dão acesso a este q é o prelúdio do “Vale da Morte”, cavado pelo sinuoso Rio da Onça. A atmosfera transparente no firmamento nos garante q não teremos problemas na volta. 11:00hrs: Após cuidadosa descida de vale costurando ambas margens de rio, chegamos na famosérrima “Garganta do Diabo”, mas estacionamos mesmo nos lajedos q a antecedem, no belo e convidativo “Poço da Garganta”. O sol está de fritar os miolos e não pensamos duas vezes em nos refrescar nas águas geladas do Rio da Onça. Na sequencia, mastigamos barras de cerais e sanduíches q forram devidamente o estômago. Um breve cochilo completa a pausa merecida naquele belo lugar. 13:00hrs: Retomamos a pernada rio acima revigorados, em ritmo mais ágil e rápido q na ida. Nuvens começam a se formar timidamente no céu. É bem provável q no final do dia o mundo desabe. Reparo q meu tenis comeca a se esfarelar na sola e torco pra q pelo menos guente ate o final da trip. 13:20hrs: No “Portal”, uma breve pausa pra retomada de fôlego antes de inicar a perrengosa subida do Rio Vermelho. Esta, inicialmente se dá por meio de uma íngreme picada pela margem direita pela mata. Mas logo deixamos a encosta palmilhada pra passar pra outra margem, na base de uma imponente cachu, onde começa praticametne uma escalada vertical de encosta onde td mato serve de apoio, inclusive os espinehntos. O chão úmido se esfarela com facilidade e não raramente patinamos varias vezes até as botas conseguirem algum apoio pra dar o impulso necessário á ascensão seguinte. 13:45hrs: Após varar mato atraves de uma crista florestada durante um bom tempo, retornamos ao leito pedregoso do rio escalaminhando pedras consecutivas, agora pela margem direita. Aos poucos, a paisagem se abre outra vez e temos descortinado no horizonte as torres de granito q espetam os céu e guardam o “Portal”, assim como o Morro do Careca elevando-se imponente e dominado td quadrante sudoeste. 14:00hrs: Uma pequena cachu e um paredão rochoso intransponivel nos obrigam novamente a passar á margem esquerda, onde só é possível alcançar o patamar sgte varando um mato terrivelmente espinhento. Como gentil cavalheiro, vou na dianteira abrindo passagem pra Clarissa, q ate agora me surpreende por não dar um pio sequer, já q conheço mto marmanjo q a esta altura do compeonato estaria clamando pela mamãezinha. 14:20hrs: Novamente no rio, nos brindamos com um breve pit-stop na base da Cachu dos Grampos, mais precisamente no belo poção de cor acobreada a seus pés. Além de mais um tchibum pra remover o mato e sujeira espalhada pelo corpo, o momento é pra descanso e retomar o fôlego antes de subir a cachoeira. O olhar embasbacado da Clarissa ao ouvir meu comentário de q vamos escalar a cachu é impagável. Mas claro q não vamos fazer isso; alem do volume de água desaconselhar a escalada na rocha molhada, é necessário estar seguro pra fazer isso, e nem eu nem a Clarissa queremos correr risco algum. Vamos pela encosta. 14:50hrs: Depois de escalar mato pela íngreme encosta forrada de vegetação do lado direito da cachu - no q parecia ser uma picada improvisada pouco sutil - ganhamos o alto da Cachu dos Grampos onde respiramos aliviados. Vale salientar q durante a subida encontrei um marco de concreto q não faço idéia q deve significar. O céu se enche cada vez mais de nuvens negras. 15:00hrs: Chapinhamos Rio Vermelho acima, agora quase q completamente na vertical, á diferença do acidentado trecho anterior. O material em suspensão na agua faz jus ao nome do regato e é facilmente distinguível. É agora q devo prestar atenção nas indicações da tal “Trilha dos Grampos”, q supostamente sai de um pequeno afluente, à direita. 15:10hrs: Na quarta curva do rio, finalmente encontro a tal “Trilha dos Grampos”, bem discreta ao lado de um pequeno afluente à direita do rio principal. O picada - bem batida - se afasta do Rio Vermelho em nível, costurando o já mencionado córrego por ambas margens, até abandoná-lo de vez logo depois. Existe mata tombada no caminho, mas nada q uma boa desviada de rota não resolva. A vereda se alterna entre chão batido de terra, brejo e lama. No caminho, reconheço uma bifurcação (a direita) já palmilhada noutra ocasião, e q vai dar no Rio das Tartaruguinhas. Agora já estou em casa e sei me virar. 15:40hrs: Após emergir da floresta e começar a ouvir veículos ao longe, desembocamos na conhecida “Trilha da Lago Cristal”. Ao invés de seguir então pro asfalto (direita) e tomar bus, eu e a Clarissa decidimos voltar a pé, tomando então a ramificação da esquerda, já percorrida vezes sem conta. O calor e mormaço são quase palpáveis, assim como a abundância de indesejáveis varejeiras orbitando nossas cabeças com seu zunido irritante. Alertado pela Clarissa, quase piso na única (e elétrica) cobra avistada na trip, q num piscar de olhos se pirulita no mato. 16:10hrs: Pisamos no asfalto e seguimos rumo Rio Grande da Serra, distante algo de 4km dali. No caminho, como benção dos deuses o mundo desaba sob a forma de um aguaceiro q deixaria Noé orgulhoso. Nunca uma refrescante chuvarada foi tão bem recebida pela gente. 17:00hrs: Na padoca Barcelona trocamos nossas vestes por outras secas e mais aconchegantes, além de estacionar numa mesa do lado de fora. A bebedeira pra comemorar estava apenas começando, regada a delicosas coxinhas, salgados e mistos. Comecam a aparecer as mesmas pessoas e grupos vistos pela manha, tds igualmente ensopados. Enqto isso, a chuva parece não ter fim e se estende ate o inicio da noite. Um bocejo ja comeca a se desenhar em nossos rostos combalidos, mas guentamos firmes e fortes de vigilia ate onde der. 19:30hrs: Com a chuva diminuindo, tomamos o trem de volta pra fazer o caminho rumo á metrópole desfalecidos no banco do primeiro vagão da composição, pra cada um chegar em sua respectiva residência apenas duas horas depois. Com a adrenalina em baixa e o sangue já esfriando, o corpo começa a manifestar o saldo da trip sob a forma de dores musculares localizadas, mãos reclamando de espinhos cravados e a pele gritando de ardor devido ao sol. A Clarissa está de parabéns por chegar até o final. Eu estou de parabéns por finalmente encontrar a dita picada mencionada no primeiro parágrafo. Enfim, o dia foi mais uma vez bastante produtivo com exploração, ralação e diversão. Foi apenas mais um dia comum e qualquer pela nossa maravilhosa Serra do Mar. Citar
Membros cissa29 Postado Janeiro 26, 2012 Membros Postado Janeiro 26, 2012 Ae! Foi show heim seu Jorge. Pelas fotos até parece que foi fácil, mas não foi... meus joelhos bem sabem disso. Citar
Membros de Honra gvogetta Postado Março 2, 2012 Membros de Honra Postado Março 2, 2012 Olá Pessoal! Belo dia de trilha. O corpo sofre mas a mente e a alma se libertam... Abraço e ótimas trilhas! Citar
Membros anderdread Postado Abril 5, 2012 Membros Postado Abril 5, 2012 adoro ler seus relatos são bem elaborados e transparecem a emoção qual vc só sente qdo está na trilha! por sorte, um dia fui parar no lago crystal, desde então tenho ido pelo menos umas 3 vezes ao ano lá. só agora fiquei sabendo da existemcia de outros picos e tals. adoro explorar, mas nunca encontro alguém com tal espirito aventureiro... acho que só nós, sabemos a emoção e o prazer de explorar um lugar que não conhecemos. boa empreitada nas suas trips Jorge. Citar
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