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Fernando de Noronha


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  • Membros

Talvez fosse melhor iniciar o relato com o título "Mochileiro Acidental", mas realmente não há como saber.

Tudo começou quando estava no período final para tirar férias no meu trabalho, mas como não pude sair no período nobre, tive de me contentar em achar algum roteiro sozinho em meados agosto.

Tinha milhagem varig suficiente para uma passagem de ida e volta no Brasil, mas queria fazer valer o trabalho que tive para acumulá-la.

Qual o destino era a questão.

Sul?

Não sei porque ainda não tinha me empolgado com aquela região. Ainda mais sozinho...

Sudeste? Também não...

Nordeste? Talvez, mas já tava bem conhecido por mim, não me parecia guardar nenhuma novidade.

Talvez o norte...

De repente me veio aquele estalo típico quando tenho uma boa idéia (não é muito frequente, mas é bem peculir, rs rs rs).

Fernando de Noronha!

Noronha...

Noro...

Fernando de Noronha!!!

Eis o lugar. Nada melhor que umas férias não planejadas para nos fazer realizar um sonho antigo.

Já tinho ouvido falar muito da ilha, mas ainda não tinha tido oportunidade. Nada melhor que a falta de opções para escolhermos a melhor opção.

Queria fazer tudo direito, afinal de contas tinha escutado que as condições eram muito precarias, faltava água, etc, etc, etc.

Mas também não consegui isso.

Liguei para o Smiles para tentar reservar e o atendente me esclareceu a dificuldade que era marcar para aquele destino.

Perguntei qual a data mais próxima que havia vaga, ele me confirmou que em 2 dias havia uma vaga.

Tentei me organizar, mas não consegui ver hotel nenhum.

Nem hotel, nem pousada, nem nada.

Pensei um pouco, tanta gente viaja só com uma mochila nas costas, porque eu não conseguiria.

Resolvi arriscar.

Reservei o bilhete e me preparei para a minha primeira aventura backpacker.

Iniciei meu voo em Brasília, com escala em Recife para só então chegar ao arquipélogo.

Nesse ponto temos nossa primeira surpresa, o avião que leva de Recife até Noronha é um 737 da Varig muito bom e com excelente serviço.

Chegando à ilha temos que preencher uma ficha de imigração semelhante as que preenchemos em viagens internacionais.

Também nesse momento temos que pagar a taxa de permanência na ilha, uma espécie de taxa de preservação ambiental.

Nada exorbitante, mas também nada simbólico que não deva ser considerado no orçamento.

Após a "alfandega", digamos, me deparo com meu primeiro momento off city. Não tinha translado ou pousada reservados.

Como resolver???

No problema!

Na parte externa do aeroporto observo o movimento como quem procura um lógica de um jogo para definir sua estratégia.

Vejo um micro-ônibus se apinhando de turistas, mas era exatamente disso que eu tava fugindo.

Vejo um bug estacionado, com um senhor a esperar.

Resolvo pedir informações sobre como consigo uma boa pousada e um transporte barato.

Nesse momento vejo como é bom confiar nos instintos.

O senhor se prontificou a me levar por R$ 10 e procurar uma pousada prá mim.

Me disse que ña opnião dele, o melhor seria ficar na Vila dos Remédios. Perto de tudo e de todos.

Iniciamos nossa busca, procuramos numa, duas, três,...

Na terceira pousada acertamos em cheio.

Uma pousada na Vila dos Remédio, pertissimo da Praia do Cachorro e do seu monopólico Forró do Cachorro, do lado da parada de ônibus (???)

Não tenha vergonha de se espantar, eu mesmo me espantei para então descobrir que Noronha possue a menor BR do Brasil.

O ônibus passa em intervalos regulares e cobre quase toda a ilha.

Um excelente meio de locomoção se a pessoa gosta de andar.

Já estava começando a anoitecer, então resolvi descer para a Praia do cachorro para ver como era e, finalmente, pisar no mar.

Um praia bonita e com uma boa estrutura de barracas e atendentes.

Logo acima, no alto de uma falésia o famoso Forró do Cachorro.

Voltei à pousada e fui orientado a ir ao Tamar, encontro obrigatório de 10 entre 10 turistas em Noronha.

Como ir, pensei. Dê ônibus, me orientaram outros hospedes mas veteranos na ilha que eu (chegaram no dia anterior).

Convidaram-me para acompanhá-los o que aceitei prontamente.

Esse jeito amistoso nordestino, não tem igual em lugar nenhum do mundo. Até quem não é fica assim quando está por lá.

Chegando ao Tamar descubro que é um local onde todo dia tem palestras sobre o projeto, a vida marinha e a ilha.

Neste dia estava sendo apresentada por uma bióloga chamada Alice.

Não pude evitar de pensar no trocadilho, mas um outro turista foi mais rápido (ou corajoso) que eu: Alice no país das Maravilhas.

Claro que aquela cantada era inédita, exceto pelas outras 384.973 vezes que ela deve ter escutado a mesma piada.

É a vida...

O bom do Tamar é que também funciona como uma grande feira de informações e passeios turísticos.

Não tem um mau guia que resista a uma noite no Tamar. Todo mundo comenta.

Mas também indicam vários profissioais sérios e dedicados.

Nesse primeiro dia, optei por não contratar nenhum pacote.

Tava a fim de explorar as possibilidades antes de ter de pagar (caro) por isso.

Já sabia como me locomover pela ilha de ônibus, porque não tentar?

Continua...

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  • Membros de Honra

Fala liborioc!!!

 

Estou a aguardar o resto do relato! Fernando Noronha é um sonho; quando estive em Natal nao tive oportunidade de ir até la; mas da proxima vez que me deslocar p o nordeste será para conhecer o interior e Fernando Noronha que pelo que vejo na internet e revistas, é um autentico paraíso.

Continua! Quero imaginar esse sítio! [8D]

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  • Membros

Pois é Pedro, um verdadeiro Paraíso. Não deixe de ir.

Continuando...

Acordei cedo para aproveitar bem o dia.

O café da manhã, apesar de simples, é muito bem servido.

Pego umas dicas com outros hospedes e com o responsável pelo Hotel.

Vou pegar um ônibus até próximo ao Mirante dos Golfinhos e descer para a Praia do Sancho, o melhor motivo para conhecer Noronha, entre vários outros muito bons.

Peço ao motorista para me avisar quando chegasse ao meu ponto e sento para apreciar a paisagem.

O ônibus passa por vários pontos interessantes, vilas (Floresta Nova, Floresta Velha), aeroporto, praias. Bem legal.

Chego ao meu ponto e vários outros turistas fazem o mesmo.

Chego fácil ao Mirante da Baia dos Golfinhos (lá não se entra nem de barco) e aprecio o balé dos cetáceos. (São cetáceos, não são?)

Começo a procurar o local para descer para a praia do Sancho e tenho uma agradável surpresa: todo o caminho é sinalizado e muito bem sinalizado, por sinal.

Chego ao ponto para descer e apesar de já ter idéia de como ia ser por ter lido em relatos, nada se compara a experência real.

Temos que descer por escada de ferro num buraco de pedra.

Quem está acostumado a fazer rapel e entrar em cavernas deve estar mais acostumado a isso.

Mas para quem não tem essa experiência, entrar num buraco no chão, sem conseguir ver direito o que vai encontrar é um pouco angustiante.

Será que tem cobras, aranhas?

Mesmo assim, se todo mundo tava descendo, não ia fraquejar.

Tinha uma imagem a zelar.

E lá fui eu...

Caraca!!!!

É uma caverna de verdade!

Temos que descer mas uma escada até chegar ao ponto onde saímos da parede de pedra, já de frente ao mar, mas ainda bem acima do nível dele.

Descemos então uma enorme escadaria de pedra até a areia.

Chegando a praia constata-se que é mais linda ainda perto que olhando de cima do muro de pedra.

Um fator positivo/negativo é que não tem nenhum vendedor fixo de nada, seja água, seja côco ou qualquer outra coisa.

O lado positivo é que não tem sugeira nenhuma na praia.

Dei sorte de ter um nativo que havia levado um isopor com água (como ele conseguiu fazer isso é realmente um mistério) e me salvou pois não havia levado nada.

Mergulhar no sancho é uma das melhores coisas a se fazer em Noronha.

Algum tempo depois, alguns barcos se alternam na visita à praia.

Os turistas mergulham e aproveitam o serviço de bar dos barcos.

Confesso que fiquei com um pouco de inveja, mas sentia-me recompensado por ter atravessado a "caverna de pedra", uma experiência que eles não iriam ter.

Pensei comigo: sabe que esse negócio de ser mochileiro é legal!

rs rs rs

Voltei ao ponto de ônibus, fui a outras praias (atalaia, leão, etc), mas nenhuma me impressionou tanto quanto a do Sancho.

Após um longo dia, nada melhor que dar uma soneca para aproveitar as delícias do Forró do cachorro.

Continua...

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  • Membros de Honra

Olha quem está falando! (ou seria escrevendo...)

 

Meu velho, muito bons os relatos, só não elogio mais porque daí sobe pra cabeça e depois ninguem te aguenta mais, hehehe.

 

Qual o valor da módica contribuição em favor das árvores indefesas??

 

e outra curiosidade financeira - quanto voce gastaria se tivesse pego um tour ao inves de ir de busão?

 

Até logo

 

Thiago de Sá

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  • Membros

Grande Thiago,

 

Só existe uma coisa melhor que viajar, mas não é publicável neste site (rs).

Bem a Taxa de Preservação ambiental é algo em torno de R$ 30,00 por dia. Se não me engano ela foi atualizada recentemente.

Além disso, ela varia em relação ao número de dias que se fica na ilha. Não lembro direito, mas parece que é quanto mais tempo na ilha, mais cara a taxa por dia até um determinado limite de dias quando fica fixa.

De qualquer modo R$ 30,00 x 7 dias = +- 210,00.

E R$ 210,00 de taxa de preservação ambiental não é nada simbólico.

Os passeios variavam entre R$ 50,00 e R$ 80,00 por pessoa.

Gastei R$ 5,00 de ônibus (2 x R$ 2,50).

Mas tem um passeio que só dá prá fazer com Guia que é o mergulho com snorkel e com cilindro.

Aí a coisa já é mais cara e depente dos adicionais (foto, filmagem, norturno ou não, etc, etc, etc).

[]'s

Lybor

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  • Membros de Honra

Liborioc,

 

Imagino a sua felicidade em conhecer Noronha, um mundo encantador.

Quando estive lá, fiz um roteiro à pé, circulando toda a ilha(nos locais autorizados), uma maravilha.

Fica a sugestão, fiz o percurso, menos a praia de atalaia que estava fechada, em aproximadamente 10 horas, de caminhandas, paradas......

 

Obs.: O pessoal de lá é muito receptivo e prestativo, um mundo totalmente diferente, estão sempre procurando auxiliar os visitantes.

 

Um abraço,[8D]

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  • Membros

Tem razão Mario. Não só em Noronha, mas nosso nordeste extrapola uma característica bem brasileira que é a hospitalidade.

Não fiz uma caminhada tão longa quanto a sua, mas fiz uma bem especial.

Vou continuar meu relato que logo chego nela.

Continuando...

Após um bom dia de caminhadas e uma uma excelente noite no Forró do Cachorro, nada melhor que curtir uma preguiça e aproveitar o que a natureza oferece, agora com o conforto que a civilização pode dar.

Resumindo: resolvi pegar um pacote para mergulhar.

Buscam na pousada, levam até o porto, alugam tudo o que precisamos e zarpamos para nossa exploração ao litoral da ilha.

Me arrependo até hoje de não ter tido coragem de fazer o mergulho com cilindro, fiquei apenas com snorkel observando as várias famílias de peixes, arraiais, tartarugas que estavam entre nós.

É como se estivessemos num aquário vivo.

Nada se compara a essa beleza.

Me disseram que ainda é melhor quando feito com cilindro à noite.

Mas ainda preciso cumprir várias etapas antes de fazer algo assim.

Final do dia, fomos novamente ao Tamar e depois para uma pizzaria excelente perto do Forró do Cachorro, agora embalada a muito Pop-Rock.

Novo dia, novo desafio.

O que fazer? Pensei comigo.

Nesse dia tava sozinho. As pessoas que havia deito amizade partiram naquela manhã.

Deixe-me ver...

Sancho!!!

Invente, tente, faça um passeio diferente.

Preparei um pequeno lanche, garrafa d'água, algumas frutas e fui para o Sancho de ônibus.

Desci novamente o paredão de pedra.

Meu já amigo do isopor estava novamente lá.

Perguntei se poderia tomar conta de minhas coisas.

Ele ofereceu uma mascara para que eu pudesse olhar o fundo.

Aceitei e fui aproveitar a praia.

Após um bom tempo, retornei e comecei a minha jornada.

Estava decidido a ir do Sancho à Praia do Cachorro pela praia.

Comecei minha caminhada-escalada seguindo para os Dois Irmãos, Boldró, Conceição, Meio e, finalmente, ao Cachorro.

Caramba!!! Consegui.

Tive uma parada (não lembro em que ponto) em que tinha que atravessar uma enorme e insólita "montanha" de pedras.

Parei no meio da "montanha", sentei numa das pedra.

Olhando a direita só se via pedra. Olhando a esquerda, só pedra.

À frente o mar.

Isso sim era uma viagem.

Puxei minha garrafa d'água e tomei um bom gole.

Descansei um pouco para aproveitar a paisagem e para orar.

"Senhor meu Deus, obrigado por ter feito essa paisagem tão linda e me permitir chegar a ela!"

Voltando ao Cachorro, encontrei uma restaurante "Como o quanto puder por R$ 10,00".

Não era nada excepcional, mas após aquela aventura foi uma das melhores refeições da minha vida.

Bem... os outros dias foram para conhecer Atalaia, Sueste e Leão.

E chegava a hora de voltar.

Esqueci de dizer que queredo aproveitar as minhas milhas smiles, marquei meu retorno por Fortaleza.

Então tinha que arrumar condução para sair da ilha.

Olhei as opções disponíveis, VARIG e TRIP, e optei pela segunta porque a tarifa era 1/3 da Varig para um trecho Noronha-Natal.

Lembram do Chicó: "Ô economia desgraçada"!

O avião era pequeno, velho e remendado.

Nunca vi nada igual.

Embarquei esperando que um milagre me salvasse daquele pesadelo, mas nada aconteceu até que me vejo sobrevoando o Atlantico naquela aeronave que rangia do bico ao rabo.

As mesas eram coladas com fita crepe. Os vidros internos dos janelas duplas estavam rachados.

Eu tinha certeza naquele momento que aquilo não ia aguentar.

"Eu vou morrer, eu vou morrer, eu vou morrer!"

...

???

"Ô economia desgraçada..."

...

Chegando a Natal, ainda incrédulo, queria imitar o Papa e beijar o chão.

Aprendi a lição. Em algumas coisas vale a pena economizar, em outras não.

No final foi uma excelente diversão e uma grande lembrança.

Ruim de passar, ótimo de contar.

[]'s a todos.

Lybor

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  • Membros

Liborioc, que voce tenha sempre ideias como estas para suas viagens. Garanto que suas ferias serao sempre sensacionais.

 

Parabens pelo relato, esta completinho e cheio de pequenas dicas valiosas.

 

Outra coisa, como vc qualificaria a ilha no quesito diversao para um homem solteiro ??? Vale a pena ?? = )

 

Ate mais,

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